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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IGREJAS - Capelas e oratórios
Capelas e oratórios da Baixada Santista [26]


A passagem do tempo e as ações humanas vão levando consigo os vestígios de muitas construções de caráter religioso, como os inúmeros oratórios e as capelas espalhadas pelo terreno hoje ocupado pelas cidades da Baixada Santista. Em alguns casos, fica a memória. Em outros, até ela se vai, por não ser apoiada pelos vestígios de sua existência, que faz com que as lembranças se esfumem até desaparecerem ou virarem mitos e lendas. Por isso, o pesquisador de História e professor Francisco Carballa procurou recuperar essas memórias e relacionar as edificações religiosas menores, neste relato por ele enviado em de novembro de 2012, para publicação em Novo Milênio:

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Capelas e igrejas particulares

Francisco Carballa

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[26] Capela de Nossa Senhora das Neves

Situada no Sítio das Neves, bem detrás da Ilha Barnabé, hoje é um local em ruínas, podendo ser ainda vistos alguns azulejos entre os matos que a cercaram. O local foi abandonado pela população, segundo o que se diz, quando foi dragado o canal do porto, a lama foi jogada em suas proximidades; assim, acabou impedindo o transito de barcas que a população utilizava para vir até Santos.

Ainda cerca o local a história de que haveria um tesouro dos jesuítas escondido, fazendo de muitos curiosos caçadores de tesouros e auxiliares na demolição das centenárias paredes que um dia pertenceram a um dos três engenhos coloniais instalados em Santos.

O nome, segundo relatos muito antigos, se deve ao fato de ter caído uma nevasca e coberto o local, mas o correto seria afirmar que ocorreu uma chuva de granizo, o que explicaria a neve ou gelo de uma forma mais sensata. No passado, os negros faziam uma procissão no dia da Virgem das Neves, que se comemora em 5 de agosto.

Segundo uma única referência de frei Raphael do Carmo, a imagem de roca que está no convento do Carmo com esse título - e se encontra no nicho ou trono do altar mor - é a antiga imagem da Virgem das Neves que, depois do incêndio, ficou abrigada na torre até ser restaurada e colocada para a veneração.

Já o Menino Jesus foi mandado fazer de novo, por frei Mário Bastos, pois - durante o incêndio criminoso a que se refere a história do lugar - a imagem, na hora que foi retirada do local, o perdeu. Isso explica a diferença que existe entre o estilo antigo da imagem e o estilo moderno e desproporcional da figura do Menino Jesus nos braços da Virgem, contrariando as figuras marianas de roca que tinham o sagrado infante nos braços. Conta-se do lugar que, durante a epidemia de gripe espanhola, muitos cadáveres foram levados para lá para serem sepultados, mas na verdade por ordem das equipes sanitárias os mesmos foram incinerados.

Contava Dona Matilde das Neves que um vizinho seu, alcoólatra, foi pego como cadáver quando estava caído ao chão pela ação da bebedeira, acordou entre as pilhas de mortos na mesma ilha e, talvez devido a ingestão de bebida, não contraiu a doença. Muitos moradores antigos da Velha Itapema fazem mencionam a cremação dos falecidos da gripe, repetindo histórias que ouviram de seus pais.

Ruínas da igreja das Neves, no seu estado atual (Desenho de B. Calixto). A igreja das Neves fica fronteira ao porto de Santos, próximo à embocadura do Rio Jeribatiba, portanto nas terras habitadas por Braz Cubas, antes de vir sitiar-se no outeiro de Santa Catarina, onde, depois, fundaram-se o hospital e a vila de Santos

Imagem: acervo da Biblioteca Nacional Digital (consulta em 12/9/2012)

 


Imagem in CD-ROM Benedito Calixto -150 anos
editado em 2003 pela Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos/SP