Um mercado que pode chegar a mais de US$ 100 milhões em poucos anos e onde a pirataria não tem vez. Esses foram os principais fatores que levaram a Tec Toy, tradicional fabricante nacional de videojogos, a investir nos jogos para celular. A Tec Toy Mobile, fruto de uma parceria da Tec Toy com a Level Up!, começa suas operações com parceiros de peso e pretende atingir a liderança nesse segmento já em 2007.

De acordo com a Price Waterhouse Coopers e a International Data Corporation (IDC), o mercado de jogos para celular nos Estados Unidos movimentou US$ 600 milhões em 2005 e estima-se que chegue a US$ 1 bilhão neste ano e a US$ 2 bilhões em 2009.

No Brasil, as cifras são menores, mas igualmente expressivas: a estimativa é que o mercado nacional corresponda a 5% do norte-americano no ano passado, representando um faturamento de US$ 30 milhões em 2006. "Com certeza, é o segmento de jogos que mais cresce em todo o mundo e o mercado brasileiro tem potencial para atingir 10% do americano nos próximos anos", afirma Stefano Arnhold, presidente do conselho e co-fundador da Tec Toy.

Transformar o potencial em realidade é uma das metas da empresa recém-criada, cuja estruturação consumiu um ano de trabalho. O telefone celular já faz parte do cotidiano de mais de 90 milhões de brasileiros e os recursos oferecidos por fabricantes e operadoras já estão modificando o uso dos aparelhos, que gradativamente vêm sendo utilizados para transmitir dados e não apenas voz.

"Em princípio, qualquer usuário de celular pode se tornar um consumidor de jogos", diz Reinaldo Normand, gerente-geral da Tec Toy Mobile. "Mesmo uma pessoa que nunca se interessou por jogos pode começar a jogar no celular, pois é uma forma barata e atraente de lazer. Afinal, ela já tem o aparelho e só precisa baixar o game para se divertir - um investimento muito menor do que o necessário para jogar no computador ou num console", raciocina Reinaldo.

Engana-se quem pensa que os jogos para celular são simples e sem sofisticação. Segundo André Faure, gerente de mercadologia da Tec Toy Mobile, em cinco anos, os jogos móveis atingiram um patamar de qualidade que os jogos para console demoraram vinte anos para alcançar. "Nos aparelhos celulares mais potentes, já é possível ter experiências 3D de última geração, por exemplo", afirma André.

Parceiros - Com a preocupação com a qualidade herdada da Tec Toy, a nova empresa está concentrando esforços em encontrar parceiros que ofereçam jogos atraentes e de última geração para os usuários. A Tec Toy Mobile já distribui títulos de alguns dos principais desenvolvedores de jogos para celular do mercado internacional: Sega Mobile, In-Fusio e Pulse Interactive. Recentemente, firmou parceira também com a Upstart Games, que criou o IQ Academy, e a Bandai, responsável por títulos como o Double Dragon EX, por exemplo.

Para adequar a oferta de jogos ao perfil dos consumidores, a Tec Toy Mobile está investindo em pesquisas qualitativas e quantitativas, que estão sendo realizadas pelo grupo Ipsos, um dos líderes mundiais em pesquisa mercadológica, propaganda, mídia e satisfação do consumidor. "Já sabemos que, no nosso portifólio, precisamos ter games com apelo para todo o público, homens e mulheres, de 10 a 30 anos, incluindo clássicos, como Sonic, Double Dragon e Quake, e jogos inovadores, como o recém-anunciado IQ Academy", afirma André Faure.

Entre as conclusões já obtidas pelas pesquisas, observa-se que não há diferenciação entre os sexos: 50% dos consumidores de jogos para celular são homens e 50%, mulheres. 80% são jogadores casuais e há uma concentração maior nas faixas etárias mais baixas (12 a 25 anos). "Descobrimos, por exemplo, que o hábito de jogo em celular do brasileiro aproxima-se mais do público japonês, onde a
maioria das pessoas joga em trânsito e em filas", revela Normand. Outra conclusão, lembra ele, diz respeito especificamente aos jogos da Tec Toy Mobile: "ao experimentar os nossos jogos, as reações são extremamente positivas, indicando o acerto do nosso portifólio em relação às expectativas dos consumidores".

Novo modelo de negócio - Os usuários da Claro foram os primeiros a terem acesso aos jogos da Tec Toy Mobile. A operadora iniciou a venda dos produtos em junho de 2006 e as negociações com outras empresas de telefonia celular já estão em andamento, algumas apenas aguardando implantação. "Temos um portifólio de mais de 50 títulos e o número de jogos em cada operadora deve variar de acordo com as
caracteristicas da base instalada de cada uma e público que ela atinge", explica o gerente-geral da Tec Toy Mobile.

Além de ajustar a oferta de jogos ao perfil de usuários de cada operadora, a Tec Toy Mobile pretende ainda oferecer uma solução completa para as empresas de telefonia celular, que inclui não apenas o conteúdo como também toda a infra-estrutura necessária para a comercialização e a distribuição dos jogos. Isso será possível graças à parceria com a TakeNET.

O preço dos jogos varia de R$ 3,30 a R$ 10. O usuário pode adquiri-los de várias formas: pelo canal WAP da operadora, pela internet ou por meio de mensagens SMS (torpedos). Depois de comprar o jogo, o consumidor tem direito a suporte técnico. "Além da qualidade dos títulos, suporte, localização, esforços profissionais de mercadologia e conteúdos em português são alguns dos nossos principais diferenciais", afirma o executivo da Tec Toy Mobile.