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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO: BILLINGS & BORDEN
Com a crise energética, o retorno

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A hidrelétrica quase desativada foi em 2007 apontada como uma das soluções para diminuir a carência de energia elétrica no País. O fato foi registrado na edição de 10 de novembro de 2007 do jornal santista A Tribuna (página A-11):


A hidrelétrica estava com a produção reduzida desde 1994, e ampliou a sua geração de energia devido à necessidade do mercado consumidor
Foto: Raimundo Rosa, publicada com a matéria

LUZ
Crise força volta da Henry Borden

Hidrelétrica é apontada por especialista como a melhor alternativa da região para enfrentar a baixa produção de energia

Da Redação

A Usina hidrelétrica Henry Borden voltou a funcionar com geração alta (entre 600 e 800 MW) todos os dias das 19 às 21 horas. O procedimento foi necessário para o atendimento da ponta de carga do Sistema Elétrico Brasileiro (entre 19 e 21  horas), diante da falta de chuvas no interior do País.

A hidrelétrica estava com a produção reduzida desde 1994, porque há restrições ao uso das águas da Represa Billings para operar a usina.

O uso da hidrelétrica a plena carga vem sendo defendido pelos dirigentes do pólo de Cubatão e, segundo técnicos do setor, ainda é a melhor alternativa para enfrentar uma eventual crise energética na região, provocada pela falta de gás natural em quantidade suficiente para atender às necessidades do pólo industrial.

"A operação da Henry Borden deve ser estimulada preventivamente como a melhor alternativa de geração de energia diante da constatação de que o gás extraído no País ainda é insuficiente para atender a termoelétricas, indústrias, residências e automóveis", afirma o engenheiro mecânico Jorge Sérgio Moreiras, especialista em gasodutos.

Poluição - Embora tenha condições de gerar 889 megaWats a plena carga, atender ao pólo industrial, Baixada Santista e parte da Grande São Paulo, o regime regular de operação continua sendo submetido às determinações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em função das necessidades elétricas momentâneas do Sistema Elétrico Interligado Nacional (SIN).

Por determinação de um dispositivo da Constituição do Estado, a usina só pode utilizar um volume maior de águas da Represa Billings para gerar eletricidade se o Governo do Estado conseguir despoluir as águas dos rios Pinheiros e Tietê. Ou então, em situações de emergência, utilizar essas águas durante as cheias de verão, para impedir inundações na Capital, quando o reservatório fica com volume de água acima do recomendável.

Até 1994 essas águas revertiam para a Represa Billings, enchendo o reservatório e permitindo que a usina utilizasse até um volume de 50 m³ por segundo para gerar energia a plena carga.

Com a proibição, a usina passou a utilizar volumes menores de água para gerar energia. E está condicionada à despoluição das águas da represa (que vem sendo testada com a execução de um projeto chamado de flotação) para voltar a operar a plena carga.

Flotação - Mesmo assim, a Henry Borden ainda é considerada pela Emae um dos mais importantes recursos do País para garantir a segurança e a confiabilidade do suprimento de energia às regiões metropolitanas de São Paulo e Baixada Santista.

Com a retomada sistemática do bombeamento, que será possível a partir da recuperação das águas do Pinheiros e de seu enquadramento nos parâmetros determinados pela Resolução Conama nº 20/86, será adicionado ao reservatório uma vazão de 50 m³/s. Isso proporciona o aumento na capacidade de geração de energia de 298 megawats que, somados à geração atual, possibilitarão a geração média de 406 megawats.

Mas essa recuperação depende do sucesso do projeto do sistema de flotação iniciado pela Secretaria Estadual de Meio-Ambiente no Governo Alckmin e, atualmente, conduzido pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos. Segundo a Emae, esse sistema "ainda não ofereceu dados consistentes que permitam aferir os resultados de forma definitiva".

Os primeiros dois meses de funcionamento foram consumidos em ajustes dos equipamentos e correções de características de projeto. O sistema de flotação atualmente implantado permite a vazão máxima de 10 metros cúbicos por segundo, do Rio Pinheiros para a Represa Billings. Não há possibilidade, ainda, de bombeamento de volumes maiores.

Frase

"A operação da Henry Borden deve ser estimulada preventivamente como a melhor alternativa de geração de energia diante da constatação de que o gás extraído no País ainda é insuficiente"

Jorge Sérgio Moreiras, engenheiro mecânico

ENTREVISTA

Jorge Sérgio Moreiras - engenheiro mecânico

"O cenário que se apresenta não é nada promissor para a Baixada Santista"

Por Manuel Alves Fernandes

Engenheiro mecânico com especialização em Engenharia de Saúde Pública e Ocupacional, Jorge Sérgio Moreiras adverte: a crise no abastecimento de gás, confirmada pelo Governo Federal em outubro, deverá chegar à Baixada Santista em pouco tempo, afetando a geração de energia elétrica e, também, os investimentos feitos pela Comgás em Santos na instalação de gás natural para uso residencial e utilização veicular.

Na última semana de outubro, iniciou-se um racionamento de gás natural imposto pela Petrobrás, por causa da demanda do setor energético brasileiro. A empresa decidiu priorizar o fornecimento de gás para alimentar usinas termelétricas.

"A metáfora do cobertor curto define bem o cenário atual. Não há gás suficiente para atender o setor elétrico e a indústria ao mesmo tempo. A situação ficou pior após a nacionalização do setor de petróleo na Bolívia, que inviabilizou a expansão do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Devemos ficar alertas para esse problema". uma das alternativas para enfrentar essa crise seria a utilização, a curto prazo, da Usina Henry Borden. Moreiras trabalhou na construção de gasodutos para a Petrobrás e Comgás e deu assessoria para a Secretaria Estadual do Meio-Ambiente.

Qual a principal preocupação?

Na região, além do consumo industrial, está sendo implantado um sistema de gasodutos de gás natural para uso residencial. E, também, uma termelétrica da Petrobrás, que vai gerar 250 MW na Refinaria Presidente Bernardes Cubatão. os moradores da região deverão efetuar também investimentos para viabilizar o uso do gás natural, como adaptação dos bicos do fogão, aquisição de aquecedores e, em muitos casos, a construção das redes internas, que poderão revelar-se prejudiciais no primeiro momento. Basta ver o que acontece neste momento com os proprietários de veículos, notadamente os taxistas, na adaptação dos motores e compra de cilindros.

O que pode acontecer?

Estamos prestes a enfrentar uma nova crise de energia, diante do crescimento da produção industrial e da constatação de que o gás extraído no País ainda é insuficiente para atender as termelétricas já instaladas e às em construção, como a de Cubatão. E, também, indústrias, residências e automóveis. Esta situação deverá ser encarada de maneira firme por todos os segmentos da Baixada Santista.

Qual a produção atual de gás?

A produção regional é da ordem de 1.000.000 Nm³/dia, uma quantidade que estará comprometida apenas com o funcionamento da futura usina termelétrica que está sendo construída em Cubatão. As demais fontes supridoras são as da Bolívia e Rio de Janeiro.

Como isso ocorreria?

Acontecendo, em um futuro próximo, novo desequilíbrio, o cenário que se apresenta para a Baixada Santista não é nada promissor. Estamos localizados na ponta da rede das fontes de suprimento. O gasoduto Brasil-Bolívia distribui gás desde o Mato Grosso, e prossegue no atendimento de todo o Estado de São Paulo, derivando em dois ramais. O ramal de Guararema se interliga ao duto oriundo do Rio de Janeiro e ambos abastecem a região metropolitana de São Paulo. Com esta descrição fica patente que apenas "as sobras" poderão chegar até nós. A falta de gás para alimentar todos os projetos brasileiros deverá perdurar por alguns anos até ocorrer a auto-suficiência na produção nacional. Se tudo correr bem, o que é raro, somente na segunda metade da próxima década estará resolvido.

Quais as soluções?

Duas alternativas existem para eliminar tal situação em nossa região. A primeira corresponde à instalação de uma unidade de regaseificação, na área portuária. A partir dessa unidade, o Gás Natural Liquefeito (GNL) seria transferido para a malha dutoviária, atendendo a Baixada e podendo suprir a Capital, com a inversão do fluxo dos dutos da Comgás instalados no Pipe Way da Emae. Unidades de GNL, semelhantes a essa, já vêm sendo implantadas pela Petrobrás em outros portos.

E a segunda?

A segunda alternativa seria a de promover a retomada da geração de energia elétrica através da Usina Henry Borden. As implicações ambientais de lançamento das águas do Canal Pinheiros para a Billings estão praticamente superadas e a Emae vem procedendo à transferência da vazão natural do Rio Pinheiros, superior a 10 metros cúbicos por segundo e, por conseqüência, aumentando a disponibilidade hídrica, permitindo maior produção de energia elétrica, sem perdas, possibilitando um fornecimento firme e autônomo sem riscos de apagões. Como ganho adicional correrá uma oferta ilimitada de água para toda a região, além da total eliminação da intrusão salina, possibilitando uma sensível redução de custos para as empresas.


Jorge Sérgio Moreiras
Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria

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