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HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE - F.ITAIPU
Centenária Fortaleza de Itaipu (1)

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"Se hoje, por vezes, enfrentamos dificuldades, a despeito de todo o desenvolvimento da Força Terrestre e da Nação nos últimos cem anos, é possível imaginar, mesmo que vagamente, as agruras por que passaram os construtores e os primeiros militares que guarneceram estas instalações no início do século XX.

"Não contavam com acesso terrestre a esta região, não tinham energia elétrica, tiveram que descobrir fontes naturais de água potável e trabalhavam apenas com a força dos braços e de alguns animais de tração. A alimentação dependia de um suprimento que era irregular, sendo a pouca caça disponível um paliativo para a espera de novas remessas" - comentou o comandante do Sexto Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM), tenente-coronel da Artilharia Edison Lefone, em publicação especial comemorativa do centenário da Fortaleza de Itaipu, produzida em 2002 pelo Grupo de Comunicação Três S.A., de Cajamar/SP. São daquele trabalho os textos e as fotos a seguir reproduzidos:


Vista aérea da Fortaleza de Itaipu: a espuma das ondas que se quebram nas rochas

Histórico da Fortaleza de Itaipu

A participação da Artilharia de Costa, na história da Baixada Santista, inicia-se no século do nosso descobrimento e estende-se aos nossos dias.

Em 1584, foi construída a Fortaleza da Barra Grande pelo almirante espanhol Diogo Flores Valdez, em pleno domínio espanhol de nossa colonização. Este empreendimento militar deveu-se à necessidade de defesa frente aos constantes ataques de corsários sofridos pela Vila de Santos.

No triênio 1723 a 1725 a fortaleza foi reconstruída e rearmada, passando a contar com 32 peças de artilharia. Em 1738, o rei D. João V determinou a remodelação integral das fortificações de Santos. Voltam a ocorrer reformas em 1775, por determinação do governador da Capitania de São Paulo e novamente no início do século XIX.

Em 1822, D. Pedro I hospedou-se na fortaleza, durante sua visita a Santos, partindo da mesma para proclamar a Independência em 7 de setembro.

A última vez que os canhões da Fortaleza da Barra Grande abriram fogo, em defesa da cidade, foi em 20 de setembro de 1893, por ocasião da Revolta da Armada, quando o cruzador República, capitaneando a frota revoltosa, tentou, sem sucesso, apoderar-se do porto da cidade de Santos, para aqui estabelecer uma base de operações contra o governo federal.

O contingente de artilheiros da Fortaleza da Barra Grande permaneceu em sua praça forte até 1905.

Em função das limitações de suas instalações e da construção da Fortaleza de Itaipu, foi desativada em 1911 e sua guarnição transferida para o novo aquartelamento situado na Praia Grande.


Uniforme da época em que a fortaleza foi construída em Praia Grande

Conforme palavras do historiador Aureliano Leite, "(...) tornou-se preciso que os revoltosos da Marinha ameaçassem várias vezes a região, para aos 1901 (...), cogitarem os governos de Campos Salles, da República, e Rodrigues Alves, do Estado de São Paulo, de armarem Santos com a Fortaleza de Itaipu...".

Em 16 de janeiro de 1902, iniciava-se a construção da Fortaleza de Itaipu, em decorrência do Aviso nº 5 do Plano de Defesa de Santos, a mando de Manoel Ferraz de Campos Salles - presidente da República - e Bernardo de Campos (N.E.: correto: Bernardino José de Campos Jr.) - governador do Estado de São Paulo. A chefia da comissão de Obras foi atribuída ao major de Engenharia Augusto Ximeno Vileroy.


Fortaleza de Itaipu em construção

O termo Itaipu, segundo o historiador Costa e Silva Sobrinho, decorre do fato de que "(...) vinha do mar um vento forte, as ondas perseguiam-se e cresciam até chocarem-se nas extensas rochas, onde violentamente se erguiam transformadas em espumas. Os nossos índios chamavam a isso de itaipu".

A Fortaleza foi implantada em uma área ocupada por três sítios: o Itaipu, a Prainha e o Itaquitanduva, de propriedade, respectivamente, do sargento-mor José Gonçalves de Aguiar - último capitão-mor de São Vicente -, de Antonio José da Silva Bastos e de dona Maria Benedita Viana, viúva do capitão Manoel José Marques Viana.


1ª Bateria de Canhões - Forte Jurubatuba (década de 1920)

Quando as obras foram iniciadas, a Comissão passou a contar com o auxílio do 24º Batalhão de Infantaria, acampado na Praia Grande, sob o comando do capitão Tude Bastos Neiva Lima.

Os trabalhos tiveram início e no final de 1902 já se encontrava concluída uma estrada de 3 quilômetros de extensão, que chegava até a Ponta do Itaipu, além de um porto de desembarque de material, haja vista não existir acesso por terra para a área da Fortaleza.

A primeira fortificação, que tinha por finalidade assegurar a defesa da Fortaleza contra um ataque terrestre, foi inaugurada com a designação de Bateria Gomes Carneiro, composta por um Paiol, por um Posto de Observação e seteiras de canhão, localizados na curva do cotovelo da estrada que demandava para a Ponta do Itaipu.

O material de artilharia a ser selecionado para a defesa da Baía de Santos era de origem francesa. Seus canhões, Schneider Canet, tinham um calibre de 150 mm e pesavam cerca de 30 toneladas cada um.


Canhão Schneider Canet, de 150 mm

Em 5 de novembro de 1918 era inaugurada a Segunda Bateria do 5º Distrito da Artilharia de Costa, denominada Forte Duque de Caxias.

Em 3 de outubro de 1919 era inaugurado o aquartelamento da Primeira Bateria, vindo a receber seus canhões Schneider em 12 de junho de 1920, passando a ser designado como Forte Jurubatuba, em homenagem à Ponta de Jurubatuba, onde se localizava.

No mesmo ano, a fortificação constituída pelas baterias Gomes Carneiro, Jurubatuba e Duque de Caxias recebeu a designação de 3º Grupo de Artilharia de Costa - Fortaleza de Itaipu, assumindo o seu comando o tenente-coronel José Pacheco de Assis.


3ª Bateria - Forte Rego Barros (último forte construído no Brasil)

Em 24 de maio de 1934 o 3º GAC passou a ser designado como 5º Grupo de Artilharia de Costa.

Por ocasião da 2ª Grande Guerra, estudos foram realizados com a finalidade de aperfeiçoar o sistema de defesa existente, que indicaram a necessidade de aumentar o poder de fogo da Fortaleza de Itaipu. Como decorrência teve início a construção da Terceira Bateria, denominada de Forte General Rego Barros.

Seu projeto previa uma construção escavada no solo, composta por um túnel, elevadores, posição da peça de artilharia de 280 mm de calibre e posto de observação. Todas as obras de alvenaria foram concluídas. Entretanto, com o fim do conflito, o canhão não foi instalado. A Bateria Gen. Rego Barros foi o último forte, destinado à defesa da costa, construído no Brasil.


Tropa em desfile na Fortaleza de Itaipu, na década de 1930

Em 31 de março de 1960, o 5º Grupo de Artilharia de Costa, composto pelas baterias Gomes Carneiro, Jurubatuba e Duque de Caxias, foi extinto. A partir de 1º de abril o 6º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (6º GACosM), que possuía sua sede em Santos, ocupou as instalações da velha Fortaleza, substituindo os canhões fixos Schneider Canet 150 mm pelos canhões móveis Vickers Armstrong 152.4 mm, ampliando o poder de fogo da defesa do litoral de Santos.


Telêmetro, apresentado num desfile de 1943

Ao finalizar o século passado, a Fortaleza passou por nova modernização operacional, incorporando a 3ª geração do seu material de Artilharia. Os Lançadores Múltiplos de Foguetes - Astros II -, de origem brasileira, recentemente adquiridos, asseguram à Fortaleza um poderoso sistema de artilharia, permitindo sua modernização tecnológica para este início de século. Seus foguetes possibilitam o lançamento de cerca de 1.560 granadas, com poder de destruição semelhante ao do obus 105 mm, em uma área de cerca de 12 km², em um intervalo de tempo de 16 segundos.

Este sistema de foguetes testado e consagrado na Guerra do Golfo Pérsico alça o 6º GACosM a uma posição de destaque no Exército Brasileiro, resgatando o prestígio operacional da velha Fortaleza.


Sistema Astros II - Batismo de Fogo (1999)

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