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Edição 089 - SET/2000 

Shopping center

O paraíso do consumo

Helô Coimbra

Com o advento das telecompras e das compras on-line, levantou-se a questão da sobrevivência dos shoppings. Será que as pessoas, num futuro próximo, optariam pela comodidade de comprar sem sair de casa? O que é que se poderia oferecer para continuar atraindo o ser humano aos shoppings? Aparentemente, há duas saídas.

Os avanços tecnológicos do início da década de 90 permitiram aos shoppings abrigar as mesmas experiências mágicas antes privilégios dos grandes parques de diversão. E essa tendência dos últimos anos para atrair consumidores resultou nos megamalls, cujos representantes máximos são o Edmonton West, no Canadá e o Mall of America, nos Estados Unidos. 

Agora há uma nova discussão em pauta, sobre o papel do shopping como centro de convivência comunitária e propostas de espaços para serviços à população e exercício da cidadania.

O conceito do “shopping center”, ou centro de compras, existe, de alguma forma, há milhares de anos, desde os antigos mercados, bazares e áreas comerciais que se formavam nas proximidades dos portos. Os shoppings modernos surgiram nos Estados Unidos, na década de 50, estabelecendo modelos estruturais e operacionais que foram copiados, de imediato, pelos demais países. 

Atualmente, dois aspectos polarizam a discussão sobre os shoppings. De um lado há os “megamalls”, ou shoppings regionais ou inter-regionais, aqueles com área entre 40 e 80 mil m2 e voltados ao público consumidor das classes A e B. Do outro, os chamados shoppings comunitários que em muitas áreas vêm substituindo a antiga “pracinha” das pequenas cidades.

Edmonton West Mall gera mais de 23 mil empregos, ocupando 492 mil metros quadrados

No Canadá, o expoente dos megamalls

Entretenimento tornou-se palavra de ordem na década de 90 e desde que essa onda começou, não só o comércio voltou-se para esse enfoque, mas surgiram shoppings que são verdadeiros centros de lazer. 

O Edmonton West Mall, em Alberta, no Canadá, que teve um custo de construção total de 800 milhões de dólares, é o expoente máximo dessa tendência. Ele gera mais de 23.000 empregos e ocupa nada menos de que 492.000 m2 (o equivalente a mais de 110 campos de futebol) e abriga, além de mais 800 lojas, 110 restaurantes e quiosques, o maior parque de diversões, o maior lago e o maior parque aquático em recinto fechado, do mundo. 

Edmonton West Mall gera mais de 23 mil empregos, ocupando 492 mil metros quadrados
No lago, onde há recifes de coral vivo de até 2.000 anos de idade, navegam 4 submarinos de verdade Dentro do shopping há uma arena de hóquei de tamanho oficial, 26 cinemas convencionais e um IMAX, aquários, ruas temáticas, um cassino de nível internacional, além de outras atracões como boliche, salão de danças, estrutura de “bungee jump” e uma réplica exata da caravela Santa Maria de Cristóvão Colombo. É claro que há também um hotel, com 354 quartos, dos quais 118 são temáticos. O Edmonton West Mall atrai mais de 20 milhões de visitantes por ano.
 
Ficha técnica do Edmonton West Mall
Área total: 49 hectares, o equivalente a mais de 100 campos de futebol
Custo total de construção: aproximadamente US$ 800.000.000,00
Luminárias: 32.000
Entradas: 58
Lojas: mais de 800
Oportunidades de emprego: 23.500
Estacionamento: para mais de 20.000 veículos. É o maior do mundo
Lago interno: o maior do mundo
Parque aquático interno: 2 hectares, o maior do mundo, utilizando 12,3 milhões de litros de água e dispondo de 23 escorregadores, cuja maior altura é 26 metros
Parque de diversões interno: 37.160 m², o maior do mundo
Bungee Jumping: o único do mundo em recinto fechado (dentro do parque aquático)
Hotel: 354 quartos, dos quais 118 são “temáticos"
Visitantes: 20.000.000 por ano
As fases da construção:
Fase I - 1981
Área total: 25 hectares 
Área construída: 106.000 m2
3 grande lojas de departamento (âncoras) - Eaton's, Sears e The Bay 
220 lojas e serviços

Fase II - 1983
Área total: 32 hectares 
Acréscimo de área construída: 105.000 m2 
Acréscimo de mais 240 lojas e serviços 
Abertura do parque de diversões e da arena de patinação no gelo. 

Fase III - 1985
Área total: 48 hectares 
Principal loja acrescentada - The Brick and London Drugs 
Principais áreas de entretenimento acrescentadas - World Waterpark, Deep Sea Adventure, Dolphin Lagoon, Sea Life Caverns e Professor Wem’s Adventure Golf 
Ruas temáticas: Bourbon Street & Europa Boulevard

Fase IV -1998
Área total: 49 hectares 
Acréscimos: IMAX 3-D


Mais visitantes que a Disneyworld

Já o Mall of America, em Minnesota, transformou-se na quarta maior atração turística dos Estados Unidos, desde que foi inaugurado em agosto de 1992, recebendo mais de 100 milhões de visitantes. Em 1995, mais pessoas visitaram o Mall of America do que o Disneyworld e o Granf Canyon, juntos. O número de visitantes e o conseqüente acúmulo de seres humanos são tão significativos que o shopping é sempre resfriado, mesmo no inverno, quando a temperatura do lado de fora está abaixo de zero.

O ponto alto nos seus 392.000 metros quadrados é o aquário UnderWater World, uma verdadeira jornada multisensorial que vai dos lagos de Minnesota ao Golfo do México. Os visitantes atravessam um túnel de vidro que passa pelos vários aquários repletos de exemplares exóticos.
 

Ficha técnica do Mall of America
Área total: 392 mil m²
Oportunidades de emprego: 12.000
Lixo:Mais de 24.000 toneladas de lixo foram geradas durante seus primeiros 2 anos de funcionamento. Atualmente 50% do lixo gerado é reciclado. 
Circulação: 44 escadas rolantes e 17 elevadores. 
Aço: Na construção do shopping foram usadas quase 15.000 toneladas de aço, praticamente o dobro do consumido pela Torre Eiffel. 
Comunicações: Há mais de 72 quilômetros de cabos telefônicos espalhados pelo shopping.
Visitantes: 100 milhões, desde agosto de 1992

Os shoppings comunitários

Mas a nova discussão em torno dos shoppings enfoca agora os do tipo comunitário, caracterizados por uma área entre 10 mil e 35 mil metros quadrados e ancorados em lojas de departamento ou de descontos, supermercados ou hipermercados. Esses shoppings, que floresceram nos subúrbios residenciais norte-americanos, vêm sendo apontados como os substitutos das antigas “pracinhas” das pequenas cidades.

Embora muitos ainda vejam os shoppings como áreas exclusivamente de consumo, essa não foi a intenção de alguns dos primeiros construtores, já na década de 50. Modernos shoppings viraram centro de lazer comunitário, além de local de comprasUm dos seus primeiros expoentes, Victor Gruen, explicou em meados da década de 50 que os shoppings poderiam servir como “pontos de cristalização para a vida comunitária nos subúrbios” e um antídoto ao distanciamento. 

Oferecendo oportunidades de vivência social e recreação num ambiente protegido, incorporando atividades educacionais e voltadas à cidadania, os shoppings, no entender de Gruen, poderiam preencher uma lacuna gerada pela ausência de espaços públicos, tornando-se, assim, mais do que meras áreas de consumo.

A importância dos shoppings na economia americana pode ser medida pelo seu faturamento, que atingiu US$ 800 bilhões nas cerca de 40 mil unidades existentes naquele país, em 1994, o que representou cerca de 55% das vendas do comércio varejista.

No Brasil, existem cerca de 800 shoppings em operação dos quais apenas 128 são filiados à Associação Brasileira de Shopping Centers (ABRASCE). Os empreendimentos ligados a essa entidade faturaram cerca de R$ 10 bilhões em 1995 e em 1996 encerram o ano com um montante de vendas de R$ 12 bilhões, o que representou cerca de 18% do faturamento do comércio varejista nacional. Este segmento empregou 218 mil pessoas em suas 21.150 lojas. Para os não-associados, inexistem dados estatísticos e de faturamento.