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HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE
Um cemitério que demorou a funcionar

População comparou-o com uma novela satírica apresentada na televisão

Obra do falecido escritor novelista Dias Gomes, tendo como principal ator Paulo Gracindo (também já falecido), a novela O Bem Amado estreou na Rede Globo de Televisão em 24 de janeiro de 1973, prosseguindo em capítulos diários até 9 de outubro daquele ano. Uma das histórias de seu enredo era sobre a dificuldade do prefeito da fictícia cidade de Sucupira, Odorico Paraguaçu, em conseguir um defunto para inaugurar o cemitério da localidade, principal obra de sua administração.

Já em Praia Grande, apesar de o problema não ser a falta de defuntos, existiam outras semelhanças entre arte e realidade, e o sucesso da novela fez com que a população a comparasse com a situação encontrada neste município. A história foi assim relatada pela professora e pesquisadora Graziella Diaz Sterque, em seu boletim Informativo Cultural, edição 29 (maio de 1980), da Associação Centro de Estudos Amazônicos de Praia Grande (Aceam):

GRAZIELLA DIAZ STERQUE... INFORMA
A novela do cemitério

Ao contrário de Sucupira, que teve que importar defunto para inaugurar seu Cemitério, Praia Grande tem defunto todo dia, e tem gente até que só está esperando o Cemitério ser inaugurado.

Falta arborização, faltam urnas, faltam epitáfios e talvez até um ar triste de Campo Santo. Nas outras cidades, o cemitério começa com o primeiro defunto, as pequenas sepulturas com tosca cruz de madeira, depois vem a arborização e finalmente o muro, porque existe em tudo isso uma realidade. Quem vai assaltar cemitério de pobre? 

Portanto, o muro, que é o mais caro, vai sendo construído paulatinamente com a verba que vai entrando da venda das sepulturas e o cemitério se mantém com sua própria renda. Mas se começarem com altas mordomias, também vamos ter que fazer tomada de preços para enterrar nossos defuntos.

Atento aos grandes problemas que afligem os moradores do pequeno Império de Praia Grande, o poeta José Florindo satiriza o caso:

I

O assunto hoje é forte,
   É um caso muito sério,
      Não vamos falar de morte
         Mas, tratar de cemitérios.

II

No antigo Sítio Mio,
   Área e boa miragem,
      Há muitos anos serviu,
         Para enterrar selvagens.

III

Terreno frente ao mar,
   Lugar privilegiado,
      Objeto de controvérsias,
         E, por muitos, cobiçado.

IV

Políticos e grileiros,
   Numa luta prolongada,
      Queriam ganhar a área,
         Muito bem localizada.

V

Com a emancipação,
   Adotou-se nova tática,
      Cemitério em construção,
         No bairro de Vila Antártica.

VI

Entretanto essa obra,
   Há muito em andamento,
      Somente agora, está,
         Em fase de acabamento.

VII

Acabamento demorado,
   Um trabalho negligente,
      Defuntos são sepultados,
         Na cidade de São Vicente.

VIII

Necrópole quase pronta,
   A fase é de conclusão,
      Falta epitáfios e urnas,
         Para inauguração.

IX

O caso é muito sério,
   É importante o assunto,
      Prá inaugurar cemitério,
         Todo dia tem defunto.

X

Defunto é a matéria-prima
   Não precisa ser importado,
      Aqui não é Sucupira,
         A terra do "Bem Amado".

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