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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - QUILOMBOS (1)
Os vários quilombos no território santista

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O município de Santos tem importante papel na história a Abolição da Escravatura no Brasil, por ter antecipado em muitos anos a libertação dos escravos e acolhido por muito tempo em suas terras os escravos fugidos do Interior paulista, além de incentivar a luta abolicionista. Vários quilombos se formaram no território santista, com o apoio dos habitantes locais, que protagonizaram episódios incomuns na defesa da causa abolicionista, como o papel pioneiro de José Bonifácio e a ação das primeiras mulheres abolicionistas brasileiras.

O texto a seguir foi publicado no jornal santista A Tribuna em 13 de maio de 1999:


No local onde funcionam as oficinas da CET, na Vila Mathias, existia o Quilombo do Pai Felipe. As ruínas permanecem lá até hoje
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

História também fala dos quilombos de Santos

Santos também teve sua história de quilombos, de escravos fugidos e entocados. São citados pela História o Quilombo de Pai Felipe, do Garrafão e outros dois sem denominações conhecidas no Vale do Quilombo, região continental da Cidade.

Nenhum deles teve as características marcantes do Quilombo dos Palmares, formado na Serra da Barriga, região Norte de Alagoas.

O Quilombo do Jabaquara foi um dos maiores do Brasil e recebeu até 10 mil negros fugidos de fazendas do interior do Estado. Fundado por iniciativa do abolicionista Xavier Pinheiro, em 1882, ficou instalado em terras de Quintino de Lacerda, um negro alforriado. Ocupava um espaço extenso perto do Morro do Bufo, logo após a saída do túnel Rubens Ferreira Martins.

Era formado por uma série de casas unidas umas às outras e precedidas por um armazém, que abastecia os negros de alimentos e outros produtos. A Cidade teve ainda o Quilombo do Pai Felipe, que ocupava a área onde hoje funcionam as oficinas da CET (N.E.: Companhia de Engenharia de Tráfego), na Vila Mathias. (N.E.: Pai Felipe liderava um bando de escravos fugidos do Engenho Nossa Senhora das Neves, situado em terras continentais. Inicialmente, fixou-se no Jabaquara com seus comandados. Como não quis se submeter a Quintino de Lacerda, estabeleceu-se no sopé do Monte Serrate).

O Quilombo do Garrafão recebeu esse nome em homenagem a José Theodoro Santos Pereira, o Santos Garrafão, que ajudou a manter o do Jabaquara e vivia maritalmente com uma ex-escrava (N.E.: Brandina), dona de uma pensão na Rua Setentrional (ao lado do atual prédio da Alfândega).

O Vale do Quilombo foi ocupado por negros que se agrupavam em vários locais, independentes uns dos outros, desde a metade do Século 19. As ruínas do Engenho do Quilombo, tombadas em 1974, foram ocupadas por quilombolas.

Antecipado - Segundo a historiadora Wilma Terezinha, Santos se destacou no cenário abolicionista nacional porque dois anos antes da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 1888, já não se servia de escravos.

"Os quilombos que existiam aqui serviam para abrigar escravos fugidos de fazendas do Interior. A própria sociedade apoiava o movimento abolicionista e dava cobertura aos foragidos. Havia um pacto de silêncio para proteger os escravos".

Wilma Terezinha conta que, quando a notícia da abolição chegou à Cidade, todos festejaram, de artistas a estudantes, de donas-de-casa a trabalhadores: "Eles festejaram durante oito dias seguidos".

Para o sociólogo Clóvis Moura - citado pelo jornal A Tribuna, em 13 de maio de 1990 -, o Jabaquara serviu para controlar a população escrava, que começou a chegar a Santos desde 1870, em busca de refúgio. A partir desse ano, a santista Amália de Assis Faria passou a receber no quintal de sua casa os primeiros negros fugidos. Por sua atitude, muitos outros quintais serviram de abrigo a escravos.