Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/rossini/selena.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/30/07 09:03:47
Clique na imagem para voltar à página inicial de 'Rota de Ouro e Prata'
ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Santa Elena

1951-1967 - depois Austral

A embarcação foi entregue em 1951

Após os catastróficos acontecimentos relacionados com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), na qual a Alemanha do III Reich fora aniquilada, a Hamburg-Sudamerikanische D.G., possuidora de uma grande frota de navios antes da eclosão da guerra, encontrou-se praticamente sem nenhuma embarcação oceânica.

Sob a magistral direção de Rudolf August Oetker, presidente da empresa a partir de 1944, iniciou-se, ao findar a guerra, o gigantesco trabalho de reconstrução das unidades da armadora.

Foi somente a partir de 1950 que a Hamburg-Sud pôde voltar a ordenar novos navios e naquele ano foram construídos os dois primeiros da série Santa, destinados a iniciar o serviço de linha entre a nova Alemanha e os países da costa Leste da América do Sul.

O Santa Elena conheceu o seu fim com o nome de Austral: ele sofreu um incêndio no porto de Santos em 2 de janeiro de 1967

Foto publicada com a matéria

Dupla - Apareceram, assim, o Santa Ursula e o Santa Elena, lançados ao mar respectivamente em dezembro de 1950 e fevereiro de 1951.

A este par de navios gêmeos seguiram-se, em 1951, outros dois de desenho e prancha também similar, constituindo-se assim um quarteto de navios a motor de capacidade maior (de cargas e passageiros).

Os dois últimos receberam os nomes de Santa Catarina e Santa Isabel.

Eram navios de linhas clássicas, do tipo pure-island, e superestrutura centralizada, três porões de carga e  alojamentos para somente duas dezenas de passageiros em primeira classe.

Viagens inaugurais - Entraram em serviço pela ordem citada em março, maio e outubro de 1951 e janeiro de 1952, realizando suas viagens inaugurais entre Hamburgo e os portos do Brasil e do Prata.

Durante mais de dez anos, o quarteto serviu regularmente a Rota de Ouro e Prata, escalando nos tradicionais portos brasileiros e platinos e realizando entre oito e dez viagens redondas (de ida e volta) por ano.

No início dos anos 60, a Hamburg-Sud colocou na linha sul-americana um quinteto de novos navios cargueiros, que compuseram a famosa série Cap San (Cap San Nicolas, Cap San Marco, Cap San Lorenzo, Cap San Augustin e Cap San Antonio).

Navios à venda - A entrada em linha dessa magnífica série permitiu a venda do quarteto da série Santa. Assim, o primeiro a ser negociado foi o Santa Ursula, seguido do Santa Elena, ambos no decorrer de 1964.

Este último foi adquirido pela Compañia Chilena de Navegación Interoceanica, que lhe deu o novo nome de Austral e o utilizou durante três anos nas principais linhas entre Valparaíso (Chile) e os portos platinos, brasileiros e europeus, exclusivamente como navio cargueiro.

Foi durante uma de suas inúmeras escalas em Santos (seja como Santa Elena, seja como Austral), que o navio chegou ao seu fim.

Há quase 30 anos - O navio a motor Austral atracou em Santos no dia 27 de dezembro de 1966, procedente do Chile, via Rio da Prata, com carga geral e 3.109 toneladas de salitre.

Levava a bordo também uma partida de moedas divisionárias cunhadas pela Casa da Moeda do Chile para o governo da República Oriental do Uruguai, acondicionadas em 950 caixas, que seriam desembarcadas na viagem Sul, em Montevidéu.

Depois de descarregar o salitre, o Austral deveria zarpar para o Rio de Janeiro e proceder à descarga de vários gêneros.

 

O navio Santa Elena tinha 146 metros de comprimento e 18 de largura

 

Fogo a bordo - Às 14h28 do dia 2 de janeiro de 1967, uma segunda-feira, irrompeu um incêndio no porão 4 do navio, atracado junto ao Armazém 25.

O fogo teve início em uma lingada de sacos de salitre do Chile que estava sendo descarregada.

Alguns sacos em chamas caíram no interior do porão, alastrando-se assim o fogo por toda a carga.

Labaredas de 30 metros - Em poucos minutos, as labaredas atingiam cerca de 30 metros de altura, ultrapassando mesmo a extremidade dos mastros e paus-de-carga do navio e, como fosse impossível extingui-las, o Austral foi desatracado e rebocado até Conceiçãozinha, na outra margem do estuário, à altura do Armazém 29.

Sucessivas explosões fizeram com que as chamas se propagassem, atingindo o porão 5 e a casa das máquinas, situada anexa ao porão onde o sinistro se iniciou.

Por determinação da Capitania dos Portos, o canal do estuário foi imediatamente interditado, enquanto os rebocadores Saturno, Saboó e Sabre combatiam o incêndio, lançando também jatos de água contra a superestrutura do cargueiro, que, devido à alta temperatura, ameaçava desintegrar-se.

Rebites soltam-se - O incêndio só foi totalmente debelado por volta das 6 horas do dia 3 de janeiro e, devido às explosões ocorridas na altura da casa das máquinas, quando o fogo lavrava mais intensamente, soltaram-se dezenas de rebites do casco, possibilitando a entrada de água nos porões.

Com isso, o Austral adernou consideravelmente para bombordo (lado esquerdo).

Na manhã do dia 4 de janeiro, o fogo voltou a arder na altura da casa das máquinas e os bombeiros foram obrigados a retornar ao navio para o combate; no final da tarde do mesmo dia, o adernamento acentuava-se e a popa (ré) já estava no nível da água.

Feridos - Três tripulantes ficaram feridos na fuga precipitada de todos, quando irrompeu o incêndio. A tripulação total era de 45 homens, comandados por Umberto Cárdenas Hurriaga.

O Austral ficou praticamente destruído, dele restando somente o casco e um monte de ferros retorcidos e enegrecidos.

As origens do incêndio foram atribuídas à combustão espontânea.

O inquérito foi aberto no dia 3 de janeiro.

As caixas contendo as moedas uruguaias foram retiradas dias após, felizmente intactas, e o Austral, posteriormente, desmontado em Santos pela empresa de Wladimir Grievs.

Santa Elena:

Outros nomes: Austral
Bandeira: alemã
Armador: Hamburg-Sud
País construtor: Alemanha
Estaleiro construtor: Howaldtswerke A. G.
Porto de construção: Hamburgo

Ano da viagem inaugural: 1951
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 6.971 t
Comprimento: 146 m
Boca (largura): 18 m
Velocidade média: 13 nós (34 km/h)
Passageiros: 24
Classes: 1ª - 24

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 14/7/1996