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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Um caminhão movido a gasogênio, em 1941

Teste foi feito nas oficinas da City

No auge da Segunda Guerra Mundial, com o Brasil iniciando a sua participação no conflito e o perigo representado pelos submarinos alemães atacando navios nas águas do Atlântico, era necessário garantir outras fontes de combustível em lugar da gasolina e do diesel. Surgiram os veículos movidos a gasogênio. Um dos primeiros testes foi assinalado na edição de 22 de julho de 1941 pelo jornal santista A Tribuna (ortografia atualizada nesta transcrição):


O novo auto-caminhão a gasogênio, ontem inaugurado pela Companhia City
Foto e legenda publicadas com a matéria

Demonstração do uso do gasogênio

A Companhia City, aplicando-o a um de seus auto-caminhões, experimentou ontem o novo combustível

Como adiantamos, a Companhia City realizou, ontem, às 10 horas, na estação de Vila Matias, uma demonstração pública do uso do gasogênio. O novo combustível foi aplicado num auto-caminhão, novo, da conceituada empresa, que assim se adapta às exigências do decreto 2.526, de 3 de agosto de 1940, resultando excelente a experiência feita, pois revelou perfeitamente a possibilidade da substituição de combustíveis líquidos, de importação, como gasolina e óleo Diesel.

O gasogênio empregado é de marca "Koela", importado diretamente da Inglaterra, tendo sido já encomendados pela Companhia City diversos outros de fabricação nacional.

O aparelho é considerado na Inglaterra como um dos melhores do mercado e é do último modelo. Quanto ao consumo do combustível, os resultados obtidos até agora têm sido plenamente satisfatórios. Possui o aparelho um gerador com dimensão calculada para dar um gás de alto poder calorífico, com mínima resistência à passagem. Para por o aparelho em marcha, a posição do regulador do gerador deve estar no sentido de cross draught e o acelerador pouco aberto, para que se dê sucção no gerador.

Nessas condições é aplicada uma tocha numa porta especial e o combustível ficará aceso dentro de 10 a 30 segundos, momento em que a tocha é retirada e a porta fechada.

Durante o intervalo de 40 a 90 segundos, o regulador de ar deverá ser aberto gradualmente, fechando-se, concomitantemente, o regulador de gasolina da máquina, e quando esta estiver em marcha normal, funcionará somente com o gás produzido pelo gasogênio.

Após 4 minutos de marcha, mais ou menos, o regulador do gerador deverá ser virado para o sentido de up draught e em seguida será aberta a água para o vaporizador, vinda, por gravidade, dum tanque pequeno, e é regulada por um indicador de descarga.

À experiência realizada, compareceram, além de outras, as seguintes pessoas: Lincoln Leite Júnior, representando a Cruzada Nacional de Educação; dr.H. Pilbean, gerente da Cia. City; F. Carneiro, pela Inspetoria de Trânsito; dr. Guido Zucchi, diretor da Cia. Gás de São Paulo; Henrique Domingues, do Instituto de Pesca; S. C. Calves, da Thornpcorft do Brasil; dr. Ciro Lustosa, chefe da seção de água e gás da Cia. City; H. T. Honnor, superintendente dessa empresa, na Vila Matias; dr. Max Valdes, dr. Charles Sandall, Pierre Beloft, representante da Empresa Brasileira de Transportes; A. Adenis, superintendente da Seção de Transportes da Cia. City, e representantes da imprensa de Santos e da Capital.

Após a demonstração, a direção da Cia. City ofereceu um coquetel aos convidados, tendo nessa ocasião feito uso da palavra o dr. H. Pilbean, gerente daquela empresa dos convidados, dizendo da importância que tem o emprego dos gasogênios para a economia dos países que importam o petróleo.

Manifestou-se satisfeito com a experiência realizada, frisando que a empresa procura, assim, cooperar com o governo brasileiro, que, no momento se esforça para a adoção desse gênero de aparelhos, que consomem somente combustível puramente nacional.

Falou, a seguir, o prof. Lincoln Leite Júnior, que agradeceu a gentileza do convite, salientando que as autoridades federais têm apreciado com simpatia a colaboração das empresas que observam com o maior acatamento e carinho as suas decisões, como a que ultimamente tomou com respeito ao uso obrigatório do gasogênio.

Depois de fazer considerações sobre o que representa, no momento, a substituição dos combustíveis líquidos, de importação, em cada grupo de 10 auto-caminhões, conforme a determinação federal, o sr. Lincoln Leite Júnior levantou um brinde à Cia. City, que procura cooperar com interesse no trabalho do poder público brasileiro.


Imagem: reprodução de matéria publicada em 22/7/1941 pelo jornal santista O Diário (página 5)

(exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda)

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