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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - JUDIAS
As polacas e seu cemitério cubatense (6)

Uma história que só recentemente começou a ser investigada

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Ainda faltam mais estudos aprofundados sobre a presença judaica na Baixada Santista através dos séculos, tão importante que vários acidentes geográficos na região têm nomes dados por seus antepassados. No século XX, novamente, o véu do mistério encobre parcialmente a história dos judeus na Baixada Santista, marcada por episódios como o da máfia que agia no tráfico de mulheres brancas judias, destinadas à prostituição, as chamadas polacas. Elas e os cáftens, bem como os suicidas, eram enterrados em locais específicos e um deles era o Cemitério Israelita, levado de Santos para Cubatão no início do século XX.

Em 25 de agosto de 2010, Cubatão passou a ser uma das poucas cidades brasileiras com imóveis tombados relacionados ao tema judaico, a segunda cidade do Brasil com um cemitério judaico tombado e a primeira em que este tombamento é feito em caráter definitivo. O decreto foi assinado pela prefeita Marcia Rosa de Mendonça Silva, na presença dos representantes do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Cubatão (Condepac) e da comunidade israelita no estado de São Paulo. O fato foi noticiado assim no jornal cubatense Acontece, em agosto de 2010:


Cemitério israelita agora é patrimônio histórico de Cubatão
Foto: artesdecubatao.blogspot.com, publicada com a matéria

Cemitério Israelita de Cubatão é tombado

O Cemitério Israelita, que é uma parte da memória da imigração judaica e que faz parte do Cemitério Municipal de Cubatão, foi tombado como patrimônio histórico da cidade, através da assinatura do decreto pela prefeita Marcia Rosa. A solenidade ocorreu na tarde do último dia 25 (quarta-feira).

O tombamento pertence a um programa de educação patrimonial, com reabertura do espaço para visitação pública com monitores e inclusão em roteiros históricos e é um trabalho desenvolvido pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico de Cubatão (Condepac) com apoio da Chevra Kadisha, associação que administra os cemitérios israelitas do estado. Este será o segundo cemitério israelita considerado patrimônio histórico no Brasil e o primeiro tombado definitivamente. O Cemitério Israelita de Inhaúma, no Rio de Janeiro, foi tombado provisoriamente em 2007.

Segundo Beatriz Kushnir, historiadora e diretora do Arquivo Geral da Prefeitura carioca, que foi convidada a comparecer na solenidade e é autora do livro Baile de Máscaras: mulheres judias e prostituição, considerou ótima esta iniciativa, bem como a possibilidade da abertura do cemitério à visitação pública. "Achei fantástico! É ideia a ser copiada por vários outros cemitérios pelo país, independentemente da peculiaridade que possuem. Fiz um passeio destes em New Orleans, nos Estados unidos, e em Praga, na Europa, e foram muito interessantes os aspectos de arquitetura e de traços culturais", comentou.

Ela conta ainda que, em 1988, realizou pesquisa sobre as polacas e constatou que esse ainda hoje é um "assunto tabu", mas defende que conhecer as identidades dessas mulheres e das outras pessoas sepultadas nesses campos-santos só faz sentido quando sabemos de quem estamos falando. "Mais do que apenas nomes, são histórias de vida", concluiu.

Cemitério Israelita - Com 800 metros quadrados e 75 sepulturas feitas em granito (55 de mulheres e 20 de homens), sendo que a lápide mais antiga data de 1924 e a mais recente é de 1966. A curiosidade habita no fato de lá estarem enterradas em sua maioria as chamadas polacas, mulheres judias que no início do século XX deixaram o Leste Europeu atingido pelo antissemitismo, em direção à América, com a promessa de casamentos, mas acabaram sendo exploradas na região.

Pouco antes dessa decisão, em 21 de junho de 2010, o jornal santista A Tribuna destacava, em sua página A-14:


Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

Cubatão prepara tombamento de cemitério judeu

Local serve para contar a história da migração de um povo

Da Redação

O Cemitério Israelita de Cubatão absorve uma história centenária que remonta a um capítulo pouco lembrado do passado: a imigração judaica. E esse local cercado de mistérios e curiosidades deverá ser tombado, ainda este ano, pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural (Condepac).

Conselheiros do Condepac e a secretária municipal de Cultura e Turismo, Patrícia Campinas já se reuniram na Capital com representantes da Associação Chevra Kadisha. Essa entidade administra os cemitérios israelitas em São Paulo. O conselho obteve total apoio da entidade no processo.

Instalado no interior do Cemitério Municipal, o Cemitério Israelita tem 800 metros quadrados e 75 sepulturas feitas em granito (55 de mulheres e 20 de homens). A lápide mais antiga data de 1924 e a mais recente é de 1966.

Polacas - A curiosidade habita no fato de lá estarem enterradas, em sua maioria, as chamadas polacas. Mulheres judias que no início do século 20 deixaram o Leste Europeu, atingido pelo antissemitismo, em direção à América. Elas chegaram com a promessa de casamentos, mas acabaram sendo exploradas.

"É brilhante a ideia de conservar os campos-santos como patrimônios culturais, pois reconta a história da imigração judaica e reconhece o trabalho de preservação feito por nós", afirmou o vice-presidente da associação, Rubens Muszkat.

A Chevra Kadisha cuida dos cemitérios israelitas no Estado desde 1923. Além de Cubatão, gerencia os campos-santos de Embu, Santana e da Vila Mariana, na capital.

A Chevra Kadisha assumiu o de Cubatão em 1996. Na época, o local se encontrava em completo estado de abandono, com sepulturas deterioradas e solo quebradiço. As obras de restauração incluíram o conserto e recuperação dos matzeivot (túmulos), ajardinamento, pavimentação das ruas, instalação de lavatório, colocação de placa indicativa no portão e de local apropriado para o acendimento de velas.

O cemitério foi, então, reinaugurado em1 997, preservando de forma mais íntegra a história da comunidade judaica na Baixada Santista.

Agosto - De acordo com o presidente do Condepac, Welington Borges, o tombamento do Cemitério Israelita de Cubatão deve acontecer em agosto, quando a prefeita Marcia Rosa deve assinar o decreto.

O processo por si só garante apenas o reconhecimento histórico. Mas a ideia é implantar um projeto de educação patrimonial ali, com a recuperação e restauração das lápides, reabertura do espaço para visitação pública com monitores e inclusão do espaço em roteiros históricos.

"Cubatão é rota para o Litoral e o Cemitério Israelita seria um ponto de parada na própria história da imigração de outros povos no Brasil", avaliou Borges. A iniciativa foi apoiada pela secretária de Cultura e Turismo, Patrícia Campinas, e pelos conselheiros Augusto Muniz Campos (vice-presidente), Maria do Carmo Araújo Amaral (1ª secretária), Rubens Alves de Brito (coordenador do Órgão Técnico de Apoio) e José Fabiano Madeira.

Depois dessa reunião, o Condepac vai dar continuidade ao processo de tombamento, anexando informações e laudos técnicos que comprovam a importância histórica e cultural do espaço. Daí, o documento seguirá para o Executivo.

O reconhecimento do Cemitério Israelita como patrimônio cultural torna Cubatão uma das poucas cidades brasileiras a possuir bens imóveis tombados com relação ao tema judaico, de acordo com Roney Cytrynowicz, participante da Chevra e doutor em História pela USP, que também esteve no encontro.

"Temos o Cemitério de Inhaúmas no Rio de Janeiro, o Memorial Judaico, em Vassouras (RJ), e o prédio da antiga Sinagoga, no Recife (PE) como patrimônios tombados pela sua relevância histórica e cultural. O de Cubatão vai ser um deles", garantiu Roney Cytrynowicz.


A Chevra Kadisha assumiu o Cemitério Israelita de Cubatão em 1996

e fez uma ampla reforma no local
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

 

Curiosidades
Fica dentro do Cemitério Municipal de Cubatão
Ocupa uma área de 800 m², onde estão 75 sepulturas
A lápide mais antiga é de 1924 e a mais nova, de 1966
Maioria das campas é de polacas, mulheres que migraram para o Brasil e acabaram exploradas
Cemitério vai ser a quarta edificação no País a ser preservada por sua relação com judeus
 


Lápide no Cemitério Israelita de Santos
Foto divulgada por Welington Borges em seu perfil na rede social Facebook (acesso: 23/12/2012)

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