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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - Poluição - Lenda
O vale da morte e da vida (17-F)

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Matéria publicada no jornal santista A Tribuna, na página 8 do caderno especial Ecologia sobre a Conferência Rio-92, em 3 de junho de 1992:


Menos fumaça nas indústrias de Cubatão

Foto: João Vieira Jr., publicada com a matéria

Cubatão consegue provar que o "Dia de São Nunca" existe

Manuel Alves Fernandes
Da Sucursal de Cubatão

Cubatão chega ao Rio de Janeiro, a partir de hoje, para participar da Eco-92 ostentando um invejável cartel – se comparado com as cidades do México e Santiago, tidas como as mais poluídas do mundo: identificou 320 fontes de poluição, mantém sob controle 90% delas desde 1990, e chegará a 99% do controle desses afluentes, a partir de agosto, com a utilização do gás do Poço de Merluza.

O gerente-regional da Cetesb, Sérgio Alejandro, considera este feito notável: "Em cinco anos, fizemos o que muitos países do primeiro mundo levaram mais tempo para fazer, e gastaram mais dinheiro. Mas o mais interessante, e que precisa ser dito, é que Cubatão provou que existe o Dia de São Nunca. Cansei de ouvir dizer que a Vila Parisi, internacionalmente conhecida como Vale da Morte, só acabaria no Dia de São Nunca".

O desafio da Vila Parisi, que de Vale da Morte passa agora a ser chamada de Centro Empresarial Vale da Vila (N.E.: SIC: correto é Vale da Vida), foi vencido no dia 24 de maio, cinco dias depois deo Banco Mundial, em relatório sobre os valores que aplica para o controle ambiental, ter citado a Cidade como exemplo de combate à poluição.

Saneamento – O prefeito Nei Serra vai usar esse trunfo para pleitear oficialmente, com o apoio da Fundação Brasileira de Conservação da Natureza, recursos do Banco Mundial para concluir as obras de implantação da rede de esgotos na Cidade.

"Já implantamos 60% da rede de esgotos, mas precisamos de ajuda para construir o restante do sistema, beneficiando bairros do Jardim Casqueiro, Jardim Nova República e Ilha Caraguatá". O prefeito assinala que, como resultado, em 1992 já se registrou a menor taxa de mortalidade infantil da história da Cidade.

Os recursos também serão usados para aterrar a Vila dos Pescadores e prosseguir no plantio de árvores. Esse programa, em andamento há dois anos, permitiu a criação de dez parques ecológicos e levou às escolas municipais a valorização da mentalidade de preservação da natureza.

Não governamentais – Serra viajou no dia 1º para o Rio de Janeiro e vai participar dos debates do Fórum de Entidades não Governamentais. Nesse recinto, será armado – segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Raul Christiano Sanchez – um stand com painéis sobre a Cidade e exibido um vídeo sobre as conquistas no campo ecológico. No dia 5, o prefeito retorna à Cidade, para participar das comemorações do Dia do Meio Ambiente, inaugurando o jardim da Vila São José.

O prefeito também aproveitará para lançar no Rio de Janeiro o Concurso Nacional de Jornalismo – Prêmio Cubatão de Imprensa, e falar a respeito do 1º Código Municipal de Meio Ambiente, que possibilita à Prefeitura fiscalizar as indústrias.

Passado – O presidente da Câmara, Manoel Ubirajara Pinheiro Machado (PDT), lembra que antes de 1984 a população respirava 236,6 toneladas de poeira por dia. E mais: 2,6 toneladas de fluoretos; 8,7 toneladas de amônia; 61 toneladas de óxido de nitrogênio e 78,3 toneladas de dióxido de enxofre, por dia.

As indústrias de Cubatão, conforme Walter de Oliveira, diretor da Delegacia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, gastaram cerca de 450 milhões de dólares para reduzir o lançamento de poluentes aos níveis recomendados pela Organização das Nações Unidas.

Ilhas de calor – O ex-vereador Florivaldo de Oliveira Cajé ainda suspeita que, sobre Cubatão, haja duas imensas ilhas de calor (uma no vale do Rio Moji, onde fica a Cosipa, e outra no Vale do Rio Cubatão). Segundo informes da Cetesb, na década de 80 essas ilhas contribuíram para danificar a camada de ozônio.
Já o vereador Romeu Magalhães (PDC) cobra mais providências dos industriais: quer a remoção rápida de resíduos químicos ainda existentes nas margens do Rio Cubatão, perto do antigo lixão da Prefeitura, em Pilões. E lembra que mais de deois mil leucopênicos esperam uma solução para os seus males, causados pela coqueria da Cosipa.

Da mesma forma, o curador de Meio Ambiente da Comarca, Pablo Greco, exerce severa vigilância para impedir que, por falta de manutenção, ocorram recaídas no
Programa de controle, como vem acontecendo com os repetidos acidentes na Refinaria Presidente Bernardes.

Essa vigilância será redobrada com a aprovação do 1º Código Municipal de Meio Ambiente. A Prefeitura poderá entrar nas indústrias, e, a exemplo do que faz a Cetesb, multá-las e até interditá-las, se não respeitarem a legislação.


Imagem: reprodução parcial da página com a matéria

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