Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/sv/svh055.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 06/27/06 11:46:29
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Parque das Bandeiras, em 1978

Núcleo habitacional tinha 670 casas e muitos problemas

Um "recorte" na história do desenvolvimento urbano vicentino pode ser dado por esta matéria, publicada em 22 de outubro de 1978 pelo jornal santista A Tribuna:


Apesar de todas suas deficiências,
o núcleo é considerado o mais desenvolvido do Distrito de Samaritá
Foto publicada com a matéria

Parque das Bandeiras, onde ainda há muito o que fazer

SÃO VICENTE - O Parque das Bandeiras continua sendo um bairro problemático, com ruas interditadas por altos matagais, falta de iluminação pública e outras dificuldades para os moradores daquela região do Distrito de Samaritá. Há pouco tempo, a Prefeitura iniciou nas principais vias do bairro serviços de terraplanagem e abertura de valas, que ainda se encontram em andamento e que dificilmente serão concluídos até o final deste ano.

Contudo, o maior apoio ao crescimento daquele precário bairro - que apesar de tudo é o mais desenvolvido de todo o distrito de Samaritá - tem sido dado pelos membros da Sociedade de Melhoramentos, que, juntamente com as assistentes sociais da Prefeitura, realizam um trabalho que visa atender as necessidades da região.

No setor da Assistência Social, foi criado no bairro o Pronutri - um convênio entre o município e a Secretaria da Promoção Social do Estado. Este setor possibilita a alimentação diária de crianças de seis meses a seis anos, bem como das gestantes. Fora isso, foram implantados no Parque das Bandeiras o Programa de Assistência e Orientação Jurídica, com a supervisão da Legião Brasileira de Assistência; as operações do Projeto Rondon, que dão atendimento médico-odontológico todos os domingos; Mobral (N.E.: Movimento Brasileiro de Alfabetização, programa federal) e cursos profissionalizantes pelo Senai, Sesc e Sesi.

Recentemente, a Seção de Serviço Social da Prefeitura, com a colaboração da Sociedade de Melhoramentos do Parque das Bandeiras, fez um levantamento completo sobre a condição social do bairro e os resultados não foram animadores. Há muito a se fazer por uma população de 4.761 habitantes aproximadamente, que residem em apenas 670 casas, como foi dito na reunião entre o prefeito Koyu Iha, os diretores da SM e as assistentes sociais, que logo a seguir iniciaram as visitas no núcleo.

Objetivos - O principal objetivo da pesquisa foi obter dados concretos que possibilitassem caracterizar o nível econômico das famílias residentes no Parque. Como tópicos específicos, constatou-se a situação habitacional e o tipo de construção das casas existentes no bairro; fez-se um reconhecimento da infra-estrutura do local; observou-se o nível salarial, profissional e previdenciário dos moradores. De posse dessas informações, a assistência social da Prefeitura pode constatar a defasagem entre a renda mensal e o poder aquisitivo dos moradores de uma área praticamente desprovida de mercado de trabalho.

A coleta de dados baseou-se num levantamento de residências efetuado pelos membros da Sociedade de Melhoramentos, que utilizou como critério de pesquisa o número de ligações de luz domiciliares e, em seguida, vinte e cinco por cento das residências foram visitadas, ocasião em que eram distribuídos formulários.

Verificou-se que 158 famílias apresentam uma situação habitacional unifamiliar, 107 delas morando em casas de alvenaria e 42 em casas de madeira. Um pequeno número de pessoas no Parque das bandeiras moram em habitação coletiva, o que fez crer que a situação habitacional não é das piores, tendo em vista até mesmo o tipo de construção.

De 166 casas, apenas quinze recolhem o imposto territorial à Prefeitura, enquanto 18 pagam imposto predial e 103 - uma porcentagem de 62,2 por cento - não pagam impostos de qualquer espécie. Como justificativa do não-pagamento desses impostos, muitos não souberam dar qualquer informação, e os que moram de aluguel acreditam que os proprietários paguem. Setenta famílias alegaram jamais ter recebido qualquer notificação da Prefeitura, e o certo é que a maioria dos habitantes do Parque das Bandeiras possuem casa própria e afirmam que não se negam a pagar impostos, desde que sejam notificados e melhor esclarecidos.

Não querem mudar - A maioria das pessoas residentes no Parque das Bandeiras não pensa em deixar o bairro, e esperam que futuramente ele esteja bastante melhorado, inclusive, para valorização de terrenos e casas. Cerca de quarenta famílias, no entanto, não desejam permanecer ali, pelo fato de morarem há pouco tempo - uma média de 1 ano - e acharem que o bairro não oferece os mínimos recursos de sobrevivência. Segundo os observadores, os que desejam ficar no Parque das Bandeiras são aqueles que possuem casa própria.


Mesmo vivendo em precárias condições...
Foto publicada com a matéria

Luz e água - Oitenta e nove por cento das casas do Parque das Bandeiras possuem energia elétrica, enquanto apenas três por cento se servem da luz de lamparina e lampião e 1,8 por cento se utilizam de outros meios. O bairro continua sem um sistema de iluminação pública eficiente, e apenas a avenida principal e parte da Rua 4 já possuem essa melhoria. Segundo informações da Prefeitura, os postes já estão instalados, faltando somente as luminárias, cerca de 500 aproximadamente, que serão ligadas no início do próximo ano com verba do município.

A maior parte da população utiliza água de poço, tendo o cuidado de filtrá-la antes do consumo pessoal, e alguns moradores buscam o líquido no único chafariz existente no bairro. Um número bastante reduzido de casas possui água canalizada, sendo também empregado o filtro para tratamento, prevenindo, assim, a contração de moléstias.

No que se refere às instalações sanitárias, cerca de 84 por cento dos moradores do parque utilizam a chamada fossa séptica, em condições regulares de salubridade. A fossa negra, que ocasiona péssimas condições de salubridade, é utilizada por um pequeno número de famílias. Dessa forma, a situação do bairro, em termos de saneamento, não é boa, e necessita de uma providência urgente por parte da Prefeitura, no sentido de que haja uma atuação da Sabesp naquela área.

Situação econômico-cultural - As assistentes sociais da Prefeitura constataram que, de 166 chefes de família residentes no parque, somente três não contribuem para o INAMPS. Em busca de recursos, a maioria deles trabalha em Cubatão e apenas 27 em São Vicente, dos quais 11 no próprio bairro. Trinta e dois moradores trabalham em outros municípios.

As profissões são as mais variadas, dentro dos setores industrial e da construção civil. Essas profissões possibilitam que 30 por cento dos habitantes do Parque das Bandeiras tenham um ganho de três a quatro salários mínimos mensais; 24 por cento, de dois a três salários mínimos; 17 por cento, de quatro a cinco salários mínimos; 15 por cento, de um a dois salários; e 4,8 por cento, menos de um salário mínimo.

De toda a situação do bairro, o que mais impressiona é o nível de escolaridade, uma vez que nenhum dos moradores possui ao menos o primeiro grau completo. Dessa forma, uma porcentagem elevada tem o primeiro grau incompleto, enquanto 17,9 por cento não possuem escolaridade alguma, o que representa cerca de 117 pessoas com idade acima de 7 anos. Há, no momento, uma campanha para encaminhamento dessas pessoas ao Mobral, que funciona na sede da Sociedade de Melhoramentos do Parque das Bandeiras.


...a maioria das pessoas não pretende abandonar o núcleo
Foto publicada com a matéria

QR Code - Clique na imagem para ampliá-la.

QR Code. Use.

Saiba mais