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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - 7ª ARTE
Cinema em Cubatão (1)

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A trajetória das casas exibidoras de cinema em Cubatão sempre foi intermitente, com inúmeras iniciativas que duraram poucos anos. Na obra Cubatão, história de uma cidade industrial (Edição do autor, Cubatão, 2005), nas páginas 66 e 67, a autora Celma de Souza Pinto descreve:

O Cinema

No início do século, enquanto o cinema no mundo inteiro dava os primeiros passos, também em Cubatão havia seus propagadores. Os primeiros cinemas em Cubatão funcionavam em salas improvisadas e foram fruto da vontade de alguns moradores, como João Pereira, que conseguiu um aparelho de projeção e instalou-o em sua casa, cobrando ingressos aos interessados. Esse tipo de cinema não teve longa duração, mas eram tentativas de propiciar um pouco de lazer (G. Schmidt, 1970). Depois, tem-se notícia do Cine Central, nos anos 20, do Cine Miramonte, de 1932, e do Cine Luz, de 1942.

O Cine Central ficava numa pequena construção, ao lado da atual Biblioteca Municipal. Já o Cine Miramonte funcionou na antiga Sociedade de Socorros Mútuos, cujo prédio foi a primeira sede da prefeitura, e o Cine Luz funcionava em uma casa onde é atualmente o Pronto-Socorro Central, em frente à estação de trem.

Os filmes naquela época vinham em grandes rolos, de Santos ou São Paulo, e eram pegos pelos interessados na estação de trem. Ayres Coutinho diz que na época do cinema mudo, uma senhora de nome Iaiá, que morava próximo ao Largo do Sapo, tocava piano nas sessões para dar mais colorido a quem estivesse assistindo ao filme.

Outros locais, como o Esporte Clube Cubatão, e a sede do Comercial Santista, na Fabril, também tiveram épocas em que projetavam filmes. Porém, só a partir dos anos 50 é que Cubatão ganha cinemas com grande estrutura.

Os cartazes dos filmes do Cine Miramonte eram entregues de casa em casa e a programação, distribuída na rua

Imagem: acervo Judith Rosa, publicada com o texto

Em 30 de junho de 1968, um novo cinema era anunciado nas páginas do Jornal de Cubatão, com um concurso para a escolha de seu nome - seria o Cine Veleiro, depois Cine Castro do Casqueiro:

Imagem: reprodução do Jornal de Cubatão de 30 de junho de 1968 (ano I/nº 10), página 6

 

Imagem: reprodução do Jornal de Cubatão de 30 de junho de 1968 (ano I/nº 10), página 3

Poucos anos depois, na edição de domingo, 7 de setembro de 1975, o jornal cubatense A Imprensa publicou, em sua página 5:

Imagem: reprodução do jornal A Imprensa, de Cubatão, de 7 de setembro de 1975, página 5

ECJ Casqueiro fecha o cinema para ter sede

Se a diretoria do Esporte Clube Jardim Casqueiro fosse cumprir sua promessa e construir a sede da entidade, seriam necessários pelo menos 2 anos e verba de 500 mil cruzeiros. Para cumprir a promessa, a diretoria adotou outra política: comprou uma sede pronta e, assim, o ex-Cine Veleiro, depois Cine Castro do Casqueiro, irá se transformar, na realidade do sonho de aproximadamente 200 associados, a sede do EC Jardim Casqueiro, com inauguração prevista para o mês de outubro, justamente quando ele completa 25 anos de vida.

Eufórico com a compra, o presidente João Carlos Silva firmou um documento assinado também por Manoel Messias Oliveira, José Rodrigues Irmão e Antonio José Batista, com o proprietário do ex-Cine Veleiro, o vereador Mário Canelas. Para pagar a área de 600 metros quadrados, onde 450 metros quadrados são de construção, a diretoria irá trocar pelo terreno da Av. América com Portugal (Cr$ 60 mil), mais Cr$ 40 mil em dinheiro e um prazo de 4 anos para totalizar o valor do prédio - Cr$ 400 mil, cujas prestações serão de Cr$ 4 mil no primeiro ano; Cr$ 6 mil no segundo; Cr$ 7 mil no terceiro e Cr$ 8 mil mensais no quarto ano.

Segundo o presidente, o vendedor Mário Canelas "só vez este preço por se tratar do EC Jardim Casqueiro. Se fosse para particular, não venderia nestas condições".

Para Mário Canelas, que já foi presidente do Casqueiro, há uma coincidência fora do comum: "Quando era presidente compramos o terreno que hoje fica de minha propriedade como parte do pagamento do prédio do cinema que estou vendendo ao clube". O mesmo prédio havia sido vendido há quase dois anos a Jaime de Castro, que explorava o cinema. Recentemente Canelas o recomprou.

Mário Canelas, ex-proprietário do imóvel: "O preço da venda é pequeno, e isto porque tratava-se do ECJ Casqueiro, se fosse para particulares..."

Foto: A Imprensa, 7/9/1975, página 5

O maior clube - Dos clubes do Casqueiro, é o único que tem sede social própria. E para maior alegria de seu presidente, agora poderá ser desenvolvida uma atividade social bastante variada. Bailes já estão sendo programados para todos os fins de semana. Inicialmente a sede da Av. Brasil sofrerá pequenos reparos e reformas, como a construção de uma secretaria e bar. O salão de festas tem 20 x 8,5 metros além do corredor com 3 meros de largura e que funcionava no cinema como saída lateral.

Para o presidente do Conselho Deliberativo do clube, "foi um excelente negócio, pois o Jardim Casqueiro dificilmente conseguiria construir sua sede, sensibilizando os associados da necessidade de contribuição em dinheiro ou material", fala Hermes de Andrade Sobrinho.

Mas para o associado Jaime Duarte, que por coincidência tem residência ao lado da agora sede do clube, "a compra não poderia ser efetuada sem prévia consulta do Conselho Deliberativo. É ilegal se assim não procederem".

Apesar de saber que há alguma oposição, o presidente João Carlos Silva está otimista: "Foi um negócio que não poderíamos perder. O preço ninguém pode contestar, muito menos as condições. Basta ver o entusiasmo da diretoria, de conselheiros e de muitos associados que viram um sonho realizado, para se entender perfeitamente que se não conseguimos um milagre, pelo menos chegamos bem perto".

João Carlos Silva, presidente do E.C. J. Casqueiro: "agora nada mais poderá ser aceito como críticas, a sede está aí, e o que precisamos é de muita colaboração"

 Batista, diretor de Esportes e técnico das equipes infantil e juvenil: "Nunca pensei que isto fosse acontecer, mas o importante é que aconteceu..."

Fotos: A Imprensa, 7/9/1975, página 5

Nova diretoria - Para realizar o sonho - ter uma sede própria bem antes do que o previsto - o presidente João Carlos Silva conta com a colaboração de muita gente. O vice-presidente agora é Mário canelas; secretários: Manuel Tavares Pinho, Edgard de Matos, Benedito Sebastião Nascimento; tesoureiros - Darci Gonçalves, Waldemar Fernandes; diretor geral de Esportes, Manoel Messias Oliveira; diretor técnico da equipe amadora, Regis Pereira; diretor do Infanto-Juvenil, José Batista; Veteranos, José Rodrigues Irmão; Patrimônio, José Batista; diretor geral social, Nelson Gonçalves Constantino; diretores sociais, Wilson Bueno dos Santos, José Antonio dos Santos, José Carlos Silva, José Antão dos Santos, José Pereira, Rogério de Azevedo e Leonardo Fornaro; diretor de Propaganda, Erasmo Emídio Luna.

Antes de comprar a sede, a atual diretoria trabalhou bastante na tentativa de construir na área que era do clube. Assim, com o apoio de Rubens Roncari, que doou a planta para construção, o clube chegou a ter o projeto aprovado inclusive na Prefeitura. Apesar deste tempo e algum dinheiro perdido, o presidente acha que tudo está compensado: o Casqueiro tem uma das melhores sedes sociais da cidade.

"Manoel Messias Oliveira, diretor de Esportes: "Se o Mário não vendesse o Cine, eu insistiria, mas ele é muito casqueirense"

José Rodrigues, diretor de esportes da equipe de veteranos: "Começamos com um pequeno terreno e agora temos um grande sonho concretizado"

Fotos: A Imprensa, 7/9/1975, página 5

Em outro domingo, 26 de outubro de 1975, o mesmo jornal cubatense A Imprensa publicou, em sua página 3:

Imagem: reprodução do jornal A Imprensa, de Cubatão, de 26/10/1975, página 3

E.C.Jardim Casqueiro inaugura a sede própria (o ex-Cine Veleiro)

Cubatão agora tem mais um clube com sede própria, é o Esporte clube Jardim Casqueiro, que domingo encerrou as festividades em comemoração do 25º aniversário de fundação, onde o ponto alto foi a inauguração das dependências sociais da entidade.

Durante todo o domingo, o ECj Casqueiro realizou o festival esportivo e à noite inaugurou a sede própria, o ex-Cine Veleiro que foi comprado por Cr$ 400 mil que serão pagos em quatro anos, uma parte desta dívida já foi amortizada porque a diretoria do clube deu como entrada 2 terrenos de sua propriedade e mais a quantia de 20 mil cruzeiros.

A solenidade de inauguração foi feita pelo padre Antonio Olivière, pároco do Casqueiro, que enalteceu a grande luta da atual diretoria, e logo após a professora Maria de Lourdes, que estava representando o prefeito Zadir Castelo Branco, desatou a fita e descerrou a placa onde constava o nome da atual diretoria.

Após o discurso da professora Maria de Lourdes, o presidente do ECJC mostrou aos convidados e associados as dependências da sede e depois foi realizado o baile de inauguração, abrilhantado pelo conjunto Phase.

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