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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática
do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 28 de outubro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/04/00 04:28:40

HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 8 - O futuro que vem aí
O futuro do computador... e do ser humano

Computador mais genética podem tornar o homem imortal?

Um livro computadorizado, chamado e-book (electronic book, livro eletrônico), é a resposta que a informática vai dar a quem acredita que o computador acabará com os livros impressos. Como o formato e a praticidade do livro são insubstituíveis, pelo menos até agora, ele vai continuar existindo.

O planejado E-book

Só que – de acordo com os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos – o papel terá implantados na sua trama pequenos discos (de 30 micrômetros cada um), com a frente branca e o verso preto (sugestão dada pela Xerox), que mudam de posição sob efeito de um campo elétrico, formando as letras, com qualidade semelhante à da impressão laser.

Na lombada, duas baterias de relógio e uma espécie de driver, onde pode ser encaixado algo parecido com um cartão de crédito, onde estão os arquivos de texto, cada cartão contendo até o equivalente a dez livros. Na capa, botões para a escolha do título desejado e um display informando as opções. Assim, você carrega uma biblioteca inteira para a praia, e pode ir lendo no ônibus. Não é ficção, ele já existe, só que ainda está em testes, apoiados por 41 empresas que participam do projeto. O endereço do MIT na Web é http://web.mit.edu/.

Este é apenas um exemplo das surpresas que a informática está criando, e que vão revolucionar muito a relação do homem com o computador. Talvez o caderno de Informática no século XXI seja recebido num equipamento (também pesquisado pelo MIT) que em instantes se conecta com A Tribuna e imprime a informação. Depois de lido, o papel volta ao aparelho para reciclagem e reaproveitamento.

Parecidos com os atuais cartões de crédito, os smart cards (cartões inteligentes) poderão aposentar cédulas de identidade, o próprio papel-moeda e os cheques. Isso já ocorre em algumas comunidades onde estão sendo feitos testes. Se for vencido o medo de invasão de privacidade dos portadores -, esse cartão pode servir como senha para acesso a computadores e prédios, funcionar como arquivo ambulante com todo o histórico médico e escolar do usuário etc.

Já existem roupas inteligentes, que mudam de cor ou se tornam mais quentes ou frias com base em informações ambientais e nas preferências dos usuários. Um chip no sapato pode funcionar como cartão de visitas, trocando com o sapato do interlocutor os dados básicos dos seus usuários.

Cientistas já se vestem com super-computadores, literalmente. A imersão na realidade virtual já virou brinquedo de shopping, apesar de essa tecnologia mal ter arranhado as possibilidades de uso (um médico manipulando um robô-cirurgião via Internet, como se estivesse presente na sala de cirurgia, por exemplo). Um robô do MIT, o Whole Arm Manipulator, apanha no ar objetos que lhe são arremessados (cuidem-se, jogadores de basquete!).

Sistemas de tradução de idiomas e de reconhecimento de voz e/ou visual estão começando a incrementar os computadores (o Web Translator, nas lojas santistas, e os programas OCR que estão sendo distribuídos com os scanners, para o reconhecimento das palavras digitalizadas, são dois exemplos). O programa MS Office-97 já tem um assistente digital que responde a perguntas feitas em linguagem natural. Os bancos já permitem há alguns anos que ouçamos o nosso saldo bancário a qualquer hora da noite, sem que haja uma interlocutora lendo as informações ao telefone. O MIT trabalha com sistemas que reconhecem uma pessoa por similaridade de pontos básicos de sua aparência, e o Exército americano testa um sistema assim, que inclusive reconhece se a pessoa está surpresa, assustada, feliz, triste, com medo, repulsa ou raiva.

Testes em curso podem levar à substituição dos atuais discos rígidos por hologramas ou cubos de dados. Hoje, podemos num disco laser (como os DVDs que começam a chegar às lojas) gravar informações em várias camadas, lidas por meio da inclinação do feixe de raios laser. Agora, os cientistas pensam num cubo formado por folhas de uma espécie de plástico duro transparente, contendo partículas fluorescentes que emitem um fóton de alta intensidade (valendo 1 na linguagem binária) quando atingidas por dois fótons de baixa intensidade. Um forte raio queima a capacidade da partícula de emitir o fóton, gravando os zeros.

Já a memória holográfica seria obtida pelo alinhamento de micro-cristais, de forma a refletir e desviar os raios de luz que recebe, criando uma imagem tridimensional feita de pontos vermelhos (o dígito zero) e azuis (o dígito 1).  Rolf Henrik Berg, do laboratório dinamarquês Riso, apresentou em 1996 uma molécula chamada DNO que pode futuramente ser um componente do tal  computador holográfico.

Biologia – O sangue, quando chega ao fígado, é recebido por grupos de células hexagonais (hepatócitos), que o analisam e se dividem para metabolizar as substâncias nele presentes. Os hepatócitos mais adequados a quebrar as moléculas de gordura se reúnem numa determinada área. Depois, o sangue sai por uma veia central. A idéia desenvolvida em Liverpool, na Inglaterra, é usar esse princípio na montagem de um chip, em que cada tipo de dado seria desviado para uma área especializada do chip, em vez de percorrer todo o circuito, o que significa maior velocidade no processamento.

Já existem protótipos de computadores comandados pelo pensamento. Pesquisadores da empresa Biocontrol Systems, em Palo Alto (Califórnia/EUA), desenvolvem sensores parecidos com os eletrodos colocados na cabeça de quem vai fazer encefalograma. Estes sensores interceptam ondas cerebrais geradas por pensamentos básicos como [sim], [não], [esquerda], [direita], [ligar], [desligar], que permitem comandar os computadores, como é amplamente explicado em seu artigo na publicação Scientific American de outubro de 1997. Também há equipamentos comandados pelo movimento dos olhos, pesquisados na Dinamarca.

Solução de problema com o computador de DNA de Adleman

E imagine um computador genético: o ácido desoxirribonucléico (DNA), o mesmo que define todas as complexas estruturas do corpo humano, pode substituir no próximo século o computador tradicional. Ele funcionaria pela manipulação de quatro bases, as substâncias timina, adenina, guanina e citosina.

O matemático Leonard Adleman já estabeleceu em 1993 que cadeias grudadas ao seu par valem um e as “solteiras” valem zero. O código está na enzima que cola os pares: presente vale um, ausente vale zero, e em excesso inverte o resultado (a soma de duas cadeias casadas resulta em duas solteiras, ou zero). O computador genético teria a vantagem da velocidade, pois a resposta química é instantânea (como quando misturamos dois líquidos), enquanto os micros atuais precisam efetuar todos os cálculos possíveis e analisar as alternativas de solução, até encontrar a certa. Falta resolver a forma de ler as microscópicas respostas...

Pense agora num computador em que os dados são transmitidos por luz, em vez de se usar circuitos elétricos. Um chip comum processa a informação, a diferença é que na saída do chip haveria uma célula de silício especial (chamado III-V, contendo gálio e arsênio), capaz de brilhar quando recebe impulsos elétricos. Como se fosse uma lâmpada: acesa indica o número binário um, apagada indica o zero. Fibras ópticas transmitiriam a informação, de forma bem mais rápida e sem risco de interferências elétricas.

E que tal aposentar o código binário? Pode estar vindo aí a linguagem quaternária (base 4), em que as cores branco, preto, azul e vermelho seriam usadas tanto na transmissão de dados como no próprio processamento interno do chip, o que eleva todas as velocidades à quarta potência. Está em estudos no Laboratório de Engenharia Elétrica da Universidade de Stanford, na Califórnia.

Artigo da News Cientist sobre o computador de neurônios

Encontrado em <http://tamarugo.cec.uchile.cl/~mhorsell/echincho/> - Acesso em 10/1997

E que tal um computador de neurônios, como o nosso cérebro? Os neurônios – como os que temos no cérebro - são células capazes de transmitir impulsos elétricos, a partir de certos estímulos. Richard Potember, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore/EUA, experimentou usar uma cola feita de enzimas para grudar neurônios numa placa de silício, desenhando os circuitos com uma tinta de enzimas que atrai os axônios (os prolongamentos dos neurônios).

O resultado é um chip que funciona como os atuais processadores, só que usando neurônios como nosso cérebro. O problema – por enquanto - é que essa é uma rede de comunicação viva, e por isso é preciso renovar a "cola" a cada três dias e manter a temperatura entre 15 e 25 graus centígrados para que o chip não morra...