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HUMOR
O encanador de DOS

Pelo título, dá para imaginar que esta é dos primórdios da informática no Brasil. E é, pois quando foi publicada - na edição de 10 de maio de 1993 do caderno Informática de O Estado de São Paulo - o reinado do sistema operacional de disco (DOS) apenas de leve começava a ser ameaçado pelas janelas da Microsoft, a Apple também tentava beliscar sua fatia de mercado com o Macintosh, e o computador topo de linha era um PC 486 DX com disco rígido de 85 MB, acompanhado por impressora matricial:

André Gurgel

A dona de casa viu a plaqueta pintada à mão, presa num poste qualquer. Dizia: "Conserta-se CONFIG.SYS E AUTOEXEC.BAT, fone tal". Chamou e logo apareceu o técnico.

- Bom dia, qual parece ser é o problema?

- É o meu PC, eu ligo e ele escreve umas coisas estranhas na tela, apita, apita e não faz o que eu peço.

Ele limpou das mãos no macacão e tirou um disquete indistinto de dentro da maleta, já toda esgarçada. Rodou uns programinhas de teste e concluiu:

- É, dona, parece que a memória alta tá entupida.

- Tá mesmo? E tem jeito de arrumar, moço?

- Tem sim. Se a senhora quiser, dá para fazer uma limpeza no Config e no Autoexec, mas aí eu não garanto o serviço.

- E para consertar de vez?

- Vou ter que trocar o emulador.

- O emulador?? E... isso é caro, moço?

- Olha, dona, tem de vários tipos. Eu tenho um nacional aqui, feito em Cobol. Dá pro gasto e é baratinho. Lá na oficina a gente usa muito um emulador coreano, melhorzino, feito em C.

- E se eu não quiser mais ter dor de cabeça?

- Ah! Aí eu vou ter que mandar um amigo meu muambeiro trazer o modelo americano. Este é feito em binário puro!

- Põe o nacional mesmo.

O técnico põe e faz um teste. Funciona.

- Tá pronto, mas a senhora vai ter que parar de instalar qualquer driverzinho que se encontra na rua.

- Não, não.

- Olha, o filho do meu vizinho tá começando a fazer uns drivers de teclado e vendendo na porta da escola. Se a senhora quiser...

- Pode deixar, eu emprestei um livro e acho que vou começar a fazer em casa mesmo. Quanto é?

- É tanto.

- Posso dar dois chequinhos?

- Que jeito, dona, a freguesia tá fraca. Tem um pessoal aí de um tal de Macintosh, fazendo a praça, que não sei não...