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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Profissões
Atividades que vão desaparecendo (5)

Com o tempo, diversas atividades acabam ou são substituídas por outras
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Texto publicado no jornal santista A Tribuna, em 15 de janeiro de 1994:
 


Os catadores de café, uma tradição no Macuco devido aos armazéns,
estão em processo de extinção
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

MACUCO
Idosa recolhe grãos de café nas ruas do bairro

Com seus 63 anos, sete filhos e seis netos, a viúva Marina Rodrigues pode ser vista todos os dias na Rua Padre Anchieta. Ela não é uma das moradoras, mas é conhecida por todos pelo trabalho que realiza para sobreviver e ajudar os filhos.

Com uma peneira e um carrinho de feira, Dona Marina, como é conhecida, percorre os vários armazéns de café existentes no Macuco, para recolher o resto de grãos de café que ficam espalhados pelas calçadas e portas dos armazéns. Uma tarefa que nas décadas de 50, 60 e 70 se transformou em profissão para homens, mulheres e crianças que viviam da venda do produto.

Hoje, em extinção, recolher grãos de café e peneirá-los é um trabalho árduo. Com a modernização da indústria cafeeira, pouco sobra para os catadores de grãos. "Precisa ter muita paciência para recolher três quilos por dia. Em um saco de 10 quilos, seis é de sujeira", comentou Dona Marina, lembrando que, em certa época, conseguia até 20 quilos limpos diariamente.


Aos 63 anos, Dona Marina ainda peneira e recolhe grãos para viver
Foto: Walter Mello, publicada com a matéria

O que recolhe é trocado nos próprios armazéns por café torrado. "Mal dá para o sustento. Uma parte fica para o consumo e o resto tento vender para os vizinhos"; afirmou que peneira café "desde mocinha", quando trabalhava em uma fazenda de café no Paraná. A prática que tem para peneirar os grãos surpreende as pessoas que passam pela rua. Com muita agilidade, ela não deixa cair um grão fora da peneira, apenas a sujeira.

Diariamente, Dona Marina, que é pernambucana de Exu, "terra do saudoso Luiz Gonzaga", recolhe um saco de 10 quilos de grãos misturados com todo tipo de resíduos. Com as mãos sujas de terra, ela garante que nunca encontrou nada diferente no lixo que recolhe junto com o café. "Nem precisa, os grãos já são suficientes para ajudar no sustento da minha família".

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