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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BAIRROS DE SANTOS - SÉCULO XXI - [16]
Centro

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Publicado em 29/3/2010 no jornal A Tribuna de Santos, página A-3

Se a Cidade fosse um carro, o Centro seria o motor

 

Sete anos após a implantação do Alegra Centro, o número de empresas abertas no Centro aumentou 43%: são 2.276 novos negócios desde 2003. A cara do bairro também mudou: 297 edificações passaram por obras de conservação, restauração ou reforma e a região histórica protegida viu cair 36% o número de construções deterioradas. Vibrante, se Santos fosse um carro, o Centro seria o motor

 


O bairro concentra a delicadeza da arquitetura histórica, que retrata uma cidade cheia de memórias do passado e de olho  no futuro

Foto: Vanessa Rodrigues, publicada na primeira página de A Tribuna de 29/3/2010

O renascimento de um veterano

Bairro mais antigo de Santos vive momento de expansão, com novos investimentos e a recuperação de imóveis históricos

Flávia Saad

Da Redação

Se Santos fosse um carro, o Centro seria o motor. Enérgico, vibrante, explosivo, incansável. A força de trabalho do bairro encontra na delicadeza da arquitetura o balanço perfeito, que retrata uma cidade cheia de memórias do passado e de olho no futuro.

Depois de um período de ostracismo e decadência durante as décadas de 80 e 90, o bairro renasceu. Tudo graças a um projeto que hoje é a menina dos olhos da Administração Municipal: o Alegra Centro.

A idéia era ambiciosa e levou dois anos para sair do papel. Foi em 2001 que o então prefeito Beto Mansur encaminhou a idéia à Câmara de Santos pela primeira vez.

Estabelecimentos que utilizam imóveis em nível de proteção 1 (proteção total) ou 2 (proteção da fachada e do telhado) ficam isentos de IPTU, ISS da obra e da atividade e taxas de licença, entre outros.

O incentivo fiscal ao empresariado que viesse para o Centro mostrou-se, a médio e longo prazo, uma aposta mais do que certeira. No primeiro ano, apenas dois pedidos deram entrada na Secretaria do Planejamento; em 2009, foram 51 pedidos.

O prefeito João Paulo Papa divulgou, com exclusividade para A Tribuna, o balanço dos sete anos de programa. Foram R$ 136 milhões em investimentos públicos (63%), privados (31%) e mistos (6%) em uma experiência inédita que já se tornou referência em todo o País. "Não é só um projeto de revitalização, mas também de desenvolvimento econômico", explicou Papa.

O número de empresas abertas no Centro aumentou 43%: são 2.276 novos negócios desde 2003. A cara do bairro também mudou: 297 edificações passaram por obras de conservação, restauração ou reforma, e a região histórica protegida viu cair 36% o número de construções deterioradas.


TRABALHO DURO - "No início, o mais difícil foi mudar a mentalidade das pessoas em relação ao Centro. O projeto (Alegra Centro) passou por algumas fases de questionamentos" - João Paulo Papa, prefeito de Santos

Foto publicada com a matéria

Futuro - O projeto rendeu elogios até mesmo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão federal vinculado ao Ministério da Cultura.

No final de 2008, mais um fator ajudou a impulsionar ainda mais o Alegra Centro. Com a alteração da Lei de Uso e Ocupação do Solo, o limite de altura de prédios no Centro passou a ser de dez pavimentos.

"Com a verticalização controlada da região, podemos aproveitar melhor espaços antes esquecidos", argumentou o prefeito.

Um bom exemplo é a questão da falta de vagas de estacionamento, reclamação constante de quem precisa ir de carro ao Centro. A nova regra, segundo Papa, tornará possível a construção de mais garagens - inclusive subterrâneas - para suprir a demanda.

Mistura fina - O Centro hoje é um mix interessante: os tradicionais escritórios de advocacia ficam lado a lado com lojas populares (e outras nem tanto). A gastronomia e o entretenimento têm tudo para agradar todos os gostos e bolsos.

Grandes armadoras portuárias (N.E.: SIC), como a Hamburg Sud/Aliança e Maersk voltaram para ficar - tudo para estar mais perto de uma região que ainda não atingiu todo seu potencial de crescimento.

A Prefeitura está otimista com o futuro do Alegra Centro. A iniciativa se multiplicou em três frentes: o original, Alegra Centro Habitação e Alegra Centro Tecnologia.

Além disso, o Museu Pelé e a nova sede da Unidade de Negócios da Petrobrás, no Valongo, vão ampliar a revitalização para além do Centro Histórico.

O porto também passará por renovações, trazendo novos ares para um local que andava esquecido e que agora ressurgiu ainda mais interessante.


Na região onde a Cidade começou, a vida empresarial divide espaço com lojas, restaurantes e entretenimento para todos os gostos

Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

"Nunca deixei de acreditar no Centro"

O Centro é a segunda casa de Neder Dib Daud. Proprietário da loja de tecidos Nova Bandeirantes, diz que, mesmo nas épocas de crise, nunca pensou em se mudar para outro ponto de venda.

Em 1964, estabeleceu o comércio nas esquinas das ruas General Câmara e Senador Feijó em sociedade com o irmão. Antes disso, já havia trabalhado com tecidos em Olímpia, cidade onde nasceu,no interior de São Paulo.

"Aqui era a principal zona de movimentação da cidade. Além de santistas e visitantes brasileiros, muitos estrangeiros passavam por aqui. Foi assim até os anos 80", lembrou Neder.

O descendente de libaneses prosperou no Centro. Há 46 anos, continua como uma das referências quando se trata de cortes de qualidade e com bom preço. Até tempos atrás, vendia também roupas de cama, mesa e banho - hoje, no entanto, prefere ficar apenas com os tecidos.

Neder e Regina, sua esposa, não hesitam em afirmar que adoram o Centro. "Nunca desanimei, sempre acreditei no potencial de estar aqui. Muitos estabelecimentos abriram, fecharam e nós persistimos", disse ele.

Em 2003, eles deixaram a primeira sede da Nova Bandeirantes (que era alugada) e passaram a ocupar um espaço ainda maior - e próprio - na Rua João Pessoa.

Embora o setor de tecidos tenha passado por dificuldades nos anos 90, Neder conta que costurar voltou a ser tendência entre as jovens de hoje.

O hábito é estimulado, principalmente, pela proliferação dos cursos de moda, pela filosofia do-it-yourself (faça você mesmo) e pela busca de itens exclusivos e diferenciados.

O comerciante está otimista com as possibilidades futuras, mas aponta alguns fatores que precisam de mais atenção do Poder Público. "Com a revitalização, já mudou muito. Mas ainda tem muito a melhorar, como a questão da segurança, da iluminação e do estacionamento".


Comerciante de tecidos, Neder aposta na alta dos cursos de moda para impulsionar as vendas

Foto: Irandy Ribas, publicada com a matéria

 

Público fala

Em 2007, o Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos (Nese) da Universidade Santa Cecília pesquisou as impressões dos santistas sobre o Centro Histórico. Alguns dados interessantes:

20% dos entrevistados vão ao bairro diariamente e 63% ocasionalmente
O fator que mais motiva as visitas são as compras (35%), seguido de trabalho (24,2%)
Na época, 65,7% afirmaram que faltavam atrativos para o Centro
Quase 1/4 dos pesquisados disseram que participavam da vida noturna no bairro, especialmente para o happy hour
No entanto, 52% dos que não vão ao local à noite disseram que o motivo era a falta de segurança
 


Bairro alia a força de trabalho à arquitetura histórica preservada

Foto publicada com a matéria

 

Ainda falta

De acordo com a pesquisa do Nese, 57% das pessoas sentem falta de uma boa livraria, 35% gostariam de uma academia de ginástica e 58% pedem que o comércio fique aberto além das 19 horas. Fica a dica para o empresariado que pretende investir nessa área. Outro pedido é a ampliação do horário dos ônibus seletivos (62%)

 


PONTO ZERO - O Outeiro de Santa Catarina, local onde nasceu a cidade de Santos, fica na Rua Visconde do RIo Branco. O nome vem da esposa do fidalgo português Luiz de Góes, Catarina. Lá, está uma rocha com uma construção similar a um castelo. Hoje, abriga a Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams) e está na recém-ampliada rota do Bonde Turístico

Foto: Fernanda Luz, publicada com a matéria

Veja o bairro em 1983
Veja Bairros/Centro

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