Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0188y37.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/01/12 20:48:50
Clique na imagem para voltar à página principal

HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IGREJAS - Capelas e oratórios
Capelas e oratórios da Baixada Santista [37]


A passagem do tempo e as ações humanas vão levando consigo os vestígios de muitas construções de caráter religioso, como os inúmeros oratórios e as capelas espalhadas pelo terreno hoje ocupado pelas cidades da Baixada Santista. Em alguns casos, fica a memória. Em outros, até ela se vai, por não ser apoiada pelos vestígios de sua existência, que faz com que as lembranças se esfumem até desaparecerem ou virarem mitos e lendas. Por isso, o pesquisador de História e professor Francisco Carballa procurou recuperar essas memórias e relacionar as edificações religiosas menores, neste relato por ele enviado em de novembro de 2012, para publicação em Novo Milênio:

Leva para a página anterior

Capelas e igrejas particulares

Francisco Carballa

Leva para a página seguinte da série

[37] Capela de São Miguel do Góis

Referência de antigo morador da Pouca Farinha que trabalhava de garçom no antigo restaurante Bar e Restaurante Chave de Ouro
[06a], depois trabalhou como cozinheiro e finalmente se aposentou.

Quando descobri que residia na Praia da Pouca Farinha, eu lhe perguntei sobre coisas do local, como o forte e o porquê da presença dos azulejos com a efígie de São Miguel Arcanjo dentro da capela, pois imaginei que ali houvesse uma imagem sua, decerto tão antiga quanto o forte.

Ele me disse que "no tempo antigo" falavam seus pais que existiu um oratório, mas - perguntando ou pesquisando - nunca achei registros históricos que comprovem sua existência. Segundo a informação disponível, seria próxima da bica que existe na praia do Góis.

Naqueles tempos de ocupação das terras de El Rey, era comum que o proprietário do local fizesse uma humilde capela ou oratório para as orações da família e agregados ou escravos. O sobrenome de Luiz de Góis é uma palavra semelhante à palavra hebreia góy, que identifica ainda hoje um cristão convertido ao judaísmo, sendo que - possivelmente reconvertido ao cristianismo - o nome tenha sido mantido. Nesse caso, por lógica, haveria a necessidade de se mostrar devoção para com as autoridades religiosas, inseparáveis das civis no século XVI.

Também o que pode confirmar a presença de uma capela no local na proximidade do Forte de Góis - que ainda está lá, evidentemente melhorado com grandes pedras, pois no seu início seria apenas uma estacada -, é que naqueles tempos devotos seria comum que se fizesse uma casa de oração para servir o local.

O forte de Santo Amaro da Barra Grande seria erguido em 1584, armado com os canhões retirados do naufrágio em suas proximidades da nau Santa Maria de Begoña, e sua ermida seria construída somente em 1742, adaptada de uma construção mais antiga que servia como casa de pólvora ou depósito de munição - o que explica a mesma ser afastada do morro e assim livre de umidade e talvez para substituir a antiga em ruínas na praia.

Os azulejos com a figura de São Miguel Arcanjo foram o ponto de partida para a explicação de sua presença naquele local, recordando a antiga devoção da praia do Góis.


NOTA:

[06a] Bar famoso que do final do século XIX chegou até os anos 90 quando, ao ser alargada a Rua João Octávio, o quarteirão foi demolido do número 10 até a Rua General Câmara. Aquele antigo estabelecimento ocupava a esquina dessas duas ruas, sendo visão obrigatória para quem passava de bonde. Esse mesmo senhor disse que os moradores estavam pilhando as telhas do prédio e que alguns moleques haviam jogado um canhão ou dois ao mar em gente do mesmo forte, disse ainda que mantinha em sua casa bolas de canhão.