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Paquetá (1)

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Matéria publicada em 29 de novembro de 2010 no jornal santista A Tribuna, nas páginas A-1 e C-1 (Economia):

Paquetá atrai interesse de grandes construtoras

Prefeitura, atenta, já iniciou estudos para reerguer o bairro

Na primeira metade do século 20, o Paquetá era uma das áreas nobres de Santos. Hoje degradado, o bairro tem muitas áreas ociosas que estão na mira de grandes construtoras. Paralelamente, a Prefeitura iniciou estudos cuja finalidade, segundo o secretário de Planejamento, Bechara Abdalla Pestana Neves, é promover a "renovação urbana" da região. O trabalho resultará numa proposta de trabalho conjunto com o setor empresarial.

Cemitério com áreas vizinhas: empresas querem fundir quadras para construir grandes empreendimentos

Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Mesmo degradado, Paquetá vira novo alvo de grandes construtoras

Executivos analisam áreas do bairro, decadente há décadas, mas cobram das autoridades a recuperação da infra-estrutura da região

Marcelo Santos

Da Redação

Área nobre de Santos no começo do século 20, o Paquetá será um dos próximos alvos do mercado imobiliário. Decadente, mas com muitas áreas ociosas, o bairro já desperta a cobiça de grandes construtores, que desde o ano passado vêm estudando o bairro e partes da vizinha Vila Nova. O interesse do setor privado encontrou o apoio da Prefeitura de Santos, que prepara uma série de iniciativas para viabilizar o "renascimento" do Paquetá (veja matéria abaixo).

Pelas degradadas vias do bairro, já passaram executivos, por exemplo, da Adolpho Lindenberg, construtora paulistana cujas obras na Faria Lima e na Berrini estão entre os endereços comerciais mais caros da Capital. Há alguns meses, a empresa confirmou seu interesse no Paquetá a A Tribuna, assinalando, contudo, que a localidade só se tornará viável a partir de uma intervenção do poder público.

Há 100 anos, o Paquetá e a área contígua da Vila Nova eram os locais mais valorizados da Cidade. Nas décadas seguintes, contudo, seus moradores mais prósperos começaram a migrar na direção das praias. No fim da década de 1940, restaram apenas as memórias dos áureos tempos e o cemitério homônimo, o mais antigo de Santos. Muito pouco para compensar a degradação causada pela chegada de cortiços, prostituição, drogas e violência.

Hoje, a região do Paquetá não atende mais às exigências do setor imobiliário residencial ou comercial. As ruas são estreitas para suportar eventual aumento do tráfego. As quadras também são pequenas para receber grandes edifícios. Mesmo assim, devido à falta de áreas na Cidade para novos empreendimentos, construtoras estão de olho no velho bairro.

"Há uma procura intensa por terrenos em Santos, mas no caso do Paquetá é preciso investir na infra-estrutura. As ruas e quadras, por exemplo, são pequenas para receber dois ou três prédios de 20 a 30 pavimentos", comenta o delegado do Conselho Regional dos Corretores Imobiliários (Creci) em Santos, Carlos Ferreira.

O diretor de Incorporação da O'R, braço imobiliário do Grupo Odebrecht, Marcelo Arduin, procura áreas para desenvolver um grande projeto com hotelaria, cinemas, escritórios e residências. "Área ainda não tem. A solução é recuperar regiões degradadas", assinala.

O empresário Lourenço Lopes, da Real Consultoria Imobiliária, também vê o Paquetá como área muito viável, mas alerta que para um bom empreendimento é preciso dispor de áreas de 4 mil a 10 mil m². Para isso, explica ele, será necessário fundir quadras e ruas e investir em Parcerias Público-Privadas, ou seja, PPPs. Por meio destas, a iniciativa privada banca projetos de interesse público, sendo recompensada depois com a exploração comercial do empreendimento.

Lopes observa que já há experiências do gênero em áreas urbanas de vários países, como China, México, Índia e até na Vila Olímpia, em São Paulo. "No Paquetá, será necessário um plano de urbanização, com a participação de várias empresas. Isso é viável e a Cidade vai precisar dessas intervenções".

Otimista, Ricardo Beschizza, diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), acredita que melhorias pontuais em outros pontos do Centro de Santos contribuirão para tornar irreversível o projeto do "Novo Paquetá". "O Museu Pelé, por exemplo, valorizará o Valongo, que aos poucos será contagiado pelas melhorias. Essas mudanças não ocorrem da noite para o dia, mas não têm volta", explica Beschizza.

Onde fica

Imagem publicada com a matéria

"Demanda por investimentos tem, mas ainda falta infra-estrutura" -

Ricardo Beschizza, diretor regional do Sinduscon, sobre empreendimentos em áreas deterioradas

Imagem publicada com a matéria

Muitos cortiços e imóveis "sem dono"

O diretor regional do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Ricardo Beschizza, questiona: para onde vão as famílias que hoje vivem nos cortiços do Paquetá?

Segundo o IBGE, são 1.400 moradores só no Paquetá, mas o número pode superar os 10 mil, considerando-se toda a região central. Desse grupo que mora no Paquetá, quase 300 famílias vivem com a ajuda do Bolsa-Família, que beneficia quem tem renda individual de até R$ 140,00.

Uma das propostas, principalmente dos movimentos de moradia, é recuperar os imóveis para fins residenciais ou construir prédios populares para dar nova vida à região central. Porém, empresários consultados alertam: se o bairro for viabilizado, o metro quadrado subirá e o custo impedirá a construção de imóveis para baixa renda.

Além disso, muitas famílias que ali estão têm uma realidade particular. Vivem de subempregos e preferem os cortiços porque estão próximos às suas fontes de renda na economia informal. Portanto, trata-se de um problema social difícil de ser resolvido. Em poucas palavras, não basta "remover" essa população.

Beschizza e Lourenço Lopes, da Real Consultoria Imobiliária, também vêem problemas com a titularidade dos imóveis do Paquetá. Segundo ele, o grande problema do bairro é que não se sabe quem é o dono de muitos casarões do bairro.

Ao longo das décadas, o Paquetá entrou em decadência, os imóveis passaram de herdeiro para herdeiro e, degradados, muitos foram sublocados.

Aspecto de abandono: rua com casas em ruínas simboliza degradação

Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

Prefeitura apresentará proposta ao setor privado

Com uma nova vocação econômica no Paquetá, a Prefeitura já faz estudos para reerguer o bairro, segundo o secretário de Planejamento, Bechara Abdalla Pestana Neves. Cuidadoso, ele teme adiantar um eventual plano urbanístico, mas admite que apresentará uma proposta de trabalho conjunto com o setor empresarial no segundo semestre de 2011.

Neves descarta para o Paquetá um programa nos moldes do Alegra Centro ou uma extensão do mesmo. Segundo ele, o Centro se viabilizou pela recuperação histórica com incentivos fiscais, onde imóveis restaurados abrigaram primeiro os bares noturnos e, em seguida, restaurantes diurnos.

Além disso, o PoupaTempo trouxe 5.500 pessoas/dia para o Centro, que também vive um momento de aquecimento do comércio. Não voltou a ser como nos bons tempos, afinal boa parte do movimento migrou para os shoppings e os centros populares de Vicente de Carvalho e São Vicente.

Já o Paquetá, conforme o secretário, passará por uma "renovação urbana". "A tendência do Paquetá é a renovação urbana com uma integração entre o poder público e a iniciativa privada". Neves evita antecipar suas idéias, temendo especulação imobiliária. Segundo ele, a legislação municipal já contempla as transformações que serão necessárias.

Neves explica que no momento a secretaria está concluindo os trabalhos dos planos Diretor e de Mobilidade Urbana (tráfego) e que se dedicará aos projetos de renovação do Paquetá no próximo ano, com divulgação das propostas no segundo semestre de 2011.

EM SÃO PAULO
Vila Olímpia - A Vila Olímpia, em São Paulo, deu um salto econômico ao ser reestruturada nos anos 1990. A prefeitura paulistana melhorou os acessos às avenidas, como a Hélio Pellegrino, e em 2004 fez alargamentos e ligações com o Brooklin. Mas foi com as obras subterrâneas de alargamento dos rios Uberaba e Uberabinha, nos anos 1990, que o grande boom imobiliário e comercial teve o seu início. Sem as enchentes, m dez anos foram construídos ou reformados quase 200 edifícios.
Bairro da Luz - A decadência do comércio de rua e a epidemia do crack destruíram os bons tempos da Luz, em São Paulo. Entretanto, um projeto lançado em 2005, o Nova Luz, ainda não executado, promete recuperar o bairro. A idéia é desapropriar 89 imóveis, criando bulevares e praças inspirados em renovações urbanas de Nova Iorque e Barcelona, atraindo investidores e empresários.
TRIBUNA SQUARE
Também conta a favor da recuperação do Paquetá o Tribuna Square, projeto imobiliário do Sistema A Tribuna de Comunicação em parceria com a AMC Holding e a Vértice Construções Civis. O conjunto, com prédio de 21 pavimentos, ficará na Rua João Pessoa, entre a Constituição e Avenida Conselheiro Nébias. Situado nos limites do bairro, o Tribuna Square contribuirá para "reaproximar" o Paquetá do Centro da Cidade.
CASARÕES
O Paquetá começou a se expandir no final do século 19. O adensamento do Centro, o convívio conturbado de moradias com as atividades comerciais da época e as epidemias estimularam a migração das residências para o Paquetá, que era conhecido apenas pelo cemitério construído em 1854.

A elite santista do início do século 20 elegeu o Paquetá e a Vila Nova como seus bairros prediletos, morando até os anos 1940 nos casarões que, dentre os que sobraram, hoje estão aos pedaços.

Porém, a melhoria da infra-estrutura dos caminhos à praia viabilizou a migração das moradias de alto padrão para a orla. Começava então a decadência do Paquetá - que já está próxima de completar 70 anos.

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