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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO
Uma falha geológica sob a cidade

Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) descobriu em 1987 a Falha Cubatão

Não significa que haverá necessariamente um terremoto em Cubatão, mas apenas que devem ser adotados cuidados maiores na construção de uma hidrelétrica, por exemplo. Essa é a importância da revelação de que Cubatão está situada sobre uma falha geológica que ganhou seu nome e foi descoberta em 1987. Uma explicação gráfica do fenômeno é dada pelo professor e geógrafo Cesar Cunha Ferreira, de Cubatão, nestas imagens preparadas especialmente para Novo Milênio em 2005:



A Falha Cubatão é uma das cerca de 50 encontradas no território brasileiro, como explica o caderno Ciência & Meio-Ambiente do jornal santista A Tribuna, na edição de 20 de janeiro de 2003:


Arte de Leandro Rodrigues publicada com a matéria

Pesquisadores acabam de mapear o Brasil, identificando 48 zonas geologicamente instáveis, uma delas aqui na Baixada Santista

Vivemos sobre um planeta em constante movimentação. A crosta terrestre, o chão em que pisamos, não é nem de longe algo firme e imutável como muitos pensam. Vivemos, na verdade, sobre um enorme quebra-cabeças, nas quais as peças são partes do solo que se atritam constantemente.

Segundo os mais recentes cálculos, estima-se que a Terra seja sacudida diariamente por vários tremores causados por esse atrito. A grande maioria até passa despercebida, mas alguns são capazes de produzir dezenas de milhares de vítimas.

Abençoado - Esses tremores são resultado de uma série de fatores que, conjugados, dão origem aos temidos terremotos. O Brasil, como muitos se acostumaram a dizer, sempre foi considerado um lugar abençoado, onde esses fenômenos, mesmo os mais imperceptíveis, raramente acontecem. Mas não é bem assim.

Um dos maiores tremores já ocorridos no País aconteceu na região do estado do Mato Grosso, em 1955, atingindo 6,6 graus na escala Richter. Não há registro de vítimas.

Só para você ter uma idéia, em 1967, na Índia, um tremor com magnitude 6,4 matou 177 pessoas e deixou 2.300 feridos. Em 1998, 25 mil pessoas morreram e outras 18 mil ficaram feridas quando uma região da Rússia sofreu um abalo de 6,9 graus na escala Richter.

Qual a diferença entre essas catástrofes? Características do solo, da paisagem, ocupação humana, cursos d'água e diversos outros fatores, tais como a existência de falhas geológicas.

Cubatão - Foram essas falhas que um grupo de pesquisadores, após quatro anos de trabalhos, conseguiu identificar no Brasil. Ao todo, por enquanto, são 48 falhas, mas o número deve aumentar.

E uma dessas falhas passa justamente pelo município de Cubatão. Mas calma lá! Ninguém precisa sair correndo nem ficar alarmado.

A simples existência da falha - descoberta em 1987 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), num trabalho do professor Mário Sérgio de Melo -, desprovida de outras características, não significa, necessariamente, que a região será atingida por um tremor.

Tecnicamente, a falha Cubatão, nome dado pelo professor Allaoua Saadi, coordenador dos trabalhos pela Universidade Federal de Minas Gerais, é uma zona de cisalhamento.

Imagine um pedaço de queijo. Faça corte inclinado nele. Caso você empurre os dois pedaços, um contra o outro, o corte inclinado fará com que uma das partes suba, se projete sobre o outro pedaço. Isso é uma zona de cisalhamento.

Nela, com o atrito, as rochas vão se desgastando. Esse processo, ao longo de milhares de anos, poderá alterar completamente as características geográficas de nossa região.

Portanto, conhecer essas falhas permite antecipar problemas. No caso do Brasil, o novo Mapa Neotectônico (nome da pesquisa) servirá para a elaboração de estudos que irão indicar, por exemplo, se uma área pode ou não ser utilizada para a construção de uma hidroelétrica.

Porque isso é necessário? Bom, é isso [que] você vai saber nesta edição. Fique firme e venha conosco.


Arte de Leandro Rodrigues publicada com a matéria

caso  Cubatão e
 Sidney

Em Sidney, reator nuclear pode ser construído sobre uma falha geológica

Em junho do ano passado (N.E.:2002), cientistas australianos localizaram uma falha geológica próximo a Sidney, uma cidade com quase 4 milhões de habitantes. A descoberta, em si, teria uma importância restrita ao mundo científico, não fosse um pequeno detalhe: a falha estava localizada debaixo do local em que seria construído um reator nuclear de US$ 171 milhões.

Falhas geológicas, como a Falha Cubatão, são fraturas na crosta terrestre e são produzidas pelas mesmas forças que acabam criando as cadeias de montanhas. Tais fraturas caracterizam-se pela formação de um desnível no terreno da região, que fica em uma parte elevada e em outra rebaixada.

Pânico - Citamos o recente exemplo australiano para demonstrar que a existência de uma falha não pressupõe pânico ou qualquer outra atitude por parte da população.

"O risco de uma falha é o mesmo de uma catástrofe climática. Mas não é um risco cotidiano e nem significa que tenhamos certeza que venha a ser violento", salienta o professor Allaoua Saadi. Tanto é verdade que os técnicos australianos não descartam a construção da usina no local pré-determinado.

"Temos de avaliar a falha geológica a fim de determinar sua extensão e descobrir sua idade. Quando tivermos um relatório final, seremos capazes de decidir sobre o local adequado. A falha, por si só, não significa automaticamente que o local seja inadequado", declarou Don MacNab, diretor da Agência de Proteção de Radiação e Segurança Nuclear da Austrália.

400 mil - Segundo o professor Saadi, a Falha Cubatão, segundo estudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), esteve comprovadamente ativa entre 400 mil e 10 mil anos atrás.

"Atualmente, a falha Cubatão pode até estar se movimentando, mas não temos estudos que permitam uma avaliação mais recente. Além disso, fatores como a erosão, por exemplo, mascaram eventuais efeitos", explica o geomorfólogo.

Para determinar as características de movimentação de uma falha são realizados diversos testes, que em média custam cerca de US$ 300,00 e, para serem reconhecidos pela comunidade científica internacional, devem ser feitos por laboratórios estrangeiros.

"Quanto mais recentes forem as movimentações de uma falha, mais fácil a ligação com probabilidades mais altas de movimentações no futuro. Isso significaria que ela não está estabilizada, e sujeita a tensões", diz Saadi.

No futuro, o professor Saadi [e] sua equipe de colaboradores esperam ter verba para aprofundar os estudos, avançar na análise das falhas mestras, como a de Cubatão, e estudar mais detalhadamente as falhas secundárias.

"Para isso, esperamos convencer as autoridades para a importância do trabalho. Essa primeira etapa já demonstrou os locais onde se deveria investir em pesquisas. Estamos em cima de uma crosta viva, que precisa ser monitorada", afirma Saadi.

Os grandes terremotos do século 20

Foto publicada com a matéria

Ano

Local

Graus*

Mortos

1908

Messina (Itália)

7,5

100 mil

1920

Gansu (China)

8,6

200 mil

1922

Gansu (China)

7,6

70 mil

1923

Yokohama (Japão)

8,3

143 mil

1927

Xining (China)

8,3

200 mil

1935

Quetta (Paquistão)

7,5

60 mil

1948

Ashgabat (Turcomenistão)

7,3

110 mil

1970

Peru

7,8

65 mil

1976

Tangshan (China)

8,0

255 mil

1990

Irã

7,7

50 mil

           * Richter

Onde nascem os terremotos

Mapa neotectônico do Brasil irá compor atlas mundial

"Não existem locais estáveis. Tudo está se movendo". A frase é do pesquisador Alloua Saadi, responsável pelo primeiro mapa neotectônico do Brasil, identificando as 48 falhas mestras (principais) que cortam o solo do País.

Trata-se de um trabalho que ainda irá proporcionar muitas surpresas. Pouco se sabe, por exemplo, sobre as falhas secundárias. E mesmo o número de falhas mestras, segundo os especialistas, deve aumentar em breve.

É que, diferente de outros países, com histórico de catástrofes por terremotos, registros confiáveis desses fenômenos no Brasil "não ultrapassam os 50, 60 anos", lamenta Saadi.

Epicentro - Nesse pouquíssimo tempo de pesquisa, se comparado com nações como França, Japão ou China (veja quadro acima), encontram-se vários dados recentes.

Em maio de 2000, por exemplo, a cidade de São Paulo sofreu um abalo cujo epicentro, o seu ponto de intensidade máxima, originou-se no Sul da Argentina.

Em novembro do mesmo ano, um tremor de 3,7 graus na escala Richter atingiu o Distrito Federal. Neste último caso, o tremor foi conseqüência do desabamento de uma caverna subterrânea, uma característica peculiar ao solo daquela região, de acordo com os geólogos da Universidade de Brasília.

Energia - Essas diferenças espalhadas pelo território nacional são um enorme desafio, principalmente para grandes obras, como as usinas de geração de energia que o País tanto necessita.

As hidroelétricas, por exemplo, são feitas sobre o leito de grandes rios. E a maioria desses rios cria seus leitos ao longo das falhas geológicas. Nessas zonas frágeis, o peso do lago artificial da usina cria uma tensão extra no solo, podendo intensificar um problema que eventualmente só ocorreria daqui a centenas ou milhares de anos.

Ocorre que nos próximos dez anos, segundo projeções do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o País prevê construir 98 usinas hidroelétricas e 23 termoelétricas. Por isso, o mapa do professor Saadi, que contou com a colaboração de diversos cientistas, é tão importante para um País do tamanho do Brasil - que também no aspecto geológico apresenta a sua característica diversidade.

Dragões - E esse constante aumento no consumo mundial de recursos naturais, frente ao desconhecimento que ainda se tem da dinâmica de uma temperamental crosta terrestre, fez surgir um projeto mundial em 1980. Trata-se do Programa Internacional da Litosfera, coordenado, no Brasil, pela equipe chefiada por Saadi.

Desde 1996, eles traçam uma realidade pouco conhecida, que permitiu ao País integrar o mapa-múndi da Litosfera. O objetivo do Programa é um sonho muito antigo: saber onde nascem os terremotos, a tempo de evitar vítimas.

No período da Dinastia Han, há cerca de 2.000 anos, os chineses, escaldados por violentos sismos, criaram uma espécie de sismógrafo, cuja versão moderna detecta as ondas de choque provocadas por tremores.

No caso chinês, era um grande vaso adornado por dragões de bronze, com argolas levemente equilibradas em suas bocas. O barulho produzido pela queda dessas argolas metálicas gerava um som que alertava as pessoas.

Sem dúvida, estamos avançando, mas há muitas questões sem resposta, sujeitas ainda hoje, em muitas situações, aos poderes de previsão dos dragões de bronze da China.

Para saber mais: cada uma das falhas catalogadas pela equipe do professor Saadi está disponível para consulta no site do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais.

Escala Richter

Foto publicada com a matéria

Para cobrir todos os tamanhos de terremotos, desde os micro-tremores até os grandes terremotos com magnitudes superiores a 8.0, foi idealizada por Charles Richter (1900-1985) uma escala que hoje leva seu nome.

O maior terremoto já registrado teve magnitude 9,2, e especula-se que as rochas da litosfera (a crosta terrestre) dificilmente conseguirão acumular energia suficiente para gerar um terremoto de magnitude muito maior do que este valor.

Existem outras escalas de magnitude que permitem aos pesquisadores melhor identificar a energia liberada por um abalo sísmico, mas elas normalmente têm utilização restrita aos meios científicos.

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Enquanto o mapa com as 48 falhas mestras localizadas no território brasileiro está sendo finalizado, mostramos aqui uma das características mais marcantes sobre o chão que pisamos. A litosfera, que é uma espécie de assoalho do planeta, apresenta-se dividida em várias placas (as principais estão assinaladas no mapa), mais ou menos como cacos de cerâmica não-cimentados. Denominadas placas tectônicas, elas se deslocam com freqüência devido a forças existentes no interior da Terra.

Colossal - Por exemplo: há uns 60 milhões de anos atrás, a placa Indo-Australiana (sobre a qual se encontra a Índia) começou a colidir com a placa Eurasiana (onde estão a Europa e a Rússia). Essas colisões ocorrem de forma extremamente lenta (o movimento é de 1 a 2 cm por ano), mas são capazes de acumular descomunais quantidades de energia. Nas bordas das placas, onde ocorre a maior parte desse acúmulo, o solo é empurrado para cima, formando montanhas e cordilheiras.

Everest - É exatamente na junção entre as placas Indo-Australiana e Eurasiana, na fronteira Norte da Índia, que se forma o Himalaia e as maiores montanhas do mundo, como o Everest (que continuam crescendo, em média, cerca de 5 milímetros por ano).

Por aí se tem uma idéia das colossais forças envolvidas na colisão das placas, origem de aproximadamente 90% dos terremotos. É o caso de um grande tremor que aconteceu recentemente, o de São Salvador, na América Central, localizado na zona de colisão entre as placas do Atlântico (sobre a qual estão as três Américas) e a do Pacífico. Essa linha percorre toda a costa da América banhada pelo Pacífico, gerando acidentes geográficos como as Montanhas Rochosas e os Andes, que também estão entre as cadeias mais altas do mundo depois do Himalaia. As regiões que ficam ao longo dessas falhas, como os estados norte-americanos do Alasca e Califórnia; México, Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Peru e Chile, têm recebido ao longo dos tempos os mais devastadores terremotos de que se tem registro.

Brasil - O Brasil, Argentina e Uruguai, e a costa Leste dos EUA têm fraca atividade sísmica justamente porque estão localizados no meio da placa do Atlântico, cuja borda Leste fica enterrada bem no meio do Oceano Atlântico.

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