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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - RADIOFONIA
Rádio Clube de Santos (7)

Prefixo: PRB-4 (ZYK-653)
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Matéria publicada pelo jornal diário Cidade de Santos, numa quinta-feira, 5 de julho de 1973 (página 8):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

ZYE-34 apresenta: "Pelé, o comentarista"

Muito em breve os "prezados rádio-ouvintes da cidade das praias" terão junto a si mais um comentarista de esportes, num pequeno programa de 5 minutos, onde não serão feitas análises de jogos, nem será dada opinião sobre jogadores. É que o novo comentarista, considerado suspeito para fazer análises, é o jogador de futebol, industrial, comerciante, garoto-propaganda e, ultimamente, proprietário da emissora, Edson Arantes do Nascimento, ou Pelé, como se fez conhecer através dos mais de 15 anos de futebol.

Segundo o diretor de programação da Rádio Clube de Santos - ZYE-34 - (cujo prefixo acrescenta: "A Emissora do Rei"), Milton Borges, o veterano esportista Pelé vai fazer um programa que já tem data marcada para iniciar. Na segunda-feira, 16 de julho, às 18h50, o mais novo comentarista de Santos vai sentar-se frente ao microfone e, dentro de seus cinco minutos, contar fatos pitorescos de sua vida de futebolista campeão e "enviar uma mensagem ao esportista e à dona de casa".

Não se sabe ainda o que os esportistas e donas-de-casa têm a dizer ao cidadão de 33 aos que vai manter "no ar, um diálogo com os ouvintes", mas, certamente, um dos itens do esquema de programa não vai faltar: as cartas de fãs que serão lidas e respondidas ao microfone. Quando essas cartas chegarem, falarão, provavelmente, de elogios e agradecimentos à "maravilha do futebol em todos os tempos". Ou, então, pedirão detalhes de "fatos pitorescos".

No entanto, há os que gostam de atrapalhar. Esses, certamente, enviarão cartas, perguntando sobre partidas de futebol, pedindo que se comente esse ou aquele jogo, e que o proximamente abdicante rei analise seus companheiros de gramado, tanto do seu como de outros clubes menos votados.

A esses, Pelé provavelmente substituirá o "recebemos uma amável cartinha de fulano à qual passamos a responder" por um cauteloso "sinto não responder a fulano que pergunta se cicrano jogou bem, pois isso iria ferir minha ética e meus princípios". A ética e os princípios do rei não vão deixá-lo, certamente, falar de seus colegas de profissão, pois, "se o fizesse - diz o programador Borges -, ele seria obrigado a analisar a si próprio, o que seria impossível".

Comentários ao comentarista - Com a nova função que vai acumular - ao lado de diretor de banco, entre outras, Pelé vai se tornar automaticamente, e de fato, um rádio-jornalista, ou, quando menos, rádio-cronista. Tal posição implica no fato de regularização de uma profissão, ainda não bem definida e, correntemente, exercida por pessoas menos capazes e não menos pretensiosas.

Comenta-se, inclusive, talvez até maldosamente, que Pelé não teria condições de fazer um real programa esportivo, onde fosse obrigado a usar da lógica. A maioria das pessoas, em matéria de ex-jogadores que se tornaram cronistas esportivos, prefere Gerson, ex-jogador do São Paulo (atualmente no Fluminense), e, numa comparação com o rei, afirmam que Gerson tem em maior quantidade a indefinível qualidade chamada de inteligência.

Os seus novos colegas de profissão, de Santos, ainda não têm opiniões concretas a respeito de seu programa e preferem, prudentemente, ouvir primeiro para comentar depois. No entanto, existem conceitos básicos expostos pelos mesmos comentaristas de Santos, que valem a pena o registro para futura comparação.

Pinheiro Neto, da Rádio Universal de Santos, não deve estar vendo grandes qualidades jornalísticas no seu novo colega, embora não afirme exatamente isso. Diz que Pelé "será um bom comentarista, principalmente pela atração que representa para o patrocinador. Além de ser dono da emissora, é claro".

Quanto ao aspecto legal da nova profissão do sr. Nascimento, Pinheiro Neto não vê problemas, "desde que ele regularize sua situação como rádio-jornalista", e que deve ser difícil, embora legalmente, tal profissão requer - em princípio - graduação em escola de comunicação ou jornalismo.

As oportunidades de Pelé - Concordando no geral, e divergindo nos detalhes, o comentarista Armando Gomes, da Rádio Cacique, diz, primeiro, que "Pelé vai funcionar, Edson Arantes do Nascimento, não". E explica as mesmas razões de Pinheiro Neto: a audiência certa, devida ao nome famoso, que interessa ao patrocinador.

Como comentarista de futebol (que Pelé, prudentemente, não assumirá), Armando Gomes diz que o rei não vai "funcionar". Explicações: "É difícil, para alguém que saia dos campos de futebol, comentar e analisar, com precisão, as jogadas e táticas aplicadas". Mais, ainda: "Falta-lhe vivência de análise e observação, depois de tanto tempo passado dentro dos campos de futebol".

O radialista Armando Gomes, no entanto, acha que Pelé é "muito esforçado e vai fazer tudo para realizar um bom programa: se bem que, como comentarista, eu prefiro o Gerson, que é mais desenvolto".

No aspecto legal, Gomes vê problemas: "Mesmo que, como dizem, esteja tirando chance de outros, a oportunidade deve ser dada a todos, mesmo ao Pelé". E, provavelmente, mesmo que Pelé já tenha tido e criado todas as oportunidades possíveis.

Quem quiser saber da mais nova oportunidade dada ao (ou criada pelo) rei do futebol, basta ligar na Rádio Clube de Santos, daqui a 11 dias e de segunda a sexta-feira, às 18h50, para escutar 5 minutos de Pelé.

Nem o ouvinte e nem o patrocinador (uma firma financiadora de veículos e bens de consumo de Santos, que deve assinar o contrato hoje) precisam ficar assustados, ou temerosos, nos dias que Pelé excursionar com o Santos: todos os programas, falando dos fatos pitorescos de sua vida e das mensagens ao esportista e à dona-de-casa, assim como às criancinhas tão ao gosto do rei, serão gravados previamente e "enviados ao ar com regularidade para deleite do prezado ouvinte".

Foto publicada com a matéria original

Em 30 de junho de 2005, na página C-7, o jornal santista A Tribuna recordou, na seção A Tribuna nos anos 60, do jornalista Hamleto Rosato, o noticiário do dia 30 de junho de 1964, uma terça-feira:


Arte e beneficência com esses artistas na Rádio Clube

NOITE DE ARTE E OURO PARA O BRASIL - À noite, no auditório da Rádio Clube, alguns artistas estariam realizando uma noite de arte visando angariar fundos para colaborar na Campanha Ouro para o Bem do Brasil. Era a manifestação de sentimento de civismo e patriotismo. Iriam oferecer à assistência cerca de duas horas de arte pura: canto e música. Ali estariam, emprestando seu valioso concurso, Marlene Akel, que sempre se dedicou a movimentos beneficentes como concertista, inclusive para a Cidade da Criança; o jovem e talentoso Ciro Gonçalves Dias Júnior, José A. Almeida Prado, Leila Regina Kfouri, Renata Raposo de Almeida, Carlos Alberto Botelho e outros. Coordenava o espetáculo a professora Odete Cheida Mota, diretora do Inst. M. Carlos Gomes
Foto: reprodução, publicada com a matéria

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