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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Colônia lusa
A cidade dos portugueses (7)

Jornal de 1944 destaca a participação lusa no desenvolvimento santista
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Texto publicado na edição especial comemorativa do cinqüentenário do jornal santista A Tribuna (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em 26 de março de 1944 (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução parcial da matéria original

Homenagem da A Tribuna à laboriosa colônia portuguesa

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Sociedade Portuguesa de Beneficência - orgulho dos portugueses e glória dos santistas - A Sociedade Portuguesa de Beneficência é hoje padrão de glória dos santistas e de justo desvanecimento dos portugueses, porque lhes cabe a honra de sua fundação e de sua consolidação.

Presentemente um dos mais belos e modelares hospitais do Brasil, custou sacrifícios, esforços, desvelos de gerações de portugueses, que a essa obra dedicaram não só o seu trabalho como a sua contribuição financeira.

No dia 21 de agosto de 1859, reuniram-se num prédio da Rua Direita, n. 20 (atual Rua 15 de Novembro, desde a Rua Frei Gaspar à Praça Barão do Rio Branco), os seguintes cidadãos: José Joaquim de Sousa Ayram Martins e Joaquim José da Costa e Silva (convocadores da reunião), Antônio da Cunha Guimarães, Antônio Domingues Martins, Antônio Ferreira Duarte, Antônio José Pereira da Silva, Antônio José Ribeiro Bastos, Antônio Pereira da Costa Guimarães, Henrique Pereira Bastos, Luís José Gomes, João Antônio da Costa Bastos, João Augusto de Matos Chaves, João Crysostomo de Sá, João Joaquim da Silva, Joaquim Gonçalves de Miranda, Joaquim dos Santos Castro, José Alves Paulo, José Antônio Lemos, José Cristovam Pereira de Azevedo e José Domingues Fernandes. Estes 20 homens têm a aureolar-lhes a memória o glorioso empreendimento de serem os fundadores do que seria anos mais tarde um precioso sodalício da terra santista.

Discutida e aprovada a idéia da fundação da sociedade, foi aclamado presidente interino o sr. José Joaquim de Sousa Ayram Martins e secretário o sr. José Pereira da Silva. Em 2 de setembro do mesmo ano, realizou-se a segunda assembléia geral sob a presidência do sr. José Vitorino Pereira Carmilo, vice-cônsul português em exercício, comparecendo 19 associados. Já em 16 do mesmo mês se realizou outra assembléia geral, a que compareceram 52 sócios, o que era um índice de que a idéia ganhava terreno e garantia de se concretizar em uma realização de vulto.

Foi eleito então o primeiro conselho administrativo, composto dos seguintes srs.: Manoel Alves Ferreira da Silva, José Joaquim de Sousa Ayram Martins, José Domingues Fernandes e Joaquim Gonçalves Gomes de Miranda. Conselheiros: José Antônio de Sousa Guimarães, Antônio Domingues Martins, Antônio Martins Pereira da Cruz, João Augusto de Matos Morais, Antônio Pereira da Costa Guimarães e Ângelo Garcia de Sousa Ramos.

Em 16 de dezembro de 1860, em assembléia realizada à Rua da Cadeia, na residência do presidente da sociedade, procedeu-se à eleição da diretoria para 1861.

Em 1º de maio de 1861, procedeu-se à reforma dos Estatutos, que davam à sociedade a seguinte finalidade: procurar emprego honesto para os sócios; prestar alimento aos indigentes que não possam trabalhar; prestar aos enfermos que não possam trabalhar os socorros de que carecerem e aos que falecerem mandar-lhes fazer o enterro e os sufrágios; facilitar a educação e ensino, assim moral como industrial, à mocidade desvalida; assistir com os meios necessários aos que tiverem de sair do país por casos de evidente comiseração e dos que tiverem de mudar de localidade por motivos de grave moléstia; fazer esforços para que os sócios de procedimento irregular se corrijam e se empreguem em trabalho honesto etc.


Antigo hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência, no Paquetá
Foto e legenda publicadas com a matéria

Em 15 de março de 1867, recebeu a Sociedade o donativo de um terreno para construção do edifício social, oferecido pelo comendador Antônio Ferreira da Silva, e localizado no bairro dos Bexiguentos, por existir naquele ponto um rancho onde eram recolhidos os enfermos atacados de varíola.

Começou aí uma nova fase de esforço e de trabalho. Todas as atenções se voltaram para a construção do hospital, reservando-se-lhe todas as reservas da sociedade, produtos de iniciativas particulares, donativos especiais etc. Em 12 de abril daquele ano, foi lançada a primeira pedra, ato assistido pelas autoridades locais e pessoas de destaque da colônia e da sociedade santista.

Em 1871, começou a Beneficência a prestar os seus primeiros serviços relevantes à cidade. A febre amarela grassava então intensamente e a Santa Casa não comportava o movimento de hospitalização que dela se exigia. Resolveu a sociedade instalar uma enfermaria com essa finalidade, a fim de nela internar todos os enfermos necessitados, sócios ou não.

Em 21 de outubro de 1877 realizou-se a primeira reunião de diretoria no edifício social. A 6 de janeiro de 1878 deu-se a inauguração solene do hospital, ao qual ofereceram seus serviços gratuitos os drs. Frederico Vonder Mendem e Júlio Furtado.

A sociedade continuou a progredir, a aumentar o número de associados. Ao mesmo tempo cresciam, porém, os seus compromissos, pois o estado sanitário da cidade era péssimo. A febre amarela era cada vez mais virulenta e era preciso dar abrigo a quantos batiam às portas da instituição. Veio depois o saneamento. Veio o porto.

A cidade crescia e com ela o quadro social da Beneficência. O velho prédio passou a ser ineficiente. Começou-se a pensar, então, na construção de outro, mais amplo, e, a 15 de outubro de 1922, foi lançada a pedra fundamental do atual edifício, que revive o tradicional estilo manuelino, em suas linhas e detalhes, concepção e projeto do saudoso engenheiro português, dr. Ricardo Severo. Desde então, pavilhão após pavilhão. a Beneficência transformou-se numa das mais modelares e perfeitas organizações hospitalares do país.

A sua contribuição à cidade, nos momentos angustiosos de calamidade pública, nunca se fez rogar, antes foi oferecida sempre espontaneamente como é de hábito e da índole da gente lusa.

Assim foi por ocasião da grande irrupção de gripe, em 1918, e assim aconteceu quando da catástrofe do Monte Serrate. Não vai longe, também, a cooperação emprestada ao tempo do movimento de 1932, quando foram prestados os mais relevantes serviços à população.

Grandes beneméritos passaram por aquela instituição, que a ela emprestaram o máximo de seu esforço e de sua dedicação.

Hoje, que a sociedade se adaptou à lei que determina a nacionalização das sociedades civis, irmanam-se na mesma epopéia de trabalho e de dedicação, portugueses e brasileiros, todos entusiasticamente dedicados a esse padrão que tão bem identifica os dois povos no mesmo afã de benemerência e solidariedade humana.


A diretoria que serviu no ano de 1902 na Sociedade Portuguesa de  Beneficência
Foto e legenda publicadas com a matéria

Desde a sua fundação, a Sociedade Portuguesa de Beneficência teve a dirigir os seus destinos os seguintes presidentes: 1859 a 1860, Manoel Alves Ferreira da Silva; 1861, José Antonio de Sousa Guimarães; 1862, Vitorino José Gomes Carmilo; de 1863 a 1871, inclusive, Manoel Lourenço da Rocha; 1872, Manoel Alves Ferreira da Silva; de 1873 a 1877, Antônio Nicolau de Sá; 1878, Boaventura Rodrigues de Sousa; 1879, Tomás da Rocha Leão; 1880, Adrião Luiz Esteves; 1881, Manoel Fernandes de Oliveira; 1882, Manoel Ferreira da Rocha Soares; 1883, Antônio Pinho Brandão, 1884, José Justino da Silva Vasconcelos; 1885, José Serafim Cardoso; 1886, comendador Manoel Pereira da Rocha Soares; 1887, dr. Lino Cassiano Cardim; 1888, Luís José de Matos; 1889, Antônio Alfredo Vaz Cerquinho; 1892 a 1893, Firmino Portuense Machado dos Reis; 1894 a 1896, Firminio F. Leão de Moura; 1897,  Carlos A. Fonseca; 1898, Jacinto Feliciano Pimentel; 1899, José Teixeira Marques Vale; 1900 a 1901, dr. Manoel Homem de Bitencourt; 1902 a 1904, Joaquim Soares Gomes; 1904 a 1907, Viriato Corrêa da Costa; 1908 a 1909, comendador João Lourenço da Silva; 1910, Francisco Bento de Carvalho; 1911 a 1912, Viriato Correa da Costa; de 1913 a 1926, comendador José da Silva Gomes de Sá; de 1927 a 1940, Aristides Cabrera Corrêa da Cunha.

Em 1940, a Beneficência atravessou um período de dificuldades. Constituída uma Junta Governativa, composta dos srs. Amílcar Abel Nunes, presidente; Horácio Reis, secretário; Alberto de Brito Martins Pimenta, tesoureiro; Agustinho Maria da Rocha, Artur Rodrigues Novais e Artur Pinto de Sousa, diretores, a mesma muito trabalhou pela solução de um grande número de problemas, que se antolhavam, conseguindo vencer brilhantemente todos os obstáculos.

Em agosto de 1940, foi eleita nova diretoria, que dirigiu os destinos da sociedade até dezembro de 1941, e da qual faziam parte os srs. comendador Antônio Azevedo Ferreira Lage, presidente; José Martins Simões, vice-presidente; Fernando Salvatori Santos, 1º secretário; Cordovil Fernandes Lopes, 2º secretário; Acácio Augusto Almeida, 3º secretário; Antônio da Cruz, 1º tesoureiro; Alberto Plácido de Sousa Santos, 2º tesoureiro; Alexandre Pinto Ferreira e Abel Vilela, procuradores; Francisco Lourenço Gomes, Manoel J. Monteiro Morgado, João de Mesquita, Manoel Vieira Caetano e Mário Fernandes dos Santos, beneficentes.

No exercício seguinte foi reeleita quase toda a diretoria anterior, entrando mais na chapa os nomes dos srs. Pérsio Martins, 3º secretário; Manoel Lopes Novo, procurador; e Eduardo Áureo Vahia de Abreu, beneficente.

Para o exercício corrente, e o de 1945, foi eleita a seguinte diretoria: presidente, José Martins Simões; vice-presidente, Cordovil Fernandes Lopes; 1º secretário, Francisco Lourenço Gomes; 2º secretário, Miguel Antônio Magalhães; 3º secretário, Fernando Salvatori Santos; 1º tesoureiro, Alberto Plácido de Sousa Santos; 2º tesoureiro, Antônio Diniz; procuradores, Manoel Joaquim Monteiro Morgado e Antônio Lage Filho; beneficentes, Antônio Pereira Borges, Manoel Lopes Novo, Manoel Ferreira da Silva, Antônio da Cruz e Manoel Vieira Caetano.

A Sociedade Portuguesa de Beneficência adaptou-se à lei de nacionalização das sociedades civis, reunindo-se em seu torno um pugilo de portugueses e brasileiros, todos entusiastas propugnadores do seu progresso e do seu desenvolvimento.


O pavilhão central do Hospital da Sociedade Portuguesa de Beneficência
Foto e legenda publicadas com a matéria


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