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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Rhapsody

1974/5-... - ex-Cunard Princess

Cunard Princess e Cunard Countess foram dois transatlânticos de passageiros encomendados no ano de 1973, pela Cunard Cruise Ships. O nome Cunard evoca grande tradição marítima, pois já em 1819 Samuel Cunard (nascido em 1787, em Halifax, Nova Escócia) fundava a empresa Samuel Cunard & Co., armadora proprietária de uma rota de navios à vela, que, cinco anos mais tarde, se tornava também agente da East India Company.

Fazendo fortuna rapidamente, Samuel Cunard participava de outros empreendimentos e negócios, envolvendo o comércio de madeira, exploração de minas de carvão, indústria de pesca à baleia e finanças.

Por volta de 1838, Samuel e seu irmão Joseph já eram proprietários de navios-veleiros que singravam diversas rotas no Atlântico Norte. Porém, foi no ano seguinte que o grande passo para o crescimento maior foi alcançado.

Em fevereiro de 1839, Samuel Cunard postulou, junto ao Almirantado Britânico, a obtenção de um contrato "para o transporte regular de navios a vapor de passageiros e malas oficiais do Correio de Sua Majestade Britânica no Atlântico Norte".

O contrato de concessão foi assinado, iniciando-se, assim, a Era Cunard, que está prestes a completar 160 anos de atividade no setor do transporte oceânico. A lista de apenas alguns grandes transatlânticos encomendados pela Cunard neste longo período de existência fala por si só:

Aurania, Servia, Umbria, Etruria, Campania, Lucania, nas últimas duas décadas do século XIX;

Ivernia, Saxonia, Lusitania, Carmania, Caronia, Carpathia e Mauretania, no período co começo do século XX ao início da Primeira Guerra Mundial;

Tyrrhenia, Tuscania, Lancastria, Scythia, Samaria, Andania, Ausonia, Laconia, Franconia, Queen Mary e Queen Elizabeth no período entre-guerras;

Asia, Assyria, Caronia, Saxonia, Ivernia, Carinthia, Sylvania e Queen Elizabeth II (QE2), após o final da Segunda Guerra Mundial.


A princesa Grace, de Mônaco, batizou a unidade em Nova Iorque

Novas encomendas - Em 1971, a Cunard Steamship Company foi objeto de um take over feito pelo grupo britânico Trafalgar House Investments Ltd. Uma das primeiras decisões dos novos dirigentes da armadora foi a encomenda de dois novos navios destinados ao crescente mercado dos cruzeiros marítimos de lazer, navios que deveriam substituir os ultrapassados Carmania e Franconia, respectivamente ex-Saxonia e ex-Ivernia.

Construído por US$ 24 milhões nos estaleiros da Burmeister & Wain, de Copenhague, o novo par de navios foi entregue em 1975, ainda incompleto e levado até o porto italiano de La Spezia, para os trabalhos de acabamento e decoração, a serem feitos pela Industrie Navali Mechaniche Affini (INMA).

Em 1977, o Cunard Princess foi oficialmente entregue à armadora, sendo então batizado em Nova Iorque, no dia 30 de março, em cerimônia de gala, pela princesa Grace, do Principado de Mõnaco.

O transatlântico foi então utilizado para a realização de cruzeiros no Caribe, conjuntamente com seu par gêmeo, o Cunard Countess. O Cunard Princess possuía oito decks (conveses ou andares), cinco dos quais eram utilizados para o alojamento de 900 passageiros em 373 cabinas.

Os três restantes conveses abrigavam todos os salões sociais, cassino, cinema, night-clubs, sete bares e outras áreas para uso aberto ao público. O convés do Lido abrigava uma piscina aquecida a céu aberto e situada na área central do navio.

A partir de outubro de 1980, o Cunard Princess passou para o registro da bandeira das Bahamas, sendo utilizado, principalmente, para cruzeiros com saídas de Los Angeles e servindo uma clientela quase exclusivamente norte-americana.


Durante duas décadas, o Cunard Princess navegou com bandeira britânica.
Em 1995, foi vendido à Mediterranean

Guerra no mar - O Cunard Countess foi afretado em outubro de 1982 pelo governo britânico para serviço durante a Guerra das Malvinas (Falklands, para a Grã-Bretanha), realizando transporte de tropas e equipamentos entre a Ilha de Ascensão e Porto Stanley, sendo acompanhado nessas missões por outros dois transatlânticos famosos, o Queen Elizabeth 2 e o Canberra.

Após o término do conflito em águas do Atlântico Sul, o Cunard Countess voltou a realizar, a partir de julho do ano seguinte (1983), cruzeiros de lazer no Caribe, permanecendo nesta atividade até 1996. Neste ano, foi vendido a um conglomerado indonésio e rebatizado Awani Dream.

Guerra no deserto - O Cunard Princess, por sua vez, também passou por um breve período em teatros de guerra. Após o início da operação militar Tempestade no Deserto (Desert Storm), em princípios de 1991, o transatlântico foi posicionado em Bahrein (Emirados Árabes Unidos) para servir como base estacionária a tropas norte-americanas.

Havia sido afretado por um período de seis meses pelo Departamento de Defesa do governo dos Estados Unidos pela quantia de US$ 31 milhões para acomodar um grande número de soldados norte-americanos, necessitando de repouso e férias durante o transcorrer daquela campanha militar, tal fato constituindo-se em novidade absoluta.

A idéia básica das autoridades norte-americanas era a de proporcionar um curto período de descanso e lazer (geralmente quatro a cinco dias) a turnos de 900 soldados e oficiais que participavam das operações em terra firme, tal descanso servindo para quebrar a monotonia da vida militar no deserto ou o estresse que derivava.

A bordo do Cunard Princess, a tropa e os oficiais não eram obrigados a seguir a disciplina militar, não usavam uniforme e não havia distinção de hierarquia. Todos estavam no mesmo nível, vestiam roupas civis e eram tratados como passageiros, realizando um cruzeiro qualquer. Obviamente todos os custos ficavam por conta do tesouro norte-americano.

Num período de nove meses (janeiro a setembro de 1991), cerca de 60 mil soldados, mariners (fuzileiros navais) da United States Air Force (Usaf), a Força Aérea dos Estados Unidos, passaram pelos conveses do Cunard Princess. Em 23 de setembro, o navio deixou o porto de Bahrein com destino ao Mediterrâneo, reassumindo a sua carreira pelos mares do Caribe.

No início de 1995, o Cunard Princess foi colocado à venda e adquirido pelo Grupo Mediterranean Shipping Cruises (MSC), do armador ítalo-suíço Gianluigi Aponte e cuja sede central encontra-se em Genebra. Este grupo, em plena expansão, possui outros dois navios de pasageiros que freqüentaram a Rota de Ouro e Prata (Symphony - ex-Enrico C - e Monterey) e vasta frota de navios de carga que operam em linhas regulares para os cinco continentes, frota esta que é a sétima maior do mundo.


O Rhapsody, partindo de Santos, em foto do pesquisador Laire José Giraud

Novo nome - Rebatizado Rhapsody, o ex-Cunard Princess entrou em uma nova fase de sua longa carreira. No decorrer de 1997, o transatlântico, já levando as cores azuis e ouro e as letras MSC na sua chaminé, realizou com sucesso uma série de cruzeiros entre a Itália e o Mediterrâneo Oriental, complementados por outros três cruzeiros entre a Itália e o Mediterrâneo Ocidental.

Em novembro de 1997, o Rhapsody zarpou de Gênova com destino ao Rio de Janeiro e Santos, realizando a sua primeira travessia na Rota de Ouro e Prata em viagem de posicionamento para uma temporada de cruzeiros estivais em águas do Atlântico Sul. Entrou em Santos pela primeira vez em 4 de dezembro de 1997.

Tal temporada teve a duração de quatro meses, período no qual o Rhapsody, com sucesso, realizou inúmeros cruzeiros ao longo da costa brasileira e para a região do Prata, tendo retornado às águas mediterrâneas em março de 1998.

Rhapsody:

Outros nomes: Cunard Princess
Bandeira: panamenha
Armador: Mediterranean Shipping Cruises (Gramerco Internatioanl Corp.)
País construtor: Suíça
Estaleiro construtor: Burmeister & Wain SAS (porto: Copenhague)
Ano da viagem inaugural: 1974-1975
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 17.496
Comprimento: 163 m
Boca (largura): 22 m
Velocidade média: 21 nós
Passageiros: cerca de 950
Classes: única

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 28/6/1998