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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Profissões
Atividades que vão desaparecendo (1)

Com o tempo, diversas atividades acabam ou são substituídas por outras
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Texto publicado no dia 17 de outubro de 2004, no jornal A Tribuna:
 


RESISTÊNCIA - Apesar dos avanços tecnológicos e da aparição de novas atividades, algumas profissões conseguiram se manter
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

À MODA ANTIGA
Profissões resistem aos avanços tecnológicos

Atividades ainda são feitas como antigamente, apesar das novas técnicas

Da Reportagem

Diante de um rebolo de esmeril, o afiador de ferramentas Antônio Rodrigues, de 65 anos, passa o dia polindo e afiando facas, machados, alicates e serrotes. Instalado em uma banca montada no Marapé, ele faz seu trabalho manualmente, da mesma forma de quando começou no ofício, há 35 anos.

Apesar dos inúmeros avanços tecnológicos e da aparição de novas atividades no mercado de trabalho, algumas profissões conseguiram resistir ao tempo.

"Já estão tentando afiar as ferramentas mecanicamente, através do computador. Mas ainda não conseguiram. Esse trabalho é tão sensível que precisa ser feito manualmente", diz, todo orgulhoso.

Segundo Rodrigues, as grandes indústrias que fabricam ferramentas têm as máquinas para fazer as peças e afiá-las. "Mas eles só fazem isso nos artigos novos. Mesmo assim, logo depois elas perdem o fio".

O afiador classifica seu trabalho como artesanal. "Não é qualquer pessoa que consegue fazer. É preciso ter sensibilidade e treinar pelo menos um ano para poder fazer o serviço direito".

Já com idade para se aposentar, Rodrigues diz que ainda não conseguiu passar adiante a experiência adquirida em 35 anos de profissão. "Já tentei passar o que sei para outras pessoas, mas ninguém se interessa em aprender".


Antônio Rodrigues faz trabalho manualmente há 35 anos
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

Sob medida - Um dos poucos alfaiates que ainda atuam na Cidade, José Moura do Nascimento, de 50 anos, aprendeu o ofício com a irmã, que era camiseira. Nascido em Aracajú, ele trabalhou por 10 anos em uma oficina para se aperfeiçoar na profissão e, em 1960, mudou-se para Santos.

Com milhares de confecções espalhadas por todo o País, que vendem peças de todo o tipo de preço, ele conta que são poucas as pessoas que ainda hoje mandam fazer roupas sob medida. "Só quem tem medidas fora dos padrões normais é que procura esse serviço".

Para fazer um terno em uma alfaiataria, por exemplo, é preciso esperar cerca de 15 dias e pagar R$ 500,00 pelo trabalho do alfaiate. O preço do pano é cobrado separadamente. "A gente sobrevive de reformas e ajustes das peças", diz Nascimento, que ainda hoje faz as próprias roupas.


José Moura diz que sobrevive de reformas e ajustes de peças
Foto: Nirley Sena, publicada com a matéria

À moda antiga - Mesmo com uma infinidade de ofertas de pescado nas prateleiras das grandes redes de supermercados, que vendem o produto limpo e congelado, o português João Maria de Oliveira, de 77 anos, ainda vende peixes nas ruas da Cidade à moda antiga. Com seu carrinho de peixe, um isopor e um tabuleiro de madeira, há 50 anos ele vive da comercialização de camarão, sardinha, tainha, entre outros tipos de peixe.

No entanto, Oliveira reclama que o movimento caiu muito nos últimos anos. "Há uns 20 anos vendia entre 20 e 30 quilos de pescado. Hoje, não vendo nem cinco".

Ele atribui a queda do movimento à atual crise econômica vivida e à concorrência desleal dos supermercados. "Hoje em dia não dá mais para sustentar a família com o que eu ganho. Quando não tinha carro para carregar a mercadoria, eu vendia peixe. Agora que tenho, não vendo nada".

Há mais de 40 anos no bairro do José Menino, na Rua Barão de Penedo, ele arrumou um passatempo para esperar pela freguesia. Enquanto os clientes não aparecem, ele joga cartas com os amigos, que conquistou por todo o bairro ao longo dos anos.

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