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Publicado em 13/6/1982 no jornal A Tribuna de Santos
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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OS IMIGRANTES
A colônia portuguesa (3)

Beth Capelache de Carvalho (texto) e equipe de A Tribuna (fotos)


Hospital Santo Antônio, o maior de Santos em número de leitos

A Beneficência cresceu com a Cidade

Fundada em 1859, a Sociedade Portuguesa de Beneficência é responsável pela obra que representa o maior orgulho da colônia em Santos: o Hospital Santo Antônio, conhecido por todos como o "hospital da Beneficência". A história da sociedade - e do hospital - é a própria história da imigração portuguesa e do trabalho dos imigrantes como membros da comunidade.

Há mais de uma centena de anos, a vida por aqui não era fácil. Região de mangues, sem sistemas de água ou esgoto, Santos era vítima constante de epidemias, principalmente de febre amarela. A saúde se apresentava como importante questão de sobrevivência, tanto da população como das tripulações dos navios que atracavam no porto.

Essa preocupação com a saúde, além da necessidade de uma entidade que auxiliasse os conterrâneos aqui residentes, levou um grupo de 20 portugueses a se reunir, a 21 de agosto de 1859, na casa de Joaquim de Sousa Airam Martins, na Rua Direita (atual 15 de Novembro) nº 20. Ali foram discutidos e aprovados os estatutos que regeriam a Sociedade Portuguesa de Beneficência.

Suas finalidades eram: procurar emprego honesto para os sócios, fornecer alimentos aos que não pudessem trabalhar, ajudar os doentes sem recursos, cuidar do sepultamento cristão dos que morressem como indigentes, facilitar a educação dos filhos de portugueses, conseguir auxílio financeiro para os que precisassem mudar de cidade ou voltar para Portugal, contratar advogados para resolver casos jurídicos, e principalmente, construir um hospital.

Esse sonho maior começou a tornar-se realidade em abril de 1868, quando foi iniciada a obra do primeiro prédio, no Paquetá (também chamado e Sítio dos Bexiguentos, porque lá ficavam isolados os doentes de varíola), em terreno doado por Antônio Ferreira da Silva, pai do Visconde do Embaré. A construção durou dez anos, e o hospital foi inaugurado dia 6 de janeiro de 1878.

Por 48 anos o hospital da Beneficência funcionou ali, na Rua João Otávio, entre João Pessoa e Amador Bueno. Mas a cidade foi crescendo, e a sociedade melhorou suas condições financeiras e diversificou os serviços prestados à comunidade na área de saúde. E o local se tornou acanhado para as funções que o hospital desempenhava.

Optou-se então pela construção do prédio atual, projetado pelo arquiteto e historiador português Ricardo Severo. A compra do terreno, que pertencia a Belmiro Ribeiro de Morais e Silva, foi feita com doações de associados, e o novo hospital foi inaugurado em 1º de dezembro de 1926.


Hospital Santo Antônio, da Beneficência Portuguesa

Elos, pela preservação da cultura lusitana

Eduardo Dias Coelho é também o idealizador do Elos Clube, fundado em Santos, a 8 de agosto de 1959, e agora espalhado pelo mundo inteiro. Sua função: salvaguardar a cultura portuguesa e pregar a fraternidade universal.

Como colonizadores, os portugueses levaram aos países colonizados a sua cultura, calcada no humanismo e na fraternidade. E para conservar essas raízes humanistas foi criado o Elos, que não seria exatamente um clube de servir, mas "um clube a serviço". A princípio foi difícil para a comunidade entender o que seria o Elos, que por isso começou a funcionar com o nome de Clube das Oliveiras, conservado durante pouco tempo.

Nascido em Santos, o Elos Clube é agora internacional, e possui ramificações inclusive na África. Mas o organismo catalisador é o Elos da Comunidade Lusíada, com diretoria em Santos, por determinação dos estatutos. E pelo mundo inteiro está sendo espalhada a sua filosofia, de lutar pelos interesses da comunidade e preservar os valores da cultura lusitana.


Centro Português, uma das poucas construções do Brasil em estilo manuelino

No Centro Português, a integração luso-brasileira

Em estilo arquitetônico manuelino (época quinhentista), o prédio do Centro Português de Santos, na Rua Amador Bueno, 188, é uma das últimas construções do gênero que permanece fiel à sua fundação. Por isso, tornou-se um dos pontos de referência da Cidade.

Fundado em 1895, durante as comemorações da Restauração da Independência de Portugal, no Teatro Guarani, o Centro tem como objetivo a integração luso-brasileira, através de promoções culturais e de lazer. Uma de suas tradições é o Rancho Folclórico Verde Gaio, que há mais de 20 anos apresenta danças típicas e trajes característicos de Portugal.

União Portuguesa, auxílio para todos

"Aproximemo-nos para nos conhecermos; conheçamo-nos para nos amarmos; unamo-nos para sermos fortes; amemos Portugal, túmulo de nossos avós, berço de nossas esperanças, nosso ninho paterno; amemos o Brasil, filho de nossa Pátria, pátria de nossos filhos, orgulho de nossa raça". Esse é o lema da Sociedade União Portuguesa, criado por Bernardino Pereira Leite.

Inicialmente chamada Sociedade Musical União Portuguesa e destinada a promover a música e reuniões dançantes, a Sociedade União Portuguesa foi criada a 16 de outubro de 1913. Em 1929, vencendo uma crise financeira que quase determinou o seu fechamento, foi interrompida a fase artística da entidade, que ganhou seu novo título e transformou-se em uma sociedade de socorros mútuos. Promovia serviços médicos e de ambulatório, proporcionava auxílios para doenças e para funerais.

Em 1947, com uma reforma em seus estatutos, a sociedade substituiu auxílios de menor importância por outros de comprovada utilidade, como o internamento hospitalar no Hospital Santo Antônio, da Beneficência Portuguesa. Hoje mantém serviços clínico-cirúrgicos, dá auxílios em dinheiro para sócios hospitalizados, promove funerais e tem um fundo especial para o atendimento de necessitados, sem distinção de nacionalidade.

Dessa forma a Sociedade União Portuguesa trabalha pela comunidade portuguesa em Santos e pela Cidade de modo geral. Hoje instalada na Av. Ana Costa, 290/94, a sociedade é presidida pelo comendador Joaquim Ribeiro Moura.

Futebol e Esportes, na Portuguesa santista

Numa barbearia da Rua Joaquim Távora, a 20 de novembro de 1917, foi fundada a Associação Atlética Portuguesa, por um grupo de portugueses de origem modesta, trabalhadores da Companhia City. Eles mesmos trabalharam no terreno onde seria feito o campo de futebol, comprado das Docas, e que era cheio de pedras.

Hoje, além do time de futebol, a Portuguesa Santista oferece aos seus três mil sócios várias modalidades de esportes, como judô, caratê, futebol de salão, ginástica rítimica para senhores e crianças, e uma piscina que está pronta e será inaugurada em breve. Segundo o presidente Joaquim da Rocha Brites, está nos planos do clube um ginásio de esportes, necessário para acompanhar o crescimento constante do quadro associativo, que é composto por pessoas de todas as nacionalidades.

Veja as partes [1] e [2] desta matéria