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TRILHOS (05)
No início, bondinhos puxados por burros

Contava o pesquisador Olao Rodrigues, em sua Cartilha da História de Santos (1980, edição do autor, gráfica Prodesan, págs. 30 e 31):

"Através dos tempos, tivemos os mais primitivos, curiosos e sofisticados meios de transporte coletivo. Noutros tempos, o serviço de condução em Santos era feito por meio de cavalos, mulas, banguês, cadeirinhas, seges e até carros de bois.

Em 1864, tivemos sistema de transportes mais aperfeiçoado para a época, ou seja, por gôndolas, por iniciativa de Luís Massoja, que colocou em tráfego serviço no gênero entre a Cidade (N.E.: o autor aqui se refere à área central de Santos) e a Barra (Praia), inaugurando-o dia 23 de maio daquele longínquo ano. As partidas davam-se no Largo da Coroação (Praça Visconde de Mauá), isso no Centro; na Barra (Praia), na Casa do Campo.

Esse serviço de gôndolas deu prejuízo e durou menos de um ano, vendo-se Luís Massoja obrigado a fugir de Santos, das gôndolas e dos credores, já falido.

Durante meses ficou o Município sem condução.

No dia 14 de fevereiro de 1866, começou a circular serviço de diligência sob a responsabilidade de Diligência Guanabara, com linhas do Centro para a Barra. Havia serviço de diligência até para São Paulo, que foi obrigado a suspender a atividade devido ao advento do trem.

Bonde puxado por burros deixa a garagem da Cia. City na Vila Mathias, no início do século XX
Bonde puxado por burros deixa a garagem da Cia. City na Vila Mathias, no início do século XX

A primeira linha de bondes puxados a muares foi inaugurada a 9 de outubro de 1872 (N.E.: SIC - o ano correto é 1871), por iniciativa de Domingos Moutinho, autorizado a explorá-la pela Lei nº 67, de 1º de abril de 1870. Tal serviço foi ampliado a 7 de setembro de 1873, com o estabelecimento de um ramal para a Barra do Embaré.

Em 1874, o movimento foi de 87.045 passageiros e o de cargas somou 301.615 volumes, com o peso total de 31.337.785 quilos.

No dia 1º de julho de 1887 foi inaugurada a linha de bondes também puxados a muares do Centro para a Vila Matias, explorada pela firma Matias Costa & Santos, proprietária da Empresa de Bondes da Vila Matias.

Projeto de um "carro de passageiros", a "tracção elétrica", como consta, de 1908. Foi apresentado pela The City of Santos Improvements, já visando a introdução dos bondes elétricos, ocorrida em 1909

Imagem: jornal santista A Tribuna, edição de 29/9/2011, página A-8

Os carros especiais chegaram ao promissor bairro às 17h10, ao som de banda de música, foguetes, aplausos e muitos vivas a Matias Costa. Em local adrede preparado, foi servida mesa de doces e bebidas às autoridades e a pessoas gradas, erguendo brinde à Câmara Municipal o sr. Oliveira, da firma Matias Costa & Santos, ainda falando os srs. Mendonça, prof. Macedo em nome da Gazeta do Povo (o primeiro do nome na primeira fase), acadêmico Gastão Bousquet, cel. Bento Félix Viana, pela Câmara Municipal, Américo Martins dos Santos, dr. João Éboli e dr. Americano Freire.

Vila Matias engalanou-se para receber o grande presente que lhe dava o homem que se tornou seu patrono.

No dia 14 de abril de 1889, Matias Costa instalou um ramal entre a Vila Matias e a Barra, com ponto final na atual Rua Marcílio Dias, esquina da Avenida Presidente Wilson, defronte, na época, do botequim onde Luís Antônio Gonzaga se estabeleceu.

Primeira viagem do bonde elétrico, em 29/4/1909
Primeira viagem do bonde elétrico, em 29/4/1909

O serviço de bondes movidos por eletricidade começou a funcionar no dia 29 de abril de 1909, explorado pela The City of Improvements Co. (N.E.: o nome correto é The City of Santos Improvements Co. Ltd.)

O primeiro bonde, especial, saiu às 10 horas da Rua São Leopoldo, hoje Avenida Visconde de São Leopoldo, esquina da Rua São Bento, trafegando até o Porto Tumiaru, em São Vicente, e retrocedendo até a estação de Vila Matias, onde a City ofereceu serviço de bufete, preparado no Hotel Internacional.

Bonde 2 na Avenida Presidente Wilson, no José Menino, passando junto ao antigo hotel Internacional, nos anos 40
Bonde 2 na Avenida Presidente Wilson, no José Menino,
passando junto ao antigo hotel Internacional, nos anos 40

(...)

Os bondes elétricos permaneceram sob a administração da City durante 43 anos, passando a 1º de janeiro de 1952 à orientação do Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC), que encampou todo o acervo da empresa canadense por Cr$ 17.500.000,00.

Melhor serviço de transporte coletivo que Santos teve até hoje, o bonde elétrico desapareceu gradativamente, embora ainda por aí se observem seus trilhos, cessando definitivamente de circular a 28 de fevereiro de 1971. Na atualidade, dispomos de serviço de ônibus movidos a óleo diesel e de trólebus".

Continue seguindo, já temos novos trilhos!

Carlos Pimentel Mendes