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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - POBREZA
Visões de um século atrás

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Questão social ou caso de polícia? É um tema antigo, mas presente a cada instante no cotidiano das cidades, especialmente na "Terra da Caridade e da Liberdade", onde mendigos de todas as origens vêm espontaneamente ou são despejados na calada da noite por veículos oficiais de outras cidades, para viverem da caridade dos santistas. Um problema antigo, aliás, como registra a antiga revista santista A Fita, em seu número 35, de 18 de setembro de 1913 (ortografia atualizada nesta transcrição):


Imagem: reprodução da nota original em A Fita nº 35

Exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio de Santos (SHEC)

Santos é, sem dúvida, a terra por excelência dos mordedores de níqueis. Depois das 6 horas da tarde não se pode andar por onde quer que seja, no Largo do Rosário e em frente ao cais principalmente, ou mesmo pelos arrabaldes mais afastados, que não surja logo pela nossa frente um pobre diabo miserável que há três dias não come e que não tem onde repousar o corpo doente e cansado.

Qualquer inexperiente deixa-se facilmente levar pela choradeira estudada desses salteadores pacatos, cujo sistema de pedir e lamuriar é um só, sem diferença nem de gestos e nem de expressão. Sempre eles vêm chegando de uma viagem longa e a pé, sempre eles têm fome de dois ou três dias, sempre não têm onde dormir e estão sempre, sempre e sempre cheirando à cachaça!

Bem andaria a polícia se tomasse uma enérgica providência para acabar de vez com esses tipos, conterrâneos a maior parte de John Bull, que os navios mercantes que por aqui passam emprestam-nos por todo o tempo em que estão ancorados em nosso porto, quando não os deixam de presente para sempre...

John Bull, em um cartaz de recrutamento

britânico  de cerca de 1915,  para

 a Primeira Guerra Mundial

Imagem: Wikipedia

(N.E.: John Bull é a personificação nacional do Reino da Grã Bretanha e da Inglaterra em particular, criada pelo dr. John Arbuthnot em 1712, sendo o eqüivalente nas ilhas inglesas do estadunidense Tio Sam, personificação do governo dos EUA. Robusto, classe média, John Bull inicialmente era mais identificado com os integrantes de um partido político que John Arbuthnot pretendia ridicularizar.

A figura foi popularizada inicialmente pelos impressores britânicos e depois por ilustradores e escritores como o americano Thomas Nast e o irlandês George Bernard Shaw. Tal personagem não é bem aceita na Escócia ou em Gales, por ser considerado mais inglês que britânico.

Como figura literária, John Bull é bem intencionado, frustrado, cheio de senso comum, mas a figura também foi usada largamente em caricaturas no início do século XX, segundo a Wikipedia.

Portanto, a nota acima transcrita se refere a casos de embarcadiços ingleses deixados pelos navios que escalavam no porto santista.)

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