Clique aqui para voltar à página inicialESPECIAL: Revolução de 1932
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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/09/03 13:06:11

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A revolução em fotos (13)

Nestas páginas, são mostradas as fotos apresentadas pela primeira vez pela antiga revista O Mundo Ilustrado, do Rio de Janeiro, em edição especial comemorativa dos 22 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, publicada em 7 de julho de 1954, mantidas as legendas e os textos que acompanhavam essas imagens (a revista não citou os autores das fotos):

O mais velho voluntário de 32. Embora alquebrado, fisicamente,
este ancião não vacilou em abraçar a causa da revolução

AURELIANO LEITE - Nas vésperas das grandes comemorações do nove de julho, em São Paulo, ouvimos a palavra dos mais destacados revolucionários de 32. Aureliano Leite, advogado de renome, homem queridíssimo na terra de Piratininga, também prestou-nos valioso depoimento.

"A razão principal da revolução de 1932 foi a reivindicação da autonomia paulista, que estava perdida e negada pela ditadura de Vargas. São Paulo, inteligentemente, quis atingir a sua autonomia através da reconstitucionalização geral do País. Daí o nome da revolução. A ação bélica dos paulistas foi das mais notáveis, não no próprio sentido brasileiro, mas no mundial. Basta dizer-se que São Paulo lutou heroicamente três meses, atendendo a que seu preparo foi improvisado, pois que nos faltavam armas, munições e soldados.

"Para provar a bravura e o denodo do paulista, basta dizer-se que em certas frentes chegou-se a camuflar canhões e metralhadoras, improvisando-os com chaminés velhas. Para dar impressão ao inimigo que a nossa artilharia estava bem municiada, fazíamos estourar bananas de dinamite. Esse truque forçava os aviões legalistas a descarregar suas bombas sobre aqueles falsos canhões. Também motocicletas e matracas eram utilizadas, para fingir rajadas de metralhadoras. Não havia quase munição.

"Nesse entusiasmo incontido, toda a população válida de São Paulo se apresentou para pegar em armas. Há episódios dramáticos, heróicos e dignos de ser cantados por todos os poetas. O famoso túnel da Mantiqueira foi, a meu ver, onde mais se combateu. Sob o comando do bravo general Antonio Paiva de Sampaio, uns poucos soldados resistiram heroicamente às constantes investidas do inimigo, cujo número ultrapassava os cinco mil. Um tiro preciso de canhão disparado por um grupo comandado pelo então major Ary da Rocha Nóbrega, sobre um parque de artilharia inimiga, salvou a revolução. Não fora este fato, e o levante teria durado menos tempo.

Cada paulista válido era um soldado em perspectiva. Todos queriam combater

"Quando se pediu o armistício e o então governador Pedro de Toledo foi deposto, passamos por momentos dolorosos. Os responsáveis pela revolução, que poderiam ter fugido para o exterior, aguardaram bravamente as represálias da ditadura. Fomos todos presos e deportados.

"O grande general Euclides de Figueiredo, juntamente com Saldanha da Gama e Paulo Duarte, e mais alguns civis, inconformados com o epílogo do movimento, saíram de São Paulo, a fim de reorganizar forças para continuar a luta. Tomaram um pequeno batelão e saíram mar em fora. Foram presos dias mais tarde, exaustos e famintos, numa praia deserta de Santa Catarina. O ódio de Vargas contra os revolucionários não se aplacou. Todos tiveram os seus direitos políticos cassados e foram postos num navio e mandados para o exílio. Ninguém se lastima, pois São Paulo conseguiu o que desejava. O sangue paulista não correu em vão. Por tudo isto, tenho que as comemorações do nove de julho devem ser extraordinárias".

Cadência firme e coração alegre marchavam para a morte ou para a liberdade