Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/real/ed108b.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 06/10/02 19:11:22
Edição 108 - MAI/2002 

Opinião

O dilema das drogas em horário nobre

José Antonio Marques Almeida (Jama) (*)

O país vem acompanhando pela TV, através da novela “O Clone”, da autora Glória Perez, o dilema de uma adolescente, de classe alta, que se vê envolvida com as drogas. As situações vividas pela garota chegam a incomodar alguns telespectadores, que ainda vêem o problema com certo preconceito. Mas as cenas, apesar de serem mera ficção, estão presentes no dia-a-dia de muitos jovens na vida real. 

Os episódios mostram que os roteiristas estão tratando o problema com bastante seriedade. Alguns capítulos expõem jovens ainda em tratamento, relatando suas Jama: final feliz só na novela (Foto: Maria Helena da Silva)amargas experiências com o uso das drogas. As declarações chegam a comover o telespectador. O ponto forte dessa questão é que a novela mostra que o uso de drogas não ocorre simplesmente porque existem traficantes que abastecem o mercado. São muitos os motivos que levam as pessoas a experimentarem os tóxicos, independente de sua condição financeira.

Uma coisa é o dependente químico, outra coisa é o traficante inserido no crime organizado. Longe de paternalismo, defendo uma política diferenciada para os usuários. Está na hora de o Brasil concluir o quanto antes a sua política de prevenção às drogas. É sabido que os índices de violência urbana têm como causas principais as drogas. As estatísticas são preocupantes. Em 2000, os assassinatos chegaram a 40 mil, contra 10 mil ocorridos em 1980. As campanhas contra as drogas têm se mostrado eficazes na medida em que levam a sociedade a uma reflexão, fazendo-a separar o traficante do usuário.

Pesquisas revelam que na maioria dos casos, o uso de drogas lícitas e ilícitas entre os adolescentes tem início na escola. Por isso, é preciso atacar o problema com sabedoria. Independe do Governo Federal apresentar em definitivo uma ação preventiva contra as drogas, cabe aos municípios fazer a sua parte. Sou autor de uma lei que incluiu o estudo da dependência química na grade curricular e que vem obtendo resultados bastante positivos em Santos.

O tema droga está sendo abordado de maneira interdisciplinar e, para isso, os educadores tiveram que passar por treinamento. O programa, desenvolvido na rede municipal de ensino atinge 42 mil estudantes de 62 escolas do ensino Médio e Fundamental. Os jovens estão se deparando com o problema e descobrindo as causas sem traumas e muito menos sem preconceito. 

Em “O Clone”, Glória Perez tem propagado os males da dependência química através do núcleo de personagens jovens interpretados por Débora Falabella e Thiago Fragoso. A autora faz com que os personagens dêem uma boa contribuição à sociedade quando expõem os seus dramas sob os efeitos da dependência química. Resta aos telespectadores torcerem para que os personagens envolvidos, tenham um final feliz, o que nem sempre ocorre com boa parte dos dependentes químicos.

(*) José Antonio Marques Almeida (Jama) é vereador do PPS e preside a Câmara de Santos.