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HISTÓRIAS E LENDAS DE GUARUJÁ - BARRA GRANDE
Um vento vermelho na capela da fortaleza (13)

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Unindo patrimônios histórico e artístico, numa simbiose entre passado, presente e futuro, um painel abstracionista de Manabu Mabe surge no interior da centenária Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, surpreendendo por sua atualidade os visitantes que ali talvez esperassem encontrar um altar. O forte, por algum tempo, ficou entregue à Sociedade Amigos da Marinha (Soamar). É dessa época esta matéria, publicada no antigo jornal santista Cidade de Santos, em 12 de novembro de 1983:
 


Primeiro, a Fortaleza da Barra passará por limpeza geral
Foto publicada com a matéria (imagem extraída de copião fotográfico do jornal Cidade de Santos.
Pesquisa do historiador Waldir Rueda nos arquivos do jornal, mantidos no acervo da Unisantos)

Sudelpa promete ajuda à Soamar

A Sudelpa - Superintendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista - comprometeu-se a ceder mão-de-obra para limpeza e outros serviços de restauração da Fortaleza da Barra, sob a orientação técnica do Condephaat - Conselho de Desenvolvimento do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. A informação foi transmitida ontem pela coordenadora da Sudelpa, Maria Alice Lara, em visita feita pela manhã ao Forte da Barra, a convite da Soamar - Sociedade Amigos da Marinha/Santos.

Em princípio, a Sudelpa poderá fornecer homens necessários para uma limpeza de detritos e outros materiais imprestáveis do forte, a exemplo do que já faz na capela existente em Iporanga, onde esse órgão estadual de desenvolvimento do litoral mantém trabalhadores ajudando e o Condephaat orienta tecnicamente. Para tal, a Soamar/Santos já entrou em entendimentos para entregar cópia da documentação sobre o monumento histórico, seus limites e outros dados considerados de importância para a Sudelpa.

A coordenadora da Sudelpa acrescentou que já está em processo o pedido oficial de auxílio solicitado pela Soamar/Santos e que, em posse da cópia de documentação do forte, poderá ser marcada a primeira reunião oficial, onde a Sudelpa estudará as condições e o que poderá ser feito. Antônio Luís Fabiano, diretor regional da Sudelpa na Baixada, é o encarregado dos contatos com o presidente da Soamar/Santos, Felício Agostinho Souza, que liderou a inspeção promovida na manhã de ontem.

Participaram da visita ainda o diretor de relações públicas da Soamar, César Natário, que será o encarregado de manter ligações com os órgãos e entidades que procuram colaborar na restauração, além do diretor social da Soamar, José Aurélio Cardoso, e do diretor do Serviço de Praticagem de Santos, José Console, que forneceu a lancha vermelha para travessia da Ponte dos Práticos até o atracadouro da fortaleza.

A inspeção começou pela Capela de Santo Amaro, construída em 1792, mais de dois séculos após a construção do Forte da Barra, que ocorreu em 1584. O azulejo no chão está em bom estado por não ser original. O altar da capela também se encontra conservado, inclusive o mural azulejado do altar que tudo indica ser da época do erguimento da igreja, em 1742. O forro de madeira mostra-se em boas condições. A capela ainda mantém a porta de madeira, porém precariamente.

Já as portas do prédio principal, que abrigava, entre outras instalações, a cadeia, não mais existem. E os forros de madeira também sumiram com o passar dos anos, ficando as estruturas de madeira. Parte do telhado despedaçou-se, mas as telhas velhas ainda existentes deverão ser substituídas, de acordo com a orientação do Condephaat, que analisará que tipo de telhas foram empregadas. Para impedir a invasão de estranhos, há algumas famílias que permanecem cuidando do local.

Na saída, até um velho canhão enterrado no chão foi notado pelos visitantes, maior do que outro encontrado no forte e que tem peso de 600 quilos (o menor). Um comentário geral era o panorama visto do Forte da Barra, elogiado por oferecer uma ampla visão das praias de Santos, de toda a barra e inclusive do estuário. Maria Alice Lara comentou ainda que, na Europa, os povos de lá dão muita importância a monumentos históricos que não chegam ao porte e não apresentam tão rica história como o Forte da Barra.

Histórico - "Esta Fortaleza da Barra Grande, também chamada Santo Amaro ou São Miguel, foi construída pelo almirante espanhol Diogo Florez Valdez, em 1584, logo após a invasão pelos galeões de Edward Fenton, legendário pirata inglês" - é o teor da inscrição em uma placa na Capela de Santo Amaro, de acordo com o pesquisador e historiador J. Muniz Jr., que também é jornalista do Cidade de Santos.

Com o passar do tempo, a Fortaleza sofreu ataques de corsários, sucumbindo às investidas em algumas ocasiões e resistindo em outras. Mas ação dos ventos, chuvas, tempestades, calor e outras condições ao longo dos anos foram desgastando também a construção, que passou por várias reformas, nos quatro séculos de existência. "A última vez que os canhões da Fortaleza de Santo Amaro vomitaram fogo foi em 1893, durante a Revolta da Armada, chefiada pelo almirante Custódio de Melo", informa J. Muniz Jr., que escreveu o livro Fortes e Fortificações do Litoral Santista.

Com a construção da Fortaleza de Itaipu, a partir de 1901, ele foi perdendo a utilidade como praça forte. Em princípio de 1969, o Forte da Barra foi tombado pelo Condephaat e entregue ao Patrimônio Histórico Nacional. Mas isso não o isentou do abandono e desgaste. Até que a Soamar/Santos interessou-se em restaurar a Fortaleza da Barra, assinando convênio com a Marinha, através da Capitania dos Portos do Estado de São Paulo, para uso como sede da entidade por cinco anos, prorrogáveis por mais 25, desde que feita a recuperação.

E uma das primeiras iniciativas da Soamar/Santos, junto com as Soamar de Campinas, São Sebastião e São Paulo, foi promover uma churrascada, no final de setembro passado, para arrecadar fundos para a restauração, empreendimento que vem mobilizando colaboradores, como um que se prontificou a doar telhas. Recuperando o Forte da Barra, a idéia é transformar o local em ponto de atração turística, histórica.

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