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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PROCISSÕES - 1
Procissão do Senhor Morto (A)

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Além dos festejos em homenagem aos santos a que as igrejas são dedicadas, destaca-se ainda como razão de procissões a Semana Santa, como nesta procissão do Senhor Morto, registrada na edição de 9 de abril de 1977 do jornal Cidade de Santos:
 


Às 17 horas, a procissão do Senhor Morto saiu da Igreja do Valongo
Foto: Cidade de Santos, publicada em 9/4/1977

Nas igrejas, a morte de Jesus

Seguindo uma tradição que começou no ano de 1641, a igreja de Santo Antônio do Valongo, uma das mais antigas da cidade, realizou ontem a procissão do enterro de Cristo, cujo itinerário foi pela primeira vez alterado, em virtude das mudanças de trânsito e do intenso tráfego de veículos e caminhões no Largo Marquês de Monte Alegre, onde está situado o templo. Este ano, o cortejo foi apenas da porta da igreja até a faixa do cais, conduzindo o esquife com a imagem do Senhor Morto.

Cerca de seiscentas pessoas, com velas e rosários nas mãos, participaram da procissão, enquanto muitas outras se postavam na calçada, ajoelhando-se à passagem do esquife. Das janelas do centenário prédio que por muitos anos foi Prefeitura e Câmara da cidade, hoje um hotel, muita gente assistia a solenidade, que durou apenas 10 minutos. De volta à igreja, as imagens de Cristo e da Virgem das Dores foram colocadas na capela da Ordem Terceira Franciscana, ficando expostas à veneração dos fiéis.

No Carmo, a Paixão - "Eis o lenho da cruz do qual pendeu a salvação do mundo. Vinde. Adoremos". Com este canto, a imagem de Cristo crucificado (esculpida em madeira, no século XVII), foi exposta aos fiéis no convento do Carmo, durante a ação litúrgica da paixão e morte de Jesus. Antes, Frei Raphael Maria Marinho, acompanhado dos irmãos da Ordem III de Nossa Senhora do Carmo, realizou a Via Sacra, que é a recordação dos últimos instantes de Cristo, desde sua condenação à morte, até a deposição no sepulcro, em Jerusalém. Em seguida, foi realizada a Liturgia da Palavra: leitura de vários textos do Antigo Testamento e do Evangelho Segundo São João, que conta a morte de Jesus.

Após a exposição do crucifixo, centenas de fiéis que lotavam as dependências do templo formaram extensa fila para beijar a tradicional imagem. A celebração foi encerrada com o cântico "Prova de amor maior não há/que doar a vida pelo irmão".

O Lava-pés - A missa solene recordando a instituição da Eucaristia foi celebrada na noite de quinta-feira, na catedral, pelo bispo diocesano, d. David Picão, que, durante a cerimônia, lavou e beijou os pés de 12 membros de associações religiosas, repetindo o que, segundo a narrativa do Evangelho, Jesus fez com seus discípulos na véspera da Paixão".

O bispo explicou a liturgia: "Tudo indicava que aquela seria uma Páscoa diferente. Desde a procura de uma sala maior até toda uma situação que se criava em torno da pessoa de Jesus. Lendo o Evangelho, vamos vendo essa situação: as preocupações dos que estavam em torno de Jesus, suas observações. Tudo isso acrescido dos ódios, as fofocas que se fazia em Jerusalém, umas a favor e outras contra Jesus. A gente fica pensando na expectativa e na ansiedade daquele pequeno grupo: Jesus e os apóstolos".

E depois de falar na Eucaristia, o corpo e sangue de Cristo sob as espécies de pão e vinho, que Ele entrega aos homens na vésperas de sua Paixão, d. David comentou: "Antes da entrega, Jesus vai lavar os pés de seus apóstolos. Naquele tempo, muitos andavam descalços, alguns de sandálias e havia muito pó, não havia asfalto. O lavar os pés era uma delicadeza ao receber uma pessoa, mas era tarefa dos escravos, dos humildes. Imaginem o espanto daqueles homens, acostumados a coisas duras da vida, ao se darem conta da intenção de Jesus. Pedro protestou, mas Jesus lhe respondeu depois de alertar ("aquilo que eu faço não o sabes agora, depois compreenderás") que "se eu não te lavo, não terás parte comigo"".

Vigília da Páscoa - Hoje, sábado de vigília pascal, não haverá missas pela manhã nas igrejas. Na Catedral, a liturgia da Páscoa terá início às 20h30, com a benção da água, do fogo, canto das ladainhas e missa solene, celebrada pelo bispo diocesano, d. David Picão. Amanhã, as missas serão às 7 e 18 horas, sendo que nesta última, d. David fará o encerramento da Campanha da Fraternidade.

No Valongo, a cerimônia terá início às 20 horas e, amanhã, as missas serão às 7 horas, 8h15 e 18 horas. No Santuário do Coração de Jesus, último dia do Retiro dos Jovens, às 15 horas e vigília pascal às 20 horas. Amanhã, missas às 8, 10, 17h30 e 19 horas. A liturgia da Páscoa, na Igreja de São Judas Tadeu, começa hoje às 21 horas e as missas de amanhã serão às 9, 17 e 19 horas.


Com a participação de grande número de fiéis, realizou-se no Convento do Carmo a Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Cristo. Nas demais igrejas da diocese, várias cerimônias e procissões marcaram o ponto alto da Semana Santa
Foto: Cidade de Santos, publicada em 9/4/1977

Vinte e nove anos depois, a procissão foi registrada - em 15 de abril de 2006 - pelo jornal santista A Tribuna:


FÉ - Centenas de fiéis acompanharam a Procissão do Senhor Morto, realizada ontem à noite.
O ritual teve início na Catedral de Santos e significa o reconhecimento da morte de Jesus, descrita na Bíblia
Foto: Davi Ribeiro, publicada com a matéria

DEVOÇÃO
Procissão lembra a morte de Jesus Cristo

Da Reportagem

A Procissão do Senhor Morto, que foi realizada ontem à noite pelas ruas do Centro, foi acompanhada por centenas de fiéis. À frente dos devotos, uma cruz de três metros de altura abria o ritual, seguida pelo bispo dom Jacyr Francisco Braido e por párocos da Cidade. Logo atrás, uma cama com a imagem de Jesus era carregada por fiéis.

A procissão teve início às 19 horas em frente à Catedral e seguiu pelas ruas Senador Feijó e Sete de Setembro, onde fez uma parada, em frente à Casa João Paulo II, representando a passagem bíblica em que Jesus é levado ao encontro de sua mãe, Maria, após sua morte.

O ritual continuou pela Avenida Conselheiro Nébias, Rua Bittencourt e Braz Cubas, retornando à Catedral. Segundo o bispo dom Jacyr, o evento, realizado tradicionalmente todos os anos na Sexta-feira Santa, é uma manifestação popular que representa o reconhecimento da morte de Jesus, descrita na Bíblia.

"É como se carregássemos o Senhor após sua morte, assim como carregamos as pessoas quando morrem até seus túmulos", ressaltou o bispo.

Devota desde criança, a dona-de-casa Silene Maria Santos da Silva, de 65 anos, nunca deixou de participar da procissão. "É uma tradição que gosto de seguir, assim como não comer carne vermelha na sexta-feira", contou ela.

Já Eunice Fernandes Nascimento, que segue o ritual há pelo menos 20 anos, lamenta o que considera a falta de respeito e crença das pessoas. "Este ano, (a procissão) está vazia. Há 20 anos, esta praça (José Bonifácio) estaria lotada", disse ela.


Fiéis partiram da Catedral e percorreram ruas do Centro
Foto: Davi Ribeiro, publicada com a matéria

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