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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - Biografia

Clique aqui para ir ao índice do primeiro volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas I a XIV:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Biografia

 

O ilustrado historiador brasileiro dr. Alexandre José de Mello Moraes nasceu na cidade de Alagoas, antiga capital da província do mesmo nome, em uma das casas à Rua da Matriz, lado Sul, quase a chegar à Rua do Carmo, em 23 de julho de 1816, tendo por pais o capitão-mor Alexandre José de Mello e d. Anna Barboza de Araujo Moraes e por parente próximo o eminente filólogo Antonio de Moraes e Silva; é um dos alagoanos, senão dos brasileiros, que mais honram a pátria.

Órfão aos 11 anos de idade, por ter sua mãe falecido a 20 de novembro de 1826, e seu pai a 13 de maio do seguinte ano, passou aos cuidados de seus tios, os revds. Fr. José de Santa Thereza, carmelita, e fr. Francisco do Senhor do Bomfim (franciscano), na província da Bahia, onde depois de cursar humanidades, matriculou-se na Faculdade de Medicina, e recebeu o grau de doutor no ano de 1840.

Logo nos primeiros anos manifestara o jovem estudante muita aplicação e gosto pelos estudos, dando provas de muito talento e amor pelas letras, sendo certo que aos 17 anos de idade já lecionava Retórica, Geografia e outros preparatórios.

Depois de graduado doutor e já casado, regressou à sua província que tanto amava, e ao aportar à praia do local do seu berço, na majestosa Manguaba, e ao desembarcar depois de 12 anos de ausência no cais denominado do Mestre Francisco, com o coração cheio de prazer por pisar novamente a terra de seu nascimento, comovido manifestou-o com significativo afeto: ajoelhando-se ali, beijou o solo.

Motivos fortes dominaram-lhe os desejos de ali pousar por longo tempo, e teve de regressar à Bahia, onde firmou então residência, e teve os frutos de seu consórcio com a exma. sra. d. Maria Alexandrina de Mello Moraes, e foram:

- D. Alexandrina Maria de Mello Moraes.

- D. Norberta Maria de Mello Moraes, falecida a 17 de setembro de 1861.

- Dr. Alexandre José de Mello Moraes Filho.

- D. Clorinda Maria de Mello Moraes (falecida).

Aí começou em 1843 a manifestar natural propensão pela imprensa, estreando no jornalismo para vulgarizar ideias que alimentava, tomando em seguida parte ativa na redação do Correio Mercantil, em cujas colunas galhardamente defendeu, como político filiado ao partido conservador, a causa dos amigos implicados na revolução de 1844 nas Alagoas, tentame que continuou ainda no seguinte ano nas do Mercantil, criado ali (Bahia) para tal fim, por conta própria.

Desde então a política, a Religião, a Medicina e as ciências físicas e naturais eram diariamente discutidas por ele em seu jornal. Pelos anos de 1847 apresenta-se ali o talentoso cirurgião português João Vicente Martins, espalhando os princípios da homeopatia; o dr. Mello Moraes sai-lhe ao encontro combatendo a propaganda com tenacidade e prudência, ao mesmo tempo que acompanhava e investigava dos resultados práticos, até que, convencido pelo testemunho dos fatos, abraçou as doutrinas de Hahneman com a sinceridade que o honra, das quais tornou-se adepto fervoroso e convencido, e extremo defensor teórico e prático.

Foi então que fundou o seu Medico do Povo, no qual largamente escreveu por mais de dois anos sobre a nova Medicina, apresentando ao público os resultados práticos diariamente obtidos na sua clínica, até que, mudando a residência para esta Corte no ano de 1852 ou princípio de 1853, suspendeu a mesma publicação ali, para aqui continuá-la em 1864, combatendo de novo pelos motivos que referiu no artigo de apresentação do primeiro número, distribuído a 10 de janeiro:

"Um longo armistício fez que nos descuidássemos do inimigo, porque supúnhamos que diante das verdades que os fatos têm demonstrado, não seria mais necessário combatê-lo de frente; porém agora que, traiçoeiro, lançou mão de novas agressões, ou antes, perseguições, aparecendo acobertado com o manto da lei, convém que nos apresentemos para recebermos de frente os golpes que nos quiserem atirar. Não rejeitaremos a discussão sobre qualquer assunto médico, literário ou científico, porque, mercê de Deus, ainda não voltamos o rosto a quem nos agredisse, mormente sobre crenças que afagamos etc."

E concluiu, dizendo: "além das matérias que forem próprias aos fins desta publicação, arquivaremos notícias e documentos importantes da História civil e política do Império do Brasil, que julgarmos não poderem por excesso de matéria entrar no contexto da nossa Chorographia Historica".

Já então, além do estudo das matérias de sua profissão que diariamente discutia, o dr. Mello Moraes aprofundava-se no enredo da História pátria, sondando os valiosos espécimes inéditos que em grande número possuída, e de que chegou a ser o mais rico depositário do Império.

Teve que suspender esta publicação com o n. 78 do 2º ano, em 2 de julho de 1865, e em satisfação disse que, não contando senão com limitadíssimo número de assinantes, que mal ajudaram as despesas de cinco números, não era possível continuar por ter, sobre as mesas dos seus tipógrafos, páginas da Chorographia a um ano quase por imprimir. Nesse número conta o negócio do projeto de auxílio proposto à Câmara dos srs. Deputados, pelo ilustrado advogado seu comprovinciano, o sr. dr. José Angelo Marcio da Silva, e que, não obstante o crônico adiamento, continuava a publicação da dita Chorographia por conta própria.

Em 1868, por ocasião da reversão da política, com a ascensão do partido conservador, a província das Alagoas pagou ao filho que dela nunca se esquecera por um só momento, dívida sagrada, distinguindo-o com uma de suas cadeiras do parlamento temporário.

São numerosos os seus trabalhos sobre História pátria, Medicina e ciências acessórias; como verdadeiro apóstolo da civilização e do progresso, nenhum outro brasileiro o excedeu, produzindo mais! Quase todos esses escritos, onde a par do venerando nome e naturalidade que não cessava de evocar com amor, se lê a constante legenda:

"Eu desta glória só fico contente,

Que a minha terra amei e a minha gente."

foram dados à publicidade por sua própria conta, o que importou na absorção de quase senão toda a sua fortuna, que chegou a ser avultada.

Nos quarenta e dois anos que decorreram desde a sua formatura, não passou um em que não trouxesse ao domínio público o fruto de suas meditações e de seus acurados estudos, filhos da muita constância e patriotismo, realmente admiráveis.

Laborava diária e simultaneamente quase nas ciências médicas e naturais, na Literatura e principalmente na História desta pátria que tanto amava, e que tanto se esforçou por fazê-la conhecida, sendo digno de nota (disse um dos noticiadores do infausto passamento), que nem o Jornalismo que nunca abandonou, nem a Medicina de que até o último dia tirou os meios de subsistência, foram a preocupação absoluta de sua vida; à procura da verdade na pesquisa dos fatos pelos arquivos, cartórios públicos e bibliotecas passava grande parte do tempo, destrinchando alfarrábios e protocolos, decifrando gregontins da antiga linguagem tabelioa.

Não se imaginam as riquezas que o dr. Mello Moraes amontoou em autógrafos, crônicas, roteiros, sesmarias, biografias, testamentos, escrituras, processos célebres, panfletos, coleções de antigas gazetas, mapas, plantas, além de muitas obras raras. "Só com o que ele possuía, disse um dos jornais da Corte, era possível não só fazer a história do Brasil, como fazê-la a mais completa das existentes. Quer se tratasse dos primeiros tempos coloniais, quer do vice-reinado, do Império ou da Regência, recorrendo-se a seu inexaurível arsenal, podia-se ter certeza de encontrar não só o que se procurasse, porém muito mais ainda".

Mais de cem cartas do próprio punho de José Bonifácio, escritas nos anos de 1822 a 1825, sob a influência da independência, a amigos, possuiu em um volume encadernado.

Em mais de cinqüenta obras de diversos assuntos e de vários formatos mais ou menos volumosos estampou o seu venerando nome.

No entretanto, que esse homem tão lido e tão senhor dos enredos da História pátria, o mestre da matéria, não era do número dos associados do Instituto Histórico do Império, isto devido à sua independência de caráter, entendendo assim mais livremente trabalhar e sem peias, e, senhor de si, seguir desembaraçadamente seu caminho.

Entre as suas numerosas publicações, são dignas do maior apreço a Chorographia Historica, em cinco volumes, publicados dentro dos anos de 18… a 1864; o Brazil Historico em quatro volumes, de 1864 a 1873; a Phisiologia das Paixões, três volumes, em 18…, aqueles vastos repositórios onde encontram-se os mais raros e preciosos documentos e notas bibliográficas do maior interesse para o estudo da História do país, e nestas belas lições dos fenômenos da vida expressos pelo coração humano; além de outros imensos repositórios de materiais para o estudo, como O Brazil Reino e Brasil Imperio – obra volumosa, in-folio, que teve de encerrar na página 50 do segundo volume em novembro de 1873, declarando ter no seu Brazil Social e Politico e nos primeiros números da 3ª série do 3º ano do Brazil Historico dado as razões por que assim procedia, acrescentando que: "Não encontrando consumidores para ela e não podendo empatar como empatou com o primeiro tomo e com o Diccionario de Medicina avultada quantia sem resultado algum, nem mesmo para cobrir a despesa do papel e da brochura, seria inconveniente sacrificar-se com a impressão desse segundo volume, e só para satisfazer o desejo dos poucos curiosos continuava a publicação no Brazil Historico".

E concluiu, prognosticando:

"É provável que mais tarde os estudiosos sintam o malogro dos meus desejos.

"A culpa não foi minha.

"Lutei, lutei só contra a má vontade, contra o egoísmo e o despeito, e apesar de tudo vou sobranceiro atravessando com os meus recursos, em proveito do meu querido país, até de todo cair extenuado etc."

Assim foi; o dr. Mello Moraes não arrefecia, não descansava e morreu com provas do Brazil Historico nos bolsos da sobrecasaca. Se parava com uma obra, era para continuar com outra, que já tinha no prelo; encerrando aquela que tivera princípio em 1871, veio logo a Independencia, trabalho cheio de revelações e novidades.

Contamos também a sua Chronica geral como trabalho de grande festejo e muito merecimento, principiada a publicar em 1879 e infelizmente não concluída.

Deixou outras por publicar [*].

Calculo em mais de 100:000$ as despesas que fez com impressões de obras com que dotou o país; e posso quase avançar como verdade que delas não arrecadou como atenuante a maior despesa, sequer nem 5:000$, com assinaturas e venda de volumes diversos.

De real só sei da venda, ao editor Garnier, da primeira edição da sua Phytographia, por 500$; é um grosso volume em 4º francês com mais de 400 páginas, dado a público em 1881.

É certo que os exemplares de suas obras desapareciam do mercado e de seu poder sobretudo, porque, com desusada facilidade, dava-os a quem mostrasse desejos de possuí-los, e destes o número não era pequeno.

Assim iam-se, e passados anos, quando ele próprio precisava de mais um exemplar de uma daquelas produções e procurava-o no mercado, os mercadores de livros, denominados antiquários, exigiam-lhe fabuloso preço. Pediu-se 60$ por cada volume da Chorographia, bem como do Brazil Historico.

Nada disto o contrariava, nem sequer o fazia esmorecer. É que o dr. Mello Moraes tinha predicados dignos e invejáveis; em suas apreciações não passava da vida pública do homem político; não ia além, e como neste ponto não tinha que poupar-se nem as exceções, poucos eram os agradecidos e muitos os descontentes em que as chagas sangravam.

É que a verdade nem sempre agrada; daí, como é fácil prever, o geral repudiava os escritos do severo escritor, ao mesmo tempo que aceitava com furor o pasquim, que toca no lar da família, que tisna a vida privada, dando tal interesse, que seu autor, a continuar, em pouco tempo poderia viver desassombrado.

Suas queixas e censuras versavam sobre o mau proceder do homem político para com sua pátria; daqueles que sacrificavam a consciência à conveniência de melhor passar, daqueles cujos sentimentos fundem-se em egoísticos gozos materiais.

"O dr. Mello Moraes, diz Innocencio Francisco da Silva, em seu Diccionario bibliographico, à custa de muita perseverança e incansáveis pesquisas, não poupando fadigas nem despesas, conseguiu reunir copiosíssimas e preciosas coleções de monografias e documentos de toda a espécie, relativos à história do Brasil, desde o seu descobrimento até a atualidade.

"De uma parte destas riquezas tem ele já feito participante o público, inserindo-as na sua Chorographia e no Brazil Historico; e bem fora para desejar que a pessoa tão laboriosa e amante da causa de sua pátria não faltassem na curiosidade pública e no favor oficial os estímulos de que carece para continuar a publicação do muito que ainda lhe resta".

Aqui acrescento ainda o que bem disse um dos jornais desta corte: "Infelizmente, para vergonha nossa, faltou-lhe tanto uma como outra fonte de animação; do público que pouco ou nada lê, e dos poderes oficiais, que se uma vez o corpo legislativo concedeu-lhe pequena subvenção, foi para cansá-lo em solicitar em vão do governo, que nunca a fez efetiva".

O amor pelo estudo da História lhe era inato, e talvez o da pátria se aguçasse na intimidade de assíduas palestras com os conselheiros Drumond, Olinda, Cairu, Marcellino de Brito, Mariani, Monte Carmelo, Manoel Joaquim de Menezes e outros vultos, dos quais houve grande cópia de valiosas informações e de importantíssimos manuscritos, e na convivência íntima do notável escritor, seu parente, Ignacio Accioli de Cerqueira e Silva, que foi o último cronista oficial deste Império, hoje quase desconhecido, porém um dos fidedignos auxiliares da nossa História. Que fora rico como Mello Moraes, e empobrecera, enfermando em 1853, este levou-o para casa, onde distribuiu-lhe com franqueza favores por mais de seis anos; veio a falecer em 1 de agosto de 1865, e foi sepultado no cemitério de S. João Batista.

Com Ignacio Accioli escreveu e publicaram em 1854, na tipografia Paula Brito, um pequeno livro com o título Ensaio chorographico do Imperio do Brazil.

Ouçamos o que em desabafo escreveu o dr. Mello Moraes – Aos futuros historiadores do Brasil – nos ns. 1, 2 e 4 da 3ª série do 5º ano do Brazil Historico em 1873:

"Dei por finda a impressão do Brazil Reino e Brazil Imperio na pág. 50 tomo 2º para continuar a publicar a história neste periódico, retratando aqui os tempos modernos e os desconcertos deste desgovernado Império.

"Tendo feito verdadeiros sacrifícios com tais publicações, me vi desamparado pelo corpo legislativo, enganado por certos ministros que abominam a verdade e afagam a lisonja, como já disse no Brazil Social e Politico – ou – o que fomos e o que somos, e no opúsculo dirigido À Posteridade, impresso em 1867".

Conta por que deixou a publicação da História do reinado para cuidar da contemporânea, por gabinetes ministeriais, e diz: "Tendo escrito e impresso o 1º tomo contendo a História do governo de d. João VI até a fundação do Império, em que despendi para mais de 3:000$000, o expus ao mercado, para com o produto ir gradualmente satisfazendo o compromisso com o 2º tomo, que já estava no prelo, e quando, depois de algum tempo, mandei recolher o produto da venda, reconheci que devia abandonar o trabalho, que não aproveitava a ninguém! Ainda procurei outro expediente: mandei por meio de circular o 1º tomo do Brazil Reino a um bom número de pessoas notáveis desta nova Bizâncio Oriental, entre literatos, estadistas e políticos, as respostas foram: que não tinham tempo para ler, ou que o livro era caro!!"

O dr. Mello Moraes era um cidadão prestante e estimável, de um caráter acessível e bondoso, gênio que não se alterava, prudente, alma generosa, resignado, com as contrariedades não se lastimava, como que modelado para elas; mas, quando dolorosos sentimentos tocavam-lhe o sensível coração, chorava e chorava muito.

Médico caritativo e publicista infatigável e tenaz, desapareceu no vigor da inteligência, senão da idade, quando muito ainda prometia produzir o incansável lidador, que só conhecia por armas a sua pena, a imagem do Crucificado que coberta em um sudário de damasco consigo trazia no peito da sobrecasaca, de que era inseparável, em como da Constituição do Império e do Código Criminal, que em pequeno formato conduzia nos bolsos. Eram as armas do homem da justiça e da caridade, com que combatia pelos direitos da pátria que amava sincera e devotamente. Assim, há pouco encetara nas colunas do Cruzeiro uma série de artigos a respeito da questão vertente do território das Missões.

A morte brutalmente desfez-lhe os planos.

Como particular e como homem público, se pecou ou se cometeu alguma culpa, foi arrastado pela fragilidade de seu coração, que sempre conheci franco e bom.

Sóbrio em extremo, com pouco se alimentava. Seu jantar constava de um prato de carne ou peixe ensopado, que comia com farofa, tendo por sobremesa doce ou fruta, água e café, se lhe ofereciam.

Mesmo em sua casa nada pedia; para ele tudo estava bom e chegava, dizendo que o melhor cozinheiro era o apetite. Não bebia vinhos nem espírito de outra qualquer qualidade.

Para muitos também não fumava; fazia-o somente em nossa companhia, por ocasião de suas amiudadas visitas.

Alimentando-se com tão pouco, trabalhava como muitos.

O dr. Mello Moraes faleceu aos 66 anos de idade, vítima de uma pneumonia dupla, pelas 4¼ horas da tarde de quarta-feira, 6 de setembro de 1882, no Rio de Janeiro, casa à Rua do Evaristo da Veiga, n. 41; e foi sepultado na tarde do seguinte dia na carneira n. 880 do cemitério de S. João Batista.

Seu nome será perpetuamente relembrado com veneração e respeito, e a posteridade lhe fará a justiça que a atualidade olvidou com ingratidão.

O dia de seu passamento sombrio e triste, foi o da morte de um justo, e uniforme com seu modo de pensar, dizendo quando se dava algum temporal maior: - parece ter morrido algum inconsciente ou perverso.

Se morreu para a família, se para os amigos, não morreu para a pátria, nem para a História.

Deixa, é certo, grande lacuna, enorme mesmo, se o digno sucessor e herdeiro de seu glorioso nome, o talentoso e simpático poeta e publicista o sr. dr. Mello Moraes Filho, a quem nos associamos de coração como amigo sincero à dor que sofre, não quiser secundá-lo no glorioso fadário.

Rio, 23 de setembro de 1882.

Pedro Paulino da Fonseca.


[*] O autor faz naturalmente alusão ao Tombamento dos bens dos Jesuitas, a única inédita que encontrei.

Mello Moraes Filho.