Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/poli1891.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/13/11 17:44:32
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - OS DIRIGENTES
Francisco Correa de Almeida Moraes

De 14/2/1891 a 14/3/1891 (Conselho de Intendência)
Presidente da Câmara de 1898 a 1899 e de 1902 a 1907 


Francisco Correia de Almeida Moraes
Imagem: página Web da Câmara Municipal de Santos

Natural de Tietê, o coronel Almeida de Moraes nasceu em 1837 e mudou-se para Santos em 1887, onde se estabeleceu com a firma comissária de café Almeida, Melo & Cia. Ingressando na política, foi nomeado para o Conselho de Intendência em 14 de fevereiro de 1891, retornando ao cargo no período de 7 de janeiro de 1902 a 7 de janeiro 1908, tendo ocupado sua presidência em 1898 e 1899 e de 1902 a 1907. Como presidente do Legislativo, contratou a execução do monumento a Brás Cubas, em 10 de março de 1906.

Durante a epidemia de febre amarela, Almeida de Moraes prestou vários serviços à Cidade, improvisando hospitais e instalando enfermarias, uma das quais batizada com o seu nome. Fundou a Academia de Comércio de Santos, que deu origem à Associação Instrutiva José Bonifácio, e foi o criador do Corpo Municipal de Bombeiros.

Criterioso pesquisador de fatos históricos, escreveu trabalhos de repercussão, como Brás Cubas – Subsídios para a Biografia do Fundador e Povoador de Santos.

Pai de 15 filhos, fruto do casamento com uma prima, Leopoldina Augusta, Almeida de Moraes faleceu em Santos a 13 de dezembro de 1913. Seu nome batiza a rua que vai da Avenida Conselheiro Nébias até a Rua Paraná, na Vila Mathias.

(Informações do site da Câmara Municipal de Santos, consulta em 13/7/2011).


Imagem: reprodução parcial da página de A Fita nº 35, de 18/12/1913

(exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio -SHEC)

Informando sobre o falecimento de Almeida Morais, a revista santista A Fita noticiou, em sua edição número 35, de 18 de dezembro de 1913 (ortografia atualizada nesta transcrição):

Coronel F. C. de Almeida Moraes

A 13 do corrente finou-se com a avançada idade de 76 anos o venerando e nobre paulista a quem a cidade de Santos devia preciosos serviços e prestava o mais sincero culto de respeito e simpatia.

Vários e importantes foram os cargos que o distinto ancião exerceu nesta terra desde que, em 1886, aqui fixou definitivamente a sua residência, conquistando mui justamente o título de cidadão santista.

A notícia de seu falecimento, apesar de se saber que o ilustre cavalheiro há muito padecia de pertinaz moléstia, produziu verdadeira emoção em todos que o estimavam - e era a cidade inteira.

Ao seu enterramento compareceu uma grande parte da nossa população que lhe foi prestar à beira do túmulo a última homenagem.

A Fita, estampando nesta página a figura respeitável do extinto e digno cidadão, rende à sua memória o mais sincero preito de veneração.


Francisco Correa de Almeida Moraes, em 1903
Caricatura por Anatolio Valladares, publicada na revista Santos Illustrado nº 5/ano 1, de 2/2/1903

(exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda)



F.C. de Almeida Moraes - presidente da Câmara Municipal, em foto de José Marques Pereira
Foto publicada na edição especial da Revista da Semana/Jornal do Brasil de janeiro de 1902, pág.21

(exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio -SHEC)

Na edição de 7 de junho de 1953 do jornal santista A Tribuna, referindo-se a Almeida Morais em seu artigo Uma homenagem a Augusto Severo - que depois seria publicado em sua obra Romagem pela Terra dos Andradas - o pesquisador e historiador Costa e Silva Sobrinho registrou (ortografia atualizada nesta transcrição):


Como presidente da Câmara, naquela época, estava o coronel Francisco Correia de Almeida Morais, outra figura de irrepreensível porte moral e político. Nascido em Tietê a 30 de agosto de 1837, na fazenda de açúcar chamada "Pederneiras", ao depois denominada "Três Colinas", pertencia o coronel Almeida Morais a uma família tradicional e amplamente relacionada no Estado de São Paulo. Transferiu-se para Santos em 1886, onde já era comissário de café desde 1878.

Era presidente da Câmara em 1891, quando aqui grassou a epidemia de febre amarela, tendo ele então prestado os mais relevantes serviços à população. Improvisou hospitais, tendo aproveitado até o velho casarão chamado "dos Macucos", no fim da Rua Braz Cubas, para ali instalar a enfermaria "Almeida Morais", desde logo repleta de febrentos.

Foi vereador no triênio de 1896 a 1899, vindo a ocupar no derradeiro ano a presidência da Câmara, cargo ao qual tornou em 1902. Deve-se-lhe a inauguração do monumento a Braz Cubas, na Praça da República, por ele contratado em 10 de março de 1906 com o escultor italiano Lorenzo Massa, e igualmente a inauguração de várias placas comemorativas de efemérides notáveis da cidade.

Tinha ele a voluptuosidade do nosso passado e, por isso mesmo, se comprazia em rememorar e perpetuar os fatos da terra dos Andradas.

Habituado a explorar os arquivos históricos e genealógicos, deixou no volume XVIII da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, agremiação da qual era sócio correspondente, um trabalho intitulado "Braz Cubas, subsídios para a biografia do fundador e povoador de Santos".

Merece registro aqui a lei municipal número 210, de 28 de fevereiro de 1906, que abriu o crédito de 50.000 liras para execução do monumento a Braz Cubas. Ei-la, no seu inteiro teor:

"Artigo 1º - Fica o cidadão intendente municipal autorizado a tratar com o escultor Lourenço Massa, residente em Gênova (Itália), a execução do monumento a Braz Cubas.

"Artigo 2º - Com este trabalho será despendida a importância de 50.000 liras (ouro), pagas em quatro prestações, ao câmbio do dia, correndo esta despesa pela verba - Monumento a Braz Cubas, que será aberta no orçamento vigente.

"Artigo 3º - Revogam-se as disposições em contrário".

O nome do coronel Almeida Morais vinculou-se destarte na história de Santos. Na lembrança dos santistas ficará ele estampado com indelével tinta.

O eminente professor Francisco Morato, no discurso que pronunciou na sessão solene do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo de 1º de novembro de 1914, encareceu com estas palavras as suas qualidades: "Era homem de pureza irrepreensível, afetuoso, prestadio e de constante bom humor". Contava ele, ao adormecer no sono perpétuo, em 13 de dezembro de 1913, a avançada idade de 76 anos.

Referindo-se à via que ganhou o nome desta personalidade pública, o falecido jornalista Olao Rodrigues registrou, em sua obra Veja Santos! (edição do autor, 2ª ed., Santos, 1975, págs. 43/44):


Almeida de Moraes
Rua - Bairro: Vila Matias
C. Av. Conselheiro Nébias 352)
F. Rua Paraná (167)

Rua nº 96, pela lei nº 237, de 10 de outubro de 1906, promulgada pelo intendente municipal, coronel Carlos Augusto de Vasconcelos Tavares, foi considerado de utilidade pública o terreno necessário ao prolongamento da Rua Segunda, que passou a denominar-se Almeida de Morais.

A denominação proveio do parecer nº 194, da Comissão de Obras e Viação e Fazenda e Contas, que adotou o projeto de lei apresentado pelo vereador cel. Cincinato Martins Costa, aprovado em 1ª discussão na sessão da Câmara Municipal de 3 de outubro de 1906 e em discussão final na sessão de 19 de outubro do mesmo ano, ambas presididas pelo sr. Francisco Correia de Almeida Morais.

Oficializou-a a lei nº 647, de 16 de fevereiro de 1921, que entrou em vigor a 1º de janeiro de 1922, do prefeito municipal, cel. Joaquim Montenegro. Esse mesmo diploma legal retificou a denominação de Coronel Almeida Morais para Almeida Morais.

Pela lei nº 621, de 2 de julho de 1919, do vice-prefeito municipal, em exercício, sr. Arnaldo Ferreira de Aguiar, foram declarados de utilidade pública os terrenos necessários ao prolongamento da Rua Almeida Morais, no trecho entre a Rua Constituição e Caminho Velho da Barra.

Francisco Correia de Almeida Morais nasceu na cidade de Tietê em 1837, onde constituiu família, contraindo matrimônio em 1858 com sua prima Leopoldina Augusta. Teve o casal 15 filhos. Em 1887 mudou-se para Santos, onde o coronel Almeida Morais se estabeleceu com a firma comissária de café Almeida, Melo & Cia., cujo sócio era seu amigo Luís de Melo.

Ingressando na política, foi nomeado para o Conselho de Intendência a 14 de fevereiro de 1891, retornando ao cargo no período de 7 de janeiro de 1902 a 7 de janeiro de 1908, tendo ocupado a sua presidência de 1898-1899 e 1902-1907.

Exercia as elevadas funções quando aqui grassou a epidemia de febre amarela, durante a qual prestou dedicados e salientes serviços, improvisando hospitais e instalando enfermarias, uma das quais teve seu nome. Deve-se-lhe a construção do monumento a Braz Cubas, pois como presidente da Câmara Municipal contratou a execução dessa obra escultórica com o artista Lorenzo Massa a 10 de março de 1906, solenemente inaugurada a 26 de janeiro de 1908.

A 4 de agosto de 1907, pela lei nº 258, fundou a Academia de Comércio de Santos, que deu origem à Associação Instrutiva José Bonifácio. Foi ainda o criador do Corpo Municipal de Bombeiros e mandou construir a primeira casa de tijolos em Guarujá.

Conhecia a fundo a história do Brasil, principalmente de São Paulo, Santos e Santo André da Borda do Campo, promovendo constantemente reuniões sobre o tema em sua residência, em companhia de Benedito Calixto, barão Homem de Melo, senador Lacerda Franco e outros, provocando o assunto, por vezes, discussões acaloradas, mas cordiais.

Em Santos morreram cinco de seus filhos, sobrevivendo apenas a de nome Célia, que casou em 1907 com Estevão Lisboa e morreu em 1944, deixando os filhos Amaro, Francisco e Maria de Lourdes. Dos três netos que Almeida Morais deixou, apenas existe (N.E.: em 1975) o professor Francisco Lisboa, residente em Santos, casado com a professora Dulce Chagas.

O coronel Almeida Morais, homem de talento, criterioso pesquisador de fatos históricos, como  enunciamos, escreveu trabalhos de repercussão, como Braz Cubas - Subsídios para a Biografia do Fundador e Povoador de Santos. Faleceu nesta cidade, na Rua 7 se Setembro, a 13 de dezembro de 1913.

Na sessão da Câmara Municipal realizada a 18 de dezembro de 1913, o vice-presidente, em exercício, vereador Antônio de Freitas Guimarães Sobrinho, comunicando o trespasse do coronel Francisco Correia de Almeida Morais, deliberou encerrar o expediente da Secretaria, colocar uma coroa de flores sobre o ataúde e convidou os demais vereadores para o funeral do venerando e prestante irmão.

O Indicador Comercial Santista, edição 1908, publicou a seguinte nota sobre o venerando cidadão: "Prestamos justo preito de homenagem estampando o retrato do benemérito cidadão que presidiu dignamente, a contento do povo santista, durante 6 anos, a Câmara Municipal. É por demais conhecido pelos habitantes desta cidade o caráter probo e invejável do cel. Francisco Correia de Almeida Morais. Está longe do merecimento que tem o ex-presidente da nossa Edilidade a modesta homenagem que ora prestamos, publicando a árvore genealógica do querido ancião que Santos tanto estima".