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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática
do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 2 de dezembro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 12/04/00 04:34:12

HISTÓRIA DO COMPUTADOR - 21 - O futuro que vem aí
Uma decisão em cada olhar
(e o mouse vai para o museu)
Nem uma espiada furtiva escapa à percepção do computador...

Mais rápido do que se espera, a substituição do mouse por equipamentos controláveis pela mente ou por outras áreas do corpo humano (como os olhos) começa a ocorrer. Há poucos dias [N.E.: em novembro de 1997], uma empresa japonesa anunciou que em 1988 estará disponível no mercado um controle remoto (de televisão e outros aparelhos) que utiliza essas novas tecnologias.

Imagem na capa da tese dinamarquesa

Esta série de artigos já mostrou o estágio atual das pesquisas quanto ao controle mental de computadores. Outra forma de se controlar equipamentos com sinais biológicos depende de um fenômeno elétrico completamente diferente das ondas mentais: o potencial corneal-retinal dos olhos.

A retina apresenta uma voltagem negativa comparada com a córnea, ou seja, o olho funciona como uma bateria. Circuitos eletrônicos podem detectar essas mínimas flutuações de voltagem que surgem quando os olhos se voltam para uma direção. Esses impulsos são chamados de sinais  eletro-oculográficos (electro-oculographic signal, ou EOG). A medição desses sinais já servia há décadas como bom indicador dos movimentos dos olhos em diversas pesquisas. Em 1953, por exemplo, Nathaniel Kleitman na Universidade de Chicago e Eugene Aserinsky no Jefferson Medical College em Philadelphia (EUA) usaram gravações EOG para documentar os movimentos dos olhos durante o sono (os chamados movimentos oculares rápidos ou REM).

No final da década passada, verificou-se que as voltagens EOG variam proporcionalmente com as rotações do globo ocular até cerca de 30 graus do centro. Nos anos 90, diversos grupos de pesquisadores reportaram sucesso no uso desse método para mover um cursor de computador. Ainda assim, os céticos continuam a crer que o "ruído" (na forma de mudanças graduais na voltagem através dos eletrodos – o electrode drift) deve tornar este sistema impraticável para qualquer outra coisa diferente de uma demonstração de laboratório.

Porém, já se pesquisa o uso nos sinais oculares do mesmo método usado para os musculares, ampliando e digitalizando as voltagens obtidas por diversos eletrodos (um par serve para detectar movimentos verticais e outro par serve para os horizontais), empregando a chamada lógica fuzzy para distinguir os verdadeiros movimentos do electrode drift.

A esse respeito, está na Internet a tese defendida por Arne John Glenstrup e Theo Engell-Nielsen, do Laboratório de Psicologia da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, destacando as possibilidades de se controlar a quantidade e as zonas de interesse de uma pessoa ao ver um filme. O tema também é alvo de estudos pelo cientista Erich E. Sutter, que tem página Web sobre "Estudos topográficos da função retinal através de respostas bioelétricas".