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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ - ANDRADAS
A Bateria-Comando

Começou em 1942
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Texto publicado no jornal santista Cidade de Santos em 28 de agosto de 1983:


Capitão Manoel Campos de Assumpção, primeiro comandante da 5ª BIAC e Forte dos Andradas
Reprodução de foto da Galeria dos Comandantes, publicada com a matéria

A Bateria-Comando do forte dos Andradas

Pesquisa e texto de J. Muniz Jr.

"O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição, decreta:

"Artigo único. É organizada, para instalação no corrente ano, a 5ª Bateria Independente de Artilharia de Costa (Forte de Munduba) à Barra de Santos.

"Rio de Janeiro, 10 de abril de 1942, 121º da Independência e 54º da República. a) Getúlio Vargas e Eurico Gaspar Dutra".

Eis o texto do Decreto-Lei nº 4.248, assinado pelo Presidente da República e pelo Ministro da Guerra da época, dando organização ao Forte dos Andradas (Forte de Munduba), cuja inauguração teve lugar no dia 10 de novembro daquele mesmo ano.

É válido ressaltar que o seu projeto esteve a cargo do tenente-coronel de Engenharia João Luiz Monteiro de Barros, nos idos de 1934, e após as desapropriações necessárias no morro do Munduba, à entrada da Baía de Santos (extremo Sul da Ilha de Santo Amaro), teve a sua construção iniciada quatro anos depois, tendo à frente o seu idealizador.

Em 22 de janeiro de 1941, as obras de sua construção foram inspecionadas pelo general Sebastião do Rego Barros, inspetor de Defesa da Costa e diretor de Artilharia, que foi recebido pelo autor do projeto e chefe das obras do forte, tenente-coronel Monteiro de Barros.

A solenidade inaugural do Forte de Munduba aconteceu no dia 10 de novembro de 1942, às 10 horas e 30 minutos, com a presença de autoridades civis e militares e de pessoas gradas, oportunidade em que o general Maurício José Cardoso, comandante da II Região Militar, proferiu um eloqüente discurso. Também foi inaugurada uma placa comemorativa alusiva ao acontecimento, e oferecido um banquete no salão de festas do Cassino do Grande Hotel de Guarujá.

Além do general comandante da II Região Militar, a festiva solenidade contou com a presença do general Sebastião do Rego Barros, diretor da Artilharia da Costa; do brigadeiro-do-ar Gervásio Duncan de Lima Rodrigues, comandante da IV Zona Aérea; do dr. Antônio Gomide Ribeiro dos Santos, prefeito municipal de Santos, e de outras autoridades das esferas federal, estadual e municipal.

No início, a fortificação foi chamada de Forte de Munduba, e posteriormente, pelo Decreto nº 5.002, de 27 de novembro de 1942, veio a receber a denominação de Forte dos Andradas, em homenagem aos Irmãos Andradas: José Bonifácio, Antônio Carlos e Martim Francisco.

De acordo com a versão de historiadores, a denominação de Munduba ou Monduba, ao local onde está assentada a fortificação, é uma corruptela de Mô-nduba, e foi dada pelos índios que viviam naquela região, através da qual faziam referência ao ruído estrondoso provocado pelo choque das ondas, que batem com violência nos penhascos ali existentes.

A 6 de maio de 9142, o capitão de Artilharia Manoel Campos de Assumpção foi classificado comandante do forte, e pelo Aviso nº 1.348, de 28 de maio, foi mandado dar efetivo à 5ª BIAC e Forte de Munduba. Ainda pelo Aviso nº 1.880, de 17 de junho, a Unidade passou a ter autonomia administrativa, e foi através do Aviso nº 1.348, de 28 de maio, que foi mandado dar efetivo para a instalação a partir de 1º de junho daquele ano de 1942.

Na sua fase inicial, quando foram feitos os primeiros trabalhos de organização, o Comando da Unidade ficou instalado numa sala do DAC no Palácio da Guerra, da ex-Capital Federal, reunindo-se diariamente para o expediente regulamentar - com os primeiros oficiais, subtenentes e sargentos classificados na Bateria.

Quanto ao embarque de oficiais e sargentos da primeira Unidade que guarneceu o forte, ocorreu a 20 de julho de 1942, ocasião em que o capitão Manoel Campos Assumpção (comandante), o primeiro-tenente Ferdinando de Carvalho (subcomandante), o primeiro-tenente I. E. Oswaldo de Frias Villar (tesoureiro, almoxarife e aprovisionador) e vários sargentos, embarcaram com destino a São Paulo. Ao chegarem na capital bandeirante, os aludidos oficiais passaram a fazer uma sondagem de preços para a aquisição de material destinado ao aquartelamento.

Enquanto o comandante e o subcomandante da Unidade já estavam em São Paulo, o primeiro-tenente Siomir Porto permanecia no Rio de Janeiro, a fim de se especializar em projetores na Fortaleza de São João, que também havia sido designado para a missão de conduzir a Bateria, o material e o pessoal destacado para a fortificação local. No dia 26 de julho, também embarcou, com destino à nossa cidade, uma escolta comandada pelo terceiro sargento Dirceu Arruda da Conceição, conduzindo munição para a nóvel Praça de Guerra do Munduba.

Embora o comandante e o subcomandante tivessem se deslocado de São Paulo para Santos no dia 1º de outubro, o tenente tesoureiro permaneceu na capital paulista, efetuando determinadas operações administrativas. Nos primeiros dias de instalação da Bateria, o aquartelamento contava apenas com o Pavilhão de Administração, que já havia sido concluído, e enquanto o rancho estava em fase de acabamento, o resto encontrava-se ainda nos alicerces.

Dessa forma, houve uma certa dificuldade para acomodar o pessoal que estava se apresentando na Bateria, tendo sido então construída uma cozinha improvisada, para atender as primeiras necessidades, sendo que as refeições eram feitas em marmitas de campanha. Devido ainda à situação de emergência, os oficiais e sargentos pernoitavam no Pavilhão de Administração, e as praças fizeram do próprio rancho um dormitório provisório.

A Unidade foi considerada oficialmente instalada no dia 7 de setembro de 1942, perante um pessoal reduzido, uma vez que a guarnição do forte contava apenas com vinte e quatro homens.

A solenidade contou com a presença do tenente-coronel João Luiz Monteiro de Barros, chefe das Obras; do capitão Manoel C. Assumpção, comandante; do capitão Jacob Carneiro e do primeiro-tenente I. E. Raul de Souza, ambos da Comissão de Obras de Defesa de Santos.

Naquela oportunidade, o primeiro-tenente Ferdinando de Carvalho (sub-comandante), leu o primeiro Boletim da 5ª BIAC e Forte de Munduba, que trazia, na sua quarta parte, a seguinte citação:

"Soldados! A 5ª BIAC inicia hoje - data que se comemora a Independência Brasileira - a sua vida como unidade de um Exército que se orgulha de suas glórias e feitos legendários.

"Na hora grave em que a Pátria e o Exército já sangram, insidiosamente feridos pelo inimigo, não podemos prever as missões que nos estão destinadas na luta pela soberania nacional e independência do continente americano.

"Sabemos apenas que a guarnição do nosso forte não desmerecerá a honra, a abnegação e os sacrifícios dos heróis veneráveis que nos legaram a responsabilidade de passar intato aos vindouros o imenso patrimônio da gigantesca Nação Brasileira, pois todos temos a grande convicção de que nossas vidas pertencem exclusivamente à Pátria. - a) Manoel Campos Assumpção - Cap. Cmt."

Além das funções de comando, a cargo do capitão Assumpção, o tenente Ferdinando de Carvalho assumiu cumulativamente as funções de subcomandante, fiscal administrativo, ajudante, secretário e oficial regimental de Educação Física, enquanto que o tenente intendente Oswaldo de Frias Villar assumiu cumulativamente as funções de tesoureiro, almoxarife e aprovisionador.

Foram ainda designados para sargento e o primeiro-sargento Cencó da Fonseca Motta; para sargento de tiro, o segundo-sargento Héio Martins Reis; para chefe da Primeira Peça, o terceiro-sargento José Gomes Craveiro, e para chefe da Segunda Peça, o terceiro-sargento Hamilton Ramos.

Foi no dia 10 de novembro de 1942, durante a inauguração do forte, que se verificou a cerimônia da entraga e batismo do Pavilhão Nacional a Bateria, com a tropa formada defronte ao quartel do comando. E no decorrer daquele comovente cerimonial, a madrinha, dona Rosa Coelho de Barros e Mello - acompanhada pelas damas-de-honra, senhoritas Maria Helena Filgueiras, Nídia Covas, Marília Gonçalves, Regina Helena e Cecília Suplicy - entregou a Bandeira Nacional ao capitão Manoel Campos de Assumpção, comandante da 5ª BIAC, que após receber o símbolo da pátria, proferiu breve alocução, incorporando-o em seguida à tropa. Foi ouvido o toque de "Em Continência à Bandeira - Apresentar Armas" e executado o Hino Nacional, a cargo da Banda do 4º BC.

No dia seguinte, o tenente Siomir Porto apresentou-se na Unidade, conduzindo o material e as praças, procedentes do Rio de Janeiro, iniciando-se assim o primeiro período de instrução, bem como o Curso de Monitores para Sargentos.

No dia 1º de março de 1943, teve lugar a solenidade de juramento à Bandeira dos primeiros setenta e dois soldados mobilizáveis pela Unidade, que posteriormente passou a receber jovens sorteados, oriundos dos Municípios de São Roque, Santo André, Sorocaba, São Bento de Sapucaí, São Caetano, São Bernardo, São Vicente de São Sebastião.

De acordo com o Decreto nº 21.134, de 15 de maio de 1946, em 29 de junho daquele ano, a 5ª BIAC foi transformada em Terceira Bateria de Obuzes de Costa (3ª BOC). E pela Portaria Ministerial Reservada nº 038, de dezembro de 1971, a 3ª BOC foi transformada em Bateria do Comando da Artilharia Divisionária da Segunda Divisão de Exército (Bia Cmdo AD/2).

A Bateria Comando continua aquartelada no Forte dos Andradas, que tem um Quartel de Paz, situado na bela praia de Monduba, além do Quartel de Guerra (já desativado) nas elevações do Monduba, erguido com o objetivo de assegurar a intangibilidade de extensa faixa litorânea, e que já foi apontado como uma das mais perfeitas praças de guerra do litoral brasileiro.

Do Portão das Armas, na praia do Tombo, sai uma estrada que leva até a praia do Monduba, onde existem dez pavilhões (inclusive do comando), cozinha, garagem, oficina mecânica, cassino dos oficiais e outras instalações.

Desde a sua instalação em 1942, que o Forte dos Andradas (e respectivas guarnições) foi comandado pelos seguintes oficiais de Artilharia do Exército: 5ª BIAC - capitão Manoel Campos de Assumpção (6/mai/42 a 7/jul/43); capitão Carlos de Castro Torres (9/ago/43 a 5/fev/46); capitão Raul Pereira Dias Filho (6/fev/46 a 28/jun/46).

3ª BOC - capitão Raul Pereira Dias Filho (29/jun/46 a 7/jan/50); capitão Manoel Jales Pontes (17/jan/50 a 1/fev/52); capitão Wilson Andrade Lisboa da Silveira (17/abr/52 a 28/jan/53); capitão Floriano Freire de Oliveira (8/abr/53 a 20/fev/56); major Helder Serra (20/fev/56 a 24/fev/58); major Arídio Brasil (26/mar/58 a 16/jul/58); major Alzir Benjamim Chaloub (24/set/58 a 4/jul/59); major Neraldo Dutra de Carvalho (3/set/59 a 15/out/62); major Antonio Erasmo Dias (16/out/62 a 18/fev/65); major Gilberto Moraes Pereira (26/fev/65 a 4/fev/66); major Ney Luiz de Guerra de Souza e Silva (4/nov/66 a 22/jul/69); major Milton Wanderley (22/jul/69 a 29/set/71); major W. Britto Filho (29/set/71 a 9/fev/72).

Fase da Bateria Comando (Bia Cmdo AD/II): capitão Cezar Brasil Moreira (20/mar/72 a 24/jan/74); capitão Ubiracy Rugeri (11/fev/84 a 18/fev/75); capitão Marco Antonio Felico da Silva (31/mar/75 a 16/dez/76); primeiro-tenente Evandro Bartholomei Vidal (16/dez/76 a 23/jan/78); capitão Aristóteles Soares Rodrigues (30/mar/78 a 11/jan/83) e capitão Oswaldo Oliva Neto, que assumiu em 7 de fevereiro de 1983.

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