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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Ases do volante

Texto publicado no jornal santista Primeira Impressão, órgão interno da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Santa Cecília (Unisanta) em novembro de 1998:



Imagens publicadas com a matéria

Santos também tem seus ases do volante. Dorival Júnior (motovelocidade 500 cc), Rodrigo Orefice (fórmula A de kart 100 cc) e Bruno Miranda (kart) são nomes que já despontam no cenário nacional de esportes de velocidade. Em Cubatão funciona o único kartódromo da região, com 480 metros, pequeno para os padrões de competições de grande porte. Membros da Associação de Pilotos reivindicam melhorias no local, como a instalação de arquibancadas para atrair público e patrocinadores.

VELOCIDADE MÁXIMA

Para os apaixonados por velocidade
Saiba que Santos também possui seus pilotos.
Conheça quem são os destaques da região

Cidade tem campeão brasileiro de kart

Renata Passos

Ver uma bandeira quadriculada agitar e subir no lugar mais alto do pódio é o sonho de todos automobilistas. O jovem Rodrigo Cendon Orefice, 18 anos, conseguiu isso e mostrou ser o melhor do Brasil na categoria Fórmula A de kart, de 100 cilindradas.

A competição, realizada em julho deste ano, em Brasília, é a única de nível internacional no kart. Segundo Orefice, no Brasil a maioria das provas ainda são de 125 cilindradas e a que venceu é imprescindível para competir na Europa.

Aliás Orefice é um kartista que atravessou fronteiras em busca de vitórias. Participou do Pan-americano, ficando em 9º lugar. E também esteve no Mundial, porém não conseguiu completar três das cinco corridas, pois o motor do carro quebrou.

Mas aquele garotinho de sete anos, que correu pela primeira vez de buggy, não imaginava que fosse chegar tão longe. "O maior incentivador da minha carreira foi o meu pai", declara Orefice, recordando do primeiro kart dado pelo pai, quando tinha oito anos.

Orefice continuou correndo na Baixada, até que em 1991 foi para Interlagos, na Capital. E foi em 1992 que o kartista começou sentir o gosto da vitória, já que nesse ano foi o 3º colocado na categoria Micro Kart do Campeonato Paulista.

No ano seguinte, conseguiu também o 3º lugar, porém na categoria Júnior. E então, parou de competir.

Contudo, o amor pela velocidade falou mais alto e fez com que esportista voltasse para as pistas no final de 1996. E recomeçou bem, pois no ano seguinte foi campeão paulista do 1º turno.

O kartista afirma que o seu pai foi o grande patrocinador de sua carreira. Ele diz que mais do que talento, é preciso muito investimento neste esporte. "Só no Mundial, foram gastos cerca de US$ 18 mil e só tive patrocínio para 40% deste valor".

Quanto às próximas metas, o corredor ainda não se definiu, entre participar da Fórmula Chevrolet, ou continuar no kart competindo nos campeonatos paulista, brasileiro, pan-americano e europeu. Mas uma certeza Orefice tem: "O automobilismo é tudo para mim e quero seguir esta carreira".


Dorival Júnior: campeão brasileiro das 500 cilindradas
Foto: Leonardo Zanotti, publicada com a matéria

Santista é o melhor em duas rodas

Leonardo Zanotti

O piloto santista Dorival Júnior, 28 anos, é o raro campeão brasileiro de motovelocidade na categoria 500 cilindradas. Júnior recebeu o título na 5ª e última etapa realizada em Interlagos, São Paulo, no dia 8 de novembro passado.

Sua experiência na modalidade começou em 87, quando se tornou campeão paulista 125 cilindradas com apenas 17 anos. Já em 93, na copa CBR 450 cc, foi vice-campeão paulista.

A falta de patrocínio para a inscrição nas provas e os poucos recursos para manutenção da moto desmotivaram o piloto na época em que, como adolescente, poderia atingir o auge de sua carreira.

Mesmo assim, depois de cinco anos longe das pistas, Júnior superou todas as dificuldades e se tornou campeão brasileiro em cinco provas. Entre os resultados um 4º lugar, um 2º lugar e três vezes 1º na liderança, que comprovaram sua superioridade.

"Coragem, habilidade e vontade de vencer não são suficientes", diz o piloto. Para ele, é preciso ter amor ao esporte: "Moto é tudo pra mim. Desde pequeno desejava me tornar piloto profissional; por isso, estou muito contente com o título".


Motovelocidade: adrenalina para quem gosta de correr
Foto: Leonardo Zanotti, publicada com a matéria

Bruno, sonho de um dia chegar à Fórmula-1

Giselle Pimentel

Influenciado pelo pai, um apaixonado por esportes de velocidade, o corredor de kart santista, Bruno Miranda, já conhece o sabor da vitória com apenas 15 anos de idade.

O jovem sentou-se em um kart pela primeira vez aos 12 anos apenas para se divertir, no extinto "Kart Indoor", em Santos. Desde então se apaixonou pela velocidade e não parou mais.

Hoje se tornou um atleta conhecido na Cidade e está participando neste ano do seu primeiro campeonato profissional, apesar de já possuir inúmeros troféus nas estantes de sua casa, fruto de competições menores.

Atualmente, na classificação geral, está na liderança na categoria Graduados do Paulista no Interior. O campeonato está acontecendo em Cubatão e o piloto tem grandes chances de obter o título de campeão.

Bruno diz que sua paixão não é por acaso. Ele acredita ter sido influenciado pelo pai, que desde a adolescência já era convidado para competições, entre elas a Fórmula Ford.

O jovem conta que no próximo ano irá tentar uma vitória no campeonato Brasileiro. "Minha meta é um dia correr na Fórmula 1, como um dos integrantes da equipe da Ferrari".

Miranda, assim como a maioria dos esportistas em início de carreira, tem vários ídolos. Um deles é o piloto brasileiro Ayrton Senna, mas atualmente admira o estilo do corredor Michael Schumacher e completa: "Acredito no meu potencial e com a ajuda de Deus e da minha família eu vou chegar lá".


Bruno Miranda conhece o sabor da vitória aos 15 anos de idade
Foto: Giselle Pimentel, publicada com a matéria

O custo do "Pai...trocínio"

Carla Farnesi

Pai...trocínio. Essa palavra não existe no dicionário da língua portuguesa, mas no caso do corredor de kart santista, Bruno Miranda, este é o termo que melhor representa os grandes patrocinadores da sua equipe. Afinal, das cinco empresas que dão auxílio financeiro para suas corridas (ServLoja, Meta, Habita, Consulcred e Hawaí), as três primeiras pertencem ao seu pai, o empresário Antônio Pinto de Miranda. Além dessas empresas, a Rádio Cultura apóia na parte da divulgação dos campeonatos em que Bruno compete.

De acordo com Antônio, o custo para os campeonatos regionais gira em torno de R$ 1.500,00 mensais, gastos no pagamento da equipe, dos treinos e da manutenção dos dois carros e dos seis motores que o corredor possui.

Este valor é diferente quando os campeonatos acontecem em cidades do interior do Estado, aumentando para, em média, R$ 2.500,00, devido aos custos das viagens, hospedagem (para a equipe, inclusive, que conta com dois mecânicos e três auxiliares) e transporte dos equipamentos. Retorno financeiro? "Isto será a longo prazo", acredita.

Tendo como função chefe de equipe, o "paitrocinador" está presente em todas as corridas e tem grandes responsabilidades, como a de verificar os equipamentos, substituí-los em caso de danificações, reservar hotel para a equipe, fazer inscrições nos campeonatos, acompanhar as modificações do regulamento oficial desta categoria, denunciar as equipes irregulares e assim por diante, além de manter sempre um bom clima no box, onde sempre está tocando o hino do Corinthians, "já que Ayrton Senna era corinthiano e é o ídolo de Bruno".

Único na região, kartódromo abre nos finais de semana

Eliane Antunes

Antes do kartódromo de Cubatão existir, todos os torneios da região eram realizados na rua. Em 1991, foi inaugurado o único kartódromo da Baixada santista, com uma pista de 480 metros.

Agora, o kartódromo está gerando descontentamento entre as associações de kart da região. Inaugurado na última gestão do atual prefeito da Cidade, Nei Eduardo Serra, o local tinha como administrador o presidente do Kart Clube de Cubatão, Reginero Amorim da Silva. Foi através do Kartódromo que o Kart Clube Cubatão foi federado à FASP (Federação de Automobilismo de São Paulo).

Segundo Amorim, na gestão do ex-prefeito José Oswaldo Passarelli, o Cubatão Kart Clube perdeu o direito de gerenciar a pista. Seis meses antes de acabar seu mandato em 1995, ele deu esta oportunidade para a Associação de Pilotos de Kart da Baixada Santista (APKBS).

Com o novo mandato do prefeito Nei Serra, o kartódromo voltou a ser da Prefeitura e até hoje, apenas funcionários públicos gerenciam o local. Durante a semana este serve de estacionamento para os servidores municipais. Já os kartistas podem treinar nos finais de semana com a autorização dos administradores.

Amorim explica ainda que pretende solicitar a gerência do kartódromo, mas lamenta por não ter mais oportunidade de organizar eventos no local.

Atualmente apenas a Associação de Pilotos tem feito torneios.

O vice-presidente da APKBS, Paulo Paiva, garante que Amorim foi convidado a participar da organização dos torneios que são realizados em Cubatão, mas este não aceitou. Para Paiva, juntas as entidades poderiam desenvolver um bom trabalho na escolinha de kart.

A pista do Kartódromo de Cubatão não pode ser utilizada para outros esportes automobilísticos. Além disso, outro fator que dificulta a realização de torneios é a falta de uma arquibancada para os espectadores. Mas os patrocinadores dos eventos estão tentando juntar verba para a construção de uma arquibancada no local sem que seja necessário solicitar à Prefeitura.


Ausência de arquibancadas desestimula a presença de torcedores
Foto: Leonardo Zanotti, publicada com a matéria

Associação de pilotos tem 300 sócios

Renata Passos

Criada em 1994, a Associação de Pilotos de Kart da Baixada Santista possui hoje cerca de 300 pessoas catalogadas, sendo 92 da região e os demais da Capital e do ABC.

O principal evento realizado pela entidade é a Copa de Kart Cidade de Cubatão, dividida em seis categorias: Batom (para mulheres), Júnior, Novatos, Graduados, Senior e Super Senior.

Em sua terceira edição, a Copa contou com a participação de 35 corredores. Para que aconteçam as provas são necessários combustível, ambulância e prêmios em troféus que somam um custo total entre R$ 5 e 6 mil. "O kart é um esporte caro", declara o vice-presidente da entidade, Paulo Paiva.

Quando questionado se só quem tem dinheiro pratica o esporte, Paiva declara que "existem os que investem muito, mas outros corredores vão ao kartódromo só para se divertir".

Segundo o kartista, falta um certo profissionalismo na atividade. Por escassez de tempo, as pessoas não se dedicam aos treinos e por isso não há retorno.

Mesmo assim, para Paiva, "Santos é uma cidade de destaque na categoria". Ele diz que se o esporte tivesse mais apoio da sociedade, com um maior número de patrocinadores e um kartódromo melhor, a região poderia ter ainda mais sucesso.

Apesar de ser o menor carro de corrida e possuir somente uma marcha, o kart parece fascinar o corredor. "Este é um esporte bonito, emocionante e precisa de muita dedicação", finaliza.

Jornalista pilotou carros de equipes famosas

Carolina Mesquita

Santos também tem seu passado nas pistas de corrida. Sérgio Apparecido, atual editor do Caderno Jornal Motor de A Tribuna, participou de vários rallyes e pilotou carros de inúmeras equipes.

Repórter especializado em automóveis, começou a freqüentar pistas de Fórmula 1, onde fez grandes amizades, e começaram a surgir convites para correr. "Capacete, macacão, luva e nada de fazer loucura porque o carro não era meu", relembra Sérgio, que começou na década de 60 com um Gordini Willis.

Em 1971 correu no Ford Willis Rallye da Integração Nacional, que teve a largada em Fortaleza e chegada no Chuí. Em 1973, no Rallye das Flores; depois, correu no Stock Car da Ford e recentemente no Rallye 2004-A Tribuna. Mas, com tantas experiências, será que ele obteve algum troféu? Sérgio responde que sim e acrescenta:

"Ganhei troféus, mas que não valem nada. Ficam escuros e inclusive o meu do Rallye das Flores se transformou em lixeira". Ele acrescenta que corria por "prazer e adrenalina e não para ganhar títulos".

Atualmente, Sérgio Apparecido testa automóveis de todas as fábricas e tem no currículo pilotagem esportiva e direção defensiva que ajuda em suas "corridinhas". Ele conta o caso curioso de um Kadett que testou na estrada Rio-Santos. "O vento estava a favor do carro na ida, mas na volta o vento estava contra o carro e eu estava "mandando bala". Aí, passei por um buraco e o carro foi rabeando até a roda estourar".