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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - VISITANTES
A homenagem sertaneja de Tonico e Tinoco

Dupla compôs a canção Cidade de Santos

Uma das mais famosas duplas da canção sertaneja nacional se apresentou algumas vezes em Santos e até compôs uma canção em homenagem à cidade, gravada em 1976 num de seus discos de sucesso, o long-play 34 Anos de Glória.

O fato foi lembrado na edição de 20 de maio de 2003 do Diário Oficial de Santos, com a nota:

Dupla sertaneja tem música sobre Santos

Uma dupla caipira consagrada no  país, João Salvador Pérez, o Tonico, e José Pérez, o Tinoco, originários da região de Botucatu, São Paulo, possui, em seu LP 34 Anos de Glória, de 1976, a canção Cidade de Santos, que destaca as belezas naturais da Cidade, o maior Porto da América Latina e marcos que fazem parte da história do País, como as vias Anchieta e Imigrantes.

Os irmãos Tonico e Tinoco, que lançaram o primeiro disco em 1944, com o cateretê Em vez de agradecer, tornaram-se uma dupla sertaneja bastante popular e tradicional do Brasil, participando de seis filmes e fazendo shows no interior e em capitais com muito sucesso. As gravações da dupla chegam a mais de 700 músicas, dentre elas Chico Mineiro, Moreninha Linda, Canta Moçada e Tristeza de Jeca.

CIDADE DE SANTOS
Autores: Manito, Tonico e Milton José

Gaivota voa contente
Enfeitando o litoral
A onda molhando a gente
Fazendo chuá, chuá
Na praia de São Vicente
Em Santos do verde mar, ai

No clarão da lua cheia
Barqueiro sai pra pescar
A onda deixando a areia
A lua beijando o mar
Ouvindo a voz da sereia
Rainha mãe Iemanjá, ai

A brisa da madrugada
O canto do pescador
A gaivota em revoada
Ai nas tardes de calor
É Santos terra adorada,
A praia do nosso amor, ai

É orgulho dos paulistas
Maior porto brasileiro
Traz riqueza, traz turistas
E navio do mundo inteiro
O folclore do santista
A canção do marinheiro, ai

A cidade de Braz Cubas
O porto dos navegantes
O marco da nossa história
A via dos Imigrantes
No trilho da via Anchieta
Partida dos bandeirantes, ai


Capa do disco LP
Cortesia de Paulo Roberto Moura Castro, 
do site Tonico e Tinoco, de Limeira/SP

Ouça a canção Cidade de Santos (arquivo MP3, com 2,81 MB, 183 segundos, 128 kbps, 44 kHz, som estéreo), cortesia de Paulo Roberto Moura Castro, do site Tonico e Tinoco (de Limeira/SP).

A história da famosa dupla pode ser vista nas páginas Web Tonico e Tinoco, produzidas em Limeira/SP por Paulo Roberto Moura Castro, e a seguir resumida:


Capa da revista Modinhas nº 23, que incluiu a letra da canção Cidade de Santos
Cortesia de Paulo Roberto Moura Castro, do site Tonico e Tinoco, de Limeira/SP

Tonico e Tinoco, a dupla Coração do Brasil

Dupla sertaneja formada por João Salvador Perez, o "Tonico" (São Manuel-SP, em 2 de março de 1917) e José Perez, o "Tinoco" (nascido em uma fazenda de Botucatu-SP, que hoje pertence ao município de Pratânia, em 19 de novembro de 1920).

Em 1930, quando a família Perez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu, os dois irmãos ouviram discos da série caipira de Cornélio Pires; João freqüentava a escola rural e dava lições para os colonos mais velhos. Dos amigos cobrava um litro de querosene por mês (para manter os lampiões da sala de aula), mas dificilmente recebia alguma ajuda.

José, o mais levado, gostava de caçar passarinhos com arapucas (depois os soltava), de brincar com amigos do arraial e aos sábados vestia-se de coroinha para ajudar a celebração da missa. Após a cerimônia, acompanhava o padre nas refeições e voltava para casa levando alimento para os irmãos.

O gosto pela cantoria veio dos avós maternos Olegário e Izabel, que alegravam a colônia com suas canções, ao som de uma antiga sanfona. A primeira música que aprenderam foi Tristeza do Jéca, em 1925. Em 15 de agosto de 1935 fizeram a primeira apresentação profissional. Cantaram na Festa da Aparecidinha/São Manuel, em uma quermesse. Junto com o primo Miguel, formavam o "Trio da Roça".

Em 1931, Tonico e Tinoco moravam em Botucatu (SP), na fazenda Vargem Grande, de Petraca Bacci, com os pais, Salvador Perez - um espanhol de Léon, na Astúrias espanhola, chegado ao Brasil criança, em 1892 e Maria do Carmo, uma brasileira descendente de negros com bugres. A exemplo de outras crianças da época, os dois garotos, mal aprenderam a falar, já eram cantadores das modas de viola. Aprendiam as letras com Virgílio de Souza, violeiro das redondezas.

Capa do disco A Dupla Coração do Brasil
Cortesia de Paulo Roberto Moura Castro, 
do site Tonico e Tinoco, de Limeira/SP

Tonico e Tinoco participavam das primeiras serenatas, alegravam festas e bailes de São João. Nas colônias enfeitadas de bandeirinhas, comiam batata-doce assada na brasa, pamonha, milho verde e bebiam quentão. "Os rapazes trabalhavam o ano inteiro para fazer bonito nos bailes, junto às caboclinhas", conta Tinoco. "Nós lá de calça cumprida, camisa xadrez e as botas penduradas nas costas para não estragar o solado. As meninas com seus vestidos de chita dançavam de pés descalços e com uma flor no cabelo cheirando a gostosa". A esperança dos moços e das moças era arrumar um namoro. Foi num desses bailes que Tonico conheceu e apaixonou-se por Zula, filha do administrador da fazenda, Antônio Vani. O pai proibiu o namoro e, magoado, Tonico compôs Cabocla.

Naqueles anos 30 só existiam 65 emissoras de rádio e 30 mil aparelhos receptores em todo o País, para uma população de 35 milhões de pessoas. Como não havia rádio na região, o conjunto ficou famoso. Mas Tonico e Tinoco só cantavam em dupla nas horas vagas ou nas folgas do trabalho, quando a turma parava para tomar café. Cantavam as modas de viola de Jorginho do Sertão, um autor imaginário, que utilizavam para assinar suas canções, que falavam da crise no país com as revoluções de 1930 e 1932.

No fim do ano agrícola de 1937, os Pérez decidiram, com outras famílias, tentar a vida na cidade de Sorocaba (SP). As irmãs Antonia, Rosalina e Aparecida foram trabalhar na fábrica de tecidos Santa Maria. Tonico foi ser servente na Pedreira Santa Helena, fábrica do cimento Votorantim. Tinoco virou engraxate na Estação Sorocabana e Chiquinho engajou-se na construção da Rodovia Raposo Tavares, que liga o Sul de São Paulo ao Mato Grosso do Sul. A crise econômica do País chegava ao auge. Getúlio Vargas implantou a ditadura do Estado Novo. Adolf Hitler invadiu e ocupa a Tchecoslováquia e depois a Polônia. Começava a Segunda Guerra Mundial.

A vida em Sorocaba ficou insuportável, nada dava certo para os Pérez e eles decidiram retornar ao campo, agora para a fazenda São João Sintra, em São Manoel (SP). A volta, contudo, possibilitou aos irmãos Perez a primeira chance de cantar numa rádio. O administrador da fazenda, José Augusto Barros, levou-os para cantar na Rádio Clube de São Manoel - ainda hoje lá, na rua Coronel Rodrigues Alves, no centro da cidade. Assim, até o final de 1940, eles ficaram trabalhando na roça durante a semana e aos domingos cantavam na emissora da cidade. Só por amor à arte, sem ganhar. As dificuldades levaram os Pérez a uma derradeira migração.

Em janeiro de 1941 chegaram, de mala e cuia - quatro sacos com os trens de cozinha e duas trouxas de roupa - a São Paulo. À falta de profissão, as meninas foram trabalhar em casa de família, Tinoco num depósito de ferro-velho, Chiquinho na metalúrgica São Nicolau e Tonico, sem outra alternativa, comprou uma enxada e foi ser diarista nas chácaras do bairro de Santo Amaro. Os tempos duros da cidade grande tinham lá sua compensação, principalmente nos domingos, quando a família ia ao circo, na rua Lins de Vasconcelos, no então pacato bairro do Cambuci. Num desses espetáculos, os manos conheceram pessoalmente Raul Torres e Florêncio, a dupla de violeiros mais famosa de São Paulo e que depois, com Rielli na sanfona, formaram na Rádio Record o famoso trio "Os Três Batutas do Sertão".

(...) Em São Paulo, inscreveram-se no programa de calouros comandado por Chico Carretel (Durvalino Peluzo), na Rádio Emissora de Piratininga.

O capitão Furtado, que estava sem violeiro em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora, promoveu então concurso para preencher a vaga: os dois irmãos, formando a dupla "Irmãos Perez", cantaram o cateretê Tudo tem no sertão (Tonico). Classificados para a final, interpretaram de Raul Torres e Cornélio Pires (esse último um radialista e pesquisador que foi pioneiro no estudo da vida sertaneja, especialmente a paulista, e que deixou uma extensa obra a respeito) Adeus Campina da Serra. Quando terminaram, o auditório aplaudiu de pé, em meio a lágrimas. Todos pediam bis àquela dupla que cantava diferente, com afinação, fino e alto. Todos os outros violeiros foram abraçá-los. O cronômetro marcava 190 segundos de aplausos, contra apenas 90 segundos da dupla segundo colocada.

(...) No dia seguinte o Trio da Roça estava contratado pela Rádio Difusora, que naquele período havia sido comprada pela Tupi (...). Já sem o primo Miguel, eles eram apenas os irmãos Pérez. Um dia, durante um ensaio do programa Arraial da Curva Torta, o Capitão Furtado - de batismo Arioswaldo Pires, sobrinho de Cornélio Pires, apresentador do programa e também lendário divulgador da música sertaneja - disse que uma dupla tão original, com vozes gêmeas, não poderia ter nome espanhol. Batizou-os, na hora, de Tonico e Tinoco.

A divulgação nos programas da rádio transformava a dupla em sucesso imediato, fazendo surgir dezenas de convites para shows. A primeira apresentação dessas foi no cine Catumbi, em São Paulo, hoje transformado em uma casa de forró sertanejo. Depois rumaram para o interior, em excursões que demoravam uma, duas, às vezes, três semanas.

(...) A dupla estreou em disco, na Continental, em 1944, com o cateretê Em vez de me agradecê. (...) Com o sucesso de Chico Mineiro (1946) a dupla consagrou-se definitivamente e tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do Brasil. (...) O slogan "A Dupla Coração do Brasil", surgiu em 1951, quando o humorista Saracura resolveu batizá-los assim, pela interpretação de todos os ritmos regionais.

(...) Durante 40 anos apresentaram-se em Circos e Teatros. Criaram uma Companhia Circense, com a qual percorreram todo o País. Em cada circo realizavam três sessões por noite. São autores de 25 peças teatrais circenses, entre elas: Mão Criminosa, Último São João, Tristeza do Jéca, Chico Mineiro, Cabocla e Papai Noel Chorou. Trabalharam 50 anos em rádio na seguinte ordem: Rádio Difusora, Rádio Tupi, Rádio Nacional (hoje Globo) e Rádio Bandeirantes.
Realizaram um trabalho de utilidade pública durante muitos anos, pois o rádio era o único meio de comunicação que atingia todo o País. Através de seus programas, os ouvintes se comunicavam com parentes distantes.

Participaram da primeira transmissão da Televisão Brasileira, no ano de 1950. Apresentaram o Programa Na Beira da Tuia nas emissoras Bandeirantes (1983), SBT (1988) e Cultura (Viola, Minha Viola). Participaram de sete filmes de longa metragem: Lá no Meu Sertão, Obrigado a Matar, A Marca da Ferradura, Os Três Justiceiros, Luar do Sertão, O Menino Jornaleiro e A Marvada Carne.

(...) Em 1979, precisamente no dia 6 de junho, Tonico e Tinoco fazem o que nenhum caipira havia sonhado: apresentam-se no Teatro Municipal, em São Paulo, num show de três horas que reúne um público recorde de 2.500 pessoas.

(...) Tonico (João Salvador Perez), faleceu no dia 13 de agosto de 1994, após uma queda da escada do prédio onde morava.

Em 1992, "Uilton Santos" (nome artístico de Uilton Antonio dos Santos) trouxe a sua banda para integrar o Show de Tonico e Tinoco. Com o passar do tempo, foi batizado como "Tinoquinho", e adotado de coração por Tinoco como filho. Em junho de 1996 surgiu a nova formação "Tinoco e Tinoquinho" (..).


Tonico e Tinoco e Rita Lee no espetáculo Nhô Look, na Fenit, em 1970, na capital paulista
Foto: Abril Press, álbum MPB: Música Sertaneja, 1982, Ed. Abril Cultural, SP/SP

O cantor Tinoco faleceu em 4 de maio de 2012, conforme noticiou o jornal santista A Tribuna, em sua edição digital desse dia:

Sexta-feira, 4 de maio de 2012 - 07h59
Perda
Cantor Tinoco morre, aos 91 anos, em São Paulo

Agência Estado

Morreu, aos 91 anos, à 1h40 desta madrugada de sexta-feira, no Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca, zona leste da capital paulista, o cantor sertanejo José Perez, mas conhecido como Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco, que se desfez em 1994 com a morte de Tonico, seu irmão.

Segundo José Carlos Perillo Perez, filho e empresário do cantor, o pai não vinha lutando contra alguma enfermidade considerada "gravíssima" e passou mal na tarde de quinta-feira, quando foi internado no hospital, onde deu entrada com crise respiratória por volta das 15 horas.

Os médicos afirmaram aos familiares, segundo estes, que, pelos sinais apresentados pelo cantor, ele havia sofrido um enfarte dois dias atrás, apesar de não ter sentido sintoma algum em casa. Antes de falecer, Tinoco teve duas paradas cardíacas no hospital, afirmaram os parentes.

Segundo José Carlos, o pai estava relativamente bem. "Inclusive na quarta-feira ele gravou para o programa da Inezita Barroso lá no Teatro Franco Zampari, na Avenida Tiradentes. A apresentação vai ao ar no próximo dia 20", afirmou o filho do cantor.

O velório de Tinoco terá início às 10 horas no Cemitério Quarta Parada, no bairro do Belém, na zona leste. O enterro está marcado para as 17 horas no Cemitério da Vila Alpina, também na zona leste.

João Salvador Perez, o Tonico, faleceu no dia 13 de agosto de 1994 ao cair da escada do prédio onde morava. O último show da Dupla Tonico & Tinoco foi na cidade mato-grossense de Juína, em 7 de agosto de 1994. Em 60 anos de carreira, Tonico e Tinoco realizaram cerca de mil gravações, divididas em 83 discos que venderam mais de 150 milhões de cópias, realizando cerca de 40.000 apresentações em toda a carreira.

Ele teve complicações respiratórias e morreu

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