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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/21/02 09:02:17
FEBEANET
De volta à fábrica das carroças

L eiam atentamente esta notícia (grifos nossos):
 

Recall no Brasil

Quem pensa que a manutenção do carro é irrelevante na hora de viajar pode estar enganado. No Brasil morrem cerca de 42 mil pessoas por ano em acidentes automobilísticos e 25% desses desastres são provocados por falhas nos automóveis, defeitos de fabricação das peças e vícios ocultos......

" Aproximadamente 4 milhões de veículos foram convocados para recall no Brasil desde 1992, segundo dados do site estradas.com. Somente nos últimos quatro anos, foram 2,5 milhões de veículos. No mesmo período, as vendas de carros em todo o país foram de 3,52 milhões, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Amfavea) e a Associação Brasileira de Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). Em outras palavras, os veículos com defeito equivalem a 71% dos carros vendidos desde 1999."

OAB SP

(transcrito do boletim eletrônico Varejo Século 21, edição 693, de 21/8/2002)

Bem, se a maioria dos produtos vendidos no Brasil por uma indústria com acesso à tecnologia de ponta, e com capacidade portanto para ter tecnologia sofisticada de controle de falhas, apresenta ainda assim tal índice de defeitos de fabricação, bem dizia o ex-presidente da República que as multinacionais montadoras de veículos só produzem carroças...

Pensando bem, as carroças feitas no fundo dos quintais e das fazendas até que não davam tanto defeito, duravam anos sem problemas com ferrugem e no máximo, se algum usuário se irritasse com o ruído nos eixos, era só colocar um pouco de óleo...

Considerando que o trânsito caótico não permite mesmo que tenhamos nas cidades velocidade média superior à do tempo das carroças;

Considerando que nas estradas também não é possível maior velocidade por falta de confiança da "tecnologia" dos veículos;

Considerando que até agora não foi preciso pagar aos fabricantes de carroças nenhum centavo de direitos de patente, mas o Brasil perde verdadeiras fortunas em divisas com o pagamento de royalties às matrizes das indústrias automobilísticas;...

...talvez o Brasil devesse retomar a idéia das bucólicas carroças. Ou aperfeiçoá-la, implantando os riquixás, em que os coitados dos cavalos são substituídos por tração humana, garantindo assim a ampliação do mercado de trabalho para os engenheiros e técnicos desempregados pela indústria automobilística. Executivos influentes podem continuar blindando as carroças e colocando nelas sistemas de alarme (que só disparam na mão do proprietário, nunca na do ladrão) e rastreamento - e todas as outras bugigangas que desejarem, pois só muda a tecnologia construtiva e de tração: teremos sistemas 100% nacionais, com freios, aceleração e sistemas de direção controlados pelo mais complexo computador existente (a mente humana)... e sem gasto de combustível à base de petróleo! 

Podem até colocar nome inglês para deslumbrar os deslumbrados. Por exemplo: "Powermen-2003, com direção eye-controlled, freios (brakes) ABS (Assegurados por Botinas ou Sandálias)". Com o detalhe final de sofisticação: serão os primeiros carros do terceiro milênio com motorista integrado ao sistema de tração/direção! O usuário só precisará dizer (em inglês, alemão ou português mesmo, conforme a nacionalidade do "sistema de tração") para onde deseja ir, sem precisar dirigir ou teclar complicados comandos no painel... E o veículo é também o primeiro da nova série com a característica de ser auto-estacionável!

Besteira? E não é besteira maior conviver com uma indústria em que a quase totalidade dos produtos apresenta erros de fabricação? Erros que são responsáveis por parte considerável dos acidentes de trânsito que matam milhares de brasileiros todos os anos (além de incapacitar/aleijar milhares de outros)? E ainda ter de conviver com cemitérios de veículos destruídos ou sucateados, verdadeiro atentado ao meio-ambiente? E conviver com a violência inerente aos roubos de veículos, aos rachas promovidos por ricos motoristas inconseqüentes que matam pedestres nos passeios e ainda assim são liberados pela Justiça por terem padrinhos influentes? 

Unindo as duas correntes do pensamento nacional: "com certeza"... "fala sério"!

Enquanto lança a campanha pela volta das carroças originais às nossas ruas e estradas, a organização do Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet) inscreve esta besteira na edição 2002 do festival e faz também a sua rechamada (o tal do recall), convocando todos os motoristas a que se apresentem e depositem seu voto, durante a eleição que no final deste ano classificará a principal besteira do ano. 

Pesquisas pré-eleitorais indicam que a história da indústria automobilística nacional tem 71% de intenções de votos, o que lhe dá folgada margem de votação, mesmo levando-se em conta que cerca de 10 mil desses votantes já não estarão vivos no momento da eleição...

P.S.: Um dos inspiradores desta seção, o Barão de Itararé, pede licença para fazer um recall do que publicou em seu AlManhaque do segundo semestre de 1955, pág. 47:
 

Automobilismo

O automóvel moderno é um estábulo ou pequeno jardim zoológico estilizado. Além dos 40 ou mais cavalos do motor, ainda entram nele, para segurar as rodas, uma manada de porcas; um burrinho ou pequena bomba, movida a eletricidade, para encher os pneus; e um macaco, para ajudar a levantar o carro em caso de necessidade.

Os desastres de automóvel poderiam ser evitados, se, para cada cavalo do motor, houvesse um freio. Não é possível fazer parar, de repente, 80 cavalos, em vertiginosa carreira, acionando-se um único freio.

No dia em que se aproveitar a enercia nuclear para mover automóveis, as bombas de gasolina serão substituídas por bombas atômicas.

Sábias ponderações...