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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - JUDIAS
As polacas e seu cemitério cubatense (5)

Uma história que só recentemente começou a ser investigada

Ainda faltam mais estudos aprofundados sobre a presença judaica na Baixada Santista através dos séculos, tão importante que vários acidentes geográficos na região têm nomes dados por seus antepassados. No século XX, novamente, o véu do mistério encobre parcialmente a história dos judeus na Baixada Santista, marcada por episódios como o da máfia que agia no tráfico de mulheres brancas judias, destinadas à prostituição, as chamadas polacas. Elas e os cáftens, bem como os suicidas, eram enterrados em locais específicos e um deles era o Cemitério Israelita, levado de Santos para Cubatão no início do século XX.
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Em 19 de dezembro de 1997, o jornal santista A Tribuna registrou:


Totalmente reformado, o cemitério abriga os restos mortais de antigos membros da comunidade judaica
Foto: Sílvio Luiz, publicada com a matéria

MEMÓRIA
Cemitério Israelita vira ponto de atração histórica

Local será aberto à visitação pública

Da Sucursal

As obras de restauração do Cemitério Israelita de Cubatão foram entregues ontem pelos diretores da Chevra Kadisha, durante uma comovente homenagem da comunidade judaica e de autoridades locais às 69 pessoas ali sepultadas, na sua maioria prostitutas polacas ou originárias do Leste Europeu.

"Para os israelitas, a morte iguala todos os seres humanos, sem importar o que fizeram das suas vidas. Preservar a memória dessa parcela da comunidade judaica da Baixada Santista é muito importante para nós", assinalou Majer Chil Kochen, presidente da Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo (Chevra Kadisha). Portando o kipa (espécie de pequeno chapéu que cobre parte da cabeça e é usado só pelos homens durante atos religiosos), ele, o prefeito Nei Serra e a comitiva visitaram o cemitério, localizado em uma área isolada dentro do Cemitério Municipal de Cubatão.

Serra foi agraciado com a Medalha de Mérito Comunitário, entregue por Majer Kochen, pelo apoio que a Prefeitura deu à comunidade judaica, para possibilitar a reforma desse centro de preservação da memória do povo de Israel.

O local será aberto à visitação pública, já que está transformado em uma espécie de monumento histórico, mediante consulta ao administrador do Cemitério Municipal. Não há mais sepultamentos nesse local, pois os judeus que morrem na Baixada Santista são levados para os cemitérios de São Paulo.

Memória - Conforme estudos históricos e sociológicos, dentre eles uma pesquisa feita [pela] professora Evania Martins Alves (monografia de conclusão do Curso de História na UniSantos) o Cemitério Israelita de Cubatão foi instalado na Cidade antes da autonomia, em 1930, quando ainda pertencia a Santos, com autorização da Câmara, que doou a área à Sociedade Beneficente Israelita.

Essa entidade amparava os mais necessitados e algumas das mulheres ali sepultadas foram dirigentes da entidade.

O primeiro cemitério ficava ao lado do cemitério cristão na área hoje ocupada pela Refinaria Presidente Bernardes. No início da década de 50, os restos mortais de judeus e cristãos foram transferidos para o Sítio Cafezal (onde estão hoje os dois cemitérios) para possibilitar a construção dessa unidade da Petrobrás.

O último sepultamento registrado no cemitério judaico ocorreu em 1967. A partir daí, o local ficou abandonado. A tese da professora demonstra que a maioria dos sepultados eram mulheres, historicamente atraídas do Leste Europeu sob promessa de casamentos por procuração. Quando chegavam aos portos de Santos, Rio de Janeiro e Buenos Aires, eram obrigadas a se prostituir pelos maridos. Seguindo a tradição judaica, um pequeno setor do cemitério tem túmulos de homens, possivelmente ligados ao lenocínio dessas polacas.

A Prefeitura desenvolve, desde a publicação de reportagem de A Tribuna, no final do Governo Campos, contatos com as autoridades comunitárias judaicas para a reforma do cemitério. Esses contatos foram dirigidos pelo engenheiro Antonio Guimarães.

Reforma - Majer Kochen disse que manteve contatos com Nei Serra no segundo mandato do atual prefeito. Porém, só nos últimos três anos, conforme Isaac Lernher, foi possível reformar a área com 835 m³ do Cemitério Israelita de Cubatão. Essa obra foi conduzida por Stefan Onady, responsável pelas reformas de túmulos no Cemitério Israelita da Vila Mariana. Ele trabalhou durante dez meses em Cubatão, nivelando as sepulturas, recuperando as lápides de granito e colocando as placas de identificação (algumas com fotos) dos falecidos. Ruas inteiras foram restabelecida, o muro foi reconstruído e o recinto ajardinado, com gramado e plantas ornamentais.

Foi também instalado um lavatório para purificação e um local para acendimento de velas. A comitiva, também integrada por Miguel Fleks, Rubin Herscovici, Alberto Serur, Marcos Lichand, Leibe Grinspun e Menache Haskel, visitou a seguir o novo Hospital-Modelo de Cubatão a convite de Nei Serra.

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