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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Igrejas - Embaré - BIBLIOTECA NM
A capela do Embaré em 1915 (4)

Esta rara publicação de 36 páginas foi encontrada em um sebo paulistano pelo pesquisador e professor de História Francisco Carballa. A monografia A Capela de Sto. Antonio do Embaré, com apontamentos e fatos coligidos por Luiz de Moraes Carvalho, de Santos, foi editada nesta cidade em 1915, sendo impressa na capital paulista pela tipografia de Pocai Weiss & C. (grafia atualizada nesta transcrição):


Imagem: capa da publicação original

A capela de Santo Antonio do Embaré

Luiz de Moraes Carvalho

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As festividades de Santo Antonio em 1915

ais uma vez, em junho de 1915, se celebrou o glorioso Santo Antonio na Capelinha do Embaré.

Os seus protetores desvelados mais uma vez disputaram entre si o luzimento com que haviam de realizar os festejos. Organizaram-se duas comissões que, trabalhando separadamente, cuidavam o mesmo fim.

A comissão das cerimônias propriamente religiosas ficou composta das exmas. sras.: Cândida Sodré de Macedo Soares, Mathilde Fonseca de Macedo Soares, Alzira Campos Assumpção, Ernestina Gomes Ratto, Cacilda Tavares Madeira, Eliza Sodré Affonseca, Augusta Fleury Assumpção Netto, Maria Rosa Cerqueira, Estella Ribeiro, Carmen de Faria, Olyhmpia Campos Coelho, Maria Cândida de Azevedo Sodré, Marina Lisboa, Dulce de Mello, Edenia Mendes, Elza Sodré da Costa, Edith de Castro Lima, Almerinda Franco Cerqueira, Alzira Assumpção Netto, Maria José da Costa, Maria R. da Costa, Maria Stella da Costa, Maria F. da Costa, Lalinha Ribeiro, Sylvia P. Martins, Dagmar Coelho, Coleta Araújo Alves.

As diversões foram inteligentemente preparadas pelas exmas. sras.: Edith Madeira, Lucila Corrêa, Lola Hell, Stella Costa, Maria Simon, Diva de Breyne, Risoleta Porchat, Ruth Caldeira, Maria de Lourdes Pereira das Neves, Odette Gomes.


D. Lola Hell, a simpática senhorita da comissão de baile em 1915
Foto publicada na obra original

A forma como estas comissões se conduziram para o bom êxito da missão ficou exuberantemente demonstrada pelo esplendor que as festas tiveram este ano. Cada uma das ilustres senhoras e senhoritas que as formavam excedeu-se em trabalho material e intelectual de propaganda, de modo a produzir um resultado superior a todas as expectativas.

A capelinha foi ornamentada no sábado, 12, pelas exmas. sras. Maria Cândida de Azevedo Sodré, Elza de Affonseca, Ernestina Gomes Ratto, Augusta Fleury Assumpção, e pelas demoiselles Sabina Ribeiro e Alzirinha Assumpção, que, debaixo da chuva copiosa, saíram de suas casas para se entregarem a essa tarefa. Ali passaram o dia inteiro, deixando o pequenino templo transformado em um mimo de avencas e flores naturais, por entre os festões, primorosamente confeccionados pela exma. sra. d. Emília Corvello de Moraes.

Esta encantadora ornamentação ainda mais sobressaía com a iluminação elétrica de dez mil velas que causava um efeito deslumbrante.

No domingo, pelas 10 horas, começaram as festividades religiosas, que um tempo ameaçador não conseguiu empanar o brilho.

Houve missa cantada por d. Macário Schimidt, d. Lourenço e padre Gastão, acompanhada pela irrepreensível direção do maestro Joaquim Netto.


D. Odette Gomes - A graciosa senhorita da comissão do baile em 1915
Foto publicada na obra original

A parte coral desempenhada pelas senhoritas Ermantina e Edméa Lima, Cybilla Moura e mme. Costa Marques, foi de uma afinação incomparável. A esposa do ilustre secretário da Agricultura de Mato Grosso prestou-se gentilmente a colaborar nesta solenidade, cantando a Ave-Maria. A extensão da sua voz, a frescura do timbre, e a perfeita emissão das notas, arrebatou todos os que tiveram a felicidade de escutá-la. Foi, sem dúvida, um dos mais belos momentos da festa.

Subiu ao púlpito o orador sagrado João Deusdedit de Araújo, que num eloqüente sermão exalçou as virtudes de Santo Antonio.

Terminada esta solenidade, o público seleto que enchia a capelinha não pôde ver deslizar a projetada procissão, pois que o tempo continuava brusco, prevendo-se de um momento para outro o desabar de chuva grossa, como realmente aconteceu.

Apesar da intempérie, à tarde o bazar das prendas esteve muito concorrido e animado, vendendo-se muitas sortes e saindo aos felizes os valiosos e artísticos prêmios que o enchiam.

Adiada a procissão para o domingo seguinte, a comissão dos festejos mundanos não descansava para a realização do baile no salão nobre do Parque Balneário, que a generosidade da empresa Leite & Fon pusera obsequiosamente ao seu dispor.

Este baile, realizado no sábado, 19, foi de uma animação extraordinária.

A assistência foi das mais numerosas e escolhidas que ali se tem encontrado. Representantes de distintas classes sociais, o alto comércio, a finança, as autoridades, membros do corpo consular, funcionalismo superior, oficiais de terra e mar, acompanhados das excelentíssimas famílias, enchiam o lindo salão. Senhoras e senhoritas elegantes e formosas, realçando os dotes naturais com a opulência das jóias, e o brilho festivo das toiletes animavam as danças e as causeries, numa atmosfera de perfume e gozo.

Raiavam os primeiros alvores da madrugada de domingo, e ainda o sexteto executava valsas e two-stepes que dezenas de pares dançavam infatigáveis e apaixonados.

A comissão tinha distribuído os convites com um critério tão feliz, que todos entoavam louvores à Capelinha do Embaré, por ser a ela, indiretamente, que se devia esse baile inesquecível.


D. Edith Madeira - Formosa senhorita da comissão de baile de 1915
Foto publicada na obra original

Mas havia poucas horas ainda que se apagaram as últimas sombras da vida mundana e já recomeçavam as cerimônias na capelinha.

Às 10 horas foi celebrada missa de festa, acompanhada de cânticos pelo coro a cargo do maestro Sena Netto, coadjuvado pelas senhoritas Ermantina e Edméa Lima, e Sybilla Moura, que, com verdadeira piedade e dedicação, prestaram o seu valioso concurso a todos os festejos.

Às 16 ½ horas saiu a imponente procissão que percorreu uma parte da praia.

Abria o cortejo religioso a irmandade de N. S. do Terço com cruz alçada e lanternas, seguindo-se as educandas do Asilo de Órfãos acompanhadas das Irmãs do Sagrado Coração.

O andor de Santo Antonio, ricamente enfeitado pela família do sr. Ignácio Ribeiro da Costa, foi carregado por ilustres senhoritas da nossa sociedade, entre as quais Stella Menininha e Sinhazinha Costa, Edith Madeira, Maria Cardim, Marina Lisboa, Maria de Lourdes Ferreira dos Santos e Isaltina Carvalho.

Seguia-se o andor de N. S. de Lourdes, elegantemente enfeitado pela exma. sra. Olympia Campos Coelho, que foi carregado por muitas senhoritas, entre outras Antonita Motta, Henriqueta Gomes, Ruth Carvalho e Edméa Mendes.

O andor do S. Coração de Jesus, lindamente decorado pela exma. sra. Maria Cândida de Azevedo Sodré, sendo carregado pelas sras. Elisa Costa, Adélia Areia, Cora Eckmann, Olívia Rosado, Deolinda Siqueira, Olympia C. Coelho, Elisa Affonseca, Antonieta Sodré Costa, Judith Madeira, Cacilda Madeira e Cândida de Azevedo Sodré.

Sob o pálio caminhava o revmo. frei Macário Schmidt.

Fechava o cortejo a banda do Corpo de Bombeiros, gentilmente cedida pelo sr. Carlos Luiz de Affonseca, digno prefeito municipal.

Número avultado de fiéis, entre eles famílias da nossa sociedade, acompanhavam a procissão.

Ao recolher a procissão à capelinha, subiram ao ar várias girândolas de foguetes, sendo queimada uma bateria de 21 morteiros.

No templo subiu ao púlpito o rev. padre Gastão de Moraes, que pregou sobre os milagres do santo festejado.

A bênção com o Santíssimo Sacramento foi dada por frei Macário.

O leilão de ricas prendas ofertadas à Capela decorreu muito animado, atingindo algumas delas lance elevado.


A Procissão
Foto publicada na obra original


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