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Edição 104 - JAN/2002 

Dinheiro

Esperando negócios

Terrenos milionários em frente ao mar são opção de investimento

Renata Viana

Enganam-se os que pensam que está esgotado o estoque de áreas disponíveis à construção na orla de Santos. Em meio a inúmeros edifícios à beira-mar, terrenos milionários representam opção para investidores dispostos a fomentar negócios em uma das regiões mais valorizadas da Baixada Santista.

Na Ponta da Praia, uma área de mais de nove mil metros quadrados: valor venal estimado em R$ 5,8 milhões
De acordo com levantamento realizado pelo Jornal Perspectiva, existem pelo menos uma dúzia de terrenos esperando investimentos na orla de Santos. Alguns possuem destino certo, como o que está sendo adquirido pelo Lar das Moças Cegas, no Bairro do José Menino, e deverá servir para alavancar recursos às obras assistenciais da entidade. Outros, contudo, reservam oportunidades para os empresários que pretendem construir empreendimentos de alto padrão. “Os espaços em frente ao mar custam caro e se destinam às edificações de padrão diferenciado”, frisa o engenheiro Antônio Carlos Silva Gonçalves, secretário de Obras e Serviços Públicos de Santos.

A localização privilegiada atrai investidores, mas a pouca oferta produz valores formidáveis, muitas vezes superiores ao da planta genérica da cidade, cujo metro quadrado na Avenida Presidente Wilson deveria custar, em média, R$ 957,00, e na Avenida Bartolomeu de Gusmão, até R$ 1.573,00.

Segundo o levantamento, boa parte dos imóveis disponíveis localiza-se na Ponta da Praia. “Muitos deles pertencem a grandes construtores que visam uma reserva de mercado para o momento oportuno”, afirma o secretário Gonçalves, citando o terreno da Avenida Saldanha da Gama, 96. Localizado vizinho ao campus da Universidade Paulista, o imóvel é de propriedade da Construtora Miramar, do empresário Armênio Mendes; abrigou uma danceteria, mas hoje está abandonado. A área possui mais de nove mil metros quadrados e seu valor venal é estimado em R$ 5,8 milhões. Já o valor de mercado, apesar de não estar à venda, pode ultrapassar os R$ 10 milhões.

Questões jurídicas - Além dos preços salgados, problemas judiciais e partilha de bens são alguns obstáculos encontrados pelos possíveis compradores dos imóveis. É Local onde funcionou o Bar da Praia, no Gonzaga: herdeiros aguardam a melhor ofertao caso do terreno localizado na Avenida Vicente de Carvalho, 62, na Praia do Gonzaga, onde funcionava o Bar da Praia. Aguardando a melhor oferta, os donos ainda não foram sensibilizados a comercializar a área de mil metros quadrados. Para se ter uma idéia, o valor venal gira em torno de R$ 1,8 milhão, considerando o metro quadrado a R$ 1.800,00. O preço de mercado, contudo, é outra estória.

Já o terreno de 1.200 metros quadrados na Avenida Presidente Wilson, 108, esbarrou na falência da Encol e desde 96 a construção está abandonada. “Apenas as fundações foram concluídas. Lutamos por um financiamento para darmos continuidade à obra”, afirma Maria de Lourdes Marques, porta-voz da comissão formada pelos proprietários lesados. 

Ela conta que os compradores conseguiram fazer a escritura sobre a fração ideal de cada condômino antes que a construtora falisse. O grande desafio do grupo agora é obter financiamento de R$ 7 milhões, necessários para a conclusão do prédio, diante das inúmeras exigências feitas pela Caixa Econômica Federal. Entre outras, a CEF exige da construtora um depósito de R$ 2,7 milhões, referente ao seguro da obra.
Outra dificuldade é a dívida do terreno junto à Prefeitura, que atinge R$ 700 mil. Há um ano, os moradores lutam para obter anistia, mas não obtiveram êxito. “Enquanto isso, a dívida continua a crescer. Muitos compradores já estão desanimados, mas tenho esperança de que tudo dê certo”, calcula Maria de Lourdes, esperando que a obra tenha início em 2/2002 e seja concluída até 2004.

Desde 1949, a Praticagem de Santos possui sede no número 64 da Avenida Saldanha da Gama, ao lado do Clube de Regatas Saldanha da Gama, na Ponta da Praia. Em outubro de 2001, a antiga casa foi demolida, despertando a atenção dos investidores. Edson Botelho Calenzo, gerente geral da Praticagem, deixa claro que a cooperativa não possui intenção de comercializar o terreno, que conta com 900 m². “Vamos construir uma nova sede no local, desta vez ainda maior”, informa Calenzo.

Localizado em frente ao Emissário Submarino, no Bairro José Menino, em Santos, o Terreno de 1.200 metros quadrados no José Menino esbarrou na falência da Encol e desde 96 a construção está abandonadaterreno de 800 m² da Avenida Presidente Wilson, 182, foi doado em 1995 a várias entidades filantrópicas, que aos poucos estão vendendo suas cotas para o Lar das Moças Cegas. “Conseguimos adquirir 44% do terreno”, informa o presidente da entidade Carlos Antônio Gomes. No local, existe um casarão de oito cômodos, projetado na década de 20. Por ser uma construção antiga, a casa precisa de reparos estruturais. “Será uma reforma lenta porque não temos recursos”, afirma o presidente. A idéia da entidade é transformar o imóvel em local de eventos beneficentes. “Praticamos filantropia, mas não pedimos esmola. A casa será uma forma de arrecadarmos mais dinheiro”, explica Gomes.

Para o secretário de Obras e Serviços Públicos a escassez de terrenos de frente para o mar poderá ser amenizada com a demolição dos prédios tortos, o que deverá ocorrer a médio e longo prazos, quando o custo-benefício desse tipo de operação compensar aos investidores. “Muitos edifícios apresentam um custo de recuperação incompatível com o valor do imóvel. São prédios de quitinetes e apartamentos de um dormitório cuja reforma não compensa”, analisa, torcendo pela modernização da arquitetura dos prédios da orla.