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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Crônica policial - 01
Um racha noturno nas avenidas... em 1913

Recém iluminadas com energia elétrica, as duas largas avenidas, Ana Costa e Conselheiro Nébias, eram uma tentação para os automobilistas...

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Eram ainda poucos os automóveis; a iluminação elétrica nas avenidas começava a ser instalada em duas avenidas largas, com bom leito carroçável... uma tentação para as noites de uma cidade que tinha poucas distrações e uma população ávida por novidades, competições entre as então modernas maravilhas tecnológicas que dispensavam a tração animal. O resultado disso foi publicado nesta matéria, na página 3 do jornal santista A Tribuna, edição de 22 de fevereiro de 1913 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução parcial da matéria original

Uma corrida desastrada

O automóvel n. 17 virou ontem na Avenida Conselheiro Nébias - Seis pessoas feridas

Já não têm conta os desastres originados nas loucas correrias de automóveis pelas avenidas Conselheiro Nébias e Ana Costa, durante a noite.

Os choferes, tomados da vertigem da velocidade, mal chegam àquelas vias públicas, lançam os seus carros em uma velocidade pavorosa, sem medirem o perigo a que expõem a própria vida e a dos incautos passageiros que consentem com o seu silêncio nesse abuso.

Ontem, às 10,30 da noite, deu-se na Avenida Conselheiro Nébias mais um desastre de automóvel, do qual resultou ficarem feridas seis pessoas.

Pouco antes daquela hora partiram do Boqueirão, com destino ao centro da cidade, os autos n. 39, guiado pelo chofer José Gomes, e n. 17, dirigido pelo motorista Alberto Teixeira.

O auto 39, mais veloz, levantando densas nuvens de poeira, lançou-se logo após a saída em vertiginosa corrida pela avenida afora.

Alberto Teixeira, que conduzia no seu auto duas senhoras, residentes à Rua do Rosário, e dois rapazes empregados no comércio, entendeu que ficaria desonrado se se deixasse vencer pelo colega que guiava o auto n. 39.

A fim de alcançá-lo, deu, pois, o máximo da velocidade ao seu veículo, sem prever o fim desastrado daquela desabalada corrida.

Ao chegarem os dois carros ao trecho da avenida entre a Rua do Sol e Avenida Taylor (N.E.: atuais Rua Barão de Paranapiacaba e Avenida Rodrigues Alves), o automóvel n. 39 mudou repentinamente de direção a fim de tomar o lado oposto àquele por onde corria.

Alberto Teixeira, que o seguia de perto na sua máquina, querendo evitar que ela esbarrasse na outra, deu repentinamente um golpe de volante a fim de atravessar a avenida.

Nesse momento o automóvel n. 17 "derepou" e com tal violência que uma das rodas traseiras quebrou-se.

Com a velocidade que levava, o carro tombou para o lado da roda quebrada, atirando a grande distância duas das três senhoras e um dos rapazes.

O outro moço e a senhorita ficaram sob a carroceria do auto, assim como o chofer, que ficou preso sob o volante do carro.

O seu ajudante, José de tal, foi atirado para fora do carro com o choque, recebendo um ferimento leve na cabeça.

Dos cinco passageiros que conduzia o automóvel, quase todos ficaram mais ou menos feridos, principalmente a senhorita, que recebeu contusões pela cabeça, braços e tronco.

As duas senhoras ficaram contundidas em diversas partes do corpo, assim como os rapazes que as acompanhavam, todos, felizmente, sem gravidade.

O chofer Alberto Teixeira foi o que ficou mais ferido, pois teve a perna esquerda bastante contundida e acusava fortes dores no peito, por ter sido atirado de encontro ao guidon.

O automóvel n. 17 ficou muito avariado.

Logo após o desastre, que por um verdadeiro milagre não teve mais graves conseqüências, apareceram no local duas praças de cavalaria que apitaram pedindo socorro.

Populares e alguns choferes, que passavam nos seus autos pelo local, conseguiram, após alguns esforços, levantar o automóvel e retirar de sob os seus destroços o rapaz, a senhorita e o chofer que ali tinham ficado.

Compareceu ao local o delegado da 2ª circunscrição, que providenciou para a prisão do chofer Alberto Teixeira, o qual, devido ao seu estado, teve de ser internado na Santa Casa, onde também foram medicados os demais feridos.

A polícia da 2ª circunscrição intimou os passageiros e condutores do auto n. 17 a prestarem declarações hoje, no inquérito que foi aberto a respeito do fato.

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