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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Árvores
Arborização em Santos (3)

Os vários tipos de plantas e árvores da cidade ao longo do tempo
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Texto publicado no jornal santista A Tribuna em 3 de setembro de 2006, nas versões impressa e eletrônica:
 


Jambolão faz parte das lembranças de muitos que o recolhiam ao pé das árvores dos canais 1 e 3
Foto: Carlos Nogueira, publicada em preto-e-branco com a matéria
e colorida na edição de 11/9/2006

JAMBOLÃO
Domingo, 3 de Setembro de 2006, 08:00
Fruta tem propriedades antioxidantes

Da Reportagem

Quem passou a infância em Santos já deve ter experimentado, pelo menos uma vez sequer, uma das frutas mais conhecidas na Cidade. E por isso mesmo, provavelmente se recorda de vez ou outra, voltando para casa, por exemplo, após o término da escola ou das brincadeiras de rua, ter feito uma rápida parada entre as árvores localizadas nos canais 1 e 3 para comê-la aos montes - já que caía fartamente pelas calçadas.

Famosa por deixar línguas, ruas, roupas e até carros manchados por seu pigmento roxo-avermelhado, o jambolão, hoje, já não é tão apreciado para o consumo em Santos como foi em décadas passadas.

No entanto, apesar de relegada pelas novas gerações, a fruta está no centro de pesquisas que vêm sendo desenvolvidas pelo Departamento de Química Analítica do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A atração pela fruta - desprezada, sobretudo na região Sudeste do País - se deu justamente por conta de seu pigmento, que tão grandes estragos provoca entre os mais desavisados.

De acordo com a professora do Departamento de Química Analítica do IQ, Adriana Vitorino Rossi, foi descoberto que a fruta possui em sua composição antocianinas, substância que confere a ela e a outras frutas, como a jabuticaba, a amora e a uva, sua cor vermelho-arroxeada.

"Além de serem responsáveis pela coloração, as antocianinas têm potencial ação terapêutica, apresentando propriedades antioxidantes que agem sobre os radicais livres, por exemplo. Mas até há algum tempo, as antocianinas só eram obtidas por meios artificiais. Por isso, cada miligrama da substância chega a custar cerca de 82 mil dólares. O que meu grupo de estudos está pesquisando é como obtê-las a partir de fontes naturais", explica.

Por possuir um número menor de moléculas diferenciadas de antocianinas e por estar presente em abundância em várias regiões do País, o jambolão chamou a atenção dos pesquisadores.

Desde 1998, o grupo de pesquisas da professora vem estudando frutas que contêm antocianinas. Atualmente, as pesquisas do grupo concentram-se em desenvolver e caracterizar extratos para a aplicação industrial. "Normalmente, as outras frutas têm, em média, oito antocianinas. Mas, descobriu-se que o jambolão apresenta apenas três. Quanto menos moléculas, mais fácil se torna o estudo".

Recente pesquisa realizada pelo IQ trouxe maior profundidade a respeito dessa propriedade do jambolão. O estudo, feito pela pesquisadora Daniella Dias Palombino de Campos para sua dissertação de mestrado, mostrou que as antocianinas da fruta também têm ação sobre células tumorais leucêmicas.

A pesquisadora realizou os testes em culturas de células e, em escala laboratorial, constatou que o extrato de jambolão - contendo as antocianinas - levou à morte uma média de 90% das células leucêmicas. Foram feitos ainda em paralelo testes com células sadias, onde foi verificado 20% de morte celular.

"É um resultado significativo e empolgante. Mas até aí, dizer que o jambolão pode combater o câncer, é muito prematuro. Ainda serão precisos muitos estudos para, talvez, se comprovar essa propriedade da fruta. É um longo caminho a ser percorrido", alerta Adriana, que orientou a pesquisa de Daniella.

O estudo foi co-orientado pelo professor Hirsoshi Aoyama, do Instituto de Biologia da Unicamp, e os ensaios biológicos contaram ainda com a colaboração da professora Carmem Veríssima Ferreira, do Laboratório de Bioquímica da universidade. "O próximo passo é buscar pesquisadores que possam dar continuidade aos estudos feitos por Daniella".

Características
Nome popular: jambolão, jamelão, jambeiro, azeitona roxa

Nome científico: Syzygium jambolanum (Lam.)/Eugenia jambolana Lam. (sinônimo botânico)

Origem: Índia

Família botânica: Myrtaceae

Constituição da planta: árvore de até 10 metros de altura, de copa ampla, muito ramificada. Flores lisas e brilhantes. Flores cremes ou brancas, com pétalas arredondadas.

Fruto: forma ovóide, pequeno e de coloração roxo-avermelhada e quase negro, quando maduro. Polpa carnosa envolvendo a semente.

Cultivo: desenvolve-se em qualquer tipo de solo, contanto que sejam permeáveis e profundos. Prefere climas quentes e úmidos, principalmente regiões litorâneas.

Curiosidades: pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos da Fiocruz revelou que o chá da folha do jambolão combate a inflamação e tem ação antialérgica, com propriedades semelhantes à da dexametasona, corticóide comum no uso de casos de alergias. O pó das sementes é utilizado popularmente no combate ao diabetes e a casca é empregada contra disenterias. No Rio de Janeiro, no final do século 19, as árvores foram removidas e banidas da área urbana porque o pigmento da fruta manchava as barras dos vestidos das mulheres da elite carioca e também os tapetes que adornavam as residências. O jambolão também foi experimentado na arborização de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, tendo sido abolido na seqüência por conta das manchas que provoca.

No dia 11 de setembro de 2006, o tema foi abordado novamente, pelo jornal santista A Tribuna, nas edições impressa e eletrônica do Caderno Meio-Ambiente:

Segunda-feira, 11 de Setembro de 2006, 10:46
Prefeitura começa análise dos jambolões

Da Reportagem

Abolidos de várias cidades brasileiras, os jambolões resistem em Santos e em outras cidades da Baixada Santista. Para preservar os que restam, o Departamento de Parques e Áreas Verdes (Depav) da Secretaria do Meio-Ambiente de Santos inicia hoje uma análise fitossanitária dos espécimes plantados na cidade.

O objetivo é verificar a saúde de cada um dos cerca de 200 jambolões localizados, principalmente, ao longo do canal 3, na avenida Washington Luiz.

De acordo com o Depav, algumas dessas árvores foram plantadas há mais de 50 anos, sendo que as mais recentes possuem em torno de 35 anos.

Perigo - As árvores sadias serão mantidas e preservadas. Já as que apresentarem doenças e riscos para a população serão retiradas.

No lugar, a Prefeitura dará seguimento ao plano iniciado em meados de 2002, que consiste em diversificar a flora urbana, plantando espécies como Quaresmeira, Ipê branco, Ipê Amarelo, Ipê Rosa, Manacá-da-Serra, Pata de Vaca, Senna entre outras, que além de mais adequadas para as cidades, ainda possuem a característica de atrair pássaros.

Hoje, segundo o departamento, Santos ainda concentra grande parte de suas árvores em uma única espécie, o Ingá (60% das cerca de 30 mil árvores).

Segundo o engenheiro agrônomo João Cirilo Fernandes, além de um ambiente monótono, tal concentração é perigosa. "Uma eventual doença pode exterminar boa parte da arborização urbana. Por isso é preciso diversificar as espécies. Já chegamos a ter 70% de ingás na Cidade".

Planejamento - O especialista não considera o Jambolão (nem qualquer outra árvore) como uma planta imprópria para ambientes urbanos, independentemente das eventuais manchas que os frutos provocam quando caem, por exemplo, sobre carros.

"Na maioria dos casos, todas as árvores, em princípio, são adequadas. O que é preciso é planejamento, ou seja, analisar o local onde ela será plantada, verificar questões como a largura da calçada, existência de tubulações, fiação elétrica e recuo das edificações entre outras questões. Feito isso, reduzem-se os eventuais problemas", explica Cirilo.

Segundo o Depav, quanto mais arborizada for uma cidade, maior qualidade de vida terá seus habitantes. Árvores produzem sombra, reduzem a temperatura, a poluição urbana, amenizam a poluição sonora, liberam oxigênio na atmosfera, aumentam a umidade do ar, absorvem gás carbônico e servem de abrigo para a avifauna.

Além disso, garantem a estabilidade microclimática, melhoram as condições de uso do solo, promovem a qualificação ambiental e paisagística dos imóveis e contribuem para o equilíbrio psicossocial do ser humano por meio da aproximação com a natureza.

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