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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ESTRADAS
Via Anchieta em construção, em 1941

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Esta matéria foi publicada na revista paulistana de arquitetura, urbanismo e decoração Acropole, na edição de fevereiro de 1941 (páginas 347 a 349 - exemplar no acervo da Hemeroteca Municipal de Santos - ortografia atualizada nesta transcrição):

O traçado da "Via Anchieta" obedece às mais rigorosas condições técnicas. Assim, no planalto, as curvas terão, em planta, raio mínimo de 300 metros e, na serra, 100 metros. Os motoristas terão, no planalto e na baixada, uma visibilidade mínima de 180 metros. O comprimento total da estrada, a contar do largo da Sé até Saboó, em Santos, é de cerca de 65,5 km

Imagem publicada com a matéria (página 347)

Via Anchieta

O Brasil terá seu progresso em função das vias de comunicação que se rasguem no seu vasto território.

"Via vita" era o conceito romano do significado da estrada. O império dos Césares teve sua grandeza inscrita no gênio dos seus grandes administradores, que sulcaram o chão do Lácio com suas famosas e até hoje existentes estradas de penetração.

O interventor federal em São Paulo, sr. Adhemar de Barros, tem desse problema vital para nosso progresso uma idéia exata da sua eminente transcendência. Nestas páginas documentamos uma das suas notáveis obras levadas avante nesse setor da administração.

S. Excia. o dr. Adhemar de Barros no ato de assinar o contrato para a construção dessa modelar estrada de rodagem

Imagem publicada com a matéria (página 347)

A política de transportes é fundamental no sistema econômico do Estado Novo. Ela estrutura a base do desenvolvimento dos nossos mercados internos, pedra angular da economia nova no Brasil. Daí a intensificação dessa política depois de 10 de Novembro.

Apenas integrado na nova ordem de coisas, quando da ascensão do sr. Adhemar de Barros à Interventoria, S. Paulo dispôs-se a executar, dentro de suas atuais possibilidades, a palavra de ordem do Estado no setor da política de comunicações.

Os frutos dessa resolução já se evidenciam aos olhos dos paulistas. E um dos mais expressivos é, indubitavelmente, a nova estrada que liga São Paulo a Santos. Diversos são os benefícios que a nova estrada traz a São Paulo. Substitui ela a velha estrada, com vantagem. Não só a viagem entre a capital e o grande porto de Santos se fará em menor espaço de tempo, como em condições técnicas bem mais favoráveis.

Via Anchieta - Seção transversal no trecho do planalto

Imagem publicada com a matéria (página 348)

Desaparecem com a construção da nova estrada os inconvenientes que os inúmeros desvãos e rampas da antiga denunciavam. Além disso, a construção obedece a todos os requisitos exigidos pela moderna técnica de construção rodoviária, sobretudo no que diz respeito à comodidade e segurança dos viajantes. Pronta, oferece aos olhos dos que nos visitam um panorama de beleza inconfundível, bem de acordo com as exigências de conforto que caracterizam os paulistas.

Economicamente, são patentes as vantagens da nova estrada. Ligar São Paulo ao maior porto da América do Sul por meio duma estrada mais eficiente e econômica é favorecer o desenvolvimento e a circulação de nossas riquezas. Tal fato não só interessa ao grande porto cafeeiro, como ao hinterland paulista, que vê na nova estrada uma via de acesso mais rápido ao porto por onde se escoa o produto do trabalho paulista.

Visita de S. Excia. o dr. Adhemar de Barros às obras da ponte sobre o Rio Cubatão

Imagem publicada com a matéria (página 348)

O incipiente turismo bandeirante muito lucrará com a rodovia mandada construir pelo interventor Adhemar de Barros. Pode-se afirmar que o bom turismo, o turismo lucrativo, é função das boas estradas. As paisagens, por mais belas que sejam, só o são, aos olhos dos estrangeiros, quando possam ser vistas sem incômodo por parte dos que se dispõem a conhecer panoramas insuspeitados.

Mandando construir a nova estrada São Paulo-Santos, o governo paulista atendeu também ao seu coeficiente de rendimento turístico. A viagem entre a capital e Santos será feita em condições de permitir aos que ainda desconhecem as paisagens maravilhosas que se estendem ao longo da rodovia um contato seguro e confortável com o esplendor desse trecho do planalto.

Via Anchieta - Seção transversal no trecho da serra

Imagem publicada com a matéria (página 348)

A "Via Anchieta", como se chama a nova estrada, relembra aos paulistas um fato capital da história de nosso Estado. Foi pelo caminho do mar que a civilização chegou a São Paulo. O estilo de vida que caracteriza o planalto é uma conseqüência do ímpeto bandeirante que transpôs a Serra do Mar e trouxe mais para o hinterland a semente de nossa cultura. E os paulistas reverenciam os valores de sua gloriosa história, principalmente aqueles que recordam os fastos de sua luta por um lugar ao sol dentro do áspero e majestoso continente sul-americano.

Não podia, assim, ser mais feliz a denominação da nova estrada. "Via Anchieta" lembra uma fase decisiva da história paulista. É a história de um combate pela cristalização da alma bandeirante, de seu método de ação e de vida através uma reverente crença nos valores da Cruz, que os soldados de Cristo plantaram em São Paulo, quando São Paulo amanhecia para a vida.

 

Preparo e irrigação de um trecho da estrada

Imagem publicada com a matéria (página 349)

A construção da estrada São Paulo-Santos marca por isso mesmo uma vitória do governo do sr. Adhemar de Barros. Sob todos os pontos de vista em que se a examine, essa vitória resulta mais nítida.

Triunfo de um governo empreendedor e cauto, que adotou como programa de ação a senha de servir ao bem público. Triunfo de um estadista moderno, cuja visão das reais necessidades do progresso paulista não é produto de elucubrações de gabinete, mas, ao contrário, alimenta-se da seiva indispensável oriunda do contato permanente com a realidade humana e social da sociedade planaltina.

 

Aspecto das obras

Imagem publicada com a matéria (página 349)

 

A política de transportes estruturada pelo interventor Adhemar de Barros enquadra-se no vasto plano, posto em prática pelo governo do presidente Getúlio Vargas, de fomento intensivo das vias nacionais de comunicação. Este fato dá uma idéia precisa de que as estradas construídas para São Paulo são sobretudo um outro meio de que São Paulo dispõe para servir ao Brasil.

 

Aspecto das obras

Imagem publicada com a matéria (página 349)

Na mesma época, em 25 de janeiro de 1941, foi publicada esta matéria no jornal paulistano Folha da Manhã:

Imagem: reprodução parcial da matéria

ESTRADAS DE RODAGEM

Via Anchieta

A construção da "Via Anchieta" – nova rodovia que liga a capital do Estado ao porto de Santos – é uma das mais expressivas vitórias da política de comunicações, levada a efeito em S. Paulo, sob a égide do Estado Novo, pelo sr. Adhemar de Barros.

O traçado da "Via Anchieta" obedece às mais rigorosas condições técnicas. Assim, no planalto, as curvas terão, em planta, raio mínimo de 300 metros e, na serra, 100 metros. Os motoristas terão, no planalto e na baixada, uma visibilidade mínima de 180 metros.

O comprimento total da estrada, a contar do largo da Sé até Saboó, em Santos, de cerca de 65,5 quilômetros.

Tem a "Via Anchieta" um sentido particularmente econômico e turístico. É que o enorme aumento de trânsito, verificado na estrada velha, impunha a construção da nova rodovia. Em 1934, na antiga estrada trafegaram 18.537 veículos, transportando 72.334 passageiros e 12.086 toneladas de carga. Em 1937, só o movimento de passageiros atingiu a soma de 988.055, ou sejam 2.l707 passageiros por dia.

No transporte de mercadorias, avaliado pelo número de toneladas líquidas, a rodovia suplantou, em confronto, 33 das 43 ferrovias de todo o país.

A "Via Anchieta" representa enorme força propulsora do progresso econômico de S. Paulo e do Brasil.

Via Anchieta - traçado

Imagem publicada com a matéria

A "Via Anhanguera" – A futura estrada de rodagem S. Paulo-Jundiaí, cuja construção está sendo levada a efeito pelo Governo de S. Paulo, constitui a segunda etapa de um grandioso empreendimento rodoviário, qual seja, o de ligar Campinas ao nosso principal porto marítimo, por uma auto-estrada com as características das suas congêneres mais modernas.

A "Via Anhanguera" virá substituir a ligação rodoviária existente entre aquelas duas cidades, a qual, de há muito, tornou-se inadequada para o tráfego que suporta, em vista das suas condições técnicas precárias e da dificuldade de se manter em boas condições o seu leito de terra, não obstante a dispendiosa conserva que recebe.

As suas características técnicas serão as mesmas da "Via Anchieta", no trecho do planalto, isto é:

Curvas, em planta, raio mínimo, 5.000 metros.

Declividade máxima, 6%.

Velocidade normal prevista, 120 km/hora.

Duas pistas de circulação de concreto, com 7,00 metros de largura cada uma, separadas por uma faixa central neutra de 3.000 m.

Largura total da estrada: no trecho em corte 25,20, nos aterros 21,40.

Faixa mínima de domínio da estrada, 50 metros.

Visibilidade mínima, 180 metros.

O desenvolvimento total da nova estrada, desde o seu início em Vila Jaguara -quilômetro 13 a contar da Praça da Sé – até a chegada em Jundiaí, quilômetro 66 da estrada atual, será de 43 quilômetros.

Nessas condições, a distância entre S. Paulo e Jundiaí, pela "Via Anhanguera", será de 57 quilômetros, o que em comparação com a estrada existente apresenta um encurtamento de 9 km.

É interessante notar que o traçado em perfil da "Via Anhanguera" mantém-se em toda a sua extensão entre as cotas 720 e 750, salvo na travessia da garganta de Jaraguá, onde atinge a cota 820.

Atualmente, os serviços de construção já está atacados até o km 33, sendo que os 6 primeiros estão sendo feitos por administração direta, e os restantes 27 por empreitadas, confiadas aos vencedores das concorrências públicas abertas para esse fim, que apresentaram o resultado seguinte:

Trecho

Escavação

Transp. M³xDm Valestas m.1- Raspa-gem m²
Da estaca   295 a   437 2$400 $050 $600 $400
Da estaca   437 a   566 (1ª cat.) 1$350 (2ª cat.) 4$300 $040 $450 $350
Da estaca   566 a   740 (1ª cat.) 1$330 (2ª cat.) 3$700 $040 $450 $450
Da estaca   740 a   935 (1ª cat.) 2$400 $040 $500 $700
Da estaca   935 a 1095 (1ª cat.) 3$480 $040 $500 $400
Da estaca 1095 a 1197 (1ª cat.)  $870 (2ª cat.) 1$600 $030 $450 $450
Da estaca 1197 a 1330 (1ª cat.) 1$400 (2ª cat.) 3$900 $030 $450 $450
Da estaca 1330 a 1526 (1ª cat.) 2$340 $050 $500 $400
Da estaca 1526 a 1653 (1ª cat.) 2$000 $070 $600 $600
 

Dentro de alguns dias será posto em concorrência o trecho compreendido entre os kms 33 e 36, sendo que o trecho final, do km 36 ao km 43, será atacado por administração direta, em virtude das favoráveis condições topográficas do mesmo.

Até a presente data já foram removidos 600.000 m³ de terra, o que representa uns 20% de volume a ser escavado.

Os serviços de drenagem processam-se também com rapidez, já estando concluídos uns 70% dos serviços de assentamento de bueiros e obras de arte correntes.

Concomitantemente com a execução dos aterros, vamos levando a efeito a sua compactação por processos mecânicos, o que nos assegura a consolidação rápida dos mesmos, tornando-os aptos a receber imediatamente a chapa de concreto, cujo assentamento deverá ser feito ainda nos primeiros do ano próximo.

Estradas em construção, em novembro de 1940

Estradas KM
Assis-Maracaí-Iepê-Porto Alvorada 96,200
Bauru-Garça 72,820
Bauru-Pirajuí 62,000
Variante de Limeira 9,000
Vargem Grande-Casa Branca 21,220
Porto João Alfredo-Termas de São Pedro 21,630
Bauru-Iacanga 50,000
Ramal Clube dos Oito 1,280
São Bento-Rosas 14,360
Piraju-Ipaussu-Ourinhos-Divisas do Paraná 65,570
Fartura-Divisas do Paraná (Rio Itararé) 11,600
Osorio-Itaporanga (parcial) 8,000
Itaberá-Taquari (parcial) 9,000
Banhado Grande-Pescaria-Minas do Espírito Santo 12,000
Ramal de Lourdes (estrada Apiaí-Iporanga) 2,630
Ariri-Colonia Santa Maria 27,870
Via Anhanguera 44,350
Via Anchieta 57,580
Total 587,110
Resumo:  
Quilometragem das estradas construídas até novembro de 1930 3.159,600
Quilometragem das estradas construídas de novembro de 1930 a novembro de 1940 2.701,140
Total 5.860.740
Quilometragem das estradas em construção em novembro de 1940 ILEGÍVEL

Via Anhanguera - KM 8

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