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HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE - Clube aéreo
Aero-Clube de Santos era aqui (1)

Um descampado marca, no início do século XXI, o local onde funcionou o Aero-Clube de Santos e um aeroporto, e que deu nome ao bairro Aviação

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Um dos tradicionais bairros de Praia Grande tem o nome de Aviação, em razão de ali ter funcionado o campo de pouso da empresa francesa Latecoère (que daria origem à Air France), em área que seria depois usada como escola de pilotagem e clube aéreo.

Esta nota sobre a história do clube foi publicada na seção Curiosidades (página 190) do Almanaque de Santos - 1969, editado por Roteiros Turísticos de Santos, de P. Bandeira Jr., que tinha como redator responsável Olao Rodrigues (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda):


Monumento em Praia Grande marca o bairro criado que ganhou seu nome de um clube de aviação
Foto para divulgação turística, da Prefeitura de Praia Grande, em 2004

Fundado a 1 de novembro de 1936, o Aero-Clube de Santos orienta desde 20 de outubro de 1940 a Escola de Pilotagem, que tem a finalidade de formar pilotos para a aviação civil, comercial e reserva da Aeronáutica, operando na Praia Grande, desde 1947.

O Aero-Clube de Santos deu hábeis pilotos à aviação comercial e militar. Registra mais de 30.000 horas de voo.

Seus principais fundadores: João Carlos de Azevedo, Cássio Muniz de Souza, Carlos Agnese, Athos Votta, Benedito de Castro Simões, Ismael Coelho de Souza, Hugo Pacheco Chagas, Athié Jorge Coury, João Pacheco Fernandes, Caio de Barros Penteado, Eduardo Vitor De Lamare, Estevam José de Almeida Prado, Luiz Soares de Andrade, Rubens Ferreira Martins, Antônio Moura Andrade, Gervásio Bonavides, Esculápio César de Paiva, Antônio Iguatemi Martins, Bernardo Browne, Homero Leonel Vieira, Hugo Pacheco Chagas, Otávio Moura de Andrade e Pedro Peressin. Foi seu primeiro presidente o eng. Ismael Coelho de Souza.

Matéria publicada no jornal santista A Tribuna, coluna A Tribuna em São Vicente, na edição de 1º de maio de 1956, página 8 (ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução parcial da matéria original

A TRIBUNA EM SÃO VICENTE

Nossa reportagem, num voo no Rio Piracicaba, a convite do piloto vicentino José Maximino – Em estado lastimável, o campo de pouso, na Praia Grande – O prejuízo causado ao município – O estado das aeronaves – Brevetados 196 pilotos – Por que as autoridades vicentinas e estaduais não subvencionam o Clube dos Aviadores Civis? – Ainda o Mangueirão no Boqueirão de Praia Grande – Centro Cultural dos Homens de Cor – Câmara Municipal – Caixa Escolar do Grupo Municipal – Mateo Bei – Sociais

Nossa reportagem foi honrada com o convite do piloto aviador, José Maximino, diretor de material do Aero Clube de Santos, para um vôo na Paia Grande. Residindo em São Vicente, esse piloto, há 29 anos, aceitamos, desde logo, o agradável convite.

Subimos no Rio Piracicaba, prefixo PP-GIR, tipo PA-18, mais possante que o Paulistinha, e sobrevoamos a nossa encantadora cidade, depois de admirar Praia Grande, com o seu imenso mar. Satisfeitos com o passeio, retornamos ao campo de pouso.

O estado precário da pista – Durante a rolagem sobre a pista do campo da Praia grande, tanto na decolagem, como na aterrissagem, notamos o seu péssimo estado. Com as últimas chuvas, existem vários buracos que podem causar não só acidentes pessoais, como aos próprios aparelhos. O campo já esteve em piores condições. Lembramo-nos que o mesmo não permitia aterrissagens e que a Real lá deixou de operar. Justo, entretanto, salientar o interesse dos pilotos Nelson Carvalho e Antonio de Barros, que conseguiram com as companhias de café, que têm aviões baseados na Praia Grande, auxílios para a melhoria, pondo o campo em condições de uso. Essas iniciativas foram particulares, numa demonstração do patriotismo de dedicados pilotos civis.

O prejuízo causado ao município – O nosso município deixou de receber e embarcar passageiros, diariamente, pela Real, em vista das condições precárias do campo na Praia Grande, o que, como é evidente, causou grande prejuízo. Com a falta daquela via aérea de comunicação, ficaram prejudicados o turismo e o comércio.

Melhoremos o campo de pouso – Com os requisitos que está a reclamar, poderá ser um campo de emergências para as companhias que estão operando nas linhas Sul: Paranaguá, Curitiba, Santa Catarina e Florianópolis. O desejo dos que ali vão aprender a arte de voar, para a maior grandeza do Brasil (pois os pilotos civis são considerados reservas da FAB), seria a construção de uma pista de concreto ou asfalto, com o balizamento para pousos noturnos. Com este importante e necessário melhoramento, acreditamos, voltariam o Consórcio Real-Aerovias e outras empresas aéreas a operar em nosso campo. Além disso, o local é ponto estratégico-militar, por estar próximo à Fortaleza de Itaipu (5º  G. A. C.).

O estado das aeronaves – Constatamos que, no hangar, ultimamente remodelado e com uma oficina mecânica ao lado, estavam 9 aviões, que fazem parte do patrimônio do Aero Clube, porém, somente dois em condições de uso, e isso com grande sacrifício. Um avião é para a praticagem e outro para os pilotos brevetados. Isso veio dificultar, por demais, a Escola de Pilotagem, funcionando na Praia Grande.

Não podemos deixar de destacar o estímulo que vêm dando aos alunos e pilotos, o presidente do A.C.S., cap. Capelão Edmundo Cortez e o major Salema, comandante da Base Aérea de Santos, grande entusiasta da aviação civil. Outro abnegado que merece encômios, pela sua perseverança, é o sr. Ricardo Stringer, sócio-fundador do A.C.S., trabalhando como mecânico-chefe, há mais de vinte anos, ex-piloto reformado da R.A.F.

O nosso apelo – A situação, como está, não pode perdurar. Devemos cuidar com melhor atenção, de início, da melhoria do campo de pouso, o que seria de grande vantagem, não só para a pilotagem civil, como para a nossa gloriosas FAB e companhias comerciais. As autoridades municipais e estaduais poderiam cooperar nesse sentido, em vista do Aero Clube não estar em condições financeiras de arcar com as despesas desse imprescindível e urgente melhoramento. Na Câmara local, deve a nossa edilidade ventilar o palpitante assunto, e, oxalá, surja um projeto de lei, subvencionando a Escola de Pilotagem do A.C.S., para melhoria do material aéreo e da pista.

Auxílios valiosos prestados pelo A.C.S. – Os pilotos do A.C.S. prestam relevantes serviços, tais como a localização de afogados e o transporte de enfermos no litoral paulista.

196 pilotos brevetados – a diretoria – O Aero Clube de Santos, fundado em 1 de novembro de 1936, iniciou a brevetagem de pilotos em 1938. Desde esta época até o ano passado, receberam seus brevetes 196 pilotos aviadores, e se esse número não foi aumentado, deve-se ao desinteresse dos poderes competentes.

A diretoria da A.C.S. está assim constituída: presidente, cap. Capelão Edmundo Cortez; vice-presidente, Mazilon Freitas Passos; 1º secretário, Ciro Campos Melo Filho; 2º secretário, Francisco Teófilo de Almeida; 1º tesoureiro, Afonso da Cruz Ferreira; 2º tesoureiro, Odenir Porto; 1º diretor técnico, Antonio de Barros; 2º diretor técnico, Anibal Teófilo de Almeida; diretor do material, José Maximino; diretor de campo, Eugênio Blagal. […]


"No clichê, o piloto José Maximino, com o representante de A Tribuna, após o voo no Rio Piracicaba"
Foto e legenda publicadas com a matéria

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