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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - NATAL - [A]
Os presépios (A) - Natal em Santos

Nascimento de Cristo é motivo para a cidade se engalanar no fim de cada ano

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Cidade marcada pela presença de povos cristãos desde seu primeiro momento, Santos comemora o período natalino com iluminação especial nas vias públicas e nos prédios, além de inúmeros presépios e outras festividades públicas e nas residências. A arte dos presépios, desde os primeiros tempos no mundo até a era contemporânea em Santos, é o tema deste estudo, realizado em 2012 pelo professor e pesquisador de História Francisco Carballa, especialmente para Novo Milênio:

Presépio feito por orientais do Vale do Ribeira. Francisco Carballa doou a peça à antiga Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Santos

 Foto: Francisco Carballa, em 2009

Presépios em Santos

Francisco Carballa

Origem da festa do Natal

Como o nome já indica, a palavra Natal designa um nascimento. No caso, o de Jesus Cristo, filho do Deus do Cristianismo, mas em outras culturas também se festeja o nascimento do fundador de sua fé, como Sidarta Gautama pelo budismo (8 de abril) e Mohamed pelo islamismo (em 12 do mês de Rabi al-Awwal, meados de fevereiro).

Cenas do nascimento ou encarnação [01] de Jesus são muito antigas, pois já estavam presentes nos afrescos [02] das catacumbas de Roma logo no início, seja pela recordação, festejo, memória, ou pelo desejo de cristãos devotos, que queriam ter uma ideia mais consistente das palavras dos Evangelhos que ouviram da boca dos próprios apóstolos São Pedro e São Paulo e demais pregadores. Assim, os primeiros cristãos encomendavam as cenas mais representativas, tanto do Antigo como do Novo Testamento.

Decerto temos provas de que existiram pinturas nas casas-igrejas, sobrevivendo raros exemplares como em Dura Europos (N. E.: cidade surgida em 303 d.C. na margem direita do Rio Eufrates, na atual Síria), ou em fragmentos de reboco como em Israel na casa-igreja que foi a residência de São Pedro. Mas foi dentro das catacumbas onde as pinturas ficaram mais preservadas da destruição pelos não cristãos ou pelas intempéries.

Existe uma figura muito popular da natividade de Jesus que ainda pode ser vista, mostrando a Virgem Maria amamentando Jesus e o profeta Balaão apontando para a estrela no céu. Em outro afresco, os três Magos com suas ofertas se aproximando da Senhora, o que na verdade nos dá a ideia do acontecimento da Epifania [03] e do Natal. Em sarcófagos de cristãos ricos e ilustres, cheios de passagens bíblicas, podemos ver a mesma cena, que será repetida durante a Idade Média quase em semelhança com os afrescos e altos relevos das catacumbas.

Personagens do presépio

Todos os presépios têm por figuras principais as mesmas descritas no Evangelho de São Lucas capítulo 2, versículos 1/21 e Evangelho de S. Mateus cap. 2 vers. 1/12: a Sagrada Família com Jesus como criança recém-nascida, mas na arte uma criança mais crescida entre seus pais, Nossa Senhora e São José com roupas de viajantes, conforme o evangelista descreveu sua presença no local (Ev. S. Lucas cap. 2 vers. 1/21).

As figuras de animais mais populares são as do boi e do jumento que a Virgem montou para fazer a longa jornada de Nazaré até Belém. Ele é citado em uma profecia no livro do profeta Isaias, cap. 1 vers. 3: "O boi conhece o seu possuidor, e o asno, o estábulo seu dono;...", outro animal conhecido é o galo, que consta na maioria dos presépios como aquele que anuncia o novo dia e o nascimento, sendo os escritos interpretados e comparados muitas vezes aos evangelhos. Recorde-se que, na Idade Média, a maioria das coisas, para ser aceita, teria que estar mencionada na Bíblia.

Os magos do Oriente são três na nossa cultura Melquior (Bhelkior), Gaspar (Kaspar) e Baltazar (ou Bazam), [04] descritos pelo evangelista (Ev. S. Mateus cap. 2 vers. 1/12). Na cultura do Oriente, são quatro.

O Arcanjo São Gabriel (do hebreu = mensagem de Deus), por ser o mensageiro do céu, citado muitas vezes nos livros, foi contemplado na cena aparecendo com um listel onde se lê em Latim Gloria in Excelsis Deos, em menção à passagem descrita no Evangelho (Ev. S. Lucas cap. 2 vers. 9/14), mais uma vez anunciando o nascimento de Jesus, com muitos outros anjos, aos pastores dos campos vizinhos.

Os pastorzinhos de ovelhas foram os primeiros a testemunhar o nascimento do Salvador (Ev. S. Lucas cap. 2 vers. 8/20). Os demais personagens, seguindo o costume de cada local, podem ser de todos os locais do mundo e todas as épocas pelas quais o Natal tenha passado, havendo no Brasil certa característica machista: a Virgem Maria é a única mulher na cena.

Origem mais difundida

Em latim, a palavra Praesepium significa a manjedoura onde comem os animais - o que, na concepção de muitos, se estendeu para o estábulo como um todo.

Verificando a cultura da época, observamos que - ao ser recriado o presépio da Santa Casa de Santos - conseguiu-se fazer uma adaptação da manjedoura semelhante às casas da Palestina, onde os animais ficam abaixo, em um local semelhante a um arco, e as pessoas acima, garantindo assim o calor e o odor próprio do local.

Por esse motivo, em Belém, verificamos que o local assinalado pelos primeiros cristãos como o do nascimento não passa de uma entrância na pedra que um dia abrigou uma manjedoura, sendo comum que as pessoas aproveitassem os rochedos e grutas e adaptassem uma construção grudada nela.

Quando o cristianismo ganhou liberdade, com o famoso Édito de Constantino em 313, o cristianismo passou a ter mais liberdade de expressão e as figuras da Natividade começaram a ser representadas em todo o lugar onde houvesse uma igreja cristã, difundindo a ideia do nascimento de Jesus através de uma cena bem definida.

Temos exemplos de que já existiam essas representações nos tímpanos de pedra das igrejas ou em seus interiores, como na Igreja de Santa Baia de Dena [05] ou em Compostela na capela da Corticela [06], representação da adoração dos reis ao menino Jesus.

Isso na certa influenciou São Francisco de Assis [07]: sendo um homem de muita sensibilidade, atenção e comunicação com o povo mais humilde, no ano de 1223, na cidade de Greccio, baseando-se no relato do Evangelista São Lucas, organizou um presépio com personagens esculpidos em tamanho considerável (ou vivos, segundo algumas fontes informativas), para contar a história do nascimento de Jesus aos camponeses (em sua maioria analfabetos), dentro da máxima de que uma imagem vale por mil palavras. Enquanto o poverello dizia as palavras do Evangelho, os cristãos viram uma criança nimbada de luz; depois, foram as figuras esculpidas com a arte da época, formando o que conhecemos hoje como presépio.

Sempre montados logo após a primeira missa do advento, os presépios ficam prontos até o dia 24 de dezembro, para na noite de Natal receberem a imagem do menino Jesus, após o término da Missa do Galo. Permanecem assim até o domingo de Epifania, que é o mais próximo após o dia 6 de janeiro. Em alguns lugares, os moradores esperam a festa dos santos padroeiros da localidade ou de devoção da família: conheci famílias que guardavam seus presépios somente no dia 20 de janeiro, após a festa de São Sebastião.

Árvores de Natal

Associadas aos presépios, estão as árvores de Natal, que tentam imitar um pinheiro abeto. Tudo começa com o monge beneditino são Bonifácio, bispo e mártir, que no século VIII evangelizou a Alemanha.

Devido às dificuldades de anunciar o Evangelho, derrubou uma árvore dedicada à divindade Thor e fez uma releitura dos antigos costumes em relação às arvores, apresentando-as aos cristãos como sendo Jesus a Árvore (Videira) da Vida, na passagem que nos diz que Deus é o agricultor, o Nazareno é o tronco e nós somos os ramos e folhas (Ev. S. João, cap. 15, vers. 1/8). O abeto ou pinheiro é mais resistente, com suas folhas durando por toda a festividade; assim surgiu um ícone da cultura natalina mundial.

Em terras germânicas corre outra história, cerca de 700 anos depois, quando o ex-padre Martin Lutero, ao chegar o dia de Natal na sua igreja, sentiu um grande vazio devido à falta do presépio que possivelmente ele mesmo montara muitas vezes. Embora nas igrejas luteranas alemãs existam crucifixos, os presépios foram deixados de lado naqueles anos da violenta Reforma e Contra-Reforma. Assim, Lutero criou um adorno para preencher o vazio do seu olhar e a árvore de natal foi instalada dentro da sua recém-fundada igreja Luterana.

Ainda na Alemanha, desde tempos antigos, eram fabricados enfeites de Natal feitos de madeira ou vidro colorido para pendurar nas árvores natalinas, em que os povos antigos penduravam frutas. O costume passou para os cristãos e assim com o tempo ganhou todo o mundo. Os enfeites de vidro foram fabricados até os anos 1990, quando deram lugar aos de plástico, mais duráveis e importados da China, mas sem o mesmo encanto.

Era comum que as pessoas montassem árvores artificiais adicionando algodão aos ramos para imitar a neve, junto com bolas de vidro da mesma cor, como é o caso de minha vizinha dona Benedita [08], que seguia um costume muito antigo com sua árvore prateada e bolas de vidro azuis escuras. Também era comum o uso de bolas de vidro em formatos de Papai Noel, frutas, cereais, brinquedos e pássaros, esses últimos fabricados até os anos 1930.

Tipos de presépios

Essa forma de transmitir o conhecimento através de figuras é própria da Igreja Católica desde seus primórdios. Os presépios começaram lentamente a ser difundidos por todo o mundo cristão, havendo-os em cada local com características próprias de sua cultura: ainda é comum no Brasil aparecerem personagens caipiras misturados aos árabes no presépio, os reis magos também aparecem a pé ou em cavalos, como no frontal da igreja de Mossol de Gerona da Espanha (hoje no museu da Catalunha), antes do evento da formalização do primeiro presépio, que foi ganhando o coração dos cristãos.

Muitas igrejas em todo o mundo passaram a ter seu presépio. Na Espanha, os Beléns ou Nascimientos ganharam um espaço especial dentro das igrejas e na cultura popular, sendo igualmente difundidos em Portugal e de lá para o Brasil, nos tempos coloniais.

Na Galícia era comum que cada devoto pagasse por uma peça para colocar no presépio da igreja; assim, esta era uma forma de arrecadar esmolas para a igreja e a pessoa se tornava uma espécie de padrinho do presépio da igreja local - costume relatado por minha mãe, que sempre pagava para que a lavadeira constasse no presépio [09].

Na região de Santos, os Jesuítas foram os principais divulgadores da arte dos presépios, havendo menção de que na Catedral de Santos existia um grande presépio com figuras de barro de tamanho médio e muito visitado pelos devotos, possivelmente do século XVI ou XVII, bem antes que a modernidade e a industrialização das peças nos dessem figuras iguais e acessíveis ao povo disposto a pagar por elas.

Também sabemos que os Jesuítas nos Sete Povos das Missões ensinaram os nativos a esculpir em madeira ou moldar peças de barro, entre elas os presépios. No século XVII, temos o exemplo de um anjo de joelhos com os braços e mãos abertos para segurar o listel e decerto existiam as demais peças, compondo uma visão da Natividade.

Era comum que os presépios viessem montados em um oratório fechado com um vidro, contendo as figuras do nascimento de Jesus Cristo. A essa forma de presépio se deu o nome de lapinha ou lapa. Existe uma, muito antiga, na Catedral da Sé de São Paulo, onde se vê, além das cenas do nascimento, a fuga para o Egito e o massacre dos inocentes, como uma forma catequética de ensinar as passagens bíblicas aos menos letrados.

No Vale do Paraíba apareceram as famosas figureiras [10], que ainda hoje vendem nos mercados suas peças de presépio para quem tem o gosto de comprá-las ou não as pode adquirir em outro local. São figuras como as que as vi em Caçapava/SP ou Jambeiro/SP no Natal de 1994.

São peças de barro bem antigas ou "do tempo antigo", como diziam as senhoras que montavam seu presépio com orgulho e o exibiam para a população, desde o ano de 1874, em Jambeiro, numa casa do século XIX [11]. No coreto daquela mesma praça era também montado um presépio, e as pessoas respeitavam o lugar, sem provocar vandalismos.

Na vizinha cidade de Caçapava, no bairro da Piedade [12], chamado pelo pessoal de roça, era comum a presença de muitos presépios do tipo de barro cozido com os cenários mais elaborados possíveis. Essas peças deviam ser produzidas no Vale do Paraíba, seguindo a velha tradição das paulistinhas [13], pois a consistência e a policromia das figuras é a mesma.

Existe a menção de um presépio montado em Santos, no livro conhecido como Rótulas e Mantilhas [14] relatando uma série de datas supostamente passadas em Santos em meados do século XIX de um artigo chamado 1850, mas que não se sabe se é uma forma poética de relatar um romance que não deu certo ou apenas um relato histórico onde se lê: "Dia 24 de dezembro – Hoje é véspera de Natal. Tio Cosme já armou um presépio na sala da frente. Minha mãe fez geleia de mocotó. Será que ela vai à missa do galo?"

Modelos de presépios

Figuras de presépio de barro cozido que ainda hoje podem ser vistas em algumas casas possuem vários tamanhos e uma numeração embaixo, sendo as do século XIX com o número em algarismos romanos e as do início do século XX com numeração arábica, dos quais já vi exemplares com os números 1 até 7 equivalendo ao tamanho.

Pessoas que se dedicam à montagem de presépios, muitas vezes, conseguem até produzir peças ou adereços para os mesmos, como foi o caso do Dito Presepeiro [15], que vivia próximo da Igreja de São José Operário do Macuco e era conhecido por armar presépios, fazer cenários e demais adereços para os mesmos.

Recordo-me da vizinha residente na Rua da Constituição, nº 191 - chamada pelas vizinhas de Margarida a maloqueira, devido ao som da vitrola do tipo picape que na casa dela ficava bem alto aos sábados e domingos - montar na sala um presépio com muitos personagens sobre serragem e iluminação colorida com lâmpadas pisca-pisca: era um encanto naquele ano de 1966 – assim, temos o exemplo de como um presépio pode alegrar uma grande quantidade de pessoas numa comunidade.

Outra forma que apareceu de distribuição de presépios foi a venda avulsa de peças ou como brinde em caixas de biscoitos, ano após ano. A Irmã Regina, freira que trabalhava na limpeza e cozinha do Convento do Carmo de Santos, exibia seu presépio todos os anos, até 1998, quando foi embora para Barretos.

Essas peças, segundo alguns, viriam de Portugal; segundo outros, seriam fabricadas aqui no Brasil, em barro de bica branco ou gesso pedra. São pequenas, muito resistentes e delicadas, recordando até peças de porcelana (mas sem o brilho), sendo que os animais têm tamanho desproporcional em relação aos seres humanos, mas na fantasia do presépio vale tudo. Consegui ver remanescentes dessas peças por todo o Brasil.

Muitas pessoas espertas espalharam a supertição de que os enfeites das árvores de Natal e os presépios só poderiam ser montados por sete anos e depois disso deveriam ser presenteados. Era o bom e velho jeitinho brasileiro de ganhar algo sem esforço: quem acreditava se desfazia do presépio que tinha para comprar outro, pensando que se não o fizesse estaria em desacordo com a fé cristã.

Em 1996, quando estive em Viana do Castelo (Portugal), vi dentro das muralhas várias lojas vendendo peças de presépios pequenas e variadíssimas, acessíveis às pessoas que a cada ano fazem questão de adquirir novos personagens.

O objetivo dos presépios, na verdade, é ilustrar de forma pedagógica o Evangelho lido na Missa do Galo, sendo portanto uma decoração própria do segundo festejo mais importante do cristianismo.

A chamada Missa do Galo tem sua origem muito antiga, pois estaria ligada ao horário das 24h00: como o galo é um eterno vigilante das horas, muito antes do relógio, a missa do início do dia de Natal ganhou esse apelido e muitos outros [16].

É ainda hoje costume que, ao final da celebração, o sacerdote pegue a imagem do menino Jesus e a conduza para o presépio em procissão, como acontece em Roma. No Valongo, nos anos 1970, era comum serem apagadas todas as luzes da igreja e os fiéis, cantando o Adeste Fideles ou Noite Feliz, acompanhavam os frades - no caso, o saudoso frei Chico, que levava o Menino até o presépio montado ao fundo da igreja.

Vale recordar que os presépios devem ser montados com gosto e beleza para que o fiel veja a cena descrita pelo Evangelho. Também as peças devem ser próximas da realidade, embora diferentes de um local para o outro, mostrando uma variedade de informação e beleza.

Os presépios foram montados em Santos desde os primeiros anos da colônia e pelos esforços da evangelização dos frades franciscanos e jesuítas, chegando até os dias de hoje.

Vários são os motivos de se montar um presépio, seja por uma promessa, por um gosto ou devoção ou, como na atualidade, por apelo comercial em lojas e por adorno social em logradouros públicos.

Existem presépios que se movimentam, como o que visitei na festa de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém no dia 8 de dezembro de 1986, quando chamou minha atenção um barracão montado ao lado direito da igreja. Entrando, após pagar uma pequena quantia, deparei-me com um presépio com movimentos do tipo que se fazem ainda hoje no Nordeste, onde o lenhador acerta a lenha, os serradores cortam uma árvore, os bois andam e vários animais se movimentam, mulheres lavam roupa etc. - todos acionados por um único mecanismo, que causa um barulhinho típico e confere movimento ao presépio.

Presépio típico do final do século XIX,  da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém/SP

 Foto: Francisco Carballa, em 2012

Presépios montados nas nossas igrejas

Desde o início oficial da colonização do Brasil em 1532, o Natal foi festejado nestas terras, mas devemos recordar que já havia europeus por aqui antes dessa época e que decerto teriam festejado tal data.

Desde que os padres Jesuítas começaram a evangelizar os nativos e cuidar da fé dos europeus, as figuras de Natal começaram a ganhar espaço nas igrejas, havendo algumas que o mantêm ininterruptamente desde aqueles tempos, mesmo substituindo e renovando a peças dos presépios através dos séculos. Destacam-se, entre elas:

Presépio do Convento do Carmo (1599) - Semelhante ao antigo do Santuário do Coração de Jesus, feito em gesso e em menor tamanho, foi adquirido na mesma época, por isso seria do final do século XIX.

Nessa época, as fábricas começaram a fazer peças religiosas de gesso em série, atendendo à demanda por obras artísticas, que tinham ainda o trabalho de artesões que lhes conferiam certa delicadeza e riqueza de detalhes.

Montei aquele presépio por muitos anos, a pedido do saudoso frei Raphael, até os idos de 1997, e me deparei com um problema: havia um galo e vários carneiros, mas o galo fora furtado, como eu ganhei um de barro antigo, levei-o para o presépio, sendo o mesmo furtado; no ano seguinte, ganhei outro antigo, feito em massa, e novamente foi furtado; para o próximo ano finalmente adquiri uma peça de gesso, moderna e adequada ao tamanho das peças, e também foi furtada. Finalmente, desisti de colocar galos no presépio do Carmo, onde havia um suposto colecionador de galinhos de presépio.

Esse presépio foi restaurado recentemente e não possui mais a pintura fosca típica do final do século XIX, nem os animaizinhos.

Presépio do Valongo (1640) - É um conjunto com características do século XVII, esculpido em madeira e do tipo roca, composto pela Sagrada Família, com São José, Nossa Senhora e a imagem do menino Jesus, o boi e a vaca. Eram guardados em um oratório de madeira de pequenas dimensões, adornado com flores de seda, conchas e demais adereços da época, preservados por um vidro.

Ainda é possível ver o mesmo no Natal, durante a exposição de presépios que os frades franciscanos gostam de promover todos os anos. Na igreja também existe um presépio de gesso moderno, que substituiu o anterior e era montado onde está a pia batismal até o início dos anos 1990, quando começaram as exposições no Valongo, sendo então montado na capela da Ordem Terceira, junto com os demais.

Presépio do Mosteiro de São Bento de Santos (1650) - Nessa igreja, com parte de sua construção do século XVI, quando os frades beneditinos chegaram a Santos (em 1650) e quando ocuparam a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, que evoca uma cena das Escrituras no Evangelho de São Mateus - fato associado ao período natalino, que é a fuga para o Egito da Sagrada Família, logo após o massacre dos inocentes, o que em muitos lugares é contado em presépios [17]. No caso de Santos, curiosamente, a iconografia retrata o retorno do Egito, pois Jesus já está crescido e anda por si mesmo, não é carregado no colo.

Os frades trataram de colocar logo um presépio na igreja para instruir sobre o mistério da encarnação de Jesus Cristo as pessoas que então viviam ali. Segundo moradores do local, existiam ali peças muito antigas, feitas em madeira, que eram guardadas durante o ano e expostas só no período da festa natalina. O presépio teria sido levado para a cidade de Vinhedo/SP, quando para lá os frades foram transferidos. O que resta hoje em dia no Mosteiro são antigos presépios de coleções particulares ou expostos na época.

Presépio do Rosário dos Pretos (1752) - Existiu um presépio feito de barro de pequeno porte na igreja, que era montado todos os anos, mas - quando ela se tornou sede da Matriz de Santos - foi substituído pelo da Matriz, que era de barro cozido, e o antigo e pequeno foi levado por um irmão devoto.

Ocorre que o presépio da Matriz foi levado para a Catedral de Santos, sendo adquirido outro de menor porte, que foi negociado junto com as demais antiguidades nos anos 1980, sendo novamente adquirido outro presépio de pequeno porte e que ainda é montado no templo, com uma particularidade: a imagem de Nossa Senhora foi furtada em 1997 e outra foi colocada em seu lugar. Em 2008 a imagem antiga foi devolvida, mas o guarda - que era funcionário da igreja - a levou para si, permanecendo no local apenas a imagem nova e com pouca arte.

Anjo esmoler de presépio - Existiu nessa igreja até 2011 uma pequena imagem de um anjo sentado com uma concha na mão e que ao colocarem um donativo - no caso, uma moeda - o mesmo balançava a cabeça para frente, como quem agradece.

Esse tipo de imagens tem sua maior presença em igrejas no final do século XIX, até meados do século XX, sendo fabricadas em madeira, barro e (mais acessível ao povo) em gesso. O movimento era garantido por uma simples tira de metal encurvada e presa à cabeça, de forma que a moeda, ao cair sobre esse metal, pendia como uma balança o peso para cair e assim mexia a cabeça da imagem.

Vale recordar que a Casa Santa Maria da Rua General Câmara tinha várias dessas imagens para vender, e que foram posteriormente presenteadas a muitas igrejas, sendo essa a origem do que existiu na Igreja do Rosário de Santos.

Presépio da Matriz de São Vicente Mártir (1757) - A conhecida Matriz de São Vicente teria um presépio bem antigo que constaria na lista de pedidos dos Jesuítas à sua sede em Roma para evangelizar a população local.

Em 1977, quando comecei a frequentar aquela casa de Deus, perguntei pelo presépio antigo aos paroquianos tradicionais. Segundo relataram esses idosos moradores, o presépio antigo foi levado para um museu em São Paulo, motivo pelo qual o de lá seria do início do século XX.

Ele pode ser contemplado nos dias atuais, e sem mais comprovações sabemos que isso pode ser afirmado devido ao conhecimento que temos, de que o menino Jesus de Santo António e algumas alfaias muito velhas, assim como outros objetos e imagens, realmente foram levados para o Museu da Universidade de São Paulo (USP) na capital paulista.

Recordemos ainda a grande reforma que suprimiu os altares de madeira, colocando em seu lugar altares de mármore branco e rosa que foram impiedosamente marretados por mãos de pessoas não cristãs durante a reforma pela qual passou a matriz no início do séc. XXI.

Presépio da Matriz de Santa Ana de Itanhaém (1761) - Esse presépio foi adquirido em meados do século XX. Feito em gesso com pinturas, esse modelo foi fabricado em larga escala no final do século XIX até os anos de 1940, quando foi substituído por outro modelo mais moderno, sendo o presépio dessa igreja um remanescente quase completo daquela época.

Com a construção da nova igreja Matriz, consagrada por dom Jacyr, bispo de Santos, em 8 de dezembro de 2011, para lá foi o mesmo presépio levado e continua sendo montado próximo ao presbitério da casa de Deus, ficando o outro igualmente antigo na Matriz de Sant’Ana, de propriedade da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição (fundada em 1553). Consta que no Convento de Nossa Senhora da Conceição, do século XVI, havia uma lapa ou presépio muito antigos, mas até o momento nada se sabe de seu paradeiro.

Presépio do Santuário do Sagrado Coração de Jesus (1892) - Importado da França, do Estúdio Artístico Raffel (de Paris), era contemporâneo da fundação da igreja em 1892, e foi usado até 1967, sendo possível que estivesse armado na igreja durante a explosão do gasômetro.

Danificado, ficou guardado em caixas até a construção da nova igreja na Ponta da Praia e finalmente teve parte de suas peças trocadas por novas, ficando estas guardadas até desaparecerem (segundo afirmação de uma paroquiana portuguesa, por ordem do pároco foram jogadas no lixo, restando apenas daquela época a Sagrada Família com expressões gotizantes e olhos de vidro; dois pastorinhos; alguns animais como boi, jumento e duas ovelhas; e o anjo - que é muito semelhante ao que existe no Convento do Carmo -, todos de origem francesa).

Infelizmente, sem qualquer resguardo das características originais, essas peças foram em 2011 pintadas de branco e expostas na frente da igreja com as demais peças, danificando-se pela ação de intempéries.

Presépio da Igreja de Nossa Senhora de Fátima (década de 30) - Para a igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, os frades compraram um presépio, com peças grandes de gesso, que era típico dos anos 1930 e foi substituído em 2002 por outro com peças menores, que foi presenteado - com autorização do padre responsável - pelo senhor Agostinho, o espanhol que tomava conta da igreja, a um fiel que o mantém até hoje em sua casa. Ficaram as peças do presépio antigo, maiores.

Segundo diziam os antigos, essa igreja foi construída (possivelmente em 1941) por padres beneditinos que viviam no mosteiro santista, motivo pelo qual são observados vários símbolos marianos esculpidos em alto relevo ao redor da Virgem Maria. Há símbolos semelhantes ao redor do oratório do Menino Jesus exposto no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, o que ficou como característica dos beneditinos.

Presépio do Mercado Municipal (1942) - Até o início dos anos 1980 era comum ver o presépio do Mercado Municipal, armado bem na entrada, entre as duas colunas, onde - suspenso em mesas e madeiras cobertas de serragens - ficava o presépio.

Ele tinha brejos feitos de canaletes de metal, monjolo que funcionava com o gotejar de água encanada que caía no referido brejo, uma curiosa parelha de bois que ficava rodando como quem está movimentando uma moenda.A musiqueta de fundo, em certos horários, até hoje não sei se era um disco, pois estávamos nos anos 1960.

Observando as orelhas dos animais, percebemos que eram de couro legítimo, o que lhes conferia certa realidade, para o encanto das pessoas que faziam suas compras até altas horas. Aquele era o principal local de abastecimento da população antes de aparecerem os supermercados e outros mercados bem abastecidos, que fizeram desleal concorrência com aquela instituição, também prejudicada pela degradação do bairro e retirada do bonde 8. O certo é que o presépio, de bom porte, foi doado à Catedral de Santos, onde está até hoje, mas sem os patos, galinhas, tartarugas e rãs que faziam o encanto da garotada e das beatas.

Conta o senhor Clóvis Benedito de Almeida que o presépio da Catedral era de barro cozido e muito antigo e era montado, todos os anos, em frente à capela de Nossa Senhora de Fátima. Em 1961 foi levado para o museu de Arte Sacra de São Paulo, adquirindo a igreja outro, que daria lugar ao do mercado por ser maior.

Presépio da Santa Casa (1947) - Veio da antiga Igreja de São Francisco de Paulo e ainda hoje tem peças de gesso remanescentes do final do século XIX e início do XX, junto com peças mais modernas. Ainda é montado na Capela de Santa Izabel pela Irmã Melita (amiga em vida da madre Santa Paulina).

Muito simples e de pequeno porte, tem figuras distintas das atuais, com muita graça e delicadeza. Vale recordar que há alguns anos foi adquirido outro presépio, de tamanho considerável, que é montado no hospital da Santa Casa com cenário e inclui uma manjedoura à moda Palestina do século I, conforme o que foi apurado em escavações arqueológicas, mostradas em documentários.

Presépio da capela da Beneficência Portuguesa (1869/70) - Tão logo construíram seu hospital, os lusitanos trataram de dedicar um lugar para a capela com o nome de Santo António de Lisboa, orago e protetor da instituição. Como toda capela, esta logo teve seu presépio, que foi substituído por um de forma semelhante ao da Santa Casa de Santos.

Devido ao desgaste com o passar dos anos, foi trocado pelo atual, com forma típica dos anos 1990, e que é exibido ao povo durante o período natalino na capela. É comum que com o passar do tempo as peças fiquem danificadas, tanto pela exposição como pelo manuseio - sendo necessário ser o presépio restaurado ou substituído. Principalmente depois da mudança de endereço do hospital e de sua capela, que do Paquetá foram transferidos para as instalações novas da Avenida Bernardino de Campos.

Presépio do Embaré (1922) – Existiu, sem dúvida alguma, um presépio feito pelo escultor Escopuli, que entalhou quase todas as imagens existentes em seu interior, muitas hoje desaparecidas. Foi adquirido outro presépio, que serviu à comunidade capuchinha por muitos anos, até comprarem outro mais moderno, feito em resina e com características italianas na metade da primeira década do século XXI, e que é montado no antigo batistério dessa igreja.

Presépio da Paróquia São José Operário do Macuco (1925) - Segue os moldes dos presépios que começaram a ser criados no final do século XIX, com o crescimento do uso de gesso, e assim essa forma foi empregada até meados do século XX, quando caiu em desuso. Vale resaltar que, com o passar do tempo, as formas foram se deteriorando, assim como foi deixada de lado a contribuição do escultor - que adicionava objetos, detalhes ou dobras de mantos com muita delicadeza.

O presépio era montado todos os anos na Igreja de São José Operário, com certa antecedência do Natal. Ocorre que o falecido padre Airton era dado à marcenaria; assim, ele montava uma cidadela com uma miniatura do bonde camarão de Santos, que circulava em uma oval gigante, para alegria da criançada do Catecismo da Catedral e de outras paróquias.

Elas iam para ver o bondinho, que eclipsava o presépio. Por ficar o bonde trafegando ao redor de uma pracinha, ela foi chamada de Praça da Alegria, em alusão a um programa de televisão muito conhecido nos anos 1960, quando era transmitido pelo canal da TV Record.

O paradeiro atual dessa miniatura de bonde é desconhecido, mas algumas pessoas ainda se recordam dele. Margarete de Paula (nascida em 1959) lembra muito bem do presépio com a cidadezinha cheia de luzes, casas, o bonde andando e os personagens sagrados, que visitava na época, pois a família reside até hoje nas proximidades dessa igreja.

Presépio da Paróquia Nossa Senhora Aparecida (1937) - Existiu um presépio pequeno, que era devotamente montado até que a igreja foi demolida e a nova construída. Então, o seu antigo presépio deu lugar a um novo e de maior porte, adquirido nos anos 1990 para atender à igreja com suas novas dimensões.

Presépio da capela do Educandário Bom Pastor (1940/50) - A capela do Educandário Bom Pastor passou a funcionar por volta dos anos 1940/50, tendo um retábulo muito bonito com dois anjos grandes que fora mandado demolir no pós-Concílio pelo bispo dom Davi Picão (referência: Irmã Aurorinha, falecida nos anos 1980). Havia também um lindo presépio de origem espanhola que foi levado pelas freiras quando estas cessaram seus trabalhos com o internato e escola. A capela da instituição passou para a Cúria Diocesana, que administra o templo, agora vinculado à paróquia da Pompéia. Recentemente, adquiriu um presépio de resina Italiano.

Presépio da Igreja São Judas Tadeu (1954) - Provindo da empresa imobiliária Ferja (informação a ser confirmada com a igreja), que funcionou na Avenida Conselheiro Nébias, 553. Era montado todos os anos na frente do casarão, de frente para a avenida, atraindo milhares de visitantes, até que finalmente foi doado para a Igreja de São Judas Tadeu e lá permanece até os dias de hoje, com o mesmo brilho do passado.

Presépio da Paróquia de São Benedito (final dos anos 1950) - Adquirido tão logo a irmandade saiu da Igreja de Santa Cruz da Villa Matias e construiu a igreja que lhe serve de sede. Assim, as imagens do presépio visto nesse templo remontam aos anos 50, incluindo tem a famosa vaca amamentando um bezerrinho ajoelhado sob a mãe, figuras que eram populares até o início dos anos 1960.

Presépio da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, do Morro de São Bento (1960) - A igreja foi ereta pela devoção do povo português em uma época que a Casa de Deus trazia certa segurança com sua presença.

O presépio, montado no Natal, possuía peças pequenas e ocas, típicas dos anos 1950 , feitas em barro de bica ou gesso, em forma portuguesa, junto com a sagrada família - que destoava por seu tamanho dos demais personagens. Era feito um cenário com serragem e demais adornos típicos de presépios, com casinhas, ponte, poço e pequenas construções.

Com as reformas ocorridas em 2004, novo presépio foi adquirido e passou a ser montado no batistério , que antes dessa data era o lugar de um altar pequeno. Uma curiosidade é que - pela influência dos franciscanos - a figura de São Francisco está presente na cena do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Presépio da Paróquia São João o Batista, da Nova Cintra (década de 1960) - Existiu um presépio de pequenas proporções e antigo na igreja até 1993, quando se adquiriu outro, um pouco maior, com as características dos anos 1950. Reaproveitaram-se peças do antigo presépio, inclusive a imagem do Menino Jesus que - como em muitos presépios - é proporcionalmente maior que as dos demais personagens, demonstrando sua importância e chamando mais a atenção. Também foram reaproveitadas as miniaturas de construções que enriquecem o conjunto, embora elas sejam apropriadas para as peças menores.

Presépio da Paróquia de São Jorge Mártir (1971) - Adquirido logo após a construção e elevação da paróquia, é do final dos anos 70, tendo seu encanto e a magia da data.

Presépio da Igreja de Santa Cruz (1902) - Com o nome de Capela Santa Cruz da Vila Mathias de Santos, a igreja foi aberta à comunidade em 1902 [21]. Pouco mais de uma década depois, o local passou a sediar provisoriamente a Paróquia Coração de Maria, que em 1927 se mudou para sua igreja na Avenida Ana Costa, onde ainda funciona hoje a Paróquia Coração de Maria dos religiosos claretianos.

Então, a Paróquia Santa Cruz ficou desativada, até que em 1930 entrou a Irmandade de São Benedito. Vinte anos depois, assumiu a irmandade como capelão o sacerdote camiliano Antonio Longato, e logo em seguida a direção da capela passou definitivamente às mãos dos padres camilianos. Em 1973, a igreja se tornou sede da Paróquia Hospitalar São Camilo de Lellis, que atua em toda a Diocese de Santos, na coordenação do trabalho da Pastoral da Saúde.

Seu presépio tem peças em forma característica dos anos 1990, mas com algumas peças remanescentes do início da década de 1960, sendo diferente da iconografia tradicional, pois a Virgem Maria está de pé, da mesma forma que São José o Justo.

Presépio da Capela do Colégio Maria Imaculada - O colégio e o pensionato são administrados pelas irmãs da Congregação de Maria Imaculada de Santos - obra fundada na Espanha, no século XIX, por Santa Vicenta Maria (López Vicuña, nascida em 1847 em Cascante e falecida em 1890 em Madrid), com o objetivo de amparar nas cidades as moças que precisavam estudar.

O local era conhecido em Santos pela sua fachada peculiar, com características mouriscas, perdidas quando foi vendida a edificação na esquina da Avenida Conselheiro Nébias com a Rua Machado de Assis e reformulada a entrada da instituição.

Possuía até os anos 1980 um presépio aos moldes da Espanha que foi recentemente substituído por outro mais moderno, exibido ao povo no mesmo local onde se montava o antigo: dentro da capela onde as irmãs participam das missas e fazem seus ofícios de orações.

Presépio da Matriz de Sant'Ana de Itanhaém/SP

 Foto: Francisco Carballa, em 2012

Presépios de famílias santistas que ainda são montados:

Como na igreja, muitos fiéis passaram a montar presépios em casa, sendo alguns muito antigos, guardados por gerações, e outros mais recentes, mas todos montados com carinho e as mesmas figuras que contam a passagem do nascimento do Redentor. Entre eles, temos:

Presépio da família Freire (1952) - Doado à Prefeitura em 1965, por dona Paulina Freire [18]. Tudo começou com seu primo Vadico (Osvaldo) que estaria gravemente enfermo em 1951, devido ao trabalho no ensacamento do café: um saco (60 kg) caiu sobre ele, que ficou mal por bater a cabeça na queda, o que afetou parte do cérebro, atingindo o pescoço.

Ele ficaria com graves sequelas, e por isso a avó, dona Maria do Rosário, e sua mãe, decidiram fazer um pedido ao Menino Jesus (segundo afirmaram o senhor Clóvis e suas avós: "Acredito que o pedido foi bem feito, nas mãos do menino Jesus!"). Sua mãe e a avó fizeram o presépio e dedicaram ao menino Jesus, na parte de cima da casa, e Vadico melhorou.

Foi montado pequeno, com imagens italianas, musgo, moinho em miniatura, água e tudo o que tem no presépio. Depois, começou a ser ampliado: um conhecido, Eduardo, ficou gostando e começou a trazer peças e aumentar o presépio a cada ano. Outras pessoas iam ver o presépio e doavam imagens e adereços e o mesmo foi crescendo. Devido à popularidade, já era montado no dia 2 de dezembro.

Em 1952 foram, na cidade de São Paulo, à Praça João Mendes, numa casa de esquina da Catedral, quase defronte à Igreja de São Gonçalo Garcia, onde compraram as imagens iniciais, que eram a Sagrada Família, o Anjo Anunciador (que ficaria atrás), o galo e os três Reis Magos, depois foram compradas as ovelhas, os carneiros, o camelo, além de pastores, colocados com musgo em forma de campo. Era montado na Praça Jose Bonifácio, 53, até o início do conturbado período da ditadura militar.

Chamavam a atenção dois garrafões muito grandes, com aproximadamente um metro de altura, de cor esverdeada transparente, um bojudo e outro comprido, com gargalos altos. Eles vieram da farmácia do Meier, onde antes guardavam anilinas para serem vendidas ao povo, como era comum nas farmácias. No caso da farmácia do Meier (situada na Rua Brás Cubas perto do bar Juca Pato, da esquina com Rua General Câmara), ao ficar enfermo transferiu suas instalações para o prédio do Teatro Coliseu (que então alugava suas dependências externas); assim, ficou em frente ao restaurante Gaspar, na esquina da Praça José Bonifácio.

Devido à falta de espaço no novo local, antes da mudança o farmacêutico ia vender os dois garrafões para dona Paulina Freire, que passou a usá-las como esmoleiras. Mas, devido à sua amizade, ele preferiu doar as peças, sem aceitar o pagamento. Dona Paulina Freire recolhia todas as esmolas após o dia de Reis e entregava à igreja Catedral.

Presépio da família Amaro (1957) – Era montado na Rua General Câmara, 122, onde funcionaria a Loja Santa Maria. Consta que pelos idos de 1957 o senhor Amaro ali faleceu (existe uma residência na parte de trás da loja) e por isso nunca inauguraram a mesma, mas seu acervo foi sendo a partir dos anos 90 dilapidado por pessoas que pegaram as imagens, assim como lustres e demais coisas que havia no acervo da mesma.

Carmem Amaro, filha desse negociante, ainda monta todos os anos o presépio da loja, que tem características do final dos anos 50, mantendo inclusive inalteradas as cores originais das peças, que são guardadas após o dia de São Sebastião.

Presépio da família de Paula (1959) - Maria de Paula Moreira da Silva, sobrinha de monsenhor Nelson de Paula (falecido), tem o costume caiçara de armar o presépio em uma mesa adornada e com base de serragem, onde se podem ver os pastorinhos, animais e demais adornos que compõem a paisagem do presépio. Assim, há cerca de 80 anos o presépio vem sendo renovado sempre, sendo as peças antigas enviadas ao Museu de Arte Sacra de Santos nos anos 1990 - data das peças que hoje adornam o novo presépio, em que a Sagrada Família tem olhos de vidro que caracterizam as peças antigas.

Vale recordar que António Moreira da Silva (natural de Caçapava/SP e falecido em 1992) fez referência a um moço dos anos 40 que tinha o gosto e a habilidade de pintar paisagens para o fundo dos presépios das pessoas, que seriam guardadas por muitos anos, até se estragarem, como o exemplar de sua família.

Presépio da família Marques (1969) - Família de origem portuguesa, oriunda da região de Matosinhos, estabelecida em Santos no início do século XX (José Marques de Oliveira [19] casou-se com Olga Teixeira de Oliveira em 1922). Em 1969, o oitavo filho do casal, Edison Marques de Oliveira, casou-se com Ivonete dos Anjos Marques de Oliveira (esta, descendente de tradicional e religiosa família de fazendeiros de cacau da região de Ilhéus, no Sul da Bahia).

O presépio familiar remonta ao final do século XIX, sendo montado em Santos desde a década de 1960. Suas peças são em gesso policromado, de origem francesa, criadas no estúdio artístico Raffel, de Paris.

Presépio da família Carballa (1975) - Começou a ser adquirido e montado em 1975, com peças compradas na loja de artesanatos religiosos conhecida como Galeria Maninho (Rua Martim Afonso, 23, onde funcionou até os anos 1990), e contendo peças espanholas, brasileiras, árabes e de barro do século XIX.

É ainda hoje montado no dia de Santa Luzia, 13 de dezembro, seguindo o costume da aldeia galega de Dena - gosto que tive junto com minha tia Auryta [20], que cortava uma árvore no dia posterior ao da Santa e armava o presépio entre musgos colhidos no Monte da Xanca, debaixo do "àrbol de nadal", pendurando pinhas de pinheiro fechadas com papel colorido e prateado, bolas de Natal, pisca-piscas, figos turcos secos (amarrados em um enorme cordão) e bombons.

Presépio da Família Da Costa (1988) - Maria Aparecida Costa é mineira de São Lourenço, filha de Benedito Caetano da Costa (falecido em 17 de janeiro de 1990). Eles sempre tiveram o prazer de montar um presépio. Migrando para Santos, ela continuou a tradição de seu pai e em seu presépio tem peças renovadas que substituíram as antigas, conservando algumas peças portuguesas de Viana do Castelo e outras dos anos 1950.

Presépio da família Vitorino (2001) - Seguindo o costume dos avós maternos - Benedito Caetano da Costa (falecido em 1990) e Izabel Ana da Costa (falecida em 2000) -, Deyse Vitorino Pequeno monta seu presépio com peças antigas e modernas, sendo que a Sagrada Família remonta aos anos 1940, herdada da família. As demais peças são modernas, mas delicadas, criadas em Sorocaba/SP, onde são produzidas usando formas muitos antigas.

Lapinha de meados do século XIX, na Igreja de São Benedito e Santa Efigênia de Serra Negra/SP

 Foto: Francisco Carballa, em 2012

Notas:

[01] Devemos entender que Jesus o Nazareno, sendo Deus, para ajudar a Humanidade decidiu encarnar, ou seja, foi transformado em semente colocada no ventre da Virgem Maria. Assim se fez humano de carne, num mistério semelhante ao que ocorreu com o profeta Santo Elias - que foi pelo Espírito Santo colocado no ventre de Santa Izabel a Velha (Ev. S. Mateus, cap 17, vers. 10/13), como acreditam milhares de pessoas, por mais de dois mil anos.

Não sendo uma reencarnação – palavra que significa encarnar pela segunda vez ou voltar (portanto, um retorno) -, no caso de Jesus teríamos uma situação diferente. Versão mais recente, de ufólogos, afirma que Jesus e Santo Elias seriam fruto de inseminação artificial, por alienígenas que sempre visitam nosso planeta e colocaram alguém com DNA evoluído no meio humano.

[02] Afrescos são pinturas feitas sobre gesso fresco (N. E.: "a fresco", daí o nome), comuns da antiguidade até os dias de hoje. Nas catacumbas do mundo antigo, representavam passagens bíblicas adaptadas à cultura local. Fruto da atenção aos detalhes das pregações dos próprios apóstolos e demais guardiões das Sagradas Escrituras, muitas dessas pinturas têm comparações do Antigo com o Novo Testamento. Note-se que nos mesmos cemitérios haviam pessoas não cristãs sepultadas; assim, são também achados muitos afrescos com cenas da mitologia antiga, mas apenas as cristãs receberam mais atenção e manutenção.

[03] Nos afrescos do século II (do ano 101 até o ano 200), das Catacumbas de Roma chamadas de Santa Priscila, vemos Nossa Senhora amamentando Jesus Cristo e o mesmo Balaão profetizando e abençoando. É um personagem enigmático: seria um sacerdote e vidente como Melquisedeque, que não estaria junto com os judeus naquele momento, mas viveria em outro local - dele só se sabe de sua passagem descrita no livro de Números, caps. 23 e 24, onde até a figura de um arcanjo com espada e uma jumenta falante são mencionados como milagre.

Na cena conhecida como Epifania (manifestação ou grande acontecimento, em algumas traduções) a Virgem aparece debaixo de uma estrela e Jesus Cristo em seu colo; os Magos se aproximam dela com as três ofertas, que seriam três profecias: ouro (realeza), incenso (divindade) e mirra (morte daquele que é imortal). Vale recordar que no dia da Epifania são comemorados três eventos: a visita dos Magos, o batismo de Jesus no Rio Jordão e a Circuncisão.

[04] Natural da Etiópia, este último era o negro do qual descendem a rainha que se converteu ao cristianismo, citada no livro do Ato dos Apóstolos, cap. 8 vers. 26/40. O apóstolo São Fellipe vai até a Etiópia, de onde teremos personagens santificados como a princesa Santa Efigênia e a humilde Santa Saráh Kali, Santo Elesbão, São Benedito de Palermo. Vale recordar que a história do nascimento de Jesus foi relatada por Nossa Senhora. Ela, em seu coração de mãe, guardou todos esses detalhes e os transmitiu ao evangelista - que não presenciou esse acontecimento, mas os ouviu atentamente da Senhora Eleita.

[05] Santa Eulália (ou, em galego, Baia de Dena), igreja românica situada nas Rias Baixas de Pontevedra. De origem medieval, foi reconstruída e seu tímpano suprimido, mas as pedras entalhadas que representam a Epifania estão conservadas na parede direita da nave da igreja.

[06] Capela da Corticela é uma capela é do século IX da era cristã. Com o tempo, foi adicionada ao prédio da Catedral Basílica, tendo sua entrada antiga acessível atualmente, ao lado esquerdo do altar-mor. É muito antiga em referências, sepultamentos importantes e visitas na famosa basílica de São Tiago de Compostela na Galícia (Espanha); seu tímpano teria sido restaurado ou reefeito pelo famoso mestre Mateo, mostrando a adoração dos Magos do Oriente ao lado esquerdo, onde podemos ver seus cavalos e um dos magos ajoelhado diante da Virgem Maria com o menino Jesus no colo à moda medieval (sedentis) e São José à direita em atitude de observação.

Estive lá no Natal de 1969 até 1971 e em 1996, e verifiquei a sua presença delicada esculpida em pedra bem ao costume celtibero, que ainda conserva a pintura original da época antiga, pois a igreja é um prédio que perdeu o braço esquerdo da cruz sendo que o altar mor foi montado no braço direito, mas a mesa eucarística ainda se mantém na cabeça da cruz.

[07] São Francisco de Assis esteve na Terra Santa e possivelmente em Belém.

[08] Dona Benedita, casada com o senhor Oswaldo (meus vizinhos de 1967 até 1972), era a fiel empregada da casa na Rua São Francisco, 252 Altos). Quando a patroa faleceu, ela permaneceu ao lado da família, até que, alguns anos depois, casou com o ex-patrão e com ele viveu até o fim de sua vida, criando com muito carinho sua filha e a da patroa falecida.

Era conhecida por manter na geladeira uma espécie de agenda com a comida para o almoço e para a janta, além de fazer doces e bolos com maestria, entre eles o Floresta Negra, com raspas de chocolate adicionadas ao glacê, ou o Floresta Branca, com lâminas de coco fresco adicionadas como uma renda ao glacê. Igualmente manteve os costumes antigos da sociedade, entre eles o de fazer a festa de 15 anos de sua filha Cláudia, que era minha amiga: então, os brinquedos ficavam sobre sua cama e depois da festa eram dados a outras crianças, pois daí para frente a Claudia aprenderia as coisas do lar e a arte de ser mulher.

[09] Maria Carballa Villar (falecida em 9 de junho de 2000), natural de San Xuan de Leiro, na paróquia do mesmo nome, sendo que muitas vezes a figura da lavadeira já tinha sido arrematada e ela dava preferência então às ovelhinhas.

[10] Mulheres ou homens que fazem figuras do barro de bica, que é claro, ou barro queimado, para todos os gostos, sejam enfeites de casa ou figuras de Natal, sendo uma atividade em extinção.

[11] Rua Amaral Gurgel, esquina com a praça, ao lado esquerdo - uma casa do tipo rés de chão, com uma janela e três portas, possivelmente serviu como comércio no século XIX. Viviam ali em 1997 umas senhoras de muita idade, que montavam o presépio dentro dessa casa, de frente para uma das portas. Assim as pessoas o admiravam da rua, e se podia notar que era um presépio de barro cozido com os três Magos montados em cavalo como são feitos até hoje na Espanha, chamando minha atenção uma mulher sentada, ao que a dona - orgulhosa, falando que já era "do tempo antigo", sendo montado por seu pai -, apontando a personagem, disse: "É uma pastorinha!".

[12] Verifiquei o costume de haver uma imagem tipo paulistinha do menino Jesus em pé, em quase todos os presépios da "Roça da Piedade", como o de donas Joana Moreira, Maria Lucia, Maria Moreira, a quase centenária Benedita Bernarda (que era sacristã da Igreja de Nossa Senhora da Piedade do bairro do mesmo nome) e Antoninho dos Véus, paroquiano conhecido na região pela sua devoção.

[13] As chamadas Paulistinhas atendiam à população mais humilde. São imagens de aproximadamente um palmo de altura, cuja base ocupa um terço da mesma imagem, que por dentro é cônica ou oca, imitando as imagens populares de Portugal fabricadas por santeiros no Vale do Paraíba. Há exemplares que comprovam sua produção de 1810 até 1880, quando passaram a ser feitas com os mesmos moldes em gesso e depois desapareceram, valendo recordar que vi muitas obras do santeiro Benedito Amaro de Oliveira, mais conhecido como (Bene)Dito Pitúba (1848/1923), nas roças de Caçapava, Jambeiro e São José dos Campos em 1984, constando que muitos presépios eram desse artesão.

As chamadas Escolas atenderiam à classe mais rica e às igrejas, pois têm um porte maior e muito mais arte, mas seguem o mesmo estilo das Paulistinhas, pois eram fabricadas pelos mesmos santeiros que apenas diminuíam a base para um quarto da imagem, mantendo ao interior oco.

Vale recordar que os colecionadores andavam à procura dessas imagens para seu acervo; consegui trazer vários exemplares, os quais os deixei em custódia no Museu de Arte Sacra de Santos. Foram recolhidos em cruzeiros, presenteadas ou trocadas por estarem danificadas.

[14] Nesse livro de 1932 foi reunida uma série de coletâneas envolvendo o Estado de São Paulo desde o século XVI até o século XX, incluindo a Baixada Santista.

[15] Segundo relato de José Marques, que soube através de seu pai (residente no bairro do Macuco por muito tempo), o Benedito ou Dito gostava muito de armar os presépios, tanto que ganhou esse nome devido à sua dedicação. A referência vai até os anos 60.

[16] Frei Rafael Maria Marinho O.C. (N. E.: Ordem dos Carmelitas) (falecido em 1998) afirmava que a missa das 18h00 era do pinto, das 20h00 do frango, das 21h00 ou 22h00 da galinha e das 24h00 do galo. Sendo pessoa muito feliz e dedicada à sua vocação sacerdotal, fazia brincadeiras inocentes com todos os assuntos e, no caso da missa natalina, criticava que - devido à violência e aos ladrões - já nos anos 1980 era impossível celebrar a missa no horário tradicional, daí os apelidos para os horários das outras missas.

[17] Na passagem descrita nos Evangelho de São Mateus, cap. 2 vers. 13/23. Não entendemos muito o motivo dessa matança, se foi por causa de um capricho do rei ou medo, mas sabemos por estudos que o rei Herodes - que não tinha sangue real -, perseguia qualquer pessoa que fosse considerada capacitada ou com direito para assumir por direito o trono e mandou matar 40 crianças que eram todos homens até dois anos de idade, para ter certeza de que não perderia seu trono. Foram mortas 38 e apenas duas escaparam descendentes do rei David: São João o Batista e Jesus o Nazareno. Esse tipo de ação sempre foi comum, no mundo inteiro: parentes mandavam matar parentes para garantir a sucessão ao trono.

[18] Conhecida por sua floricultura e pela benemerência cristã, principalmente com os falecidos e pobres, aos quais dava as flores para adornar a caixa funerária. Faleceu em 1987, quando residia na cidade de Duque de Caxias/RJ, pois acompanhara seu filho, no tempo da ditadura militar.

[19] Nascido em Santos em 1941 e criado no Macuco, conheceu o famoso Dito Presepeiro que residia no bairro; seu domicílio era próximo da Igreja de São José Operário. Faleceu em 1999.

[20] Sogra do tio Paco (falecido em 2012) gostava de ser por mim chamada de tia, sendo conhecida como Soldada, pois servira na Guerra Civil Espanhola. Era muito feliz e festeira, mantendo uma bodega muito concorrida pela população da Aldeia de Dena das Rias Baixas.

[21] Dados conforme o site da Província Camiliana Brasileira (acesso em 6/1/2013). A capela está situada na Avenida Senador Feijó, 444, bairro Vila Mathias, em Santos.

BIBLIOGRAFIA:

Bíblia Sagrada
.
Apócrifos da Natividade e infância de Jesus
.
Goffine, o manual do cristão - 1914
– Missal.
Arte Sacra Popular Brasileira. Conceito-Exemplo-Evolução
. Eduardo Etzel
Padre Don Dositeu
– Pároco da Igreja de São João da aldeia de Leiro – Pontevedra.
Instruções de Frei Rafael Maria Marinho da Ordem do Carmo
(falecido em 1998).
Visitas aos presépios de famílias e igrejas.
Dados recolhidos entre moradores de Santos.
Rotulas e Mantilhas - Edmundo Amaral, São Paulo, 1932

Presépio de barro (branco e vermelho) cozido. A forma dos personagens é do século XIX e a dos animais, do início do século XX. Vê-se a numeração embaixo das peças (que ainda conservam o preço), notando-se que são de séries diferentes, resultando numa perspectiva diferente entre os personagens. Recolhido em 1983, esse presépio pertenceu à senhora Maria (Nhá Maria, falecida em 2011) do Sítio da Piedade, na roça do bairro do mesmo nome, município de Caçapava/SP

 Foto: Francisco Carballa, em 11/1/2013

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