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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - NA 1ª GUERRA
Santos e a Primeira Guerra Mundial (1)

A cidade comemorava também o final de uma epidemia de febre amarela, e acompanhava os tumultuados preparativos para a posse do novo presidente

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Santos acompanhou atentamente todo o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, desde 1914 até o final em 1918, quando inúmeras manifestações de alegria foram feitas, pelo término do conflito na Europa. Ao mesmo tempo, no Brasil, o presidente Wenceslau Braz encerrava seu período de governo no dia 15/11/1918, e deveria ser substituído por Rodrigues Alves, que, doente (faleceria em 16/1/1919), nem tomou posse, sendo substituído pelo vice Delfim Moreira. Na cidade, terminava mais um surto da gripe espanhola, e este era outro destaque na imprensa. Veja:

No início da guerra, enquanto os consulados europeus convocavam os compatriotas a se alistarem na guerra, e eles seguiam via Santos para seus países, a preocupação paulista era com o desabastecimento de gêneros, e a preocupação com o futuro levava à organização de uma romaria até o alto do Monte Serrat, em Santos, rezando pelo final rápido dos conflitos. Esses fatos foram registrados assim pelo jornal paulistano O Estado de São Paulo, na página 5 da edição de 9 de agosto de 1914 (Acervo Digital Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução parcial página 5 da edição de 9/8/1914 (Acervo Estadão)

Do nosso correspondente de Santos:

SANTOS, 8 - A bordo do paquete italiano Tommaso di Savoia embarcou hoje em nosso porto, com destino à Bélgica, a fim de prestar serviços a seu país, a doutora Maria Rennotte, presidente da Cruz Vermelha Brasileira.

SANTOS, 8 - A bordo do paquete italiano Tommaso di Savoia passaram pelo nosso porto, vindos de Buenos Aires, mais de 200 reservistas austríacos e alemães, que vão prestar os seus serviços militares às suas pátrias.

- A Prefeitura fez distribuir hoje mais os seguintes boletins:

Esta Prefeitura, empenhada como se acha, em atenuar os efeitos da crise atual, convocou ontem, para uma reunião, a Diretoria do Centro dos Varejistas e mais alguns distintos negociantes a retalho...

Como o fim da convocação visasse a fixação do preço máximo dos gêneros alimentícios, vendidos no varejo, cogitei, antes de obter uma tabela do comércio atacadista, servindo de base às resoluções dos retalhistas. Por esse motivo é que reuni, na véspera, os negociantes por atacado, em meu gabinete.

Conseguido o fim principal - que era a organização da tabela publicada ontem, e que hoje é reproduzida, com abatimento dos preços de algumas mercadorias - chegou o momento de apelar para o comércio a varejo. Sendo avultado o número de negociantes deste ramo, e urgindo combinar medidas prontas, não houve tempo de se generalizar o convite a toda a classe, limitando-se o mesmo à diretoria do Centro dos Varejistas e alguns dos comerciantes estabelecidos no centro.

O resultado da reunião foi plenamente satisfatório. Os srs. retalhistas presentes manifestaram-se de inteiro acordo com esta Prefeitura, no sentido de não agravar-se a situação dos consumidores, com a alta exagerada dos gêneros de primeira necessidade. Foi resolvido que cada retalhista, orientando-se pela tabela adotada na reunião dos atacadistas, exponha em seus armazéns os preços de cada gênero, que só serão alterados quando a referida tabela passar por quaisquer alterações. Desse modo, fica o povo habilitado a verificar se há inadmissíveis abusos na venda das mercadorias a varejo.

Agradeço ao Centro dos Varejistas, e aos negociantes que tomaram parte na reunião de hoje, o franco e poderoso concurso que vieram trazer à minha ação nesta difícil emergência, e espero que os demais retalhistas, por um dever de solidariedade humana, e inspirando-se no interesse de manter, a todo transe, a ordem pública, adiram às deliberações votadas unanimemente naquela reunião, pautando os preços de suas mercadorias pela tabela que os atacadistas organizaram, com aquiescência e aplausos desta Prefeitura.

Santos, 7 de agosto de 1914.

Carlos Luiz de Affonseca - prefeito municipal.

- Em reunião dos Zeladores do Apostolado da Oração ao Sagrado Coração de Jesus, realizada no dia 6 do corrente, entre outros assuntos tratados ficou resolvido que o Apostolado promovesse uma grande romaria ao Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat, no próximo domingo, 16 do corrente, às 6 horas e 30, na qual deverão tomar parte todas as associações católicas desta cidade.

Esta romaria tem por fim implorar as graças da veneranda Senhora do Monte Serrat, em favor da paz universal, interrompida pela guerra que confragia a Europa e, ao mesmo tempo, pedir a misericórdia divina para os soldados que sucumbirem no campo de batalha.

Todos os fiéis que desejarem tomar parte nesta grande romaria, nada mais têm que fazer a não ser inscrever-se no livro para esse fim destinado e que se encontra no Santuário do Coração de Jesus.

Todas as pessoas que tiverem de tomar parte na Comunhão Geral, que será feita com as intenções acima declaradas, receberão um distintivo que servirá de ingresso, em primeiro lugar,no Santuário do Monte Serrat, o qual, como é sabido, comporta um limitado número de fiéis.

Ainda em meio à guerra, outra romaria foi realizada de São Paulo até o alto do Monte Serrat, em prol do final da guerra, que entretanto ainda demoraria mais três anos. O fato foi registrado assim pelo jornal paulistano O Estado de São Paulo, na página 2 da edição de 27 de junho de 1915 (Acervo Digital Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição):

Imagem: reprodução parcial página 2 da edição de 27/6/1915 (Acervo Estadão)

Romaria ao Monte Serrat "pró-pace" - SANTOS, 26 - Chegará amanhã dessa capital, pelo primeiro trem, uma romaria promovida pela Associação Religiosa de Operários "Amigos de S. José", com sede na igreja abacial de São Bento.

É seu fim implorar a terminação da guerra europeia.

Chegados à estação da S. Paulo Railway, os romeiros, conduzidos por seu diretor, d. Placido Broders, O. S. B., em procissão, com seu estandarte, entoando hinos sacros, seguirão pela Rua Santo Antonio, Praça dos Andradas e Rua S. Francisco, em demanda da capela do Monte Serrat.

À porta da igreja, serão recebidos pelo prior do Mosteiro de S. Bento, reverendíssimo d. Macario Schmidt, o qual, em seguida, celebrará misas e distribuirá comunhão aos romeiros.

No dia 13 de novembro de 1918, uma quarta-feira, o jornal paulistano O Estado de São Paulo registrou em sua página 2 o "regozijo pela assinatura do armistício" no dia anterior, em Santos (Acervo Digital Estadão - página dilacerada e parcialmente ilegível no original):

Imagem: reprodução parcial página 2 da edição de 13/11/1918 (Acervo Estadão)

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