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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PROF. W.BESNARD
Entre a quente Santos e a gelada Antártida (2)

Navio oceanográfico Prof. W. Besnard começou a operar em 1967
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É comum encontrá-lo atracado ao cais antigo, próximo à Praça da República e ao prédio da Alfândega. Quando não está ali, navega pelo litoral brasileiro em pesquisas oceanográficas, ou dá apoio à base brasileira Comandante Ferraz, no gelado e distante continente antártico. Ao completar 40 anos de atividades, o navio foi destacado nas páginas Web de PortoGente, em 3 de abril de 2006:
 

O navio oceanográfico, atracado em Santos
Fotos publicadas com a matéria

Prof. W. Besnard
Quatro décadas de contribuição científica
Texto publicado em 03 de Abril de 2006 às 23h09

Cláudia Dominguez
jornalista

O ano de 2006 será de comemoração para a comunidade científica de todo o país, especialmente para os pesquisadores do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Em agosto próximo, serão celebrados 40 anos em que o navio-oceanográfico Prof. W. Besnard foi lançado ao mar da Noruega.

Inúmeras foram as contribuições do navio para o desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil ao longo desse período. Até hoje, o navio já fez cerca de 240 expedições oceanográficas tanto em busca da realização de projetos da própria universidade quanto uma série deles de caráter internacional. Propiciou ainda a realização de convênios para pesquisas e prestação de serviços.

O navio oceanográfico Participou do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) integrando a 1ª Expedição Brasileira à Antártica no ano de 1982 levando o Brasil a participar do Sibex (Second International Biomass Experiment) no ano de 1983. As atividades foram encerradas em 1988 devido ao desgaste do navio sofrido pelas rigorosas condições de mar na região, ocasionando a quebra do eixo da embarcação.

A diretora do IO-USP, Drª Ana Maria Setubal Pires Vanin, adiantou que haverá uma comemoração, no mês de agosto, aos 40 anos de lançamento do navio ao mar. "Vamos comemorar com uma cerimônia no Porto de Santos a bordo do navio Prof. W. Besnard".

A idéia - O professor Wladimir Besnard, nascido em 1890 na cidade de São Petesburg, na Rússia, e convidado em 1945 para organizar e dirigir o Instituto Oceanográfico, acalentava um sonho desde a fundação do Instituto, em 1946. Era o de possuir uma embarcação que tivesse capacidade de enfrentar o mar aberto. Muitos processos foram percorridos por ele e por uma equipe de empreendedores na busca de obter um navio de pesquisa.

Em 13 de dezembro de 1958 foi publicada no Diário Oficial da União a Lei 3.487 na qual seria liberada uma verba de Cr$ 15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros) para a construção do navio.

Dez dias depois, o diretor geral do Instituto Oceanográfico designou uma comissão, inicialmente composta por quatro pessoas para a escolha e compra do navio oceanográfico. A partir do ano seguinte diversos estaleiros em todo o mundo foram consultados sobre a possibilidade da construção do navio.

O custo seria bancado pelo governo federal, estadual e a maior parte pelo Ministério da Agricultura, através de uma emenda, e outra parte através do Grupo de Planejamento do Plano de Ação do Governo do Estado. À época representaria um investimento de 400 mil dólares.

Em 1961, o governo estadual liberou mais 60 milhões de cruzeiros, verba enviada pelo Ministério da Fazenda através do Fundo do Trigo. O custo total do navio sairia em torno de 616 mil dólares.

No ano de 1962 optou-se pelo estaleiro norueguês A/S Mjellem Karlsen, localizado em Bergen, para a execução do projeto de construção do navio. O contrato de construção foi firmado em 16 janeiro de 1964. Após dois anos, em 18 de agosto de 1966, o casco do navio oceanográfico foi lançado ao mar, sendo escolhido o nome de Prof. W. Besnard em homenagem póstuma ao primeiro diretor do Instituto Oceanográfico, falecido em 11 de agosto de 1960. A embarcação foi entregue ao Instituto Oceanográfico da USP em 05 de maio de 1967.

A primeira expedição - A viagem de vinda para o Brasil no ano de 1967 foi também a primeira expedição científica denominada Vikindio. O navio aportou em Santos, dia 5/8/1967, e a partir de então teve uma intensa atividade, possibilitando grande desenvolvimento de estudos e pesquisas de caráter nacional e internacional.

Características do Navio Oceanográfico Prof. W. Besnard:

Local e ano da construção: A/S Mjellem & Karlsen, Bergen, Noruega, em 1967
Data de lançamento ao Mar: 18/8/1966
Dimensões: 49,35 metros de comprimento, 9,33 metros de boca, 4,20 metros de calado
Capacidade de armazenamento de combustível: 119.000 litros de óleo diesel
Deslocamento: 703 toneladas
Velocidade de cruzeiro: 12 nós
Autonomia: 15 dias de aguada
Tripulação: 22
Vagas para pesquisa: 15
Principais comissões realizadas: Remac, Proantar, Coroas, Opiss, Padct, Revizee, Deproas, entre outras
Outras informações pertinentes: no convés principal possui um laboratório molhado, um laboratório químico, um laboratório de temperatura constante e um laboratório seco geral
E-mail: wbesnard@usp.br ou wbesnard@edu.usp.br
Telefone: (13) 3232-7575, Santos/SP.

O prof. Belmiro e a Central de Dados existente a bordo
Fotos publicadas com a matéria

Instituto Oceanográfico
Projeto EcoSan da USP na reta final
Texto atualizado em 03 de Abril de 2006 às 22h24

Cláudia Dominguez
jornalista

Após 21 meses de seu lançamento e a participação de 80 pessoas, o Projeto EcoSan do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) entra em sua fase final após a última etapa da coleta de dados realizada na semana passada no estuário de Santos.

A diretora do IO e coordenadora do projeto, profª. Drª Ana Maria Setubal Vanin, conta que o próximo passo é iniciar a análise dos dados e fazer apresentações previstas para o final do mês. "O objetivo geral do projeto é saber qual a contribuição do material colhido na Baixada Santista. Realizaremos dois seminários, um sobre a baía de Santos e outro sobre a plataforma continental". Outros ainda estão programados até o final do ano.

A coordenadora revela que meados de março do próximo ano haverá um seminário geral para fazer as últimas discussões com o intuito de elaborar um relatório final, já que o trabalho termina em julho de 2007.

O último cruzeiro do EcoSan, de quatro dias, esteve sob o comando do chefe do Departamento de Oceanografia Física, Química e Biológica do Instituto Oceanográfico da USP, prof. Dr. Belmiro Mendes de Castro Filho.

Doze pesquisadores juntaram-se a uma tripulação de 22 homens do navio oceanográfico Prof. W. Besnard rumo ao litoral paulista. Dessa vez, o objetivo da comissão era fazer o mapeamento da pluma originada na baía de Santos, no canal do estuário.

O pesquisador-chefe dessa etapa, prof. Belmiro, explica que a baía de Santos, como toda região próxima à descarga de água doce, tem uma característica de baixa salinidade. "A água do rio quando entra em contato com o mar se mistura e faz com que a água com a qual está se misturando tenha quantidade de sal diminuída. Essa água de baixa salinidade é o que chamamos de pluma que transporta organismos vegetais e animais flutuantes próximos à superfície".

Além de detectar características de temperatura e salinidade, os pesquisadores tinham como meta observar de que maneira essa pluma se comportaria, qual direção seguiria e ainda a sua variabilidade temporal.

Na costa santista, os pesquisadores utilizaram um aparelho conhecido como CTD para fazer a medição da salinidade, temperatura e profundidade. É um equipamento capaz de coletar todos esses dados meteorológicos como pressão atmosférica, temperatura do ar, intensidade do vento e corrente marítima.

A rotina é estafante. Os pesquisadores, estudantes da graduação e pós-graduação da Faculdade de Oceanografia, são divididos em quatro equipes que trabalham seis horas para 12 de descanso. Ao todo, foram 142 estações, das quais somente duas foram realizadas com o navio fundeado.

De acordo com o prof. Belmiro, há amostragens muito rápidas, com duração de apenas cinco minutos. A comunicação é feita via rádio entre os alunos que ficam no convés principal para a coleta e os que ficam localizados na Central de Dados do Navio.

Os trabalhos duram 24 horas por dia. Quem está de serviço deve manter total concentração na atividade. O momento da coleta exige cuidado. Os pesquisadores ficam praticamente à beira d'água, com o navio balançando, enfrentando chuva e barulho do motor. Os cuidados com a segurança devem ser completamente vigiados por cada um deles, já que o grupo trabalha com equipamentos pesados como guinchos e cabos de aço.

Aliás, concentração é uma exigência para a atividade de pesquisa. Belmiro destaca ainda que a criatividade e a intuição são primordiais para um cientista. "O que diferenciou Newton e Darwin das outras pessoas? Não foi a inteligência e sim a capacidade de concentração em um determinado problema".

O N/OC Prof. W. Besnard, está na vanguarda quando o assunto é instrumentação científica. Todos os seus equipamentos são importados e avaliados em 300 mil dólares. Estar a bordo deste verdadeiro laboratório experimental flutuante é oportunidade de vivenciar os mistérios do mar.

No comando da embarcação desde julho do ano passado, o comte. José Helvécio Moraes de Rezende, coincidentemente com formação em Oceanografia e ex-aluno do prof. Belmiro, conta que é uma experiência ótima estar no comando do único navio de pesquisa do país de uma universidade. "É muito bom estar ao mesmo tempo trabalhando no mar e, mais do que isso, estudando o mar, conhecendo os seus segredos. É bastante gratificante."

O aparelho CTD e o comandante José, que é formado em Oceanografia
Fotos publicadas com a matéria

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