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HUMOR
Conceitos básicos de Economia  (2 vacas...)

Veja também, abaixo, uma análise sobre a Arca de Noé no Brasil...
...e também a história do respeitável ladrão de galinhas...

Provando que Economia é a ciência de como fazer o Governo acabar com a Economia individual, o jornalista Paulo Bicarato repassou à lista de debates sobre negócios Widebiz esta "aula" em 14/11/2001 em que, com apenas duas vacas, avacalha os principais padrões econômicos da Terra:

Seguem alguns conceitos básicos de Economia para serem estudados durante o feriado. =)

(Infelizmente desconheço a autoria. Se alguém souber, pode dar os devidos créditos.)

Abraços,
:: Paulo Bicarato - Jornalista ::
www.telecompare.com.br/jornal
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Feudalismo - Você tem duas vacas. Seu senhor pega parte do leite para ele.

Socialismo - Você tem duas Vacas. O governo as tira de você e as coloca num curral, juntamente com as vacas de todo mundo. Você tem que cuidar de todas as vacas. O governo lhe dá um copo de leite.

Comunismo Russo - Você tem duas vacas. Você tem que cuidar delas, mas o governo fica com o leite todo. Você rouba o máximo possível do leite e o vende no mercado negro.

Comunismo Cambojano - Você tem duas vacas. O governo pega as duas e fuzila você, acusando-o de ser um capitalista criminoso centralizador dos recursos de produção da Nação e fomentando a fome de seu povo.

Ditadura Iraquiana - Você tem duas vacas e é fuzilado por suspeita de serem instrumento do imperialismo americano com o objetivo único de contaminar todos os rebanhos do país.

Democracia Representativa Britânica - As duas vacas estão loucas, mas a família real mantém as aparências perante a imprensa.

Capitalismo Norte Americano - Você tem duas vacas. Você vende uma delas e compra um touro, que usa para inseminar a outra vaca e também as demais vacas do pedaço (cobrando pela cobertura, naturalmente). Depois, começa a exportar esperma bovino para mercados emergentes. Após vários anos de expansão, sua empresa lança uma oferta pública inicial para ser apresentada na Bolsa de Valores de Nova York. A Comissão de Valores Mobiliários abre um processo contra você e sua mulher por negociação com informações privilegiadas.

Depois de uma longa e cara briga nos tribunais, você é considerado culpado e condenado a 10 anos de prisão, dos quais acaba cumprindo sete semanas. Quando sai da cadeia, você compra duas galinhas. Ai você vende uma delas, compra um galo.

Capitalismo de Hong Kong - Você tem duas vacas. Você vende três delas à sua empresa de capital aberto, usando cartas de crédito abertas pelo banco de seu cunhado, depois executa um swap (N.E.: troca) de dívida por crédito com uma oferta global associada, de modo a receber todas as suas quatro vacas de volta, com redução de impostos por manter cinco vacas.

Os direitos ao leite de seis vacas são transferidos, via uma holding panamenha, a uma empresa com sede nas Ilhas Cayman, de propriedade secreta do acionista majoritário, que revende os direitos do leite de todas as sete vacas à empresa de capital aberto, enquanto adia o pagamento do produto da venda.

O relatório anual diz que a empresa possui oito vacas, com opção para aquisição de mais uma. Enquanto isso, você vende suas dez vacas para uma nova seita recém fundada na Índia por seu cunhado, ao preço unitário de US$ 1 milhão, por se tratar de animais sagrados, realizadores do milagre da multiplicação.

Capitalismo Maicrosoftiano (Mercado de "Livre Concorrência") - Você tem duas Vacas. Seu vizinho - Biu Gueites - faz uma oferta para comprar as duas de você, que não tem interesse no negócio. Após meses de tentativas infrutíferas, o Sr. Biu Gueites compra duas cabras e inicia uma campanha de marketing na região, demonstrando as vantagens do leite de cabra em relação ao de vaca. Após algum tempo, os consumidores acostumam-se com o leite de cabra - vendido diretamente pelo Sr. Biu Gueites - e passam a exigir tal produto nos pontos de vendas tradicionais.

Um reduzido grupo de não consumidores de leite de cabra, após vários desarranjos intestinais ao experimentarem o novo padrão em leite, não se convence com os argumentos do produtor, "que o problema não está no leite de cabra e sim na configuração do seu aparelho digestivo, recomendando fazer um "upigreide" de seu fígado para uma versão peintiummmm 32 bitis". Mas felizmente são uma minoria. Pressionados pelos consumidores locais, os latícinios aceitam os termos do acordo para compra de leite de cabra do Sr. Biu Gueites: não deverão mais comprar leite de vaca.

Após alguns poucos anos, a empresa do Sr. Biu passa a trabalhar secretamente com vacas anãs, convencendo o público de que se trata de uma nova linhagem de cabras, denominadas WinCabras95. Parte dos consumidores - que ainda recordavam do paladar do leite de vaca - acham o gosto do leite destas "novas cabras" muito parecido com o de vaca, mas certamente deverão estar equivocados. O resto da história talvez você já conheça.

Democracia Burocrática Brasileira - Você tem duas vacas. Primeiro, o governo federal traça normas para determinar como você vai poder alimentá-las e quando vai poder tirar leite delas. Depois, ele lhe paga para não tirar leite delas em determinadas épocas do ano, sob o argumento do controle de preços (pois leite com excesso de oferta fará cair o preço no mercado interno e externo, podendo oscilar perigosamente a balança de pagamentos).

Nos demais meses que lhe é permitida a ordenha, o Congresso institui o IOL - Imposto sobre a Ordenha do Leite - que abocanha 24,3% do valor da venda sobre um faturamento médio projetado - mesmo que você não consiga vender o leite, pois a base tributária incide sobre uma estimativa de produtividade.

O governo estadual, sabendo da existência das duas vacas, institui o ICVDL - Imposto de Circulação de Vacas e Derivados de Leite - com a alíquota de 27,8% calculados sobre o valor de aquisição venal das vacas e/ou sobre o preço mínimo venal estipulado para o leite e derivados naquela região. Logicamente que, tendo sido vendido o leite a preço superior ao preço venal fixado, a base de calculo será a maior das duas.

Entrementes, o governo municipal, sabendo da existência de um "boom" bovino na cidade, institui o IPTURAVDB - Imposto Predial Territorial Urbano e Rural sobre Abrigos de Vacas e demais Bovinos - calculados à base de 318,9876435 UFMs por metro quadrado da propriedade. Lei Municipal Complementar, proíbe a criação de Vacas e Demais Bovinos em outros tipos de propriedades móveis ou imóveis não abrangidas pelo IPTURAVDB.

Após poucos meses, em acordo entre os governos municipais e estaduais com a benção do governo federal, é instituído o rodízio de vacas e demais bovinos nas ruas de cada cidade, com o nobre propósito de reduzir a poluição estercal das ruas. O desrespeito implicará na multa de US$ 100,00 por vaca por dia de autuação.

Você, cidadão, esmagado pela carga tributária, doa uma vaca para uma instituição de caridade e abate a segunda, oferecendo um churrasco para amigos e vizinhos. Ao receber no exercício seguinte todos os carnês dos impostos federal, estadual e municipal incidentes sobre as duas vacas, alega que já não as possui mais há meses. Mas, como os computadores do Serpro não foram atualizados, você tem que recolher todos estes impostos - ou depositá-los em juízo - até provar que não é mais proprietário das bovinas.

Diante da sua insistência em "sonegar" os impostos, estranhamente você é denunciado à Receita Federal, que o convoca a apresentar as declarações de imposto de renda dos últimos cinco exercícios. Como você não declarou nem as vacas compradas nem a origem do capital utilizado para esta aquisição, você se torna devedor do Fisco. Ao chegar à sua casa, vindo da Delegacia da Receita Federal, dois fiscais da Vigilância Sanitária estão te aguardando com uma intimação para depor sobre o abate não autorizado de animais para consumo alimentar.

Bem, já que o assunto é "Governo e Economia", lá vai outra história nessa mesma linha, enviada por Vanda Damiani em 6/2/2001 à lista de debates Novo Milênio, como repasse de mensagem recebida no mesmo dia de Zélia Catharina M.Pitrè:

Sent: Tuesday, February 06, 2001 2:30 AM
Subject: Fw: O Brasil sempre na frente


A Arca de Noé da Silva

No início do ano 2001, o Senhor chamou Noé da Silva e ordenou-lhe: - Dentro de seis meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal.

E ordena, como na passagem bíblica, a construção de uma arca de madeira. No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu. Noé da Silva chorava ajoelhado no quintal quando ouviu a voz do Senhor soar  furiosa entre as nuvens.

- Onde está a arca, Noé???

- Perdoe-me, Senhor - suplicou o homem -. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas. Teria primeiro que obter uma licença da Prefeitura e pagar altas taxas para obter o alvará. Acabaram me pedindo contribuição para a campanha do prefeito à reeleição. Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimos, mesmo aceitando aquelas taxas de juros. Afinal, eles nem teriam mesmo como me cobrar depois do dilúvio. O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui subornar um funcionário.

Começaram então os problemas com o Ibama para a extração da madeira. Eu disse que eram ordens Suas, mas eles só queriam saber se o projeto fazia parte do PPA. Tentei falar com o relator, mas eles estavam brigando pelo cargo no Congresso. Neste meio tempo, o Ibama descobriu também uns casais de animais guardados em meu quintal e me aplicou uma pesada multa.

Quando resolvi começar a obra na raça, apareceu o sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano. Veio em seguida a Receita, falou em sinais exteriores de riqueza e me multou também. A Secretaria de Meio-Ambiente pediu o Relatório de Impacto Ambiental sobre a zona a ser inundada. Quando mostrei o mapa do Brasil, chamaram o serviço psiquiátrico!!!

Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava.

- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil???

- Não!!! - respondeu a voz entre as nuvens -. Alguém já se encarregou de fazer isso!!!

E, já que o assunto é Economia e bichos, vale registrar aqui, para que não se perca na poeira das bibliotecas, o texto do escritor brasileiro Luís Fernando Veríssimo, que também circulou pelo correio eletrônico e chegou à lista Novo Milênio, repassado pela internauta Vanda Damiani em 28/5/2001:

Réu Primário
Luís Fernando Veríssimo
"Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram  para a delegacia.
* Que vida mansa, hein, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!
* Não era para mim não. Era para vender.
* Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!
* Mas eu vendia mais caro.
* Mais caro?
* Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as  minhas botavam ovos marrons.
* Mas eram as mesmas galinhas, safado.
* Os ovos das minhas eu pintava.
* Que grande pilantra...  Mas já havia um certo respeito no tom do delegado.
* Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega...
* Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de  galinheiro a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso,  um ovigopólio.
* E o que você faz com o lucro do seu negócio?
* Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
* Doutor, não me leve a mal, mas, com tudo isso, o senhor não está milionário?
*  Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
* E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
* Às vezes! Sabe como é!
* Não sei não, excelência. Me explique.
* É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui preso, finalmente. Vou para a cadeia. É uma  experiência nova.
* O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
* Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
* Sim. Mas primário, e com esses antecedentes...