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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/02/02 15:10:19
Edição 109 - JUN/2002 

Editorial

Ética, nepotismo e justiça

Luiz Carlos Ferraz
Editor

Talvez seja nas iniciativas culturais que melhor se encaixe a célebre máxima de Nelson Rodrigues, de que toda unanimidade é burra. Na literatura, música, dança, cinema, nas artes plásticas, enfim, a pluralidade de expressões será sempre fator que valorizará o talento do artista, proporcionando critérios, que seriam exigivelmente objetivos, porém na cultura subjetivos, e aí está a sua singularidade, para uma qualificação honesta. 

Some-se esta dificuldade, cuja tendência será repercutir em discussões acadêmicas intermináveis, à falta de ética, que neste País é histórica, e teremos uma amarga receita, casuística para alguns, mas para outros apenas pragmática, para definir uma obra de arte, esteja ela inserida nesta ou naquela veia do espectro cultural. 

Correndo o risco do acaso, agora não mais imponderável, pois conduzido (só para argumentar) pelo patrocinador de plantão, o lixo será prestigiado e apresentado com singularidade tal, porventura incompreendida. Em contrapartida, tudo o mais, tenha ou não valor intelectual, será depositado na vala comum, com direito ao esperneio. 

Ou, dependendo da gravidade do caso, se a questão foi pública e envolver favorecimento a grupos políticos ou econômicos, ou mesmo em situações imorais, tratando-se, por exemplo, de nepotismo, que aliás contamina todas as esferas de poder, estar sujeito à investigação patrocinada pelo Ministério Público, podendo exigir ou não a palavra do Judiciário. Nesta seara, onde tende a desaguar toda a lama produzida nas relações humanas - e daí fazer jus ao apelido de UTI da sociedade -, há de se esperar, no mínimo, justiça.